segunda-feira, 23 de novembro de 2015

FÉ, TRABALHO E MERECIMENTO


       A fé vitoriosa é aquela que procura no trabalho o merecimento indispensável à realização que pretende atingir.
       Esperança ociosa é simples divagação.
       Vejamos o ensinamento expressivo da Natureza, a fim de que  não nos demoremos sob a neblina das fantasias e dos sonhos, retardando o próprio passo, indefinidamente, no vale escuro da indecisão.
       A semente decerto guarda consigo o plano precioso da árvore veneranda que será um dia, mas, para isso, aceita a humilhação de si mesma na intimidade do solo, e, desde a própria germinação, não perde tempo em digressões descabidas, de vez que aproveita o sol e a chuva, o orvalho e o vento para crescer, florir e frutificar, sem repouso.
       A fonte, sem dúvida, conserva em seu nascedouro projeto sublime de arrojar-se à excelsitude do oceano, entretanto, para equacionar semelhante problema, não se imobiliza no viciado espelho do charco. Avança, humilde e resignada, beneficiando montes e planícies, plantas e animais, aderindo aos ribeiros e aos rios,, em cujo seio abençoado e fecundo atinge a serenidade gloriosa do mar imenso.
       Tudo, na vida universal, é harmonia que decorre do trabalho vivido, em sua mais elevada expressão.
       Todos os seres irmanam-se, uns aos outros, no plano gigantesco a perfeição que nos escapa, por agora, em sua visão magnificente de conjunto, e, para escalarmos os domínios da felicidade e da luz, é imprescindível atender à função que nos compete, no mecanismo da existência.
       Se procurares, assim, entesourar a fé, não acredites possas fazê-lo, namorando altares de pedra ou cultivando exclusivismo que será sempre adoração a nós mesmos nas linhas congeladas do menor esforço.
       Busquemos o lugar de serviço que o mundo nos reserva.
       Esqueçamos conveniências pessoais e apelos inferiores que nos competem a viver entre os tóxicos letais do tempo perdido.
       Lembremo-nos de que a vela acesa dentro da noite é infinitamente mais valiosa que o lustre de ouro e diamantes, lamentavelmente apagado.
       Trabalhemos hoje para merecer amanhã.
       E, nesse programa de crescimento espiritual para a eternidade, a fé viva será luz do Senhor brilhando no templo de nossa alma, valendo-se do divino combustível de nosso próprio coração.


De “INTERVALOS”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel