terça-feira, 26 de março de 2013

Cobrança


Vez por outra, discute-se no meio espírita a questão do pagamento de taxa de inscrição para participação em eventos doutrinários. É tema delicado, que envolve muitas situações particulares e, às vezes, se choca frontalmente com opiniões até apaixonadas de alguns irmãos. Por isso, merece a atenção e a preocupação daqueles que se propõem ao trabalho espírita, mantendo as atividades sob a sua responsabilidade dentro dos parâmetros saudáveis que não são facilmente verbalizáveis numa lista de “permitido/proibido”, mas intuitivamente sentidos por aqueles que buscam agir com equilíbrio e bom-senso.

É imprescindível tenhamos cuidado constante, muita vigilância e apoio na oração, na busca de diretrizes do Alto, a fim de não levarmos o Movimento Espírita a incidir nos mesmos desvios sofridos pelo Movimento Cristão que, vagarosa e imperceptivelmente se tornou uma religião institucionalizada, hierarquizada, na qual o trato com valores monetários passou, da contribuição espontânea para assistência aos mais necessitados, à fixação de taxas disfarçadas sob vários nomes, encaminhadas para a manutenção do profissionalismo, construção de prédios e acumulação de riquezas.

Necessário se faz que nós, que abraçamos a Doutrina Espírita – e que temos a certeza inabalável da sua missão de reviver o Cristianismo na sua pureza, simplicidade e pujança originais – avaliemos as ações que estão na nossa esfera de decisão, com vistas aos reais objetivos do Espiritismo.

Entre os extremos de dar tudo de graça – inclusive livros – e cobrar entrada ou taxa de inscrição para palestras, simpósios, seminários, há um meio-termo ideal, ditado pelo bom senso.

Mesmo no tocante ao livro, devemos tomar cuidado para que não se estabeleça uma comercialização exacerbada, em detrimento da qualidade das obras, como, lamentavelmente, já se vê. O produto da venda do livro espírita deve objetivar o ressarcimento dos custos, ou a manutenção de atividade social. Infelizmente, não é o que se constata em muitos casos, diante do alto preço de obras – algumas de qualidade duvidosa, sob o aspecto doutrinário – que têm sido lançadas no mercado ultimamente, muitas das quais vendidas em livrarias ou centros espíritas, cujos dirigentes, muitas vezes, tentados pela obtenção de recursos para melhoria de instalações para ou trabalho assistencial, deixam de examiná-las criteriosamente. Não estamos defendendo, com isso, o estabelecimento de um “index”. Só nos move a  lembrança de que uma instituição espírita ao divulgar uma obra está – para a maioria das pessoas – dando-lhe aval doutrinário.

O ideal seria que as editoras fossem sociedades civis, dirigidas por conselhos não-remunerados, como acontece nos centros e outras entidades espíritas. Conforme as conveniências, os livros poderiam ser confeccionados em empresas especializadas e as entidades espíritas promoveriam a sua venda a preços capazes de apenas manter as editoras funcionando. Somente os profissionais dessas sociedades seriam assalariados para a prestação de serviços específicos, como existem em muitas entidades espíritas.

Quanto ao pagamento de taxa de inscrição, há pessoas que argumentam não terem as casas espíritas fundos suficientes para cobrir despesas com viagem de expositores, aluguel de auditório, material de trabalho. Daí, argumentam, a necessidade da cobrança de taxa de inscrição.

Será que não há outros meios de se resolver o problema? Sempre chamamos a atenção de companheiros de ideal, dirigentes de casas espíritas, para o fato de necessitarmos de colaboradores financeiros, a fim de prover pagamentos de despesas, como água, luz, telefone, material de limpeza, conservação do imóvel, etc. Há grupos espíritas que têm excesso de escrúpulos no sentido de pedir ao público em geral, levando o ônus financeiro a alguns poucos. Neste particular, lembramos Emmanuel, que aconselhou: “As obras espíritas devem ser mantidas com o pouco de muitos e não o muito de poucos.”

Concordamos que determinados eventos demandam grande movimentação financeira, entretanto cremos que há outros meios, que não sejam o de pura cobrança de taxa de inscrição ou ingresso. São procedimentos mais trabalhosos, mas parece-nos serem mais féis à maneira espírita de agir.

Por exemplo: planeja-se um seminário para algumas centenas de pessoas. Sabemos que há custos: material para estudo, pastas, e, às vezes, aluguel de auditório, serviço de som, etc. Nesse caso, por que não fazer um levantamento prévio dos custos e solicitar a contribuição sigilosa e espontânea daquele que se inscreve, alertando que, se todos pudessem pagar, o custo “per capita” seria tal, mas como nem todos dispõem de recursos, pede-se um pouco mais daqueles que podem doar.

Não se estaria assim evitando uma seleção de participantes com base no poder monetário? Como ficaria a situação de uma família que, integrada no movimento espírita, não tivesse recursos para pagamento da taxa?

Alguém, num juízo apressado, poderá dizer que não dará certo, vez que as pessoas não estão preparadas para uma contribuição espontânea. Nesse caso, achamos que seria necessário inicialmente um longo trabalho educativo dessa comunidade, a fim de sensibilizá-la para o exercício da fraternidade cristã, o que significaria uma boa base para o posterior aproveitamento de seminários mais teóricos.

Se medidas como essas não derem certo, é porque aquela comunidade espírita ainda não está suficientemente madura para empreendimentos mais amplos. Carece-lhe base. Nesse caso, seria preferível a não-realização do evento. O prejuízo para a divulgação da Doutrina Espírita seria menor. Lembremo-nos de que Paulo divulgava o Cristianismo trabalhando em teares alugados, hospedando-se em casa de irmãos, falando diante de pequenos grupos. A divulgação do Cristianismo foi feita num trabalho de “contaminação” quase que de pessoa para pessoa. Não devemos perder isso de vista. Não desejemos trabalhos de “massificação” no Espiritismo. Os congressos regionais, nacionais e mundiais têm fins específicos e não devem ser enquadrados nesse contexto. Divulgação doutrinária e evangelização é outra coisa. Lembremo-nos de que, durante mais de um século, o Espiritismo divulgou-se sem cobrança de inscrições e de ingressos e sem essa comercialização desvairada de livros... E divulgou-se muito, de maneira segura. E quando nos assalte a dúvida, é só olharmos para os imensos patrimônios que os nossos predecessores nos deixaram e imaginarmos como eles conseguiram isso tudo.

José Passini - Juiz de Fora MG - Publicado n’ O Médium – jul./ago. 2003

quinta-feira, 21 de março de 2013

A CONSTANTE BUSCA


 
Corre o homem diariamente de um lado para outro.
 
Desde a aurora até bem depois do pôr do sol.
 
Passos apressados nas calçadas, cruzando ruas, olhando sempre o relógio.
 
Parece sempre atrasado, à procura de algo muito importante.
 
Nunca tem tempo para nada.
 
Está sempre em alerta, como se um único descuido seu fosse suficiente para arruinar para sempre a consecução de seus objetivos.
 
Mas, afinal, o que busca o homem na luta cotidiana da vida?
 
Para onde dirige seus passos?
 
O que espera ele encontrar?
 
Sabe, realmente, o que quer? 
 
* * *
 
Seria por demais simplista dizer que a resposta para tais questionamentos seja: “a busca da felicidade”.
 
Pois, momentos de felicidade permeiam sua existência, mas são como sopros suaves de brisa que cessam sem aviso prévio e que passam rapidamente.
 
Fala-se tanto em felicidade, mas se sabe tão pouco a seu respeito.
 
Diz-se “estar feliz” quando tudo o que se deseja acontece.
 
Quando o amor é correspondido.
 
Quando o dinheiro é suficiente para garantir as compras tão sonhadas.
 
Quando o emprego almejado é obtido.
 
Quando um título é alcançado.
 
Quando tudo parece conspirar para satisfazer os mais íntimos desejos.
 
Nessas ocasiões, uma euforia ímpar toma conta do ser que sai pelas ruas estampando um sorriso largo na face.
 
Canta e sente uma vontade de erguer os braços aos céus gritando:
 
“Consegui! Venci!”.
 
Como se o mundo inteiro tivesse se curvado às suas necessidades e reconhecido seu valor como pessoa, a partir daquela oportunidade.
 
Mas isso é apenas uma ilusão.
 
A fragilidade daquela sensação fará com que sua duração seja efêmera e, por isso mesmo, por vezes, quase frustrante.
 
Por pouco, pouco mesmo, sorrisos abandonam rostos até então eufóricos.
 
O retorno à realidade pode decorrer da sensação de que a vida continua, não obstante aquela parcial vitória.
 
A luta continua.
 
Não pode o homem abandonar o combate porque novas provas vão se apresentar, novos obstáculos vão surgir.
 
Outra vez será necessário empenhar esforços para prosseguir na jornada.
 
Nessas horas, quando o homem percebe que suas conquistas não lhe garantem um bem-estar eterno, muitas vezes ele se entrega ao desânimo.
 
Tem a sensação de que caminha sempre em direção ao horizonte e que este, por mais que ande, distancia-se inelutavelmente dele.
 
Sempre há algo por fazer, por aprender, por conquistar.
 
Sempre.
 
Percebe-se o quão verdadeiro é o ensinamento de que “a felicidade não é deste mundo.”
 
 * * *
 
O que busca você?
 
O que seria capaz de fazer estampar em seu rosto um sorriso sincero?
 
O que você acredita ser suficiente para fazê-lo feliz?
 
Não se iluda, no entanto, com as promessas enganosas do mundo.
 
Satisfações materiais não saciam por muito tempo o corpo, tão pouco a mente que deseja a paz.
 
Por outro lado, as virtudes adquiridas ao longo do tempo podem auxiliar concedendo equilíbrio e lucidez.
 
A consciência tranquila e a franca sensação de dever cumprido permitem que se repouse a cabeça no travesseiro todas as noites.
 
São situações em que se pode desfrutar de felicidade, quando, então, ela pode ser efetivamente alcançável e duradoura, até mesmo neste mundo.
 
Equipe de Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 20 de março de 2013

COMEÇANDO O DIA



O homem acordou pela manhã e recordou-se de algo que lera em um livreto: Comece o dia na luz da oração. O amor de Deus nunca falha.
 
E então decidiu orar: Senhor, hoje, até o momento, me comportei bem.
 
Não fofoquei. Não me zanguei. Não fui ganancioso, mal-humorado, precipitado ou egoísta.
 
Estou realmente satisfeito com isso.
 
Mas, em poucos minutos, senhor, vou me levantar, e daí em diante, provavelmente vou precisar de muito mais ajuda. Obrigado.
 
* * *
 
Assim mesmo é a prece. Um diálogo franco com a Divindade, onde o ser expõe a própria alma.
 
Não há necessidade de longas frases, nem de palavras ensaiadas. É o que a alma sente e deixa transbordar.
 
Um pedido simples, mas profundo. Um pedido de quem reconhece que a necessidade maior reside em si mesmo, nas suas deficiências morais.
 
Um exame de consciência e um pedido de socorro.
 
A resposta é exatamente a fortaleza para vencer, a pouco e pouco, as dificuldades íntimas e ir vivendo melhor a cada dia, conquistando a paz.
 
Devotando-se ao trabalho, sem se deter a observar defeitos alheios e muito menos a comentá-los, semeia-se tranquilidade no ambiente profissional.
 
Não se permitindo envolver pelas teias do nervosismo, da inquietação, os problemas vão sendo solucionados um a um, na medida em que surjam.
 
Sem desejar possuir em demasia, usufruir de todos os prazeres que os bens terrenos oferecem, o homem se entrega às lutas do cotidiano, sereno e confiante.
 
Não se permitindo o mau humor por coisa nenhuma, por um contratempo no trânsito, um defeito mecânico no carro, um funcionário que não atende aos deveres, a criatura distribui serenidade onde se encontre.
 
Sem precipitação, ouve o seu semelhante até o fim, antes de dar respostas que nem sempre atendem ao que o outro deseja.
 
Deixando de lado o egoísmo, o homem se sente feliz em compartilhar o de que disponha e se torna uma pessoa amiga, prestativa.
 
Compartilhar coisas pequenas, simples, como oferecer uma carona a um vizinho, emprestar um livro, indicar uma boa leitura.
 
Compartilhar o que detenhamos inclui os valores intrínsecos do ser, que tem a ver com a vida e os seus objetivos.
 
Portanto, compartilhemos a nossa certeza da existência de Deus, da imortalidade da alma com aqueles que se debatem no mundo, sem fé, sem rumo, sem objetivos.
 
E guardemos a certeza de que ,se assim rogarmos a Deus que nos ajude, Ele estará conosco, auxiliando-nos nessas pequenas grandes autoconquistas diárias, que somente redundarão em felicidade para nós mesmos.
 
* * *
 
Cada dia é um presente especial que Deus concede aos homens.
 
Cada dia é de tal forma único, que nunca se repete. Observemos como o sol rompe a treva da noite, trazendo a manhã radiante, sempre com um novo colorido.
 
As flores de ontem não estão exatamente iguais hoje. As gotas da chuva que caem em abundância não são aquelas que rolaram em dias anteriores.
 
Tudo é novo a cada dia. Essa é a grande mensagem de Deus para os homens: a renovação da oportunidade de crescer, melhorar-se e ser feliz.
 
Redação do Momento Espírita, com prece inicial de autoria ignorada.

TERCEIRIZANDO RESPONSABILIDADES



Um artigo publicado no jornal nos chamou a atenção, pelo tema enfocado. Tratava das desculpas que sempre damos para justificar a nossa infelicidade.
 
O articulista dizia que um amigo seu, depois de mais de uma década de casamento infeliz, separou-se e, após temporária euforia, caiu em profunda tristeza.
 
Curioso, perguntou-lhe: “qual a razão para tanto sofrimento?”.
 
E seu amigo respondeu: “aquela maldita está me fazendo uma grande falta, pois agora já não tenho a quem culpar pela minha infelicidade”.
 
O curioso é que muitas vezes nós também agimos de maneira semelhante, pois sempre estamos à procura de alguém a quem responsabilizar pela nossa infelicidade.
 
E isso é resultado do atavismo que trazemos embutido na nossa forma de pensar e agir.
 
Quando somos jovens ouvimos nossos pais e amigos dizerem que um dia encontraremos alguém que nos faça feliz.
 
Então acreditamos que esse alguém tem a missão de nos trazer a felicidade. E passamos a aguardar que chegue logo para fazer o milagre.
 
Mas, antes disso, quando ainda somos criança, nossos pais acham sempre algo ou alguém a quem culpar pelo nosso sofrimento.
 
Se nos descuidamos e tropeçamos numa pedra, a culpa foi da pedra, que não saiu da nossa frente.
 
Se brigamos com o amiguinho, foi ele que nos provocou. Se tiramos nota baixa na escola, a culpa é do professor que não soube nos ensinar.
 
E é assim que vamos terceirizando nossos problemas e nossa felicidade. E, por conseguinte, as responsabilidades e as soluções.
 
Se sinto ciúmes, é porque a pessoa com quem me relaciono não permite que eu dirija a sua vida. Embora devesse admitir que é porque não sinto confiança em mim.
 
Se a inveja me consome, a culpa é de quem se sobressai, de quem estuda mais do que eu, de quem avança e não me dá satisfação dos seus atos.
 
Se alguém do meu relacionamento tem mais amizades e recebe mais afeto do que eu, fico inventando fofocas para destruir as relações, em vez de conquistar, com sinceridade e dedicação, o afeto que desejo.
 
Se uma amiga, ou amigo, faz regime e emagrece, e eu não consigo, fico infeliz por isso.
 
Se tenho problemas de saúde e não melhoro, a culpa é do médico, afinal eu o pago para me curar e ele não cumpre o seu dever..., ainda que eu não siga as suas orientações.
 
Se não consigo um bom emprego é porque ninguém me valoriza, e às vezes esqueço de que há muito tempo não invisto na melhoria de minha qualidade profissional.
 
* * *
 
Pensando assim, nós nos colocamos na posição de vítimas, julgando que só não somos felizes por causa dos outros. Afinal, ninguém sabe nos fazer feliz...
 
Importante pensar com maturidade a esse respeito, pois somente admitindo que somos senhores da nossa vida e do nosso destino, deixaremos de encontrar desculpas, e faremos a nossa parte.
 
* * * 
 
Se seus relacionamentos estão enfermos, analise o que você tem oferecido aos outros. De que maneira os tem tratado. Que atenção tem lhes dado.
 
Considere sempre que você pode ser o problema. Analise-se. Observe-se. Ouça a sua voz quando fala com os outros.
 
Sinta o teor de suas palavras. Preste atenção quando fala de alguém ausente.
 
Depois dessas observações, pergunte-se, sinceramente, se você tem problemas ou se é o próprio problema.
 
Não tenha medo da resposta, afinal você não deseja ser feliz?
 
Então não há outro jeito, a não ser enfrentar a realidade...
 
A felicidade é construção diária e depende do que consideramos o que seja ser feliz.
 
Se admitimos que a felicidade é uma forma de viver, basta aprender a arte de bem-viver.
 
E bem viver é buscar a solução dos problemas, sem terceirização...
 
É assumir a responsabilidade pelos próprios atos.
 
É admitir que a única pessoa capaz de lhe fazer feliz, está bem perto...
 
Para vê-la é só chegar em frente ao espelho, e dizer: “muito prazer pessoa capaz de me fazer feliz!”
 
Pense nisso, e vá em busca de sua real felicidade, sem ilusões e sem medo.
 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em artigo de Oriovisto Guimarães, intitulado “Os verdadeiros inimigos do Brasil”, publicado no jornal Gazeta do Povo, no dia 03/12/2005.

terça-feira, 19 de março de 2013

NOSSOS SENTIMENTOS - DORES



Cada vez mais, os recursos da medicina, suas pesquisas e conquistas vêm nos trazendo benefícios e facilidades.
 
As dores de ontem encontram paliativos antes inexistentes e o incurável de outrora, hoje se mostra tratável.
 
Assim, graças a cientistas e pesquisadores, as dificuldades e as dores, as mazelas e doenças que afligem nosso corpo vêm sendo minimizadas, quando não extintas.
 
Porém, há um outro tipo de dor que esses tratamentos e pesquisas, mesmo novos medicamentos e analgésicos não conseguem dar cabo.
 
São as dores que nascem na alma, e que, naturalmente, lá permanecem, aguardando seu processo de cura.
 
Embora nos utilizando de um corpo físico, somos, em essência, seres espirituais.
 
Dessa forma, é natural que algumas aflições e dificuldades sejam próprias da alma, pois é ela a sede e origem de nossas emoções, que apenas tem no corpo físico sua exteriorização, porém não sua matriz.
 
Mágoa, desilusão, raiva, intolerância e tantos outros são sentimentos-dores, que surgem em nossa alma, convidando-nos ao reparo e à cura.
 
Provocando distonias na intimidade de nosso mundo emocional, desde que não são coerentes com nossa essência divina, geram estados de graves perturbações se não tratados e extirpados da alma.
 
Assim, toda vez que algum desses sentimentos-dores se aloja em nossa alma, é necessário que prestemos a devida atenção.
 
A raiva há longo tempo alojada, a mágoa alimentada são produtos corrosivos, a minar nossa disposição, alegria e bom ânimo, quando lhes damos guarida.
 
Como nos encontramos em processo de aprendizado, é natural que, nas atribulações e atritos do cotidiano, surjam essas emoções que provocam distonias.
 
Não devemos nos assustar, muito menos negar que dentro de nós ainda haja espaço e acolhimento para sentimentos e emoções menos nobres.
 
Porém, ao lhes perceber a presença, cabe a cada um de nós utilizar dos recursos necessários para minimizá-los, diminuindo sua influência até que sejam dissolvidos e eliminados.
 
Por isso, se a vingança é a doença, o perdão é a cura. Se a mágoa é a causa da dor, a compreensão é o remédio que alivia.
 
Se a raiva nos perturba, a compaixão nos tranquilizará.
 
E todos esses remédios devem ser usados para benefício próprio e melhora íntima, pois o maior prejudicado por nossas emoções desequilibradas, somos nós mesmos.
 
Jamais nos permitamos albergar por longo prazo nossos sentimentos-dores. Fatalmente eles causarão profundas distonias em nossa alma, exigindo maiores e mais extensos recursos para a necessária cura.
 
Portanto, antes que a melancolia, a depressão, ou outras dificuldades se instalem em nossa alma, renovemos nossa paisagem íntima.
 
Todo esforço que empregarmos nesse sentido será investimento na própria saúde espiritual. Também amadurecimento para outros embates que virão, no processo natural de aprendizado e aperfeiçoamento da alma.
 
Meditemos a respeito e procedamos aos ajustes dos nossos sentimentos e emoções, amoldando-nos à lei de amor, para nossa própria saúde e felicidade.
 
Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O MAIS IMPORTANTE



Foi há três anos. A ex-governadora do Estado do Texas assistiu à mãe doente, até o seu estágio terminal.
 
Acompanhando-a dia a dia, observando como a doença ia minando as forças físicas e preparando aquele corpo para a morte, Ann Richards viu a drástica mudança que sua mãe sofreu.
 
Era uma mulher que passou sua vida inteira obcecada por cristais lapidados, baixelas de prata, toalhas de renda, porcelanas e joias, que colecionava com extremo cuidado.
 
À medida que a doença foi destruindo o seu vigor físico e falando-lhe que a morte se aproximava, tudo aquilo deixou de ser importante. Para ela só importavam agora as visitas, a família e os amigos.
 
A mudança foi radical. Depois da morte da mãe, Ann Richards resolveu se livrar de todas as antiguidades que, mais de uma vez, tinham feito com que ela desse mais importância aos objetos do que às pessoas.
 
Montou um bazar na garagem. Num só dia, tudo foi embora. Vendido. E a ex-governadora, concluiu: Aprendi que para dar valor ao presente, preciso me livrar daquilo que me detém. Hoje, não hesito diante de nada.
 
* * *
 
Nada é mais importante na vida do que as pessoas. As coisas têm o valor que lhes damos. E o valor muda com o tempo e as convenções sociais.
 
Em tempos antigos, o sal era tão precioso que se pagavam funcionários com ele. De onde, inclusive, surgiu a palavra salário.
 
Depois, os homens foram convencionando, no transcorrer do tempo, a considerar esse ou aquele metal mais precioso. De um modo geral, aquele mais raro naquele momento.
 
Hoje, a preocupação é ter carro do ano, tapetes importados, roupas de grife. E existem pessoas que fazem coleções de objetos, livros, perfumes. O importante é amontoar, ter bastante para mostrar com orgulho, como se fossem troféus.
 
No entanto, quando a enfermidade chega, quando a soledade machuca, nenhum objeto, por mais precioso, por mais que o prezemos, conseguirá espantar a doença, diminuir a solidão.
 
São as pessoas com seu carinho, sua ternura, seus gestos simples, traduzindo amizade, ternura, afeição que nos conferem forças para aguentar a dor e para espantar a solidão.
 
São as pessoas que nos dão calor com seu aperto de mão, seu abraço, sua presença, seu olhar.
 
São as pessoas que fazem a grande diferença em nossas vidas.
 
* * *
 
O afeto é como o sol. Surge silencioso e ilumina tudo com seus raios, espalhando luz e calor.
 
Ninguém pode viver sem afeto. Pode ser o amor de marido, de mulher, de um irmão.
 
O carinho de um amigo que se candidata a tutor da nossa vida afetiva. A ternura de alguém com quem nos encontramos na jornada das dores e que nos oferece as flores delicadas de sua atenção.
 
De tudo que há na Terra para se gozar, nada faz mais feliz o homem do que o amor que receba, o amor que compartilhe, o amor que doe.
 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Segredos de uma vida bem vivida – Alivie sua carga, da Revista Seleções Reader´s Digest, de junho de 2000.

domingo, 17 de março de 2013

INAUGURAÇÃO DIÁRIA



Você já participou de alguma inauguração? Reparou como tudo é bonito, festivo, em dia de inauguração?
 
As pessoas usam as suas melhores roupas e seus melhores perfumes.
 
Os sorrisos estão por toda parte. E todos os detalhes são minuciosamente cuidados. As cores das flores devem combinar com o restante da decoração, a música não pode estar tão alta que perturbe o ambiente.
 
O cafezinho tem um sabor especial. A recepção é impecável. Enfim, tudo é maravilhoso em dia de inauguração.
 
A mercadoria se apresenta nos balcões, nas vitrines, nas mesas, harmoniosamente disposta. Um atrativo para os olhos.
 
Entretanto, no dia seguinte, o mesmo local, as mesmas pessoas, a mesma mercadoria não têm o mesmo encanto. À medida que os dias se escoam, os funcionários vão se mostrando cansados e já não atendem tão bem a clientela.
 
O cafezinho nem sempre está gostoso. As flores não são trocadas com regularidade e apresentam a tristeza amarelada do ambiente em que se encontram. Parece que tudo vai assumindo um ar de mesmice.
 
* * *
 
Assim é na nossa vida, muitas vezes. Chega um momento em que vamos nos permitindo cair na monotonia e nos esquecemos da grandeza da vida que vivemos e da riqueza de tudo que nos cerca.
 
Erguemo-nos pela manhã, trabalhamos, estudamos, nos alimentamos, quase que mecanicamente.
 
É certo que a vida não é uma eterna festa, mas não pode ser simplesmente um amontoado de dias que se sucedem.
 
Importante seria que pensássemos em nossa vida em termos de uma constante inauguração. Ter, a cada despertar, algo novo em mente.
 
Um projeto diferente. Criar situações que nos revigorem as disposições para a alegria. Lembrar de detalhes: mandar flores para alguém, mesmo que não seja dia de aniversário.
 
Pode-se criar o dia de mandar flores. Escrever um bilhete de agradecimento. Mesmo que seja só para agradecer o fato de ter alguém por amigo, irmão.
 
Fazer uma visita inesperada. Enriquecer nossas amizades com contatos frequentes e cordiais. Promover um encontro com os vizinhos. Colecionar frases positivas.
 
Recomeçar estudos interrompidos. Iniciar outras etapas de aprendizado. Não desistir nunca de aprender.
 
Criar novas ideias. Fazer uma meditação diária sobre os objetivos da vida.
 
E não esquecer nunca de que para ser dia de inauguração tem que se estar feliz, ter esperança no futuro, sentir que está se fazendo algo novo e desafiador.
 
Em síntese: dar sentido à própria vida.
 
* * *
 
Cada dia que surge, renovado, nos traz as oportunidades de trabalho, aprendizado, enriquecimento do espírito.
 
Na forja das horas, amadurecemos nossos conceitos, reformulamos ideias e ideais.
 
Enquanto se multiplicam as semanas e se somam os meses na Terra que nos acolheu para as experiências do progresso, invistamos na vida e perseveremos na execução dos nossos planos de felicidade, sem receios infundados, nem desânimo injustificado.
 
Inauguremos nossa vida a cada dia, todos os dias.
 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Inaugure sua vida todo dia, de Dulce Magalhães.