segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Oportunidades diárias

 

Narra uma lenda chinesa que, às margens de imenso rio, vivia um pescador muito pobre.

Mal o rosto dourado da manhã se abria em sorrisos e as mãos brincalhonas da brisa matinal começavam a espalhar perfumes, ele se levantava e seguia para o rio.

As aves voavam alegres pelos ramos das árvores, em gorjeios maviosos. Mas nada disso animava Vicente, o pescador.

Ele andava lento, depois de se levantar com preguiça. Tomava o café matinal sem prestar atenção ao pão que fora servido, com carinho.

Com má vontade, naquela manhã, como em tantas outras, ele pegou suas redes de pesca, os apetrechos necessários e foi para o barco.

O dia prometia ser maravilhoso. A mãe natureza se esmerava em preparar um detalhe diferente, para que a reprise do dia anterior não fosse total. Um detalhe, afinal, é sempre muito importante.

Mas Vicente nada via. Foi resmungando para o barco. Sentou-se meio a contragosto, sempre reclamando e sentiu alguma coisa no chão. Sem olhar, apalpou com a mão direita. Encontrou uma sacolinha com pedras miúdas.

Distraído, sem ânimo para iniciar o trabalho da pesca, começou a jogar as pequenas pedras no rio, aguardando a chegada do sol.

Jogou uma a uma, divertindo-se com as ondulações que se desenhavam na superfície das águas.

Finalmente, o sol apareceu soberano, rasgando a escuridão da noite, com o seu punhal de luz.

Agora havia calor e muita luminosidade. O novo dia abriu seu manto de belezas para que todos o pudessem apreciar.

Vicente, ao pegar a última pedra, verificou que ela cintilava, refletindo os raios do sol. Examinando melhor, percebeu que se tratava de um diamante, explodindo claridade e beleza.

Levantou-se depressa e sacudiu a sacolinha. Estava vazia. Dando-se conta que jogara no rio uma imensa riqueza, Vicente se pôs a gritar, esbravejar, acusando todas as pessoas e o mundo por sua desgraça.

Sentia-se infeliz e amargurado. Perdera um grande tesouro. Jogara tudo no rio.

E, enquanto gritava e se desesperava, nem se deu conta de que ainda possuía nas mãos a última pedra preciosa.

*   *   *

Se você acordou esta manhã com mais saúde do que doença, você é mais abençoado do que o milhão que não sobreviverá esta semana.

Se você nunca passou pelo perigo de uma batalha, a solidão de uma prisão, a agonia de uma tortura, ou as aflições da fome, você está à frente de quinhentos milhões de pessoas no mundo.

Se você tem a ventura de frequentar um templo religioso, de seguir uma religião sem o medo de ser preso, torturado ou morto, você é mais abençoado do que três bilhões de pessoas no mundo.

Se você tem comida na geladeira, roupas no corpo, um telhado sobre a cabeça e um lugar para dormir, você é mais rico do que setenta e cinco por cento das pessoas do mundo.

Por tudo isso, não se esqueça de agradecer a Deus a oportunidade da vida, da saúde, da liberdade e de todas as outras bênçãos de que você desfruta.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 8, do livro Para sempre em nosso coração, de Maria Anita Rosas Batista, ed. Minas Em prece, de autoria desconhecida.

sábado, 27 de outubro de 2012

DE ONDE VÊM AS CANÇÕES?

 

De onde vêm as canções? Da imaginação criadora do artista? Da inspiração superior?

De onde vêm esses hinos que se tornam universais?

É interessante ouvir histórias a respeito de algumas composições e nos darmos conta de como os Espíritos atuam sobre nós.

Bem tinham razão ao responderem ao Codificador da Doutrina Espírita que, habitualmente, são eles que nos dirigem (1).

A canção título do álbum de mesmo nome, Bridge over troubled water, ou seja, Ponte sobre águas revoltas, escrita por Paul Simon, se tornou um dos maiores sucessos da dupla Simon e Garfunkel, no ano 1970.

Num documentário apresentado como Making of do álbum, o compositor assim se expressou:

Eu não tenho ideia de como surgiu a canção. Veio de repente. Foi um dos momentos mais chocantes da minha carreira de letrista.

Lembro-me de pensar: isso é consideravelmente melhor do que eu costumo escrever.

Ele confessa que escreveu a canção com o intuito de proporcionar conforto a uma pessoa em dificuldade.

Mas ele mesmo achou que as letras iniciais eram muito simples: Quando você estiver exausto, sentindo-se insignificante; quando as lágrimas estiverem em seus olhos, Eu enxugarei todas elas.

Mais tarde, ele percebeu que era essa simplicidade que ajudou a dar à música um apelo universal.

Para todos os que temos sensibilidade, bem podemos entender que ele fala a respeito do Pai de amor e bondade.

A ponte que se estende sobre as águas turbulentas das nossas dificuldades, dos nossos problemas, a Providência Divina que nos alcança.

Assim como dizem os versos:

Quando você estiver exausto, sentindo-se insignificante; quando as lágrimas estiverem em seus olhos, Eu enxugarei todas elas.

Eu estou ao seu lado, quando os tempos ficarem difíceis e os amigos não mais puderem ser encontrados. Como uma ponte sobre águas revoltas, Eu me estenderei.

Quando você estiver na pior, quando você estiver na rua, quando a noite descer pesadamente, Eu o confortarei.

Eu o ajudarei quando a escuridão vier e a dor estiver por perto. Como uma ponte sobre águas revoltas, Eu aliviarei as suas preocupações.

Navegue no Garota de Prata. Continue navegando. Sua hora chegou para brilhar.

Todos os seus sonhos estão a caminho.

Veja como eles brilham. E se você precisar de um amigo, Eu estarei logo atrás.

Como uma ponte sobre águas revoltas, Eu aliviarei as suas preocupações.

* * *

A canção se reporta à Providência Divina, ao cuidado de Deus para com cada um de nós.

Ninguém que se encontre ao abandono. Ninguém que esteja esquecido. O amor de Deus vela sobre todos.

E nos recorda que nascemos para brilhar, para concretizar nossos melhores sonhos, para alçarmos voos de liberdade, para conquistarmos o infinito.

Sem peias, sem limites.

Pensemos nisso e em como Deus é infinitamente sábio e estabelece que o bem, as coisas positivas, as verdades sejam ditas por muitas bocas e de muitas formas.

Pelas crianças na sua inocência, pelos pintores com sua arte, pelos sábios com suas descobertas, pelos cantores com sua música.

Pensemos a respeito.

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

NOSSAS PERSONAS

 

Na Grécia e na Roma antiga, era comum os atores se utilizarem de máscaras para interpretar seus personagens.

A essas máscaras era dado o nome de persona. Daí a origem da palavra personagem.

A palavra persona vem do latim, per sonare, ou soar através de, pois essas máscaras faziam com que a voz dos atores bem chegasse aos espectadores.

Muito mais tarde, no Século XX, um célebre estudioso da mente e do comportamento humano, o suíço Carl Jung, se utilizou da mesma palavra para descrever um tipo de comportamento dos seres humanos. O de utilizarmos máscaras para nos relacionarmos.

Não somos poucos os que nos utilizamos de pesadas máscaras para esconder dores, dificuldades e dramas que marcam nossa alma.

Não somos poucos os violentos e agressivos, que fazemos desse comportamento nossa rota de fuga para esconder fragilidades, medos e inseguranças.

E, em grande número, somos os críticos inveterados, os justiceiros de plantão, a postos para apontar o dedo, acusar, mas que agimos assim para esconder agudos sentimentos de inveja.

Outros de nós, prepotentes, tiranos, sempre a humilhar e espezinhar todos, escondemos atrás dessa máscara complexos de inferioridade e as próprias limitações.

Não faltam os que nos posicionamos como paladinos da moral, da ordem, intolerantes com os deslizes alheios, buscando, dessa maneira, disfarçar em nós profundos distúrbios comportamentais e morais.

Quase sempre refletimos o oposto do que somos em realidade.

É por essa razão que, ao encontrarmos um companheiro de jornada que se mostra difícil, pesado, bom será avaliemos se tratar de uma alma frágil, em rota de fuga através de máscaras, que escolheu para representar um personagem que efetivamente não é.

Verificaremos que, ao perfurarmos a casca, ao analisarmos com mais cuidado, encontraremos a alma dizendo das suas dificuldades, buscando fugir de si mesma.

Para esses companheiros, utilizemo-nos do olhar de amor, da indulgência, da compreensão, em exercício de tolerância.

Se hoje já conseguimos perceber as limitações na alma daqueles que seguem conosco, utilizemos o olhar do entendimento para com eles.

E toda vez que eles nos oferecerem as pedras e espinhos da personalidade que apresentam, ofertemos a compreensão.

Todo progresso individual, toda descoberta de si mesmo é processo solitário e doloroso.

Não é por outro motivo que muitos adiamos o encontro conosco mesmos, estagiando em processos difíceis, que levam a lugar algum.

Assim, se conseguirmos perceber em nós algum desses mecanismos de fuga, esforcemo-nos por deles nos desvencilhar, buscando o encontro inadiável conosco mesmos, no processo de sublimação pessoal.

* * *

A revisão de conceitos e atitudes nos convida a nos dispormos ao abandono do que nos for inconveniente e nos esteja a reter a marcha do progresso.

Proponhamo-nos à renovação de opiniões, de posições enrijecidas sempre que necessário, abraçando diretrizes morais enriquecedoras.

Fará bem a nós. Fará bem ao mundo.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

SÓ DE PASSAGEM

A expressão  Estou só de passagem, ao se referir à vida física, atesta que a pessoa tem convicção imortalista.

Ela sabe que é breve sua passagem pelo planeta. Mesmo que chegue aos cem anos, se considerar a eternidade, é um lapso temporal breve.

A pessoa, que assim se expressa, manifesta a convicção de quem tem os olhos postos no futuro. Vive no mundo, mas com a inabalável certeza de que sua preocupação deve ser com o Espírito imortal, esse que sobreviverá à morte corporal.

Se isso é louvável, um detalhe, no entanto, não pode ser esquecido. É que a vida corporal é etapa imprescindível ao progresso do Espírito.

É na carne que se experimentam as provas. É nas vicissitudes da vida que o Espírito cresce, utilizando sua inteligência e criatividade, para superar transtornos e desafios.

Isso nos diz que os mundos materiais são importantes. São moradas, estâncias, onde o Espírito se reveste de carne e habita. E progride.

Dessa forma, há que se considerar o que estamos fazendo com o planeta, enquanto nos encontramos somente de passagem.

O que estamos fazendo com nossa morada, lar, escola?

Estamos auxiliando na sua conservação ou somos dos que não nos preocupamos com coisa alguma porque logo estaremos partindo?

Seria importante nos perguntarmos se estamos colaborando com as medidas de sustentabilidade do planeta.

Coisas simples, como diminuir o impacto ambiental, substituindo plástico por outros materiais menos agressivos ao meio ambiente.

É de nos indagarmos se somos dos que, a cada vez que nos servimos de água, nos bebedouros do escritório, da empresa, apanhamos um novo copo plástico.

Já nos preocupamos com o meio ambiente e temos nosso próprio copo de vidro, para uso particular, no local de trabalho? Ou, ao menos, nos servimos de um único copo plástico, durante todo o dia?

Lembramos de utilizar a impressão de documentos, artigos e tudo o mais, somente quando imprescindível, poupando árvores?

Recordamos de utilizar a folha de papel de ambos os lados? De reutilizar papel escrito em uma só face, transformando-o em bloco de anotações ou lembretes?

Preocupamo-nos com a separação do lixo orgânico do lixo reciclável?

São coisas pequenas, mas que têm muita importância. Não podemos nos esquecer que estamos de passagem, mas nossos filhos, netos, quanto tempo mais terão sobre a Terra?

E, além disso, um detalhe importante: pela lei da reencarnação, deveremos retornar em algum momento.

Já pensamos em como desejamos encontrar o planeta, nesse retorno?

O que fazemos reflete no todo. E não nos preocupemos com os que não colaboram.

Poderão aprender com nosso exemplo. Enquanto isso, sejamos como a ave que, levando gotas de água em suas asas, tenta apagar o incêndio na floresta.

Em resumo: façamos nossa parte.

A propósito, já plantamos uma árvore, em nossa vida? Semeamos um jardim?

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

NEM MAIS UM DIA SEM SORRIR

 

Depois que minha filha nasceu, não passo mais nem um dia sequer sem sorrir.

Esta foi a declaração desse pai apaixonado pela nova vida que segurava nos braços e que modificaria sua forma de ver o mundo e de viver, para sempre.

Uma nova vida é sempre um novo sorrir.

Sorrir de Deus, que concede nova chance a um de nós.

Sorrir da natureza, que se renova, que vibra com seus ciclos belíssimos na Terra.

Sorrir de quem chega pois, por mais que a existência seja ainda campo de provação e expiação, é também campo de redenção, de novos caminhos. Um passo a mais para a felicidade.

E ainda, sorrir de quem recebe no lar um novo ser, que não é propriamente novo, mas que aterrissa no planeta de uma forma muito especial, através das vestes da infância.

Uma nova vida é sempre um novo sorrir.

Identificamos na criança a confiança que o Criador deposita nas mãos da Humanidade.

A criança é a canção com que o tempo embala os ouvidos do futuro quanto é a semente, que lançada na terra fértil da nobre orientação, produzirá floração e frutos de esperanças para o amanhã.

A infância é o poema de amor e docilidade, que o Pai Maior recita para Seus filhos queridos, mostrando-lhes o caminho da pureza que os incita a construir em suas almas.

Aprendamos com a simplicidade da infância, com as primeiras conquistas e com esse olhar de admiração e encanto que somente os pequeninos têm.

Aprendamos com eles a importância do aconchego, de estar sempre perto, abraçado a quem se ama.

Aprendamos a confiar no colo do pai e da mãe, que não nos deixam cair em momento algum e assim nos entreguemos à vontade de Deus, que nunca nos desampara.

Aprendamos com as crianças a perceber as minúcias do espaço à nossa volta, os detalhes, as delicadezas da existência.

Aprendamos, enfim, a dar a nós mesmos novas chances, novas oportunidades de acertar, pois o Criador assim O faz sempre e com muita competência.

Não deixemos que o tempo, na companhia delas, passe voando. Não. Lembremos de cada progresso, de cada nova vitória, registrando tudo nas fotos, gravações e, claro, no coração.

Porque uma nova vida é sempre um novo sorrir.

E quem de nós não precisa sorrir mais?

Sorrir de alegria, sorrir de gratidão, sorrir por amar; sorrir por sorrir, por estar vivo...

O Criador Maior e Suas Leis perfeitas desejam que sempre estejamos sorrindo. Dessa forma, promovem nosso crescimento através das eras, pelas sendas do amor infinito.

Quem sabe um dia todos possamos dizer: Não passo mais nem um dia sequer sem sorrir...

Redação do Momento Espírita, com trecho do cap. 10 do livro Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ALGO GRANDE QUE SIRVA PARA ALGUÉM

 

A moça trabalhava como voluntária numa loja de roupas usadas, um brechó de um hospital.

Certo dia, conta ela, adentrou a loja uma certa senhora bastante obesa.

Logo a atendente pensou, entristecida: Puxa... Ela não vai encontrar nada na numeração dela...

A partir daquele momento, ficou bastante apreensiva, conforme observava a senhora passando de arara em arara, procurando algo.

Pensava numa forma de evitar que a cliente se sentisse mal, uma vez que tinha certeza de que não encontraria nada que lhe servisse.

Não queria que ela se sentisse excluída e nem que a questão de seu sobrepeso viesse à tona, deixando a estranha sem jeito.

Fez, então, uma breve oração, pedindo uma luz para se sair bem daquela situação delicada, evitando que a senhora passasse por qualquer tipo de humilhação naquele momento.

Foi quando o esperado aconteceu. A cliente se dirigiu à moça e afirmou, um pouco entristecida e constrangida:

É... Não tem nada grande, não é?

E a moça, que até aquele instante não soubera o que fazer, abriu os braços de uma ponta a outra e lhe respondeu, sorrindo:

Quem disse?? É claro que tem! Olha só o tamanho deste abraço! - E a abraçou com muito carinho.

A loja toda parou para observar a cena inusitada e bela.

A senhora, pega de surpresa, entregou-se àquele abraço acolhedor, deixou-se tomar por algumas lágrimas discretas e exclamou:

Há quanto tempo ninguém me dava um abraço...

Depois de alguns instantes, buscando se recompor, ainda emotiva, finalizou a conversa breve dizendo:

Não encontrei o que vim buscar, mas encontrei muito mais do que procurava...

* * *

Inspirados nesta singela passagem, poderíamos perguntar:

Será que dentro de nós, procurando nos baús de nossa intimidade, nas prateleiras da alma, também não podemos encontrar algo grande que sirva para alguém?

Somos aprendizes, sim. Muito nos falta de bagagem moral e intelectual, mas muito já temos para oferecer.

Quem não tem condições de dar um abraço sincero?

Quem não consegue alguns minutos de sua semana para dedicar a algum tipo de trabalho voluntário?

Quem não está apto a proferir uma palavra de estímulo, um elogio, um voto de sucesso ou de paz?

Temos todos algo grande dentro de nós: o amor maior em estado de latência, a assinatura do Criador em nossas almas perfectíveis.

O que temos de bom não precisa ser guardado a sete chaves conosco. A candeia precisa ser colocada sobre o alqueire para que brilhe para todos.

Brilhe, assim, a nossa luz, sem economia e sem medo. Há tantos que precisam dela...

Não deixemos passar um dia sequer sem ter sido importantes na vida de alguém, na história de um ser que respira ao nosso lado.

Haverá dia em que finalmente entenderemos o que é viver como irmãos na Humanidade inteira.

Que esta pergunta possa ecoar em nosso Espírito durante todo este dia:

Será que não temos algo grande que sirva para alguém?

Redação do Momento Espírita com base em depoimento anônimo, colhido na Internet.

ALGO GRANDE QUE SIRVA PARA ALGUÉM

 

A moça trabalhava como voluntária numa loja de roupas usadas, um brechó de um hospital.

Certo dia, conta ela, adentrou a loja uma certa senhora bastante obesa.

Logo a atendente pensou, entristecida: Puxa... Ela não vai encontrar nada na numeração dela...

A partir daquele momento, ficou bastante apreensiva, conforme observava a senhora passando de arara em arara, procurando algo.

Pensava numa forma de evitar que a cliente se sentisse mal, uma vez que tinha certeza de que não encontraria nada que lhe servisse.

Não queria que ela se sentisse excluída e nem que a questão de seu sobrepeso viesse à tona, deixando a estranha sem jeito.

Fez, então, uma breve oração, pedindo uma luz para se sair bem daquela situação delicada, evitando que a senhora passasse por qualquer tipo de humilhação naquele momento.

Foi quando o esperado aconteceu. A cliente se dirigiu à moça e afirmou, um pouco entristecida e constrangida:

É... Não tem nada grande, não é?

E a moça, que até aquele instante não soubera o que fazer, abriu os braços de uma ponta a outra e lhe respondeu, sorrindo:

Quem disse?? É claro que tem! Olha só o tamanho deste abraço! - E a abraçou com muito carinho.

A loja toda parou para observar a cena inusitada e bela.

A senhora, pega de surpresa, entregou-se àquele abraço acolhedor, deixou-se tomar por algumas lágrimas discretas e exclamou:

Há quanto tempo ninguém me dava um abraço...

Depois de alguns instantes, buscando se recompor, ainda emotiva, finalizou a conversa breve dizendo:

Não encontrei o que vim buscar, mas encontrei muito mais do que procurava...

* * *

Inspirados nesta singela passagem, poderíamos perguntar:

Será que dentro de nós, procurando nos baús de nossa intimidade, nas prateleiras da alma, também não podemos encontrar algo grande que sirva para alguém?

Somos aprendizes, sim. Muito nos falta de bagagem moral e intelectual, mas muito já temos para oferecer.

Quem não tem condições de dar um abraço sincero?

Quem não consegue alguns minutos de sua semana para dedicar a algum tipo de trabalho voluntário?

Quem não está apto a proferir uma palavra de estímulo, um elogio, um voto de sucesso ou de paz?

Temos todos algo grande dentro de nós: o amor maior em estado de latência, a assinatura do Criador em nossas almas perfectíveis.

O que temos de bom não precisa ser guardado a sete chaves conosco. A candeia precisa ser colocada sobre o alqueire para que brilhe para todos.

Brilhe, assim, a nossa luz, sem economia e sem medo. Há tantos que precisam dela...

Não deixemos passar um dia sequer sem ter sido importantes na vida de alguém, na história de um ser que respira ao nosso lado.

Haverá dia em que finalmente entenderemos o que é viver como irmãos na Humanidade inteira.

Que esta pergunta possa ecoar em nosso Espírito durante todo este dia:

Será que não temos algo grande que sirva para alguém?

Redação do Momento Espírita com base em depoimento anônimo, colhido na Internet.

domingo, 21 de outubro de 2012

TESTE A VELOCIDADE DE SUA INTERNET

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DIAS CINZENTOS

Em algumas regiões de nosso planeta, em países localizados em latitudes mais extremas, distantes do Equador, é natural que o inverno se faça mais rigoroso.

Aí, à chegada da estação invernal, os dias se fazem mais curtos e o céu é, via de regra, tomado de tonalidades cinzas.

Os dias se sucedem com poucas variações, melancólicos, morosos. O céu sempre pesado, com suas nuvens carregadas.

Nessa época, apontam alguns estudos, aumenta o número de suicídios e os sintomas da depressão.

Tomados pela atmosfera triste, pelo clima frio e, naturalmente, mais introspectivo, essas pessoas deixam-se levar sutilmente pela aparente tristeza da natureza, esquecendo-se que logo mais virá a primavera.

Nas tradições míticas dos povos nórdicos, onde os invernos são muito rigorosos, imaginavam que a chegada do inverno se dava porque o deus Thor havia perdido seu martelo.

Quando o tornava a encontrar, dava-se o início da primavera, da pujança, da alegria e força da natureza.

* * *

Assim ocorre com nossa vida, habitualmente. Há dias de inverno, cinzas, frios e tristes.

São dias em que os desafios se mostram mais intensos, em que as dores, do corpo ou da alma, se apresentam mais rudes e onde também, alguns de nós se deixam levar para estados d'alma tristes e depressivos.

Esses dias cinzas são também dias de aprendizado, de conquistas e de amadurecimento.

O ciclo da natureza não prescinde do frio do inverno, das mudanças climáticas e do hibernar momentâneo da vida para que reinicie seu ciclo logo mais.

Nosso processo de amadurecimento e aprendizado também não pode dispensar dias cinzentos e pesados.

São essas horas que nos oportunizam a reflexão que talvez os dias de saúde não nos trariam.

É nos momentos de dor que repensamos nossas atitudes e valores, readequando-os de maneira mais sensata e amadurecida.

Porém, como na natureza, tudo passa. Dessa forma, à invernia das dores e dos tormentos, outro ciclo de possibilidades e realizações felizes se faz presente.

Novamente surgem os dias de primavera em nossa vida.

Por isso, não podemos desanimar ou nos deixar levar por processos depressivos, mergulhando em tristezas profundas, perdendo as esperanças como se tudo fosse um doloroso fim.

É apenas o ciclo da vida, que ora nessa ou naquela situação, nos dá a chance de crescimento necessário.

Como Espíritos imortais que somos, a cada reencarnação, novos desafios são programados pela Bondade Divina, a fim de que aprendamos as Suas Leis de amor e justiça.

Portanto, se hoje os dias nos são invernais, se os céus de nossa vida se mostram cinzentos e sombrios, roguemos ao Senhor da Vida que nos conceda força, bom ânimo. Alimentemos nossa fé na oração.

Assim que as lições necessárias se concluirem, as flores da primavera serão nossa recompensa, perfumando nossos caminhos e tornando a nos falar das glórias e da Bondade Divinas.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A MELHOR IDADE DO AMOR

 

Sábado, dez horas e vinte e um minutos da manhã. Chuva insistente de outono. Um casal adentra uma panificadora para tomar café.

Dois cafés com leite e três pães de queijo, por favor.

Ela parece um pouco agitada. Não tira os olhos dele. Ele parece tranquilo, dessas pessoas que já conseguem viver num tempo um pouco mais lento do que o do relógio.

A diferença de idade é gritante. Não mais de quarenta, ela. Próximo aos oitenta, ele.

Ele olha para fora pela janela entreaberta.

Ela sorri, carinhosa.

Todos os seus filhos nasceram aqui nesta cidade?

Ele pensa um pouco... - Sim, todas elas... Três filhas.

E você? Onde nasceu? - Volta a inquirir a mulher.

Eu não sou daqui. Nasci no interior... Longe da cidade.

E o que você lembra de lá?

Ah... Muitas coisas... - Responde ele, com leve sorriso.

Então, silencia. Parece fazer algum esforço para recordar de algo especial, mas logo desiste. Volta a olhar para fora, procurando a chuva fina.

Sabe... Acho que tive uma vida feliz...

Ela permanece interessada. Um interesse de primeiro encontro. Observa os cabelos brancos dele, a tez um pouco castigada, os olhos azuis.

Respira fundo. Alguém poderia dizer que é o respirar de quem está apaixonado.

Você só casou uma vez? - Pergunta ela, com certo embaraço na voz.

Sim. Tereza. Mãe de minhas meninas. Que Deus a tenha.

Ela fica um pouco emocionada e constrangida, repentinamente. Esboça um sorriso para disfarçar. Olha para a mesa. Ainda resta um pão.

Pode comer. Já estou satisfeita.

Almoçamos juntos amanhã? - Pergunta ele, ansioso por ouvir um sim.

Sim... Claro que sim. É dia de almoçarmos juntos. Você sabe que gosto muito de estar com você, de ouvir suas histórias...

Estou um pouco esquecido hoje, eu acho. Contei pouco...

Não tem problema. - Diz ela, carinhosa. - Tem dias que a gente está com a memória mais fraca mesmo.

Doutor Maurício disse que é importante ficar puxando as coisas da memória sempre. Ele diz que é como um exercício físico que fazemos para não "enferrujar". - Conclui ele.

É verdade... - Ela suspira. - Precisamos cuidar da memória...

Novamente um longo silêncio entre os dois.

Ele volta a vislumbrar o exterior, contemplativo.

Ela nota seu rosto em detalhes, ternamente.

Fecha os olhos, por um instante, como se fizesse uma breve oração, uma rogativa sincera a uma Força Maior.

Volta a abri-los, vagarosamente, e então pergunta:

Pai... Pai... Posso pedir a conta?

Ele acena positivamente. A conta chega. Ela se levanta primeiro, vai em direção a ele, envolve-o num abraço e o ajuda a levantar.

Aquela era a rotina de todo sábado, às dez horas e vinte e um minutos da manhã, nos últimos dez meses.

* * *

Foram nossos genitores que nos proporcionaram um corpo, abençoado instrumento de trabalho para o nosso progresso, bem como um lar.

Pensando em tudo isso, louve aos seus pais. Cuide deles, agora quando estão velhos, alquebrados, frágeis ou doentes.

Faça o possível para não os atirar nos tristes quartinhos dos fundos da casa, aonde ninguém vai. Não se furte à alegria de apresentá-los aos seus amigos e às suas visitas;

Ouça o que eles tenham a dizer. Quando estejam em condições para isso, leve-os para as refeições à mesa com você. Retribua, assim, uma parcela pequena do muito recebido por seus genitores anos atrás.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 7, do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita da Silva, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter.

domingo, 14 de outubro de 2012

SUSTITUIÇÃO

Ela era uma atriz muito requisitada. Os seus espetáculos sempre lotavam o teatro, durante meses.

Os críticos eram pródigos em elogios. Chamavam-na Deusa do Teatro, Estrela das estrelas, etc.

Por tudo isso, talvez, a atriz se foi enchendo de orgulho e vaidade. Passou a imaginar que não haveria ninguém tão extraordinária quanto ela, na arte da representação.

Ninguém, pensava, a poderia substituir no papel de Primeira Dama do Teatro. Ninguém lhe poderia igualar a beleza, nem o porte.

Tornou-se rude no trato com os seus empregados. Camareiros, porteiros, motoristas, que a serviam com devotamento, passaram a sofrer as suas grosserias.

Seu próprio empresário tinha que suportar seus ataques de raiva, pelas menores questões. Suportava, é verdade, porque a atriz representava lucro certo. No fundo, não gostava dela porque ela o menosprezava, como aos demais.

Ora, aconteceu que, certo dia, a atriz, viajando por várias cidades americanas, ficou retida no caminho por causa de uma tempestade de neve.

Conseguindo se comunicar com o empresário, que já a aguardava na localidade do próximo espetáculo, falou-lhe do imprevisto.

Estava impossibilitada de chegar a tempo para a representação teatral e ordenou que ele cancelasse o espetáculo daquela noite.

O empresário ficou muito nervoso. Mais ainda o gerente do teatro. Como enfrentar o numeroso público pagante, com ingresso adquirido há meses, simplesmente cancelando o espetáculo porque a atriz não chegaria a tempo?

O povo poderia ficar enraivecido e quebrar o recinto. Afinal, já estavam vendidos todos os ingressos de todos os espetáculos seguintes.

Foi aí que a camareira da atriz se apresentou. Disse que adorava a sua senhora, que viera servir como camareira por admirá-la. No entanto, ela era uma atriz.

Disse que conhecia, por assistir todas as noites, os detalhes do espetáculo e sabia de cor as falas. Ela poderia substituir a atriz, naquela noite.

O empresário e o gerente relutaram um pouco, mas acabaram cedendo. Não havia outra opção, senão arriscar.

A nova atriz interpretou de forma soberba. O público a aplaudiu de pé, demoradamente. Ela precisou voltar ao palco, por dez vezes. A crítica dos jornais do dia seguinte falava a respeito da nova musa do teatro.

Rapidamente, a atriz anterior foi esquecida. Mais rapidamente, ainda, e com alívio dos empregados, empresário e gerente do teatro, que não mais precisariam suportar os maus tratos.

* * *

No trato com as criaturas, lembremos de cultivar a gentileza e a cortesia. Ser educado com todos é prova de civilidade.

Lembremos ainda que ninguém é totalmente insubstituível, nem viverá eternamente no corpo físico. Todos possuímos talentos e ninguém é único em sua área de atuação.

Nunca desprezemos a importância dos outros e os valorizemos sempre, a fim de que os outros possam também nos valorizar.

Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Divaldo Pereira Franco, em palestra pública, no cenáculo da Federação Espírita Brasileira, em Brasília, no dia 11 de novembro de 2000.

sábado, 13 de outubro de 2012

CRIANÇAS, NOSSOS MESTRES

 

Vivemos uma época deveras interessante. Ao lado de muito desamor, sucedem-se exemplos de altruísmo e solidariedade.

Independentemente de serem ou não religiosas, as pessoas estão descobrindo que não há como ser feliz ao lado da desgraça alheia;

Que não há como gozar os bens da Terra, cega e loucamente, enquanto muitos carecem do pouco; que não se pode falar em paz no mundo se não a cultivamos no próprio jardim.

Enfim, que o homem somente pode alcançar a felicidade que idealiza se aprender a colaborar, construindo junto.

Nesse empenho, com esperança crescente, se veem associações, empresas, instituições investirem em qualidade de vida, em sustentabilidade, em cooperação mútua.

Somos, na Terra, um grande ser coletivo (1). O que a um afeta, ao outro alcança.

Foi, portanto, com alegria, que assistimos a uma experiência realizada com crianças de variadas idades.

Aos pares, meninos e meninas foram conduzidos a uma mesa, frente à qual se assentaram.

A orientação que lhes foi dada é de que receberiam um lanche e, por isso, à sua frente, havia um prato coberto por uma redoma.

Assentados, cada qual aguardava a autorização para se servir. Quando, finalmente, retiravam a redoma protetora, descobriam que, em cada dupla, um recebera um prato vazio.

As reações foram as mais diversas. Houve quem risse, quem se espantasse. Crianças de poucos meses de idade simplesmente brincaram com a redoma, mais preocupadas em descobrir o que aquela coisa podia fazer do que com a ausência de conteúdo no prato.

Uma ação, no entanto, foi constante nas duplas: a divisão do sanduíche.

Ninguém brigou. Ninguém chorou. Ninguém reclamou.

A divisão foi feita das mais variadas maneiras. Houve quem repartisse o pão, comparasse os pedaços e desse o menor ao companheiro. Mas deu.

Houve quem desse o sanduíche ao outro que, então, procedeu à divisão.

Pedaços grandes, menores, maiores, irregulares. Mas tudo, entre risos e espontaneidade, oferecido, entregue, compartilhado.

E saboreado com prazer.

* * *

Como será que reagiríamos, os adultos, frente ao prato vazio? Invocaríamos, de imediato, os direitos iguais e faríamos o discurso a respeito da injustiça?

Entraríamos em depressão porque fomos deixados de lado, humilhados, esquecidos? Por que o outro foi agraciado com o saboroso sanduíche e nada nos foi ofertado?

Como agiríamos ante o prato vazio também nos diz de como recebemos a adversidade quando nos chega.

Esbravejamos, dizemo-nos abandonados pela Divindade, desistimos de lutar?

Ou, como as crianças, abrimos um sorriso, olhamos para o lado, acreditando que sempre haverá alguém para nos atender a dor, a necessidade? Que um amigo está ao nosso lado e nos ofertará o que tenha.

Mudemos nosso foco. Menos reclamação, mais ação. Menos exigências e mais doação. Repartir o pouco, compartilhar o muito.

Aprendamos com as crianças e abramos um sorriso, iluminando a face, iluminando a vida.

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

LUZES DO ENTARDECER

 

Conserva contigo os companheiros idosos, com a alegria de quem recebeu da vida o honroso encargo de reter, junto ao coração, as luzes do próprio grupo familiar.

Pensa naqueles que te preservaram, quando jovens, a existência frágil, nos panos do berço. Naqueles que atravessaram noites em claro, simplesmente para te velar o sono febril.

Reflete nos que te equilibraram os primeiros passos, enquanto tentavas andar sozinho.

Todas as vezes que caíste, eles te ergueram, sem reclamar de dores nas costas, por terem que se agachar quase até o chão, porque eras tão pequenino...

Recorda os que te afagaram os sonhos da meninice, que sorriram com as tuas primeiras conquistas, que sempre estiveram presentes nas festas de aniversário, nos encerramentos escolares, nas peças de teatro em que figuravas.

Quando chegavas em casa tristonho, insatisfeito com o resultado da disputa do jogo de futebol entre colegas, sempre tiveram uma palavra de consolo e um colo amigo.

Já que eles atravessaram o caminho de muitos janeiros, pensa no heroísmo silencioso com que te ensinaram a valorizar os tesouros do tempo.

Medita nas dificuldades que terão vencido para serem quem são. Também foram adolescentes, jovens. Tiveram sonhos...

Pensa no suor que lhes alterou as linhas da face. Suor das tantas tarefas profissionais e no lar. Tantas tarefas para que não te faltasse o teto, o pão, o abrigo e o carinho.

Pensa nas lágrimas que lhes alvejaram os cabelos. Muitas delas ocasionadas por tua rebeldia de criança que teimava em não amadurecer.

Quando, hoje, porventura, te mostrem azedume ou desencanto, escuta-lhes a palavra com bondade e paciência.

Não estarão te ferindo. Provavelmente estão murmurando contra dolorosas recordações de ofensas recebidas, que trancam no peito, a fim de não complicarem os dias dos seres que lhes são tão especialmente queridos.

Ama e respeita os companheiros idosos! Eles são as vigas que te escoram o teto da experiência para seres o que és.

Auxilia os idosos, quanto puderes, porquanto é possível que, no dia-a-dia da existência humana, venhas igualmente a conhecer o brilho e a sombra que assinalam no mundo, a hora do entardecer.

* * *

Exercita a gentileza e a gratidão para com todas as pessoas, especialmente os idosos.

A velhice é uma fase que alcançarás, com certeza, caso a morte não te arrebate o corpo antes.

Pode parecer cansativa a presença do idoso. Ele, porém, é rico da experiência que te pode brindar, mas também é carente dos recursos que lhe podes oferecer.

Redação do Momento Espírita, a partir da mensagem Luzes do entardecer, pelo Espírito Meimei, psicografia de Francisco Cândido Xavier e do cap. XXIX, do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

OS BRAÇOS DE MEU PAI

 

"Haverá lugar mais seguro no mundo, do que os braços de meu pai?

Haverá abraço mais forte, presença mais certa, do que a certeza de meu pai?

Depois de partir tantas vezes, depois de lutar tantas vezes, haverá outro lar para onde eu possa voltar, senão para a mansão do coração de meu pai?

Haverá professor mais dedicado, médico mais experiente, conselheiro mais sábio do que este?

Haverá olhos mais zelosos, ouvidos mais atentos, lágrimas mais sentidas, sorrisos mais serenos do que os dele?

Existirá mais alguém no mundo que lute por mim como ele? Que se esqueça de suas necessidades pensando nas minhas? Que esteja lá, em qualquer lugar, a qualquer hora, por seu filho?

Existirá mais alguém no mundo que renuncie a seus sonhos pessoais por mim, e que chegue até a tornar os meus sonhares os seus próprios, por muito me amar, e por muito querer me ver feliz? Existirá alguém?

Raros são os corações como o dele. Raro como a chuva durante a estiagem. Raro como o sol nas noites eternas dos pólos terrenos.”

Nossos pais são únicos. São destas almas que Deus, em sua bondade sem fim, coloca em nossas vidas, para torná-las completas.

Nossos pais são únicos. São as estrelas que permanecem no firmamento, dando-nos a beleza e a luz da noite, sem nada exigir em troca.

São tão valorosos, que mesmo após se tornarem invisíveis aos olhos, e serem vistos apenas em fotografias e sonhos, continuam conosco, com o amor de sempre, com o abraço seguro de todas as horas.

É por tudo isso que preciso lhe dizer, pai, não somente hoje, mais em todas as manhãs que a vida nos proporcionar; que se meus passos são mais certos hoje, é porque souberam acompanhar os seus; que se hoje sou mais responsável, é porque minha responsabilidade se espelhou na sua; e que se hoje sonho em ser pai, é porque tive em você a maior de todas as inspirações.

Não sabemos ao certo o tempo em que estaremos juntos, aqui, nesta jornada, mas saiba que nada me fará mais feliz no futuro do que reencontrá-lo, tantas e tantas vezes, em tantas e tantas vidas, porque jamais existirá lugar mais seguro no mundo, do que os seus braços, meu pai querido.

Minhas preces têm em seus versos o seu nome.

Meu espelho tem as feições que seu semblante me emprestou.

Minha fé tem a sua certeza, a sua confiança.

Meu coração tem as sementes das suas virtudes, e o livro da história de minha felicidade, tem em todas suas páginas, a palavra “pai”.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no poema “Os braços de meu pai” – autor desconhecido.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

AMOR AOS ANIMAIS

 

 

Em fevereiro de 2012, o jornal Daily Mail noticiou que uma australiana, chamada Nicole Graham, e sua filha passeavam em dois cavalos numa praia em Melbourne, na Austrália, quando caíram em um atoleiro semelhante à areia movediça.

Nicole conseguiu se arrastar na lama para ajudar a filha e um dos animais mas, o cavalo chamado Astro, que montava, acabou ficando preso.

Sua filha saiu em busca de socorro. Nicole estava segura e poderia se manter fora do atoleiro, mas não o fez.

Percebeu que quanto mais seu estimado animal se movimentava, na tentativa de levantar, mais seu corpo submergia.

Sentou-se, então, ao lado dele tentando acalmá-lo. Nesse momento quase todo o corpo do animal se encontrava soterrado.

Correndo risco de morte e com o corpo parcialmente coberto pela areia, Nicole permaneceu por três horas com os braços ao redor da cabeça do cavalo, tentando mantê-la erguida, de modo que ficasse para fora da lama até o socorro chegar.

À medida que o tempo passava, o animal corria também risco de afogamento, pois estava à beira-mar e o nível da água subia rapidamente, ao redor do ponto onde ele estava atolado.

Numa cena emocionante de desespero e solidariedade, aquela mulher arriscou a própria vida para salvar a do animal. Demonstrou o quanto o ser humano é capaz de amar a Criação Divina.

Ela não abandonou seu cavalo enquanto ele não foi salvo.

Minutos antes da água tomar conta do local, as equipes de resgate conseguiram tirar Astro da lama.

* * *

É dever do ser humano respeitar e proteger todas as formas de vida.

Os diversos animais que rodeiam nossa existência, no planeta Terra, são também criaturas de Deus e devem ser considerados como irmãos menores.

Podemos nos servir deles sempre que necessário, mas nenhum direito é em si ilimitado.

Eles não estão no mundo com a única finalidade de serem úteis aos homens e devemos ter consciência de que o exercício abusivo de qualquer direito é sempre reprovável.

Deus colocou os animais sob nossa guarda. Temos, portanto, o dever de protegê-los.

As pessoas que amam e cultivam a convivência com os animais, se observarem com atenção, verificarão que várias espécies são portadoras de qualidades que consideramos humanas.

São capazes de ter paciência, prudência, vigilância, obediência e disciplina. Demonstram, muitas vezes, sensibilidade, carinho e fidelidade.

Têm sua linguagem própria, seus afetos e sua inteligência rudimentar.

Dão-nos a ideia de que quanto mais perto se encontram das criaturas humanas, mais se lhes assemelham.

Na convivência com esses seres, devemos estabelecer o limite entre o que é realmente necessário e o que é supérfluo.

Quando estiverem sob nossos cuidados ofereçamos-lhes alimentação adequada, afeto, condições básicas de higiene e tratamento para a saúde sempre que necessário.

Reflitamos sobre como temos agido em relação a esses companheiros de jornada.

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

METAS

 

É comum os homens estabelecerem metas a serem alcançadas. Nas empresas, todos perseguem metas.

Na vida particular, quando o ano está para findar ou quando se aproxima a data do aniversário, quase sempre traçamos diretrizes para os meses próximos.

As metas variam conforme as pessoas. Cada qual as coloca no papel ou arquiva na memória, sempre de acordo com os propósitos que tem na vida.

Há os que estabelecem como diretriz a mudança de emprego. Uma nova atividade profissional, um salário mais compensador, novos desafios a serem enfrentados.

Outros falam em mudar de cidade, de casa. Afinal, ambiente novo enseja renovado vigor à vida.

Outros arquitetam matricular-se em um curso, procurar uma escola, ler um livro, a fim de melhorar a condição intelectual.

Outros ainda, que se descobrem distanciados da religião, decidem por retornar a frequentar determinado templo religioso, para se aproximar de Deus.

São sempre metas que visam ao bem-estar, à felicidade da criatura. Aqueles que se sentem com alguns quilos a mais, pensam em começar a fazer regimes e dietas para emagrecer.

Os que se sentem muito magros entabulam questões, buscando fórmulas para adquirir maior peso.

No entanto, o mais importante de tudo e que, às vezes, esquecemos é que a meta que devemos colocar como prioritária é a de iniciarmos a conquista da perfeição, o que equivale a dizer, a melhoria do próprio caráter.

Benjamin Franklin, famoso inventor e estadista norteamericano, acreditava que isso poderia ser conseguido se a criatura se impusesse uma disciplina firme.

Dizia que melhorar o caráter era uma arte que devia ser estudada, exatamente como a pintura e a música.

Quando jovem, fez uma lista das qualidades dignas de se admirar e se propôs a conquistá-las: ia ser moderado no comer, evitaria a tagarelice, seria sistemático nos negócios, terminaria qualquer tarefa que começasse, seria sincero.

Trataria os outros com justiça. Suportaria as injustiças com paciência. Evitaria as extravagâncias. Não deixaria que as pequenas coisas o afetassem.

Organizou um pequeno livro para si, separando uma página para cada virtude, a fim de dedicar uma semana de atenção a cada uma delas, de forma sequencial.

Assim, quando estivermos pensando em metas, pensemos em estabelecer a meta de sermos mais gentis, mais fraternos, mais amigos.

De cobrarmos menos dos nossos amores e doarmos mais. De oferecermos mais carinho, atenção e cuidados e exigirmos menos.

Estabeleçamos como meta contribuir para a felicidade de alguém, para descobrir a própria felicidade.

* * *

Se desejamos realmente melhorar, tracemos um programa simples. Tentemos ser pacientes. Organizemos todos os momentos sem agitação e ansiedade.

Sejamos caridosos. Um coração caridoso é uma ilha onde a felicidade reside.

Sejamos amorosos. Num mundo carente, todo gesto de amor é como um raio de luz apontando rumos de felicidade.

Permitamos que o amor nos conduza, fluindo de nós para os demais. Cooperemos e confiemos no bem.

Redação do Momento Espírita com base no cap. Benjamin Franklin, do livro Expoentes da Codificação Espírita, organizado por Maria Helena Marcon, ed. Fep e no cap. 14 do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

A TÉCNICA DO GRITO

 

 

Conta-se que nas ilhas Salomão, no Pacífico Sul, os nativos descobriram um jeito inteiramente diferente de derrubar árvores. Se algum tronco é grosso demais para ser abatido com os seus machados, eles o derrubam no grito.

Isso mesmo, no grito. Lenhadores sobem na árvore toda manhã bem cedinho e se põem a gritar.

Repetem o ritual durante trinta dias. A árvore morre e cai por terra. Segundo eles, o método nunca falha e a explicação, também segundo os nativos, é que, gritando, eles matam o espírito da árvore.

Os civilizados logo pensam que se eles dispusessem de tecnologia moderna, poderiam simplesmente derrubar a árvore com máquinas poderosas, rapidamente e de forma mais eficiente.

Entretanto, a técnica desses nativos nos leva a pensar em como nós ainda utilizamos o grito em nossas vidas.

Gritamos no trânsito, quando um motorista desatento executa alguma manobra infeliz, dificultando a nossa livre circulação.

Gritamos no jogo de futebol, com o juiz, o bandeirinha, o jogador, e até mesmo com a bola que parece desviar do gol só para nos provocar.

Falamos alto com o segurança do banco porque a porta giratória nos impede a entrada. Xingamos o caixa do supermercado porque é muito lento, porque não empacota a mercadoria, porque nos fornece o troco errado.

Brigamos com os aparelhos eletrodomésticos porque não funcionam direito.

Em casa, muitas vezes, ao chamarmos a atenção para o que está errado, esquecemos de controlar o volume da voz e falamos alto demais com nossos filhos, com a esposa, com nossos irmãos.

Quase sempre gritamos com as crianças quando estão fazendo alguma traquinagem. Contudo, o grito, além de não educar, assusta.

Podemos imaginar os distúrbios provocados no organismo frágil dos pequenos, com um grande susto?

Com os colegas de trabalho, é comum exagerarmos no tom da voz apenas para dizer que determinada tarefa deve ser refeita.

Em locais públicos, como restaurantes, lanchonetes, quando em grupos, nos esquecemos do respeito que devemos às pessoas, e nos permitimos gargalhar, falar alto demais. E nem nos damos conta do quanto a nossa algazarra perturba os ouvidos alheios.

Tudo isso nos faz reflexionar. Se os nativos das ilhas Salomão descobriram que as árvores são sensíveis aos gritos, que dizer dos seres humanos!

Pensemos: com gritos e gargalhadas, perturbamos ambientes e pessoas. Com palavras grosseiras, ditadas pela nossa impaciência, podemos partir corações que nos amam ou criar inseguranças em filhos pequenos, que passam a nos temer, em vez de respeitar.

* * *

No trato pessoal, a fala desempenha papel importante.

A magia da voz é daquelas que não deve ser esquecida por todos os que se acham envolvidos nas lides humanas, escutando os diversos corações.

Por isso, utilizemos a palavra para construir, edificar, com o objetivo de fazer a vida brilhar.

Falemos com valor, falemos com amor, para que sejamos felizes e façamos os demais também felizes.

Não nos esqueçamos de que a gentileza e o respeito no trato pessoal também significam caridade.

Redação do Momento Espírita, com base  em artigo de Robert Fulghum, da Revista Presença Espírita, nº 222, ed. Leal; pensamentos do cap. 28, do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec e pensamentos do cap. 22, do livro Vozes do infinito, por Espíritos diversos, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A CARNE É FRACA

 

Quando alguém procura uma desculpa para justificar suas fraquezas, é comum ouvimos a afirmativa de que a carne é fraca.

A culpa, portanto, é da carne, ou seja do corpo físico.

Esse é um assunto que merece mais profundas reflexões.

O alemão Hahnemann, criador da medicina homeopática, fez a seguinte afirmativa:

"O corpo não dá cólera àquele que não na tem, do mesmo modo que não dá os outros vícios. Todas as virtudes e todos os vícios são inerentes ao espírito. A não ser assim, onde estariam o mérito e a responsabilidade?"

Sábia consideração essa, pois encerra grandes verdades.

Culpar o corpo pelas nossas fraquezas equivaleria a culpar a roupa que estamos usando por um acesso de cólera.

Quando a boca de um guloso enche-se de saliva diante de um prato apetitoso, não é a comida que excita o órgão do paladar, pois sequer está em contato com ele.

É o espírito, cuja sensibilidade é despertada, que atua sobre aquele órgão através do pensamento.

Se uma pessoa sensível facilmente verte lágrimas, não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao espírito, mas precisamente a sensibilidade deste que provoca a secreção abundante das lágrimas.

Assim, um homem é músico não porque seu corpo seja propenso à musicalidade, mas porque seu espírito é musicista.

Como podemos perceber, a ação do espírito sobre o corpo físico é tão evidente que uma violenta comoção moral pode provocar desordens orgânicas.

Quando sofremos um susto, por exemplo, logo em seguida vem a sudorese, o tremor, a diarréia, etc.

Outras vezes, um acesso de ira pode provocar dor de cabeça, taquicardia, e até mesmo deixar manchas roxas pelo corpo.

Quanto às disposições para a preguiça, a sensualidade, a violência, a corrupção, igualmente não podem ser lançadas à conta da carne, pois são tendências radicadas no espírito imortal.

Se assim fosse, seria fácil, pois não teríamos nenhuma responsabilidade pelos nossos atos, desde que, uma vez enterrado o corpo, com ele sumiriam todas as fragilidades e os equívocos cometidos.

Toda responsabilidade moral dos atos da vida fica sempre por conta do espírito imortal, e não poderia ser diferente.

Assim, quanto mais esclarecido for o espírito, menos desculpável se tornam as suas faltas, uma vez que com a inteligência e o senso moral nascem as noções do bem o do mal, do justo e do injusto.

* * *

Todos nós, sem exceção, possuímos na intimidade a centelha divina, a força capaz de conter os impulsos negativos e fazer vibrar as emoções nobres que o Criador depositou em nós.

Fazendo pequenos esforços conquistaremos a verdadeira liberdade, a supremacia do espírito sobre o corpo. E só então entenderemos porque Jesus afirmou: "vós sois deuses, podereis fazer o que eu faço, e muito mais."

Redação do Momento Espírita, com base no cap. VII do livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, ed. Feb e no livro Hahnemann, o apóstolo da medicina espiritual, de Hermínio C. Miranda, ed. Celd.