sábado, 22 de junho de 2013

Amizade ou hipocrisia?




É muito interessante a maneira como cobramos atenção das pessoas. Colocamo-nos invariavelmente na posição de vítimas, sempre relegadas ao segundo plano. Poderíamos relatar um sem número de situações nas quais nos acreditamos abandonados por amigos e familiares. É certo que aqui na Terra não existe ninguém inocente.
Quando cobramos visita ou atenção de alguém, demonstramos com essa atitude a nossa imaturidade espiritual e nosso despreparo emocional diante da vida. Cobrar atenção de quem quer que seja é desejar manter uma relação de hipocrisia. Cada um dá o que tem o que pode e o que sente, na hora em que deseja.
Relação sem espontaneidade é relação mascarada, falsa.
Se em algum momento da vida você se sentiu sozinho, analise com honestidade como andam suas relações afetivas. Ninguém pode colher o que não plantou. Acusamos os outros de nos abandonar, mas vivemos abandonando.
Será que aqueles a quem cobramos atenção receberam de nós veras demonstrações de amizade e respeito ou estamos procurando um motivo para falar mal dos outros? Por que cobrar dos outros aquilo que nem Deus espera que eles façam?
Já escrevemos anteriormente que, todas as expectativas que criamos com relação às pessoas, são de nossa responsabilidade, portanto...
Cobramos os outros porque queremos acusar as pessoas posteriormente, desejamos mostrar à sociedade o lado ruim do nosso semelhante e exaltar o nosso comportamento masoquista, nossa auto piedade. Esta problemática acontece rotineiramente em nossa vida, seja no seio familiar, ou nas relações de amizade. Acreditamo-nos eternos credores da atenção alheia. Todas as vezes que nos predispomos a cobrar a atenção de alguém, é sinal de que não temos uma relação fraterna com esse alguém, temos sim o desejo de retaliar alguma situação mal resolvida anteriormente.
Antes de acusarmos a quem quer que seja de nos abandonar, analisemos honestamente o nosso próprio comportamento. A afirmação de Francisco de Assis de que: “é dando que se recebe”, traz em seu bojo um convite terapêutico para que abandonemos esse comportamento infantil. Essa prática terapêutica nos exorta a sair da conduta egocêntrica que nos caracteriza a condição evolutiva.
Tem mais amor, quem dá mais amor. É menos solitário, aquele que é mais solidário. Recebe mais visita, quem visita mais. É tratado com lealdade, aquele que é mais leal. Tem relacionamentos honestos, aquele que é honesto em suas relações.
Enquanto não nos dermos conta de que temos que dar para receber, continuaremos a cobrar dos outros sentimentos que ainda não existem em nosso próprio coração. Seja qual for a sua situação, não cobre atenção e afeto que não fez brotar no coração alheio.
A vida nos devolve sempre o que nós ofertamos a ela.




Algemas Invisíveis – Adeilson Salles – Editora CEAC