terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Em Clima Natalino - Fala o Coração


 

Aos meu amigos e irmãos

Neste momento de clima natalino

Onde os nossos corações

Se unem através de um grande sentimento cristão

Venho abrir o meu coração

Para lhes mostrar

Onde está localizado o lugar de cada um

dentro da mais nobre emoção.

São anos a fio que de ação em ação

e no dia a dia foi se firmando

essa grande construção.

É uma agradável amizade Que podemos dizer

Que é de irmão para irmão.

Cada um doa o que tem de bom

Tornando cada ação

Numa magnifica e positiva animação.

Cada um transmite o que sabe com

a naturalidade de uma sincera exaltação.

E a gente aprende e se enriquece

a cada dia para em seguida

exercitar em cada ação.

É dezembro, um bom clima cristão!

Por isso, aproveito para desejar

a vocês meus amigos irmãos

com sinceridade

Um Feliz Natal

com o legado de Jesus praticado

em cada humana relação.

Desejo também à todos os amigos,

que o ano de 2010

seja repleto de alegria,

prosperidade,

paz e amor

construindo em cada um

uma boa cota de evolução.

Que tudo isso se estenda a vossa família

Pois se nos tornarmos amigos irmãos

Somos todos parentes formando uma grande união, neste imenso Universo

que está sempre em movimentação.

Recebam agora um imenso abraço

Deste vosso amigo que também se declara

com muita sinceridade que é vosso irmão

e que vós tem guardado num lugar especial

dentro do coração.

 

Elio Mollo

sábado, 19 de dezembro de 2009

O amanhecer do Cristo

 

Narra antiga lenda que, após visitarem o Menino Jesus, aqueles homens que vieram do Oriente fizeram um pedido a Ana, mãe de Maria:

A criança tem apenas um dia de idade, contudo, vimos a luz de nosso Deus em Seus olhos, e o sorriso de nosso Deus em Sua boca.

Nós a conclamamos a protegê-Lo, para que Ele possa proteger-vos a todos.

Dizendo assim, montaram em seus camelos e nunca mais foram vistos naquelas terras.

Aquele menino cresceu e, na juventude, já era querido por todos em Nazaré. Era diferente das outras crianças.

Certa feita, quando foi levado até Sua cama, à noite, pela avó, disse-lhe:

Diga para Minha mãe e para todos os outros que somente Meu corpo dormirá. Minha mente estará com eles até que suas mentes cheguem ao Meu amanhecer.

*   *   *

O amanhecer de Jesus aponta no horizonte dos dias vindouros.

Por mais que ainda não estejamos lá, os raios de sol de Seu amor já nos alcançam, mostrando o caminho seguro.

O Rei Solar conta com inúmeras emanações radiantes, que são os trabalhadores fiéis de todas as horas.

Ele nos acompanha, nas vitórias e nas derrotas, como amigo carinhoso que vigia à nossa cabeceira.

Sua mente procura a nossa sem cessar.

Seu coração nos envolve em eflúvios de alegria, convidando à renovação diária.

Nós O abandonamos, quando nos perdemos no mundanismo recorrente e sedutor, mas Ele nunca nos deixa a sós.

Se ao menos aprendêssemos a ouvi-Lo... a percebê-Lo ao lado, sorrindo, apoiando, aconselhando...

Quem sabe pensaríamos um pouco mais antes de agir com tanta imprevidência.

Quem sabe aguardaríamos a raiva passar, antes de transformá-la em veneno para nós e para o outro.

Quem sabe aproveitaríamos mais as oportunidades da vida, quando nos abre portas para a caridade.

Quem sabe escolhêssemos ser ao invés de ter.

Quem sabe iríamos sorrir mais, sabendo que ao nosso lado temos um grande amigo.

*   *   *

As palavras ditas há mais de dois milênios continuam atuais.

Foram ditas para todas as gerações seguintes e, desta forma, Ele também Se faz presente entre todos nós.

Cada vez que nos sentirmos sós, sem saber que caminho tomar, sem forças para prosseguir, lembremos das palavras do jovem Jesus à Sua avó:

Diga para Minha mãe e para todos os outros que somente Meu corpo dormirá. Minha mente estará com eles até que suas mentes cheguem ao Meu amanhecer.

*   *   *

Meu amanhecer...

É o amanhecer da vida em abundância;

É alvorada serena, sem ruídos, acompanhada pelos pássaros do céu a sobrevoar, intrepidamente, os lírios do campo.

Meu amanhecer...

É carícia suave sobre a face adoecida da dor;

É abraço terno nos desvalidos do mundo;

Meu amanhecer, meus primeiros raios seguros de sol, sempre foram e sempre serão para vocês, amados da Terra.


Redação do Momento Espírita com base no cap.
Ana, mãe de Maria, do livro Jesus, de
Kahlil Gibran, ed. Ediouro.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

INVESTIMENTO MORAL

 

Você já pensou no que significa investir na moral?

Talvez tenha notado a grandiosidade daqueles que ficaram conhecidos na terra como agentes do bem, e tenha se achado impotente para essas grandes realizações.

No entanto, considerando que moral é a regra de bem proceder, entendemos que investir na moral pode ser mais fácil do que imaginamos, com gestos mínimos que, acumulados, resultam em grande soma.

Quando oferecemos nosso assento, no coletivo, a uma pessoa que precisa mais do que nós, estamos procedendo bem.

Quando não buzinamos e evitamos que algum enfermo ou uma criança que acaba de dormir acorde, agimos bem.

Um comentário maldoso que não levamos adiante, é bem proceder.

Um minuto de atenção a alguém que nos pede uma informação na rua, é pequena parcela de bem que estamos acumulando em nossa moralização.

Um pedaço de papel que ajuntamos na rua, fazendo com que nossa cidade fique mais limpa, é parcela de bem somada em nossa economia moral.

Quando economizamos papel higiênico, água, papel toalha, em banheiros de shoppings ou públicos, em restaurantes ou na empresa onde trabalhamos, estamos agindo no bem.

Se moral é a regra de bem proceder, sempre que procedemos bem, estamos agindo com moralidade.

E agir no bem quer dizer agir com imparcialidade, ou seja, o bem não seleciona, não discrimina, não premia, não faz concessões que o desfigurem.

As horas do dia são as mesmas para todos, mas o que cada um realiza com os minutos é que dá o tom de moralidade ou de imoralidade às ações.

Nós podemos escolher sempre o bem, mesmo nas pequenas atitudes. Isso, ao longo dos anos, nos permitirá acumular uma grande soma de valores que nos garantirá a paz de consciência.

Ao contrário, se optamos sempre pelo mal proceder, geralmente mais fácil, dando vazão ao egoísmo e ao orgulho, acumularemos imensa soma de desgostos e dissabores, tornando-nos uma pessoa amarga e infeliz.

Assim, cada instante de nossa vida é uma oportunidade de investir em nossa moralidade.

E para investir com proveito é necessário o devido esforço para orientar a nossa conduta pela razão.

Fazendo sempre uso da razão para nos conduzir as ações, teremos mais chance de lograr êxito na intenção de bem proceder.

E usar a razão com discernimento, é dar a mesma importância aos interesses de cada indivíduo que será envolvido por aquilo que fazemos.

Agindo assim seremos um agente moralizado, um agente do bem, mas um agente moral lúcido e não piegas que age mais por indução ou temor do que por convicção.

O exame sistemático de tudo o que fazemos, considerando de maneira imparcial os interesses de todos que serão afetados por nossas ações, e optando pela atitude que mais benefícios e menos prejuízos causem a todos, é ser um agente moral consciente.

Ouvir a razão, sempre, e examinar as implicações de nossas atitudes, é desejar uma sociedade melhor, mais justa e mais feliz. Ainda que isso signifique ter que rever algumas convicções prévias.

Saber a melhor maneira de viver é o grande desafio da atualidade.

Se consideramos que as mais notáveis diretrizes de bem viver, jamais superadas por quaisquer teorias, foram as do Sábio de todos os tempos, Jesus, então precisamos rever nossos conceitos.

Não fazer aos outros, o que não gostaríamos que os outros nos fizessem: eis a receita para quem deseja ser um agente moral lúcido.

Fazer aos outros, o que gostaríamos que os outros nos fizessem: eis a chave para ser um agente do bem.

                       Pensemos nisso!


Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

MÚSICA CELESTE

 

Por um momento, imagine a grandeza do Cosmos.

Estimam os cientistas que, há quase 14 bilhões de anos, houve uma explosão de luz e nasceu o nosso Universo.

A ciência chama a isso de Big Bang. Para os espiritualistas, ali está a presença de Deus, criando todas as coisas, pronunciando as doces palavras: Que se faça a luz!

E a luz se fez: bilhões e bilhões de sóis passeiam, solenes, na sinfonia dos mundos.

Em torno desses sóis, trilhões de planetas, satélites e asteróides executam a dança silenciosa das harmonias celestes.

Giram planetas sobre si mesmos. Giram em torno de sóis. Giram os sóis e seu cortejo acompanhando o caminhar das galáxias. Ritmo e graça em toda parte.

Aqui e ali, um cometa – asteróide obscuro – se aproxima de uma estrela. E de repente é invadido pela luz.

Eis que se acende inteiro, como um fósforo cósmico. Então se vai, arrastando sua cauda de poeira e gás, a semear a vida pelos mundos.

Mas, em um desses trilhões de planetas, sob a luz amarela de um sol, os moradores de um certo planeta - a Terra - se orgulham de ser maiores que os demais.

Vista do espaço, a Terra é um pequeno grão de areia, lindo, que passeia seu azul pelo espaço infinito.

Mas seus habitantes são como crianças: brigando sempre, acreditando-se senhores da vida, donos dos céus.

Ah, se pudéssemos nos ver no conjunto do Universo, minúscula gota no grande oceano da Criação!

Certamente seríamos mais humildes. Não daríamos tanta importância aos pequenos problemas do dia a dia.

Talvez fosse mais fácil perdoar, esquecer, apagar as mágoas.

Se víssemos nosso Mundo como translúcida bolha de sabão que flutua em meio ao pontilhado das estrelas, quem sabe aprenderíamos a reverenciar mais a obra Divina.

*  *  *

Estenda os seus olhos para o espaço. Nas luzes azuis que piscam a milhares de anos-luz, veja a assinatura do Grande Criador de todas as coisas.

Deus, nome Divino que enche de luz e de música as nossas existências pálidas.

Deus, quanta grandeza em Ti, sublime Pai de todas as coisas.

Deus, ao Teu sopro de vida, nascemos como Espíritos. Cumprindo Tuas leis, mergulhamos no corpo tantas vezes e construímos uma trajetória em que as experiências se somam e nos enriquecem de sabedoria.

Senhor, eis-nos aqui. Somos Tuas crianças, que dirigem para Ti olhos confiantes. Se ainda somos tolos, se ainda somos frágeis, ensina-nos a ser fortes e sábios.

Inspira-nos ainda uma vez a lição da fraternidade universal. Para que o amor faça morada em nós.

Inspira-nos para que a alegria nos contagie a alma. Para que a paz se asile em nossa casa mental.

Para que sejamos dignos de ser chamados filhos Teus.

*  *  *

Os mundos são estâncias do Reino de Deus, esperando por nós, viandantes em marcha para a perfeição.

Como os países, cidades e aldeias de um mesmo continente, os mundos dos espaços siderais são variadas escolas de progresso tecnológico, intelectual e moral.

Moradas da Casa do Pai no imenso Universo que ainda nos cabe descobrir, explorar, admirar.


Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A palavra de Jesus

 

No Seu semblante havia o resplendor do sol. Algo havia em Sua pessoa que emprestava força às Suas palavras.

Ele falava como quem tinha autoridade. Autoridade sobre todos: Espíritos e homens.

Ninguém que a Ele se comparasse. Os oradores de Roma, de Atenas e de Alexandria eram famosos, mas o jovem Nazareno era diferente de todos eles. E maior.

Aqueles possuíam a arte que encantava os ouvidos. Quando Jesus falava, os que O ouviam deixavam vagar o próprio coração por lugares antes nunca visitados.

Ele sabia falar de forma adequada a cada um. Narrava parábolas e criava histórias como jamais haviam sido narradas ou criadas antes Dele.

O Seu verbo desencadeava-se ora doce, ora enérgico, tal como as estações primaveris e as invernosas sabem se apresentar.

Falava das coisas simples, que todos entendiam, para lecionar as Leis Divinas e arrebanhar os Espíritos ao reino de Deus.

Suas histórias começavam assim: Um semeador saiu a semear... E enquanto discursava, os que O fitavam podiam assistir, à semelhança de prodigiosa tela mental, o homem, em plena madrugada indo ao campo, e espalhando as sementes...

Ou então era assim que falava: Um pastor contou seu rebanho, ao cair da tarde, e descobriu que faltava uma ovelha.

E todos lembravam a figura dedicada do pastor solitário, que passa em torno de nove meses, nos campos, com seu rebanho.

Ao anoitecer, coloca todas as ovelhas no aprisco, um abrigo de pedras, e ele mesmo se transforma em porta viva, deitado atravessado na única saída, protegendo-as.

Em Sua fala havia um poder que faltava aos brilhantes oradores da velha Roma e da Grécia.

Quando eles pronunciavam seus discursos falavam da vida aos seus ouvintes. O Nazareno falava da destinação gloriosa do ser, da vida que não perece nunca.

Eles observavam a vida com olhos humanos apenas. Jesus via a vida à luz de Deus e assim a apresentava.

Ele era como uma montanha que se dirigia às planícies. Conhecia a intimidade de cada um e individualmente atingia as criaturas, falando-lhes do que tinham maior carência.

Ninguém que O igualasse. Isto porque Jesus é maior do que todos os homens. Sua sabedoria vinha diretamente do Pai, com quem comungava ininterruptamente. Por isso mesmo, por mais de uma vez, expressou-Se afirmando: Eu e o Pai somos um.

                                *   *   *

Se Jesus é tão grande e Sua mensagem tão clara, por que, apesar de mais de dois milênios transcorridos, prosseguimos sem Lhe seguir os ensinos?

De que mais carecemos para que nossas mentes despertem e nossos corações se afeiçoem ao bem?

                  O tempo urge.

                       Pensemos nisso!


Redação do Momento Espírita, com base no cap. Assaf, chamado o orador de Tiro, do livro Jesus, o filho do homem, de Gibran Khalil Gibran, ed. Acigi.

domingo, 13 de dezembro de 2009

A PAZ DO MUNDO E A PAZ INTERIOR

 

A maior parte dos seres humanos deseja a paz no Mundo. É como um sonho coletivo: nada de guerras, de conflitos originados por preconceitos ou disputas políticas e religiosas.

Entretanto, muitos esquecem de um detalhe: a paz é o resultado de uma construção de pessoas, grupos, comunidades e povos.

Ela nasce, muito antes, no coração de cada um de nós.

“A paz do mundo começa em mim. Se tenho amor, com certeza sou feliz. Se faço o bem ao meu irmão, tenho a grandeza dentro do meu coração.”

A música do compositor Nando Cordel é uma bela tradução do verdadeiro espírito da paz.

Um sentimento que deve estar dentro da alma dos que desejam ver o Mundo mais aprimorado, do ponto de vista moral.

Mas há uma pergunta importante em meio a tudo isso: O que é a paz?

E você deve estar se perguntando: Será assim tão importante saber o que é a paz?

Claro que sim. Não se pode possuir aquilo que se desconhece. Então, falemos de paz...

Muita gente mistura os conceitos e acredita saber perfeitamente o que é a paz.

Alguns confundem paz com silêncio. Outros acreditam que a paz é a ausência de brigas.

Outros, ainda, imaginam que estar em paz significa ficar quieto, sem perturbar a quem quer que seja.

Finalmente, há os que acreditam que estar em paz é ter dinheiro sobrando para viver uma vida de conforto.

Será que isso é mesmo a paz? Será que essas situações trazem mesmo a tranqüilidade ou são apenas momentos menos tumultuados, com algum conforto material?

Pensemos juntos: paz não é simplesmente ausência de barulho.

Muita gente faz silêncio por fora, mas traz a alma sobrecarregada de ruídos. O tormento interno torna a criatura estressada e infeliz.

E quem acha que paz é a ausência de brigas e conflitos aparentes também pode estar enganado.

Quantas vezes a pessoa fica em silêncio somente porque tem medo de expressar sua opinião? Quantas vezes a raiva está bem camuflada sob uma aparência tranqüila?

Quem vê cara, não vê coração, diz a sabedoria popular. O mesmo acontece com a paz: nem sempre o rosto expressa o que vai na cabeça ou no coração da pessoa.

Em resumo: não se pode confundir paz com preguiça, displicência, comodismo ou covardia.

A paz é um estado de espírito permanente. Quem verdadeiramente vive em paz não perturba o mundo e nem se deixa perturbar por ele.

É claro que esse estado mental de completa paz é algo ainda um pouco distante da nossa realidade, mas o nosso papel é o do esforço constante para alcançarmos esse objetivo.

E se todo processo inicia em algum momento, como iniciar a conquista da paz?

Nossa sugestão: faça como se fosse um treinamento diário. Um treinamento de autoconhecimento. Principalmente, de auto-educação.

Comece reservando algumas horas para você e faça reflexões. Inicie fazendo um levantamento sobre todas as coisas, pessoas e situações que lhe causam irritação.

Em seguida, analise as razões porque você se irrita com essas pessoas e situações.

Pense em alternativas para não perder a calma. Faça simulações mentais, experimente seus limites, treine a paciência, exercite o equilíbrio.

Se fizer assim, possivelmente você estará melhor preparado para quando a situação ocorrer de fato. Estabeleça metas a serem alcançadas na conquista da paz.

Simultaneamente, exercite hábitos mentais positivos: meditação, boas leituras, relaxamento, músicas suaves.

Tudo isso fortalece a atmosfera de paz interior e reforça atitudes mais suaves e serenas.

Quando esses hábitos se consolidarem, quando a serenidade for obtida sem esforço, quando for mais fácil permanecer calmo, aí então você será forte candidato a se tornar exemplo para o Mundo.

Exemplo? Sim, amigo leitor: quem deseja a paz do Mundo deve se empenhar para ser exemplo vivo dessa paz.

É como uma árvore que, à medida que cresce, vai oferecendo benefícios de flores, perfume, cor e sombra aos que estão nas proximidades.

Por isso acredite: quem quer paz, nada exige dos outros. Faz a sua parte em silêncio e aguarda as conseqüências.


Texto da Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Escravos da palavra

 

Você já percebeu o quanto nos tornamos escravos das palavras que falamos? De como nos conduzimos por situações difíceis pela nossa própria fala?

Os pensamentos, enquanto guardados na intimidade da casa mental, são propriedade única e exclusivamente de quem os idealiza.

Porém, o pensamento que se converte em verbo falado, passa a ser de domínio público e deveremos responder pelos reflexos dos mesmos.

A palavra que edifica, enobrece, auxilia, é tesouro que dispensamos ao caminhar.

Porém, o verbo ácido da crítica destrutiva, do comentário maledicente buscando a desmoralização alheia, ou a acusação injusta do julgamento insensato, são dificuldades que amealhamos e das quais teremos que dar conta, uma a uma.

Assim, é atitude de sabedoria vigiarmos as palavras que saem de nossa boca. Pensar antes do falar é atitude sensata que nos poupa de muitos dissabores.

Para tanto, é imperioso cultivarmos a reflexão e autoanálise do que se passa em nosso mundo íntimo, pois que a boca fala daquilo que está cheio o coração, conforme nos alerta Jesus.

Alguns pesquisadores chegam a afirmar que circulam em nossa casa mental cerca de 95.000 ideias ao dia, das quais 85.000 são repetitivas, doentias, monotemáticas.

Para que o verbo se faça construtivo, é necessário o exercício da faxina mental, para que da mente possamos exteriorizar aquilo que não nos escravize negativamente.

O exercício do silêncio interior, do isolar-se alguns instantes diariamente do mundo para se encontrar consigo mesmo é fundamental.

Ao mergulharmos no silêncio de nossa casa mental, vamos conhecendo e entendendo qual o mundo íntimo que carregamos e que, muitas das vezes, ainda se mostra totalmente desconhecido para nós mesmos.

                                *   *   *

Vigiemos nossas palavras, para que elas sejam úteis, proveitosas e edificantes. Evitemos o comentário maldoso, o julgamento precipitado ou a acusação indevida.

Ainda, preservemos o nosso falar das expressões chulas, das comparações grotescas ou das piadas vulgares. O clima emocional e psíquico, com o qual nos envolvemos, é fruto do que pensamos e do que falamos.

Se a mente ainda traz dificuldades, se os pensamentos infelizes ainda tomam nossa casa mental, muitas vezes nos perturbando, façamos o silêncio interior, deixando que lentamente aqueles pensamentos cedam espaço para outros, mais nobres e enriquecedores.

Cultivemos o verbo elegante, a palavra de consolo, os temas edificantes para que nossa boca não seja quem nos condene, fazendo-nos escravos daquilo que, de forma invigilante, expressamos com a palavra não refletida.


Redação do Momento Espírita, a partir de seminário ministrado por
Divaldo Pereira Franco, no Encontro fraterno, na praia de
Guarajuba, Bahia, em data de 05.09.09.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Jesus, o Cristo

 

A figura de Jesus de Nazaré ainda hoje é motivo de muita polêmica. Para muitos, Ele não passou de uma lenda.

Existem, contudo, vários testemunhos sobre a Sua vida, fora das páginas do Novo Testamento.

O mais antigo de todos remonta aos anos 93/94 e se encontra nas antiguidades judaicas, de autoria de um judeu de nome Flávio Josefo.

No ano 112 o procônsul da Bitínia, Plínio, o moço, dirigiu uma carta ao imperador romano Trajano onde menciona Jesus.

Depois dele, em 115, um seu quase contemporâneo de nome Tácito, falou a respeito desse homem invulgar, conhecido em Sua aldeia onde morava e trabalhava como Joshua Bar Josef, seu nome em hebraico.

Também O descreveu Suetônio, mais ou menos no ano 120, na obra Vida de Cláudio, bem como o Talmude judeu, com narrações dos rabinos.

No entanto, Ele foi biografado pelos quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João.

Dizem-nos eles que Jesus exerceu o mesmo ofício de Seu pai, o de carpinteiro. Era costume judaico que o homem dedicado a trabalhos intelectuais tivesse um modo de sobrevivência.

Jesus não Se casou. Todo o Seu amor foi canalizado para a Sua missão.

Tinha para com as mulheres um sentimento extremamente delicado, tratando-as como irmãs. Naturalmente, elas retribuem, Lhe oferecendo sua amizade e O acompanham.

É Madalena, da cidade de Magdala; Verônica, curada de hemorragia crônica; Salomé, a mãe de dois dos Seus discípulos; Maria, Sua mãe; Marta e Maria, irmãs de Lázaro; Joana, a esposa do intendente de Cusa.

Sua natureza elevada, a ternura do Seu coração Ele a extravasou em doçura infinita, em poesia.

Humildade, perdão, caridade, abnegação, justiça pregou em Seus ensinos através de axiomas como: Aquele que se humilha, será exaltado; o que se exalta será humilhado.

Perdoai e sereis perdoados.

Amai os vossos inimigos. Fazei o bem aos que vos odeiam. Orai pelos que vos perseguem.

A sequência dos Seus princípios era um culto puro, sem práticas exteriores, baseado nos sentimentos do coração.

Sede perfeitos como vosso Pai é perfeito, é o convite que faz a todos os homens.

Em toda a História da Humanidade, houve homens que escreveram excelentes máximas. Houve também homens virtuosos mas que nada fizeram para que a virtude tivesse continuidade no mundo.

Por isso mesmo, Jesus é inigualável. Ele falou e agiu, apresentando Sua doutrina em palavras e obras.

Todos os exércitos que já desfilaram por este mundo, todos os navios que já atravessaram os mares, todos os reis e rainhas que já reinaram, todos juntos não influíram tão fortemente na vida humana como O fez Jesus, esse personagem imortal.

                            *   * *

Nosso tempo é contado a partir da data do nascimento de Jesus.

Ele é o personagem histórico sobre o qual mais se escreveram livros, compuseram músicas e pintaram quadros.


Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5 do
livro Vida de Jesus, de Ernest Renan, ed. Martin Claret

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Perfume de Jesus

 

Ao percorrer a história da Humanidade sempre se encontra um rastro perfumado. No princípio, era o incenso, a mirra e outras madeiras aromáticas.

O Velho Testamento registra Moisés construindo um altar de perfumes para Jeová. Entre eles craveiro e rosas.

Depois vieram os unguentos e óleos de substâncias como o timo e o orégano, com que faraós do antigo Egito eram enterrados.

Nas culturas antigas, o perfume era reservado aos deuses e aos rituais. Mas não demorou muito para que simples mortais se apropriassem das receitas perfumadas dos sacerdotes.

Nos grandes centros do Oriente, bem como entre os gregos e romanos, o prazer de perfumar-se tornou-se um hábito cotidiano.

Paris, no século dezesseis, era já considerada a capital dos perfumes. Atribui-se à Catarina de Médicis, que lá chegou em 1533, o impulso decisivo à produção e comércio de produtos aromáticos.

Além de perfumes, pomadas e óleos aromáticos, a moda dos couros perfumados, utilizados na confecção de luvas e outros acessórios difundiu-se pela Europa.

Os aromas, libertos da função dissimuladora de odores desagradáveis, tornaram-se mais doces e suaves, predominantemente florais.

Perfumistas buscavam essências raras e exóticas em flores, ervas, madeiras, resinas e secreções animais para suas fórmulas secretas.

Na perfumada corte de Luís XV, era de bom tom apresentar-se com um perfume diferente a cada dia. E nas datas de festa até os chafarizes eram alimentados com água-de-lavanda ou água-de-rosas.

Todos os perfumes, por mais preciosos ou penetrantes, têm, no entanto, a durabilidade comprometida. Nenhum que seja de caráter permanente. Eis porque proliferam as indústrias de perfume. Esmeram-se no aroma e na durabilidade.

Há todavia um perfume indelével. Personificado em um corpo de homem, andou pela Terra há mais de dois mil anos.

Nascido na quietude de uma noite quase fria, teve Seu nascimento anunciado por um coro de vozes celestes.

Cresceu no ambiente do lar, da oficina e da escola. Adulto, buscou os homens para espalhar a Sua doce fragrância.

Seu próprio nome semelhava aroma raro. Extrato de estrelas saía de Sua boca. Onde quer que passasse, a delicadeza da Sua presença a tudo e todos impregnava.

A Ele se submeteram ricos e poderosos, embora pensassem serem vencedores. Imprimiu tal aroma na alma dos Seus apóstolos que O decidiram imortalizar para a posteridade. Desta forma, os evangelistas se esmeraram para colocar em frascos delicados a essência dos Seus ditos.

Nasceram então os Evangelhos de Mateus, de Marcos, Lucas e João. É por este motivo que toda vez que se abrem as páginas da Boa Nova, o aroma do Cristo se espalha.

Quando a criatura se deixa impregnar por ele, onde quer que esteja e atue, aromatiza lugar, pessoas e circunstâncias.

                             *   *   *

Quando você estiver triste e desiludido, observando o mundo cinza e negro, busque o Evangelho. Descerre-lhe as páginas. Concentre-se na leitura de um pequeno trecho.

Permita-se envolver pelo perfume da tranquilidade e da serenidade do doce Jesus da Galiléia.

Não eram diferentes aqueles tempos. Também havia rixas, guerras, corrupção e desonestidade. Mas Ele espalhou a penetrante fragrância da Boa Nova, o extrato do bem.

Use o perfume Dele para colocar um sorriso na face, e distribuir alegria.

Torne-se, onde esteja, um distribuidor do perfume da verdade e da paz.

                              *   *   *

Atribui-se a Mateus o primeiro Evangelho. Escrito em língua hebraica, acredita-se que ele próprio o traduziu para o grego.

O evangelista Lucas não conheceu pessoalmente Jesus. Seu Evangelho, possivelmente escrito entre os anos 55 e 60, é uma verdadeira obra de História.

Para Lucas, Cristo é o Divino Médico da Humanidade.


Redação do Momento Espírita com base no artigo A pátria dos
perfumes, da revista Ícaro, revista de bordo Varig nº 134.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A CONQUISTA DA SERENIDADE

 

Um dia amanhece, glorioso, com a luz do sol atravessando as folhas. Silêncio que é quebrado pelo som dos passarinhos que acordam.

Murmúrio de regatos que cantam, perfume de relva molhada pelo orvalho da noite. Será isso serenidade?

A natureza oferece ao homem a oportunidade do silêncio externo, o exemplo da calma. Mas sozinha, ela, a natureza, será capaz de trazer a paz interna?

Muita gente diz assim: Vou sair da cidade, a fim de descansar. Quero esquecer barulho, poluição, trânsito.

Essa é uma paz artificial. Em geral, depois de alguns dias descansando, a pessoa volta para a cidade e aos ruídos da chamada civilização. E ainda exclama ao chegar:  Que bom é voltar para o conforto da cidade.

E, nas semanas seguintes, enfrenta novamente os engarrafamentos de trânsito, o som constante das buzinas, a fuligem. A comida engolida às pressas e o estresse do cotidiano estão de volta.

Então vem a pergunta: Será que realmente a serenidade existe em nossa alma? Se ela estivesse mesmo em nós, não teríamos de deixar o local em que vivemos para encontrar a paz, não é mesmo?

A conquista da serenidade é gradativa. A natureza não dá saltos e as mudanças de hábitos arraigados ocorrem muito lentamente. Não se engane com isso.

Muita gente acredita que a simples decisão de modificar um padrão de comportamento é suficiente para que isso aconteça. Mas não é assim.

Um antigo provérbio chinês traduz muito bem essa dificuldade. Ele diz assim: “Um hábito inicia como uma teia de aranha e depois se torna um cabo de aço”. O mesmo acontece em nossa vida.

E a conquista da serenidade não escapa a essa lógica de criar novos hábitos, de reeducar-se. Sim, pois tornar-se pacificado é um exercício de auto-educação.

A pessoa educa-se constantemente. Treina a paciência, o silêncio da mente. É uma conquista diária, um processo que vai se instalando e se fortalecendo.

E por onde começar? O melhor é iniciar pelo dia a dia. Treinando com parentes, amigos, colegas de trabalho. Não se deixando perturbar pelas pequenas coisas do cotidiano.

Das pequenas coisas que irritam, a pessoa passa a adquirir mais força para superar problemas mais graves, situações mais complexas.

Aos poucos, suaviza-se o impacto que os outros exercem sobre nós. Acalma-se o coração, domina-se as emoções, tranqüiliza-se a mente.

O resultado é o melhor possível. Com o passar do tempo, a verdadeira paz se instala. E mesmo em meio aos ruídos de todo dia, o homem pacificado não se deixa perturbar.

É como um oásis em meio ao caos da vida moderna. Um espelho de água em meio a tempestades. Esse homem, em qualquer lugar que esteja, traz a serenidade dentro de si.

Experimente começar essa jornada hoje mesmo. Vai torná-lo muito mais feliz.

                                   * * *

A serenidade resulta de uma vida metódica, postulada nas ações dinâmicas do bem e na austera disciplina da vontade.

Mantenhamos a serenidade e a nossa paz se espalhará entre todos.


Redação do Momento Espírita, e pensamentos do verbete Serenidade, do livro Repositório de sabedoria, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografado por Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

domingo, 8 de novembro de 2009

A GRANDEZA INIGUALÁVEL DE DEUS

 

Não há quem visite as Cataratas do Iguaçu e não se mostre extasiado ante a imponência do espetáculo das águas e das quedas.

São 275 quedas de água, com uma altura superior a 70 metros, ao longo de mais de dois quilômetros do Rio Iguaçu.

O termo Iguaçu, na língua guarani, deriva de “y” – “água, rio” e “guasu ou guaçu” – “grande”.

Isto quer dizer, água grande ou rio de grandes águas.

Ao lado da exuberância da paisagem, quer seja nos dias de cheia ou de escassez, a dança incessante das águas cantantes, não cansa os olhos.

Há sempre mais um detalhe a ser observado.

As aves, que fazem seus ninhos, no interior da rocha, entrando e saindo pela cortina de água;

as águas que descem barrentas, na cheia, e despejando-se com força, levantam uma nuvem de impecável brancura;

as gotas que se debatem, ao final da queda, correndo lépidas, desejando vencer o leito do rio, brilhando aos beijos do sol, como cristal líquido.

Há os que olham e ficam quietos. Há os que tiram fotos para mostrar para os amigos.

“Ninguém vai acreditar numa coisa tão incrível, como esta queda d’agua!” – dizem alguns, contemplando a garganta em forma de “u” invertido, com 150 metros de largura e 80 metros de altura.

A famosa Garganta do Diabo.

Há os que se deliciam, se encharcando com as nuvens de água formadas pelas quedas. E capturam o momento, deixando-se fotografar.

Outros ainda se deixam levar pela emoção da lenda da criação das cataratas.

Uma lenda tupi-guarani que fala que, há muito tempo, o Rio Iguaçu corria livre, sem corredeiras e sem cataratas.

Em suas margens, viviam os índios Caigangues, que reverenciavam o deus-serpente, filho de Tupã.

O cacique da tribo tinha uma filha, formosa, chamada Naipi. Ela deveria ser consagrada ao culto da divindade, da grande serpente.

Um jovem guerreiro, de nome Tarobá, se enamorou de Naipi. No dia da consagração da jovem, o casal fugiu para o rio.

Ambos desceram o rio numa canoa.

Furiosa com os fugitivos, a grande serpente penetrou na terra e retorceu-se.

Provocou desmoronamentos, que foram caindo sobre o rio, formando os abismos das cataratas.

Envolvido pelas águas, o casal caiu de uma grande altura.

Então, Tarobá se transformou numa palmeira à beira do abismo.

Naipi se transformou numa pedra junto da grande cachoeira, constantemente açoitada pela força das águas.

Vigiados pelo deus-serpente, eles permanecem ali. Tarobá condenado a contemplar eternamente sua amada, sem a poder tocar.

A lenda é apaixonante e envolvente. Os namorados a apreciam e se encantam, descobrindo a palmeira e a pedra.

Em verdade, quem se detenha a observar a majestade do conjunto das cataratas, quedas, corredeiras, luxuriante vegetação, não pode deixar de pensar na grandiosidade de Deus.

Deus, o escultor incansável que talhou as rochas, no decurso do tempo, com Sua vontade.

Deus, que criou a abundância das águas e lhes conferiu sonoridade, de forma que quem ouve a seqüência das quedas, constante, pode perceber um mantra.

Ou um cantochão. E embalar a própria alma.

Enquanto ainda nem havíamos acordado como homens, senhores de nossa razão, Deus espalhava as sementes do Seu amor, criando a mata diversificada, de mil nuances diferentes.

De verdes que se sucedem e se misturam.

De folhas, flores, diversidades, onde as borboletas ensaiam bailados de intraduzível colorido.

E, pintor inigualável, continua até hoje, alternando as cores nos arco-íris.

Um aqui, outro acolá, indo de um lado a outro da enorme cratera por onde se esvaem, constantemente, as águas no leito do rio.

Pai Excelso, ainda idealizou uma lição de fraternidade para os povos.

A maioria das quedas de água fica em território argentino. Mas, efetivamente, é do lado brasileiro que se apreciam os mais belos panoramas.

Então, os povos se abraçam. Brasileiros vão à Argentina para ter a vista de lá. Argentinos vêm ao Brasil para assistir ao espetáculo das suas próprias quedas d´agua.

Ah! A grandeza inigualável de Deus!


Texto da Redação do Momento Espírita.

sábado, 7 de novembro de 2009

ADVINHA QUANTO EU TE AMO

 

Era hora de ir para a cama, e o coelhinho se agarrou firme nas longas orelhas do coelho pai.

Depois de ter certeza de que o papai coelho estava ouvindo, o coelhinho disse: “adivinha o quanto eu te amo!”.

“Ah, acho que isso eu não consigo adivinhar” – respondeu o coelho pai.

“Tudo isto” – disse o coelhinho, esticando os braços o mais que podia.

Só que o coelho pai tinha os braços mais compridos, e disse: “e eu te amo tudo isto!”

“Hum,isso é um bocado” pensou o coelhinho.

“Eu te amo toda a minha a altura” – disse o coelhinho.

“E eu te amo toda a minha altura” – disse o coelho pai.

“Puxa,isso é bem alto, pensou o coelhinho. Eu queria ter braços compridos assim”.

Então o coelhinho teve uma boa idéia. Ele se virou de ponta-cabeça apoiando as patinhas na árvore, e gritou: “eu te amo até as pontas dos dedos dos meus pés, papai!”

“E eu te amo até as pontas dos dedos dos teus pés” – disse o coelho pai balançando o filho no ar.

“Eu te amo toda a altura do meu pulo!”, riu o coelhinho saltando de um lado para outro.

“E eu te amo toda a altura do meu pulo” – riu também o coelho pai, e saltou tão alto que suas orelhas tocaram os galhos da árvore.

“Isso é que é saltar; pensou o coelhinho. Bem que eu gostaria de pular assim.”

“Eu te amo toda a estradinha daqui até o rio” – gritou o coelhinho.

“Eu te amo até depois do rio, até as colinas.” – disse o coelho pai.

“É uma bela distância pensou o coelhinho.” Mas, àquela altura já estava sonolento demais para continuar pensando.

Então, ele olhou para além das copas das árvores, para a imensa escuridão da noite e concluiu: nada podia ser maior que o céu.

“Eu te amo até a Lua!” – disse ele, e fechou os olhos.

“Puxa, isso é longe” – falou o papai coelho – “longe mesmo!”

O coelho pai deitou o coelhinho na sua caminha de folhas, inclinou-se e lhe deu um beijo de boa-noite.

Depois, deitou-se ao lado do filho e sussurrou sorrindo: “eu te amo até a Lua... ida e volta!”

                               * * *

E você, já disputou alguma vez com seu filho quem gosta mais um do outro?

Geralmente as disputas são em torno de questões como quem joga futebol melhor, quem corre mais, quem vence mais etapas no vídeo game, quem coleciona mais troféus, etc.

A vida atarefada, o corre-corre, os inúmeros compromissos, por vezes nos afastam das coisas simples como sentar na cama ao lado do filho e lhe contar uma história, enquanto o sono não vem.

Acariciar-lhe os cabelos, segurar suas mãozinhas pequenas, fazer-lhe companhia para que se sinta seguro.

Deitar-se, sem pressa, ao seu lado quando ele vai para a cama, falar-lhe das coisas boas, ouvir com ele uma melodia suave para espantar os medos que tantas vezes ele não confessa.

Falar-lhe do afeto que sentimos por ele, do quanto ele é importante em nossa vida. Dizer-lhe que um anjo bom vela seu sono e que Deus cuida de todos nós.

E se você pensa que isso não é importante, talvez tenha esquecido das muitas vezes que arranjou uma boa desculpa para se aconchegar ao lado do pai ou da mãe, nas noites de temporal... 

                              * * *

Se, às vezes, é difícil se aproximar de um filho rebelde, considere que a sua rebeldia pode ser, simplesmente, um apelo desajeitado de alguém que precisa apenas de um colo seguro e um abraço de ternura. 


Redação do Momento Espírita, baseado no livro “Adivinha quanto eu te amo" de Sam Mcbratney, ed. Martins Fontes.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A IMPIEDADE

 

A falta de piedade e de indulgência na apreciação do comportamento dos outros, tem causado infelicidade e desgosto na vida de muitas pessoas.

Um dia desses uma senhora narrava o seu desconforto, quando percebia os comentários ácidos a seu respeito, quando ela e o marido buscavam os primeiros lugares para se sentar, nos eventos de que participavam.

Ela, uma senhora muito jovial, sempre sorridente, simpática e cordial, é portadora de uma deficiência auditiva grave.

Mesmo com a ajuda dos aparelhos precisa da leitura labial para entender o que as pessoas falam.

É esse o motivo pelo qual sempre busca os primeiros lugares, e o esposo lhe faz companhia.

Na tentativa de evitar os comentários maldosos, ela costumava se justificar, sempre que havia alguém por perto, quando ia se sentar na primeira fila.

Com o passar do tempo, notou que não bastava dar satisfação a uns, pois sempre restava alguém para comentar maldosamente a sua atitude.

Como o casal se tornou conhecido em muitos dos lugares que freqüenta, é comum encontrar duas poltronas reservadas, bem à frente, para se sentar. E isso incomoda os impiedosos de plantão.

Mais uma vez temos que dar razão a Jesus, quando recomendou o não julgueis.

Quem desconhece todos os porquês das atitudes de cada pessoa, e estabelece julgamentos precipitados e maldosos, acaba agindo com impiedade e injustiça.

Foi o que ocorreu com uma jovem cantora, portadora de deficiência visual, que se apresentava num restaurante.

Um cliente, que simpatizou com a moça, passou a fazer gestos de aprovação e a lhe mostrar, vez ou outra, um copo com bebida, oferecendo-lhe um drinque.

Como a moça não demonstrava nenhum sinal de interesse ou agradecimento, ao final da apresentação ele foi até o palco e despejou um copo de bebida com pedras de gelo sobre os pés da cantora, e falou:

“Isto é para você deixar de ser mal-educada e indiferente aos meus galanteios!”

A moça, que não sabia o que estava acontecendo, saiu tateando, assustada, em busca de alguém que a ajudasse a entender a situação.

E o rapaz, só depois do vexame, se deu conta de que a cantora não era mal-educada, nem indiferente, apenas não podia vê-lo.

Casos como esses nos levam a refletir sobre como somos impiedosos ao julgar indivíduos que desconhecemos.

Não seria mais justo e coerente não julgar?

E o que é mais lamentável é que mesmo percebendo que fomos injustos e impiedosos, dificilmente pedimos desculpas.

A consciência nos acusa, mas o orgulho nos impede o gesto de humildade.

E o orgulhoso sofre mais, não há dúvida. Ele prefere a autopunição, com enfermidades variadas, a um pedido sincero de perdão.

É mais fácil para o orgulhoso amargar uma doença, causada pela consciência de culpa, do que reconhecer que falhou na apreciação de pessoas ou situações.

E como a consciência nos acompanha dia e noite, e não podemos fazê-la calar-se, é preciso ouvi-la com mais atenção.

                               * * *

Procure observar o mundo com olhos de fraternidade, de piedade, de compaixão.

Considere que as aparências podem nos enganar, muitas e muitas vezes.

Para construir um mundo onde a felicidade esteja mais presente, é preciso corrigir o nosso olhar e a nossa forma de apreciação de pessoas e situações.

Pensemos nisso, sempre que a tentação de julgar os outros se apresentar.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em situações reais.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Vivendo um tanto mais...

 

Você deseja viver longamente sobre a Terra?

Quem não o deseja?

Apesar de dizermos, quase constantemente, que este é um planeta de dores e desilusões, de nos afirmarmos cansados das tantas lutas, não há quem não deseje retardar um tanto mais sua partida para o além.

Pobres, ricos, afortunados ou não, todos pensam em ficar por aqui um pouco mais. E mais um pouco.

A prova disso é que sempre que a morte chega afirmamos que ela se apresentou antes do tempo.

Ele era tão jovem! Logo agora, na flor da idade! Que pena, justo no momento em que ele iria começar a desfrutar a aposentadoria!

E assim por diante.

Talvez seja por isso que as Universidades de Harvard e Cambridge publicaram um estudo com 20 conselhos saudáveis para melhorar a qualidade de vida, de forma prática e habitual.

Vários deles se referem à alimentação, como tomar diariamente um copo de suco de laranja, para aumentar o teor de ferro no organismo e repor a vitamina C.

Ou salpicar canela no café, o que auxilia a manter baixo o colesterol e estáveis os níveis de açúcar no sangue.

Ou ainda desfrutar de uma xícara de chá ao dia. Uma xícara diária desta infusão, afirmam, diminui o risco de doenças coronárias.

Outros itens aconselham realizar atividades que estimulem a mente e fortaleçam a memória, como quebra-cabeças, palavras cruzadas.

Ou ainda aprender uma habilidade nova, aprender um idioma, ler um livro e memorizar parágrafos.

Rir é recomendado. Cem a duzentas gargalhadas equivalem a 10 minutos de corrida, baixando o estresse e acordando células naturais de defesa do organismo e os anticorpos.

As relações afetivas também estão na lista das Universidades.

Um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard concluiu que 91% das pessoas que não mantêm um laço afetivo com seus entes queridos, particularmente com a mãe, desenvolvem pressão alta, alcoolismo ou doenças cardíacas em idade temporã.

Com certeza, não foi em vão que Deus criou o ser humano para viver em sociedade.

Pessoas com fortes laços sociais ou redes de amigos têm vida mais saudável do que as pessoas solitárias, ou que somente têm contato com a família.

Ter um animal de estimação é saudável. As pessoas que não têm animais domésticos sofrem mais de estresse e visitam o médico regularmente, dizem os cientistas da Cambridge University.

Os mascotes têm o dom de fazer as pessoas se sentirem ótimas, relaxadas e isso atua, diminuindo a probabilidade de desenvolver pressão arterial elevada.

Os cães são os melhores mascotes, mas até um peixinho dourado pode causar um bom resultado.

Finalmente, a regra extraordinária diz que a pessoa deve se conhecer.

Os que se conhecem e priorizam o ser sobre o ter têm 35% de possibilidades de viver mais tempo.

*   *   *

O estudo das Universidades é recente e os conselhos estão sendo abraçados por muitos.

A nós cabe, seguindo a orientação de Sêneca, escolher a melhor forma de viver, habituarmo-nos a ela e torná-la agradável.

Pensemos nisso e vivamos bem, para vivermos mais e mais felizes neste bendito lar chamado Terra.


Redação do Momento Espírita, a partir do artigo 20
conselhos de Harvard, colhido na Internet.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

A FAMÍLIA

 

Você já parou algum dia para pensar como funciona uma colméia? Já se deu conta de que nela tudo é ordem, disciplina, preocupação pelo todo?

A colméia é formada por células de cera, que se contam aos milhares. Em algumas dessas células existem ovos ou larvas de abelha. Outras servem como depósitos de pólen e de mel. Essas são os favos de mel.

Numa colméia podem existir até 70 mil abelhas, que exercem diferentes funções.

As operárias são as que alimentam as larvas, cuidam da colméia, trazem comida para todos os habitantes da comunidade. Elas começam como faxineiras, limpando as células onde estão os ovos. Depois produzem a geléia real que serve para alimentar as abelhas mais jovens e a rainha. Também trabalham como babás alimentando as abelhinhas mais crescidas com pólen e mel.

Com dez dias de vida elas se tornam construtoras. Começam a produzir cera, que lhes permite construir e remendar as células da colméia.

A rainha tem como tarefa botar ovos, dos quais sairão as operárias, os zangões e as novas rainhas. No verão chega a botar em um só dia 1.500 ovos.

O zangão, desde que nasce, tem por tarefa a procriação com a rainha. Depois morre.

Tudo na colméia reflete ordem, equilíbrio.

As operárias são também as que saem da colméia para buscar a matéria prima de que necessitam. Estranhamente, elas nunca se enganam no caminho de volta para casa, para onde retornam com sua preciosa carga.

Embora sua vida seja curta, de cinco semanas apenas, elas não se cansam de trabalhar, sem cansaço, pelo bem-estar de toda a equipe.

Podemos pensar na família como uma colméia racional. Cada um tem sua tarefa a cumprir, visando o crescimento da pequena coletividade, como exige o lar.

E todos são importantes no desempenho do grupo doméstico.

É no seio da família, na intimidade do lar, que se vão descobrir operárias incansáveis, trabalhando sem cessar, não se importando consigo mesmas. Em constante processo de doação.

É na família que se aprende a transformar o fel das dificuldades, as amarguras das incompreensões no mel das atenções e do entendimento.

É ali que se exercita a cooperação. Afinal, como a família é uma comunidade, há necessidade de ajuda mútua.

Quando a família enfrenta as dificuldades com união, cresce e supera problemas considerados insolúveis.

Para que a família progrida no todo, cada um deve se conscientizar de sua tarefa e realizá-la com alegria.

É por este motivo que as crianças devem ser incentivadas, desde cedo, a pequenas tarefas no lar.

Retirar os pratos da mesa, lavar a louça, aquecer a mamadeira do menorzinho.

Renúncia a um pequeno lazer para satisfazer o outro. Nem que seja somente a satisfação da companhia ou de um diálogo amistoso.

Se na colméia familiar reinar o amor, conseguiremos com certeza ter elementos para uma atuação segura, verdadeiramente cristã, junto à família maior, na imensa colméia do mundo.

                                 * * *

A família é abençoada escola de educação moral e espiritual. É oficina santificante onde se burilam caracteres. É laboratório superior em que se refinam ideais.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base na revista Mini-monstros, editora Globo, Nº 19964 e no livro Rosângela, cap. A colméia, Editora Fráter livros Espíritas.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Um ajuste de vontade

 

Certa feita, Jesus afirmou que não fazia a Sua vontade, mas a do Pai do céu.

Em uma leitura apressada, talvez se conclua que Ele abdicou de Sua liberdade enquanto esteve na Terra.

Nessa linha, teria renunciado até à faculdade de querer, para atender os desígnios Divinos.

Ocorre que a liberdade é um dos grandes atributos espirituais, que confere mérito a qualquer conduta.

Nenhum ser humano minimamente equilibrado e refletido se disporia a agir como marionete.

Quem aceitaria se tornar um escravo, mesmo a preço de ouro?

Jesus também disse que a verdade nos libertaria.

Bem se vê o quanto a liberdade é preciosa, pois representa a culminância de um processo de aprendizado.

Quando o Espírito compreende a essência dos mecanismos que regem a vida, torna-se amplamente livre.

Liberta-se da ardência dos sentidos, de dores e de vícios.

A liberdade é uma Lei da vida.

Tem como suas naturais contrapartes a responsabilidade e o mérito.

Porque pode optar entre várias condutas possíveis, a criatura tem mérito ou demérito conforme o que decida realizar.

A ninguém é lícito suprimir a liberdade do próximo ou transferir a responsabilidade dos seus atos a terceiros, ao segui-los sem refletir.

Assim, ao eleger a vontade Divina como Sua, Jesus não abdicou da Sua própria liberdade.

Ele a utilizou da forma mais sublime possível.

Absolutamente livre em Sua excelsa pureza e sabedoria, decidiu querer o que Deus queria.

Por livre vontade, tornou-Se o instrumento da misericórdia Divina na Terra.

Fez-se professor, médico e amigo de Seus irmãos menores.

O Cristo não Se ressentia da missão que Lhe cabia.

Não reclamava e nem blasfemava.

Com Seu íntimo asserenado pela completa integração com o Divino, foi forte e sábio em todas as situações.

*   *   *

Convém refletir sobre esse significativo exemplo.

O melhor que pode ocorrer a qualquer criatura é ajustar sua vontade aos desígnios Divinos.

Deus é pleno de um amor incomensurável e deseja o melhor para Seus filhos.

Por isso, faculta-lhes tantas reencarnações de aprendizado e resgate quantas sejam necessárias.

A finalidade dessas incontáveis experiências é que o Espírito vença a si mesmo e se torne radiosamente sublime.

Ciente disso, não reclame de dificuldades, não se sinta uma vítima e nem se rebele.

Cumpra com dignidade todos os seus deveres, por difíceis que se apresentem.

Mas o faça satisfeito, e não desgostoso, como quem cumpre uma pena.

Realizar fantasias e satisfazer apetites dificilmente lhe trará plenitude.

Mas se integrar na ordem cósmica, pelo amoroso cumprimento do papel que lhe cabe no mundo, garantirá seu acesso a vivências de gloriosa alegria.

Pense nisso.


Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A PALAVRA SINCERA

 

Você sabia que a palavra “sincera” foi inventada pelos romanos?

Eles fabricavam certos vasos com uma cera especial tão pura e perfeita que os vasos se tornavam transparentes.

Em alguns casos era possível distinguir os objetos guardados no interior do vaso.

Para um vaso assim, fino e límpido, diziam os romanos:

Como é lindo! Parece até que não tem cera!

“Sine cera” queria dizer “sem cera”, uma qualidade de vaso perfeito, finíssimo, delicado, que deixava ver através de suas paredes.

Com o tempo, o vocábulo “sine cera” se transformou em sincero e passou a ter um significado relativo ao caráter humano.

Sincero é aquele que é franco, leal, verdadeiro, que não oculta, que não usa disfarces, malícias ou dissimulações.

A pessoa sincera, à semelhança do vaso, deixa ver através de suas palavras os nobres sentimentos de seu coração.

Assim, procuremos a virtude da sinceridade em nossos corações. Sim, pois na forma de potencialidade ela está lá, aguardando o momento em que iremos despertá-la, e cultivá-la em nossos dias.

Se buscamos a riqueza do espírito, esculpindo seus valores ao longo do tempo, devemos lembrar da sinceridade, deste revestimento que nos torna mais límpidos, mais delicados.

Por que razão ocultar a verdade, se é a verdade que nos liberta da ignorância?

Por que razão usar disfarces, se cedo ou tarde eles caem e seremos obrigados a enfrentar as conseqüências funestas da mentira?

Por que razão dissimular, se não desejamos jamais ouvir a dissimulação na voz das pessoas que nos cercam?

Quem luta para ser sincero conquista a confiança de todos, e por conseqüência seu respeito, seu amor.

Quem é sincero jamais enfrentará a vergonha de ser descoberto em falsidades.

Quem luta pela sinceridade é defensor da verdade do Cristo, a verdade que liberta. 

                           * * * 

Sejamos sinceros, lembrando sempre que esta virtude é delicada, é respeitosa, jamais nos permitindo atirar a verdade nos rostos alheios como uma rocha cortante.

Sejamos sinceros como educadores de nossos filhos. Primemos pela honestidade ensinando-lhes valores morais, desde cedo, principalmente através de nossos exemplos.

Sejamos sinceros e conquistemos as almas que nos cercam.

Sejamos o vaso finíssimo que permite, a quem o observa, perceber seu rico conteúdo.

Sejamos sinceros, defensores da verdade acima de tudo, e carreguemos conosco não o fardo dos segredos, das malícias, das dissimulações, mas as asas da verdade que nos levarão a vôos cada vez mais altos.

Por fim, lembremo-nos do vaso transparente de Roma, e procuremos tornar assim o nosso coração. 


Equipe de Redação do Momento Espírita,

a partir do texto “A palavra sincera”, atribuído a Malba Tahan.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A PRIMEIRA PRECE

 

Na madrugada, o homem sequioso de aventuras, chegou ao deserto de Gila, no Novo México.

Estacionou o caminhão e iniciou a caminhada de 32 quilômetros, para se encontrar em um acampamento, com seu grupo de alunos.

O verão era implacável e o sol ardia como fogo. O professor começou a sentir que as botas não eram as ideais para aquele clima. Parou, arejou os pés, colocou outras meias, acelerou o passo, reduziu a marcha. Nada funcionou.

Ao cair da noite, chegou ao acampamento. Os pés estavam uma chaga viva. Eram bolhas e machucados o que viu quando descalçou as botas.

Apesar de tudo, nada comentou com ninguém.

Dialogou com os instrutores e com os garotos. A madrugada o surpreendeu em repouso.

Quando a manhã se fez clara, veio o alarme. Um dos garotos sumira.

O professor sentiu o peso da responsabilidade, antevendo as ameaças do deserto cruel que o menino iria enfrentar.

Calçou as botas outra vez e teve a impressão de estar andando sobre vidro quente. Tropeçou, arrastou os pés. Tentou pensar em algo para se distrair, esquecer a dor. Tudo em vão.

A dor foi se tornando sempre maior, insuportável.

Finalmente, ele alcançou a trilha que saía de uns arbustos e seguiu direto ao rio que descia das montanhas, através de sombrios desfiladeiros.

Ao ver a água, colocou os pés calçados dentro dela. Esperava alívio mas a sensação foi de milhares de agulhadas perfurando-lhe as bolhas.

Deixou escapar um grito estridente do peito e se jogou na água, por inteiro. A dor aumentou.

Não havia solução. Ele não conseguia mais andar e onde se encontrava, com certeza demoraria dias para ser encontrado. E o garoto? Era preciso encontrar o garoto.

Uma idéia tomou vulto em seu cérebro e ele começou a implorar, até sua voz ecoar num brado sempre mais alto:

“Um cavalo. Por piedade. Preciso de um cavalo.”

Depois, como um lamento, colocou toda sua alma na palavra seguinte: “Jesus!”

E prosseguiu repetindo: “Jesus. Um cavalo. Jesus.”

Era a primeira vez que orava.

Um cavalo apareceu. Era real. Não era alucinação. Ele o montou por toda a noite, até encontrar o garoto.

Cedo, dois vaqueiros procuraram o animal que lhes fugira, não saberiam eles dizer o porquê.

Mas o professor sabia. Sua prece fora ouvida e atendida.

Por isso, emocionado, ali mesmo, pronunciou a segunda prece de sua vida: a prece da gratidão.

                             *  *  *

A oração deveria fazer parte de nossa vida.

Orar jamais deveria ser nosso último recurso, mas o primeiro a ser buscado.

A prece movimenta profundas forças que concorrem para reverter quadros enfermiços, enquanto alimenta com novo vigor a esperança e restabelece o bom ânimo.


Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no artigo Minha única prece, publicado na Revista Seleções do Reader’s Digest em junho de 1998.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Um Deus

 

Milhões de estrelas colocadas nos céus... por um Deus.

Milhões de nós levantamos nossos olhos a um Deus.

Muitas crianças O chamam por muitos nomes diferentes...

Um Pai, que ama a cada um por igual.

Muitas formas diferentes que oramos a um Deus.

Muitas são as trilhas que se juntam no caminho a um Deus.

Irmãos e irmãs – nenhum é estranho depois que Deus terminou Sua criação.

Porque seu Deus e meu Deus é um Deus.

*   *   *


Os versos são a tradução livre de uma canção interpretada pela cantora Barbra Streisand.

É interessante se observar como tantos cantores, no mundo, têm se referido a Deus, ao Criador. São criaturas que, na Terra, interpretam as vozes dos céus, conclamando os homens à fraternidade.

Em verdade, muitos dos que se dizem religiosos se enclausuram em suas crenças e excluem do amor de Deus os demais seres humanos.

E, contudo, só há um Deus. Um Deus que a todos criou, que a todos ama, não importando a forma com que seja ou não reverenciado.

Um Deus que sabe que cada filho Seu se encontra em estágio evolutivo diverso e, por isso mesmo, tem diferente entendimento a respeito do Seu Criador.

Somos nós, os seres pequenos da Criação que nos arvoramos em grandezas e criamos exclusividades, elegemos preconceitos e fazemos seleções de quem deve ou não ser credor das heranças do Universo.

Somos nós, os homens, que nos separamos em religiões, quando elas deveriam, em verdade, nos unir.

Porque, afinal, todos aspiramos pela felicidade. Todos desejamos nos alçar ao Pai, ao Criador. Todos almejamos um lugar de paz e de amor. Um aconchego. Um paraíso.

E as religiões existem para exatamente nos mostrar o caminho para tal ventura.

Deus é um só. Criador do Universo que descobrimos, a pouco e pouco, extasiando-nos. É o Pai dos seres que criou à Sua imagem e semelhança.

                            *   *   *

O seu Deus e o meu Deus é um só Deus.

Tenhamos isso em mente. E nos amemos, auxiliando-nos mutuamente.

Façamos a listagem das maravilhas do Universo e nos sintamos felizes em saber que tudo isso é compartilhado com todos os filhos de Deus.

Filhos desta Terra, do nosso Sistema Solar, filhos que vivam em dimensões nem imaginadas por nós, nem alcançadas pela nossa ciência – todos são herdeiros das grandezas da Criação.

Um Deus. Amor, justiça e luz.

Um Deus. Pai benevolente, pródigo de bênçãos.

Um Deus que nos aguarda, no lar celeste.

Um Deus que nos observa as lutas, perdoa nossas quedas e aguarda que cresçamos até alcançá-Lo.


Redação do Momento Espírita com citação de versos da
canção One God, interpretada por Barbra Streisand.

domingo, 25 de outubro de 2009

A DÁDIVA DE VIVER

 

Por vezes, você caminha pela vida com o olhar voltado para o chão, pensamento em desalinho, como quem perdeu o contato com sua origem divina.

Olha, mas não vê... Escuta, mas não ouve. Toca, mas não sente...

Perdido na névoa densa que envolve os próprios passos, não percebe que o dia o saúda e convida a seguir com alegria, com disposição, com olhar voltado para o horizonte infinito, que lhe acena com o perfume da esperança.

Considere que seu caminhar não é solitário e suas dores e angústias não passam despercebidas diante dos olhos atentos do Criador, que lhe concede a dádiva de viver.

Sua vida na terra tem um propósito único, um plano de felicidade elaborado especialmente para você.

Por isso, não deixe que as nuvens das ilusões e de revoltas infundadas contra as leis da vida, tornem seu caminhar denso e lhe toldem a visão do que é belo e nobre.

Siga adiante refletindo na oportunidade milagrosa que é o seu viver.

Inspire profundamente e medite na alegria de estar vivo, coração pulsante, sangue correndo pelas veias, e você, vivo, atuante, compartilhando deste momento do mundo, único, exclusivo. E você faz parte dele.

Sinta quão delicioso é o aroma do amanhecer, o cheiro da grama, da terra após a chuva, do calor do sol sobre a sua cabeça, ou da chuva a rolar sobre sua face.

Sinta o imenso prazer de estar vivo, de respirar. Respire forte e intensamente, oxigenando as idéias, o corpo, a alma.

Sinta o gosto pela vida. Detenha-se a apreciar as pequeninas coisas que dão sentido à vida.

Aquela flor miúda que, em meio à urze sobrevive linda, perfumosa, a brilhar como se fosse grande.

Sinta-se vivo ao apreciar o vôo da borboleta ou do pássaro à sua frente.

Escute os barulhos da natureza, a água a escorrer no riacho, ou simplesmente aprecie o céu, com suas nuvens a formar desenhos engraçados fazendo e desfazendo-se sobre seus olhos.

Quão maravilhosa é a vida!

Mas, se o céu estiver escuro e você não puder olhá-lo, detenha-se no micro universo, olhe o chão.

Quanta vida há no chão...

Minúsculos seres caminhando na terra, na grama...

A formiga na sua luta diária pela sobrevivência...

A aranha, a tecer sua teia caprichosamente, e tantas coisas para ver, ouvir, sentir, cheirar, para fazer você sentir-se vivo.

Observar a natureza é pequeno exercício diário que fará você relaxar, esquecer por instantes as provas, ora rudes, ora amenas, que a vida nos impõe.

Somos caminhantes da estrada da reencarnação, somando, a cada dia, virtudes às nossas vidas ainda medíocres, mas que se tornarão luminosas e brilhantes.

Aprenda a dar valor à dádiva da vida. Isso fará o seu dia se tornar mais leve e, em silêncio, sem palavras, sem pensamentos de revolta, você terá tido um momento de louvor a Deus.

Aprenda a silenciar o íntimo agitado e a beneficiar-se das belezas do mundo que Deus lhe oferece.

A sabedoria hindu aprecia, na natureza, o que Deus desejou para ela: que fosse aliada do homem no seu progresso, oferecendo o alimento, dando-lhe os meios de defender-se das intempéries.

E, sobretudo, sendo o seu colírio diário suavizando as aflições da vida.

Pense nisso, e aprenda a dar graças pela dádiva de viver.


Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Stephano, psicografada por Marie-Chantal Dufour Eisenbach, na Sociedade Espírita Renovação em junho de 2005.

sábado, 24 de outubro de 2009

A primeira prece

 

Na madrugada o homem, sequioso de aventuras, chegou ao deserto de Gila, no Novo México.

Estacionou o caminhão e iniciou a caminhada de 32 quilômetros, para se encontrar em um acampamento, com seu grupo de alunos.

O verão era implacável e o sol ardia como fogo. O professor começou a sentir que as botas não eram as ideais para aquele clima. Parou, arejou os pés, colocou outras meias, acelerou o passo, reduziu a marcha. Nada funcionou.

Ao cair da noite, chegou ao acampamento. Os pés estavam uma chaga viva. Eram bolhas e machucados o que viu quando descalçou as botas.

Apesar de tudo nada comentou com ninguém.

Dialogou com os instrutores e com os garotos. A madrugada o surpreendeu em repouso.

Quando a manhã se fez clara, veio o alarme. Um dos garotos sumira.

O professor sentiu o peso da responsabilidade, antevendo as ameaças do deserto cruel que o menino iria enfrentar. Calçou as botas outra vez e teve a impressão de estar andando sobre vidro quente. Tropeçou, arrastou os pés. Tentou pensar em algo para se distrair, esquecer a dor. Tudo em vão.

A dor foi se tornando sempre maior, insuportável.

Finalmente, ele alcançou a trilha que saía de uns arbustos e seguiu direto ao rio que descia das montanhas, através de sombrios desfiladeiros.

Ao ver a água, colocou os pés calçados dentro dela. Esperava alívio mas a sensação foi de milhares de agulhadas perfurando-lhe as bolhas.

Deixou escapar um grito estridente do peito e se jogou na água, por inteiro. A dor aumentou.

Não havia solução. Ele não conseguia mais andar e onde se encontrava, com certeza demoraria dias para ser encontrado. E o garoto? Era preciso encontrar o garoto.

Uma idéia tomou vulto em seu cérebro e ele começou a implorar, até sua voz ecoar num brado sempre mais alto:

Um cavalo. Por piedade. Preciso de um cavalo.

Depois, como um lamento, colocou toda sua alma na palavra seguinte:

Jesus!

E prosseguiu repetindo:

Jesus. Um cavalo. Jesus.

Era a primeira vez que orava.

Um cavalo apareceu. Era real. Não era alucinação. Ele o montou por toda a noite, até encontrar o garoto.

Cedo, dois vaqueiros procuraram o animal que lhes fugira, não saberiam eles dizer o porquê.

Mas o professor sabia. Sua prece fora ouvida e atendida. Por isso, emocionado, ali mesmo, pronunciou a segunda prece de sua vida: a prece da gratidão.

                          *   *   *

A oração deveria fazer parte de nossa vida.

Orar jamais deveria ser nosso último recurso, mas o primeiro a ser buscado.

A prece movimenta profundas forças que concorrem para reverter quadros enfermiços, enquanto alimenta com novo vigor a esperança e restabelece o bom ânimo.


Redação do Momento Espírita com base no artigo Minha única prece,
publicado na Revista Seleções Reader´s Digest, de junho/1998.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Nunca estamos realmente sós

 

Quem na vida nunca enfrentou dificuldades? Talvez alguém muito jovem, que ainda muito pouco viveu e que goze de uma boa estrutura familiar e escolar, possa dizer que nunca enfrentou uma situação difícil.

Com o passar do tempo, porém, à medida que a vida avança, são cada vez mais comuns as situações adversas.

Inúmeras são as dificuldades: a perda de um ente querido, a separação da família, a perda de um emprego que garante o sustento, os insucessos econômicos, as dificuldades no estudo.

Para cada um de nós situações diferentes representam diferentes graus de adversidade, mas todos lembramos facilmente delas.

Frequentemente despreparados para enfrentar tais situações, deixamo-nos levar por sentimentos de tristeza, de desespero e de impotência perante o fato.

Comumente, expomos nossa situação a familiares, amigos e, não raramente, pessoas não muito próximas, que se disponham a nos escutar.

Falando constantemente sobre o fato que nos preocupa permanecemos imersos nos sentimentos negativos, mantemos nossa mente agitada, entristecida e, até mesmo, revoltada.

Não faltam, nessas situações, opiniões diversas, de pessoas bem intencionadas, porém que nos deixam confusos, frequentemente sem encontrar uma solução.

Poucas são as pessoas que se recolhem e buscam em si mesmas a real causa de tal insucesso, tentando, a partir dessa reflexão, modificar seu comportamento, ou encontrar uma solução eficaz.

Muitos dizem se sentir sozinhos frente às dificuldades e, por este motivo, esperam opiniões e conselhos de todos aqueles que se dispuserem a dá-los.

Falsa ideia a da solidão. Aqueles que dela se queixam se esquecem de que temos, ao nosso lado, sempre pronto a nos ajudar, alguém que só quer o nosso bem.

Muitos de nós costumávamos pedir proteção a esse alguém, quando crianças, dirigindo-lhe uma prece, antes de dormir. Ao crescermos, esquecemos de tal atitude.

Nosso Espírito protetor ou anjo da guarda está sempre presente, desde nosso nascimento até quando, ao final da vida física, voltamos à pátria espiritual, podendo ainda nos acompanhar em futuras existências.

Silenciosamente, espera uma oportunidade de ser ouvido. Ele nos fala à mente e o podemos ouvir na forma de intuição ou de boas ideias.

Para que essas intuições ou ideias cheguem ao nosso consciente é necessário que tenhamos a mente pronta para as receber. Obviamente, em meio à agitação e aos sentimentos negativos não teremos paz de espírito para tal.

Tornamo-nos receptivos por meio do recolhimento, do silêncio, da oração, da meditação, ou dos sonhos durante um sono calmo.

São muitos os relatos dos que, depois de orar com real recolhimento e, portanto, sintonizando com o mundo espiritual que nos guia, encontraram uma solução, ou, pelo menos, consolo e paz diante de uma dificuldade.

                         *   *   *

Lembremo-nos sempre desse auxílio que Deus deixa à nossa disposição, e que não nos falta nunca.

Tenhamos a certeza de que, se um dia nos sentimos sem recurso, isto não é verdade, pois nunca estamos realmente sós!


  

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Seu anjo sabe...

 

"Quando você está cansado e desencorajado

Por esforços que não deram frutos

Seu Anjo sabe o quanto você tentou..

Quando você chorou por longo tempo

Com o coração cheio de angústia

Ele contou suas lágrimas...

Se você sente que sua vida está perdida

E que muito tempo também se perdeu,

Ele está confortando você...

Quando você está solitário

E seus amigos estão muito ocupados

Para um simples telefonema,

Ele acompanha você..

Quando você sente que já tentou de tudo

E não sabe por onde recomeçar,

Ele tem a solução...

Quando nada mais faz sentido

E você se sente frustrado e deprimido,

Ele tenta lhe mostrar respostas...

Se de repente

Tudo lhe parece mais brilhante

E você percebe uma luz de esperança,

Nesse momento,

Ele soprou nos seus ouvidos...

Quando as coisas vão bem

E você tem muito para agradecer,

Ele está festejando com você..

Quando algo lhe traz muita alegria

E você se sente refortalecido,

Ele está sorrindo para você...

Quando você tem um propósito a cumprir E um sonho para seguir,

Ele abre seus olhos e o chama pelo nome...

Lembre-se de que onde você estiver

Seja na tristeza ou na felicidade,

Mesmo que ninguém mais saiba,

Seu Anjo sabe.."

(procurando o autor (a) )

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A CRUEL INDIFERENÇA

 

Basta um olhar nas grandes cidades e lá está o retrato da indiferença. Gente maltratada, infeliz, doente, paupérrima se esgueirando pelas ruas, estendendo as mãos, pedindo, suplicando.

Do interior dos carros, vidros fechados, refrescados pelo ar condicionado, perfumados e alimentados, olhamos essas cenas como se estivéssemos vendo um filme.

Alguns até reagem com uma certa irritação. Culpam o Governo, reclamam das diferenças sociais, chamam de vadios os andrajosos que olham para eles com ar cobiçoso ou infeliz.

Outros viram o rosto, enojados pelo espetáculo da miséria e do abandono.

E há os que se compadecem, mas têm medo de abrir a janela, de estender a mão, de sorrir.

Todos esses, invariavelmente, esquecem dos espetáculos da pobreza tão logo chegam em casa, ao escritório ou aos locais de lazer.

Nos restaurantes, quem lembra dos famintos? Diante dos pratos cheirosos e meticulosamente arrumados, quem haveria de recordar crianças esqueléticas, mães famélicas?

Nos cinemas, lágrimas nos vêm aos olhos diante de filmes que retratam a desigualdade social avassaladora, mas saímos de lá impassíveis diante do homem torturado que sofre ao nosso lado.

Que fizemos de nossa sensibilidade diante da dor alheia? Em que ponto de nossa vida a indiferença se instalou em nosso peito e, com mãos de gelo, nos segurou o coração?

Certamente que a caridade não exclui a prudência. E é claro que não devemos nos responsabilizar por todas as dores do Mundo.

Mas, reflitamos: Estaremos fazendo de fato tudo o que é possível?

No momento damos as sobras de nossa mesa, as roupas usadas, alguns poucos reais para uma instituição.

Tudo muito louvável.

Mas estaremos mesmo contribuindo para reduzir a desigualdade aterradora que se vê no Mundo?

Cada um de nós, no papel que desempenha, no ambiente profissional, pode contribuir, sim, para mudar esse estado de coisas.

Quem de nós vive tão isolado que não possa estimular alguém ao estudo, ao trabalho? Quem de nós, de excelente condição financeira, escolhe uma criança pobre e lhe dá a chance de estudar em boas escolas?

Quantas vezes temos a chance de mudar a vida de alguém desvalido e nos calamos, omitimos, encolhemos?

Para aquele que tem vontade real de contribuir, a vida oferecerá oportunidades ímpares de fazer a diferença.

Por isso, abra seu coração para o amor. Desde hoje, deixe que seus olhos contemplem o Mundo com muito mais bondade.

Procure ver em cada criatura sofrida um irmão que tateia, cego, em busca da mão amiga que lhe ofereça apoio e segurança.

A indiferença é a escuridão da alma. Acenda a candeia de um coração sensível e traga luminosidade para a sua vida e para a de seus companheiros de jornada.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Convite à palavra

 

Com fúria e raiva acuso o demagogo

eo seu capitalismo das palavras.

Pois é preciso saber que a palavra é sagrada

que de longe muito longe um povo a trouxe

e nela pôs sua alma confiada.

De longe muito longe desde o início

o homem soube de si pela palavra

e nomeou a pedra, a flor, a água

e tudo emergiu porque ele disse.

Com fúria e raiva acuso o demagogo

que se promove à sombra da palavra

e da palavra faz poder e jogo

e transforma as palavras em moeda

como se fez com o trigo e com a terra.

*   *   *


Instrumento valioso é a palavra, doação Divina para o elevado ministério do intercâmbio entre os homens.

Resultado de notáveis experiências, o homem nem sempre a utiliza devidamente, dominado pela leviandade.

Embora o ser humano, com raras exceções expiatórias, seja dotado do recurso vocálico, somente poucos dele se servem com a necessária sabedoria, de modo a construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas de segurança.

Fala-se muito por falar, matar-se o tempo.

A palavra, não poucas vezes, se converte em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência, em bisturi da revolta e golpeia às cegas ao império das torpes paixões.

No entanto, pode modificar estruturas morais, partindo dos ensaios da tolerância às materializações do amor.

Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras diluem conflitos, equacionam incógnitas, resolvem dificuldades.

Falando e lutando insistentemente, Demóstenes tornou-se o insigne orador e construtor de conceitos lapidares dos tempos antigos, vencendo a gagueira, qual Webster ante a timidez, nos tempos hodiernos, na América do Norte...

Falando, heróis e santos reformularam os alicerces da idiossincrasia ancestral, colocando alicerces para a era melhor.

Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões enceguecidas que se atiraram sobre as nações inermes, transformando-as em ruínas, por onde passeavam as sombras dos sofrimentos humanos...

Guerras e planos de paz sofrem a poderosa força da palavra.

De tal forma é importante, que os modernos governantes do mundo, envidando esforços titânicos, modificaram as bases da diplomacia universal, visitando-se reciprocamente para conversar.

A palavra, todavia, deve partir das fontes do pensamento luarizado pelo Evangelho.

Há quem pronuncie palavras doces, com lábios tisnados de fel. Há quem sorria, embora chorando. Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio...

Mas esses são enfermos em demorado processo de reajuste.

                            *   *   *

Desculpa a fragilidade alheia, lembrando-te das próprias fraquezas.

Evita censura. A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno.

Se desejas educar, reparar erros, não os abordes estando o responsável ausente.

Toda palavra rude, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz.

Enriquece o coração de amor e banha o cérebro com as luzes da misericórdia Divina e da sabedoria, a fim de que fales, e fales muito, o de que está cheio o coração.


Redação do Momento Espírita com citação do poema Com fúria e raiva, de
Sophia de Mello Breyner Andresen, da obra O nome das coisas e do cap. 35
do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.