A fé vitoriosa é aquela que procura no
trabalho o merecimento indispensável à realização que pretende atingir.
Esperança ociosa é simples divagação.
Vejamos o ensinamento expressivo da
Natureza, a fim de que não nos demoremos
sob a neblina das fantasias e dos sonhos, retardando o próprio passo,
indefinidamente, no vale escuro da indecisão.
A semente decerto guarda consigo o plano
precioso da árvore veneranda que será um dia, mas, para isso, aceita a
humilhação de si mesma na intimidade do solo, e, desde a própria germinação,
não perde tempo em digressões descabidas, de vez que aproveita o sol e a chuva,
o orvalho e o vento para crescer, florir e frutificar, sem repouso.
A fonte, sem dúvida, conserva em seu
nascedouro projeto sublime de arrojar-se à excelsitude do oceano, entretanto,
para equacionar semelhante problema, não se imobiliza no viciado espelho do
charco. Avança, humilde e resignada, beneficiando montes e planícies, plantas e
animais, aderindo aos ribeiros e aos rios,, em cujo seio abençoado e fecundo
atinge a serenidade gloriosa do mar imenso.
Tudo, na vida universal, é harmonia que
decorre do trabalho vivido, em sua mais elevada expressão.
Todos os seres irmanam-se, uns aos
outros, no plano gigantesco a perfeição que nos escapa, por agora, em sua visão
magnificente de conjunto, e, para escalarmos os domínios da felicidade e da
luz, é imprescindível atender à função que nos compete, no mecanismo da
existência.
Se procurares, assim, entesourar a fé,
não acredites possas fazê-lo, namorando altares de pedra ou cultivando
exclusivismo que será sempre adoração a nós mesmos nas linhas congeladas do
menor esforço.
Busquemos o lugar de serviço que o mundo
nos reserva.
Esqueçamos conveniências pessoais e
apelos inferiores que nos competem a viver entre os tóxicos letais do tempo
perdido.
Lembremo-nos de que a vela acesa dentro
da noite é infinitamente mais valiosa que o lustre de ouro e diamantes,
lamentavelmente apagado.
Trabalhemos hoje para merecer amanhã.
E, nesse programa de crescimento
espiritual para a eternidade, a fé viva será luz do Senhor brilhando no templo
de nossa alma, valendo-se do divino combustível de nosso próprio coração.
De
“INTERVALOS”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel