Não é somente o homem que escreve, a
pessoa capaz de trazer monstruosas criações ao pensamento do povo, assim como
não apenas o tribuno pode formar na mente alheia estados alarmantes de
ansiedade e loucura.
Quantas vezes, nas tarefas cotidianas,
traçamos nos outros destrutivas impressões de revolta e indiferença, com os
nossos gestos impensados?
Quantas vezes nossa cólera terá gerado
naqueles que nos cercam, o desânimo e a frustração?
Em quantos pequeninos lances da luta
diária, damos passo à calúnia e à maledicência, pasmando ideias que, hoje vagas
e imprecisas, podem ser amanhã, decisivos fatores de perturbação e
delinquência?
Longe de ponderar as responsabilidades
que nos enriquecem o espírito, frequentemente descemos a questiúnculas e
bagatelas infelizes, sugerindo a maldade e disseminando a aflição, agravando,
assim, nossos débitos, consolidando as forças da ignorância e da crueldade, em
desfavor de nós mesmos.
No altar de nossa fé e no campo da
caridade que o Senhor nos deu para lavrar, recorda que responderemos pelas
imagens que os nossos pensamentos, palavras e atos estabelecem na alma dos
outros, tanto os arquitetos se incumbem das construções que lhes obedecem aos
planos.
E acordando para a luz que nos cabe
acender na viagem da vida, não te esqueças da claridade de paz e bom ânimo,
confiança e alegria que nos compete estender, na proteção aos que nos cercam, a
fim de que possamos avançar livremente ao encontro da harmonia e do progresso,
porque todas as nossas criações de pessimismos e indisciplina, desalento e
amargura, em seus golpes de retorno, significarão para nós mesmos, penúria e
dificuldade, infortúnio e provação.
Emmanuel - De “Mãos
marcadas”, de Francisco Cândido Xavier – Espíritos diversos.