quarta-feira, 30 de setembro de 2009

FARDOS

 

Quando a ilusão o fizer sentir o peso do próprio sofrimento, como sendo opressivo e injusto, recorde que você não segue sozinho no grande roteiro.

Cada qual tolera a carga que lhe pertence.

Existem fardos de todos os tamanhos e feitios.

O poderoso arca com o peso da responsabilidade de decisões que influenciam grandemente o destino alheio.

O sacerdote sofre a tortura de um condutor de almas.

O coração materno angustia-se com a sorte de seus filhos.

O enfermo desamparado carrega as dores de sua indigência.

A criança sem ninguém sofre seu pavor.

Aprenda a entender o serviço e a luta dos semelhantes para não se supor indevidamente vítima ou herói.

No campo das provações, todos são irmãos uns dos outros, mutuamente identificados por semelhantes dificuldades, dores e sonhos.

Suporte com valor o peso de suas obrigações e caminhe.

Do acervo de pedra bruta nasce o ouro puro.

Do cascalho pesado emerge o diamante.

Do fardo que transportamos de boa vontade procedem as lições de que necessitamos para a vida maior.

Talvez você se pergunte qual a carga transportada pelos maus e levianos, que aparentemente passam pela vida isentos de provações.

Provavelmente eles, sob uma falsa aparência de vitória, vivem sob encargos singularmente mais pesados do que os seus.

Impunidade e injustiça são conceitos estranhos às leis divinas.

O céu não é um local físico predeterminado, mas um estado de consciência.

Ele somente é acessível, com seus tesouros de paz e luz, para quem está em harmonia com as leis divinas.

Nada há para invejar de quem ainda nem começou a se recompor com essas leis, por leviandade ou preguiça.

Pior ainda é a situação de quem, pela desdita de praticar o mal, está adquirindo débitos perante a vida.

Se o suor alaga sua fronte e se a lágrima lhe visita o coração, isso é um sinal de que a sua carga já está sendo aliviada.

Quem desempenha corajosamente, sem murmurações, as tarefas que lhe competem está caminhando para a plenitude de sua consciência.

Provas bem suportadas, sem desânimo ou preguiça, convertem-se de forma gradativa em tesouros de entendimento, paz e luz para a ascensão da criatura.

Lembre-se do madeiro injusto que dobrou os ombros doloridos do Cristo.

Sob as vigas duras no lenho infamante jaziam ocultas as asas divinas da ressurreição para a imortalidade.

Deus criou o mundo estruturado por leis perfeitas, belas e justas.

Nesse harmônico concerto, por certo você não foi esquecido.

Sua vida não é regida por acasos.

As provações que o visitam visam a fortificá-lo, lapidá-lo, despi-lo de inferioridades que o infelicitam há longo tempo (*).

Não imagine, sequer por um momento, que o Pai Amoroso que Jesus nos revelou possa ser cruel.

As provas duram o tempo estritamente necessário para ajudá-lo a adquirir os valores e aprender as lições de que necessita.

Reduza sua quota de dores, dedicando-se ao bem com determinação e vigor.

Dê um basta nas reclamações e nos vícios, alegrando-se ao executar as tarefas que a vida lhe confiou.

Fardos e dificuldades não são desgraças, mas desafios a serem vencidos e superados, com otimismo e esperança.

Pense nisso.


Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no capítulo LVI do livro Segue-me!..., do Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A RELVA

 

Na paisagem ela forma um tapete extenso e verdejante. Sobre ela passam os animais, que a pisoteiam.

Alguns, famintos, nela encontram alimento e, por isso, a arrancam nos dentes afiados.

Ela continua serviçal, na função que a natureza lhe ofereceu.

E trabalha, na intimidade da terra, esforçando-se para recompor as falhas provocadas, tornando a aparecer, exuberante sobre a terra.

Quando atapeta praças esportivas, é comprimida por grande número de pés, mas prossegue em seu mister.

Chutes mais fortes lhe arrancam pedaços, por vezes. Ela continua, operosa, a sua tarefa.

Agredida pela canícula inclemente, ela se aquieta no sofrimento.

Ressecada, prossegue na sua contribuição de cobrir grandes porções de terra, transformadas em campos ou praças.

Pensam que ela morreu. Todavia, logo venham as bênçãos de chuva, ela torna a reverdecer.

Esquece, rapidamente, os sofrimentos e a secura, para sofrer tudo outra vez.

Vez ou outra, padece a dilaceração da enxada, transferindo-a a outros lugares, replantando-a ou desprezando-a sobre o monturo.

De outras, passa pela poda da tesoura, a fim de mais embelezar-se.

É a imagem da humildade ativa.

Notando esse quadro tantas vezes desconsiderado do relvado a se oferecer, apesar de tudo, miremo-nos nele à busca de lições.

Da mesma forma que a relva, não nos deixemos desfalecer ante o pisoteio das experiências difíceis. Ou o mordiscado das decepções no caminho por onde sigamos.

Quando a secura das afeições, em forma de indiferença ou abandono, nos alcançar, permaneçamos firmes.

E renovemo-nos ante as bênçãos de outros corações que nos amam e oferecem apoio e consolo.

Ao contato insano dos que nos agridem nos mais caros sentimentos, despedaçando-nos o coração, prossigamos.

Como a relva, busquemos na intimidade as energias necessárias para reverdecer, realizando as tarefas que nos competem, sem esmorecer.

Trabalhemos em nós a humildade e a paciência, sem deixar de servir.

Os que hoje agridem, passarão. Suas palavras, seus ataques, suas calúnias... Tudo passará.

Depois dos dias de frio, vento e tempestade, sempre retornam as manhãs cantantes de sol e as tardes quentes, ao sabor do vento passante.

Iniciemos esforços para sofrer, sem nos desgovernarmos, nem abandonar os deveres que nos competem.

Não deixemos de servir porque a poda indevida nos alcançou, seja ela em forma de dores morais ou físicas.

Sempre estejamos dispostos a começar tudo novamente.

E, se enfim, nos sentirmos crestados por causa de tantas esfogueantes agonias, contemos com a chuva formidável da assistência dos tarefeiros de Deus.

Confiantes e dispostos, envolvidos nas benesses da sua atenção, preparemo-nos para despontar em novo amanhã de frescor e alegria, exatamente como a relva.

Pensemos nisso! E não nos permitamos parar de crescer e servir, porque alguém desavisado pisoteou nossas esperanças e nossos sonhos.

Renovemo-nos sempre pela vontade de servir e passar adiante para que os que venham depois somente encontrem traços de luz por onde passamos.


Texto da Redação do Momento Espírita com base no cap. 8, do livro Rosângela, do Espírito homônimo, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

É proibido chorar?

 

Quando uma dor muito grande chega aos corações dos que se afirmam cristãos e, em especial, dos espíritas, ela se extravasa pelos olhos, em gotas de pranto.

Nessa hora, é muito comum os adeptos da mesma filosofia, amigos, parentes se mostrarem admirados ante as lágrimas vertidas e formularem questões como:

Por que você está chorando? Você não é espírita? Onde está a sua fé?

E os que choram, já com a alma despedaçada, pelo evento triste pelo qual passam, ainda devem administrar essas atitudes que ferem a sensibilidade como lâmina afiada.

Então, esses companheiros sofridos, que aguardavam um ombro amigo para chorar, um aperto de mão, um abraço, passam a sofrer em silêncio.

Choram por dentro. Porque por fora lhes foi vetado, por censuras tolas e inconsequentes.

                                               *   *   *

Quem disse que não se pode chorar ante um ser amado que parte para a pátria verdadeira?

Quem disse que não se pode verter lágrimas quando a carência bate à porta, nos braços do desemprego; quando o filho se envolve com drogas; quando a ingratidão chega, com seu punhal cruel?

Para os que elegemos como Modelo e Guia o Mestre Jesus e nos preocupamos em conhecer a Sua biografia, encontramos nos Evangelhos informações preciosas a respeito da dor e da lágrima.

Ao chegar a Betânia e ter a notícia da morte de Lázaro, ante as interrogações que lhe dirige Maria, a irmã de Lázaro, Jesus Se senta sobre uma pedra e chora.

Por que teria chorado? Com certeza não pelo amigo que sabia não estar morto, somente em estado letárgico. Contudo, deixou que as lágrimas corressem livres.

Talvez tenha chorado pela incompreensão das pessoas a respeito de quem Ele era, dos objetivos da vida e da certeza da vida imortal.

Quando Madalena adentra a sala do banquete, em casa de um certo Simão, e derrama as lágrimas da sua dor, do seu remorso, misturadas às da alegria por ter encontrado o amor que buscava há tanto tempo, Jesus não a repreende.

Antes, ensina ao anfitrião: Simão, entrei em tua casa e não me deste água para os pés. Ela, porém, os banhou com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos.

No trajeto doloroso ao Gólgota, ao Se deparar com as mulheres de Jerusalém, que choram a morte do justo, do ser que lhes abençoou os filhos tantas vezes, Jesus Se detém.

Não as recrimina por estarem a chorar. Antes lhes diz que não devem chorar por Ele, que Se encaminha para a glorificação na cruz, mas por elas mesmas e por seus filhos.

Vê-se, portanto, que o Modelo e Guia da Humanidade jamais falou contra as lágrimas da dor ou do arrependimento.

Assim, justo é que se chore quando a alma se veste de luto, quando se envolve no manto da dor.

O fato de ser cristão ou de ser espírita-cristão não nos transforma em criaturas insensíveis. Ao contrário, aprende-se a sentir a dor alheia inclusive.

O que não é coerente é o desespero, a lástima, a queixa.

Mas, lágrimas? Por que não, se elas traduzem o estado d´alma em lamento?

Por que não, se o próprio Cristo chorou! Ele, o ser perfeito.

Pensemos nisso e sejamos mais autênticos e sensatos, com ponderações bem ajustadas sobre a dor alheia, que nos merece, ao demais, todo respeito.

Afinal, foi Jesus que nos lecionou: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.


Redação do Momento Espírita

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ANTE OS QUE PARTIRAM

 

É possível que nenhum sofrimento na terra seja comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração enregelado e querido que o ataúde transporta para o grande silêncio.

Ver a névoa da morte estampar-se, inevitável, na fisionomia daqueles que mais amamos, e cerrar-lhes os olhos no adeus indescritível, é como despedaçar a própria alma e prosseguir vivendo.

Digam aqueles que já apertaram contra o peito o corpo inerte de um ser amado, consumidos pela dor e pela angústia da separação.

Falem aqueles que varados de saudade, inclinaram-se, esmagados de solidão, à frente de um túmulo, perguntando em vão pela presença dos que partiram.

Todavia, quando semelhante provação te bater à porta, reprime o desespero e dilui a corrente de mágoa na fonte viva da oração, porque os chamados “mortos” são apenas ausentes e as gotas de teu pranto amargo e revoltado lhes fustigam a alma.

Também eles pensam e lutam, sentem e choram.

Atravessaram a faixa do sepulcro como quem se desvencilha da noite, mas, na madrugada do novo dia, inquietam-se pelos que ficaram.

Ouvem-lhes as lamúrias e as súplicas e sofrem cada vez que os afetos deste plano da vida se rendem à inconformação ou ao desânimo.

Lamentam-se pelos erros praticados e trabalham, com afinco, na regeneração que lhes diz respeito.

Estimulam-te à prática do bem, compartilhando contigo de dores e de alegrias.

Rejubilam-se com tuas vitórias e consolam-te nas horas amargas para que não te percas no frio do desencanto.

Tranqüiliza, desse modo, aqueles que te antecederam no regresso à pátria espiritual, suportando corajosamente a despedida temporária, e honra-lhes a memória, abraçando com nobreza os deveres que te legaram.

Recorda que, em futuro mais próximo que imaginas, respirarás entre eles, dividindo outra vez necessidades e problemas, porque terminarás tu também a própria viagem no mar das provas redentoras.

Pára e pensa, pois, nessas questões.

Não obstante a morte imponha amargura e dor, frustração e lágrimas naqueles que ficam, vale a pena permaneças vigilante, a fim de evitar excessos que te impeçam de pensar com clareza.

A morte não é o fim absoluto da querida convivência dos que se prezam, dos que se amam.

Cultiva, então, o bom senso.

Sofre e chora sem que o teu sofrimento perturbe os outros, sem que tuas lágrimas tragam desequilíbrio para tua intimidade.

Retira o bom aproveitamento do padecer, amadurecendo, superando-te, para que as tuas provações ou expiações humanas, de fato, façam-te avançar para Deus.

Chora teus mortos?

Então faze desse pranto um aceno de ternura e um bilhete de paz, onde tu digas aos amores desencarnados:

Permitiu Deus que te libertasses antes de mim, e eu disso queixo-me por egoísmo, porque preferiria verte ainda sujeito às penas e sofrimentos da vida.

Espero, pois, resignado, o momento de nos reunirmos de novo no mundo mais venturoso no qual me precedeste.

Até breve e que Deus te abençoe, ser querido!


Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 29 do livro Revelações da luz, de J. Raul Teixeira, pelo Espírito Camilo, e nas pp. 153/155 do livro Religião dos Espíritos, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sem etiqueta, sem preço

A nota é internacional e diz, mais ou menos assim: Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer.

Eis que o sujeito desce na estação do metrô de Nova York, vestindo jeans, camiseta e boné.

Encosta-se próximo à entrada. Tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.

Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.

Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas, num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes, Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custaram a bagatela de mil dólares.

A experiência no metrô, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa, realizada pelo jornal The Washington Post, era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

A conclusão é de que estamos acostumados a dar valor às coisas, quando estão num contexto.

Bell, no metrô, era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.

Esse é mais um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas, que são únicas, singulares e a que não damos importância, porque não vêm com a etiqueta de preço.

Afinal, o que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes?

É o que o mercado diz que podemos ter, sentir, vestir ou ser?

Será que os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detêm o poder financeiro?

Será que estamos valorizando somente aquilo que está com etiqueta de preço?

Uma empresa de cartões de crédito vem investindo, há algum tempo, em propaganda onde, depois de mostrar vários itens, com seus respectivos preços, apresenta uma cena de afeto, de alegria e informa: Não tem preço.

E é isso que precisamos aprender a valorizar. Aquilo que não tem preço, porque não se compra.

Não se compra a amizade, o amor, a afeição. Não se compra carinho, dedicação, abraços e beijos.

Não se compra raio de sol, nem gotas de chuva.                                            

A canção do vento que passa sibilando pelo tronco oco de uma árvore é grátis.

A criança que corre, espontânea, ao nosso encontro e se pendura em nosso pescoço, não tem preço.

O colar que ela faz, contornando-nos o pescoço com os braços não está à venda em nenhuma joalheria. E o calor que transmite dura o quanto durar a nossa lembrança.

                                      *   *   *

O ar que respiramos, a brisa que embaraça nossos cabelos, o verde das árvores e o colorido das flores é nos dado por Deus, gratuitamente.

Pensemos nisso e aproveitemos mais tudo que está ao nosso alcance, sem preço, sem patente registrada, sem etiqueta de grife.

Usufruamos dos momentos de ternura que os amores nos ofertam, intensamente, entendendo que sempre a manifestação do afeto é única, extraordinária, especial.

Fiquemos mais atentos ao que nos cerca, sejamos gratos pelo que nos é ofertado e sejamos felizes, desde hoje, enquanto o dia nos sorri e o sol despeja luz em nosso coração apaixonado pela vida.


Redação do Momento Espírita, a partir de comentário
de Willian Hazlitt, que circula pela Internet.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

AMOR QUE RENASCE

Era uma vez Cilia e George. Eles estavam apaixonados. Seu amor foi abençoado com duas meninas, Rayann e Sheela.

Com esforço e dedicação, a imobiliária a que deram início, prosperou e cresceu.

Tudo ia bem com a ajuda e o amor um do outro. Em certo ponto do caminho, no entanto, algo deu errado. Eles começaram a discutir sobre questões profissionais. Depois, passaram a ter desentendimentos na condução do lar. Finalmente, sobre como educar as meninas.

Cilia dizia que George não a deixava crescer. Ele parecia seu pai, desejando ter sempre a última palavra, o poder de decisão.

George não sabia mais o que pensar ou como agir na presença da esposa. Pelo que se lembrava, ela casara com ele porque era sempre ele que tomava as decisões.

Por fim, depois de 15 anos de casamento, se divorciaram. Mas as discussões continuaram. No trabalho e sobre a educação das filhas.

Quando George foi chamado, em plena madrugada, pela polícia local, porque suas filhas haviam sido presas em uma boate, alarmou-se.

Elas eram menores, estavam embriagadas e a mais velha portava pequena quantidade de heroína.

Nesse dia, o casal entendeu que o ônus emocional do seu desentendimento era demasiado para as meninas.

Pelo bem delas, resolveram participar de um seminário de fim de semana, sobre paternidade positiva.

Partiram juntos, de carro, rumo às montanhas. O trânsito estava ruim e ele decidiu ir por uma via secundária.

Foram surpreendidos por uma tempestade de neve. Procurando um lugar seguro para encostar o carro, George não viu a queda fatal de 300 metros.

O veículo teve o pára-brisa e a janela do motorista estilhaçados. Eles estavam a 65 km da estrada principal e o carro estava enchendo de neve.

Colocaram as bagagens na janela dianteira, para desviar a neve e o vento. O motor, que lhes poderia gerar calor, recusou-se a funcionar.

No banco de trás, se aconchegaram. Não podiam dormir, pois estavam sem cobertores e, com o frio, poderiam congelar e morrer.

Precisavam sobreviver até o amanhecer, para andar até a estrada principal, em busca de ajuda.

O aconchego, o revezamento de esfregar um ao outro para aumentar a circulação e permanecerem alertas, foi lhes avivando a memória de tempos já vividos.

Para não cair no sono, cantaram todas as canções que lembraram. Quando se esgotou o repertório, Cilia lembrou de recitar os votos formulados no dia do casamento.

“A este nobre homem prometo tudo o que sou e sempre serei para você. Eu o amarei para sempre. Cuidarei de você mesmo quando todos lhe virarem as costas. George sentiu a torrente de amor e calor do dia em que se casara com ela.”

Então recitou os seus votos:

“Eu a amo e prometo amá-la com toda a minha força. Eu lhe darei tudo o que é meu e tudo será nosso. Lutarei para ser seu homem e seu defensor, seu amigo durante o tempo que o sangue fluir em minhas veias. Sem você eu fico sem finalidade neste mundo.”

As palavras acenderam fogueiras em suas almas. Agora percebiam como precisavam um do outro.

Quando amanheceu, a neve cessou, eles se deram um longo e apaixonado beijo. De mãos dadas foram em busca de ajuda, com a certeza de que estavam nesta vida, juntos, para sempre.

 

                                  Pense nisso!

 

Se algo não vai bem em sua relação matrimonial, dê-se um tempo para pensar. Recorde porque você se uniu ao outro.

Mesmo sem tempestade de neve, ou perigo de congelamento, convide-o a rememorar os votos do dia do casamento.

E redescubram, juntos, o valor da união matrimonial. Dêem uma nova chance um ao outro, reacendendo a chama do amor que um dia os fez desejarem estar, para sempre, juntos.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap.  Corações congelados de amor, do livro Triunfos do Coração, de Chris Benguhe, ed.  Butterfly.
http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=1101&let=A&stat=0

terça-feira, 22 de setembro de 2009

VIRTUDE CELESTE

Se a noite o surpreendeu de coração ferido ou de cérebro açoitado por amargos arrependimentos, não se renda à dor que lhe parece irremediável...

Enquanto a sombra se estende ao longo do caminho, e a ventania sopra, qual lamentoso grito de angústia, fite as estrelas que cintilam nas alturas e siga adiante, ao encontro do novo dia.

Não pode? Tremem-lhe os pés sob o fardo da aflição? Enrijeceram-se as fibras de sua alma e não consegue nutrir um novo sonho?

Erga uma prece à esperança, esse gênio da luz que nos permite antever o porvir imenso.

Recolha-se à oração e ela virá, doce e infatigável enfermeira, balsamizar-lhe as chagas interiores e sustentar-lhe as energias semimortas.

Atenda-lhe o apelo carinhoso e prossiga sem desfalecimento.

Não permita que o elixir entorpecente da inércia ou o fel corrosivo do sofrimento o enfraqueça.

Aceite as sugestões do gênio amigo e reflita...

Sentirá no próprio coração dores maiores que a sua, os pavores dos grandes infelizes, as úlceras cancerosas de milhões que, até agora, você não conseguira ver.

Então, inefável consolo baixará do céu sobre a sua dor, aquietando-lhe a ânsia.

Inexprimíveis sentimentos desabrocharão em seu espírito, e seus braços se abrirão para acolher as dores ignoradas dos seres mais humildes da terra.

Nem todos sabem avaliar essa virtude celeste. Muitos a transformam em vinagre de impaciência ou em tortura mortal, convertendo-lhe a bênção em estilete da enfermidade.

Felizes, porém, daqueles que lhe guardam a sublime claridade no âmago do espírito, porque verão a sabedoria do tempo, adquirindo com a vida a ciência da paz.

Espere! Diz a noite o dia voltará.

Espere! Clama a semente o fruto não tarda.

Espere! Anuncia a justiça e tudo recomporei.

Bem-aventurados, pois, quantos no mundo sabem aprender, servir e esperar!

* * *

Suporte com coragem o fardo de sua dor, avançando na estrada da vida heroicamente, ainda que seja um centímetro por dia...Lembre-se de que hoje, a noite maternal lhe enxugará o pranto com o repouso obrigatório, e de que amanhã o dia voltará, renovando todas as coisas.

Lembre-se, ainda, que a esperança sempre surge com os primeiros raios da aurora.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em mensagem homônima do Espírito Vianna de Carvalho, e cap. Reflexões, do Espírito Mariano José P. Fonseca psicografia de Chico Xavier, do livro Falando à Terra, ed. FEB.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ROTEIRO INFALÍVEL PARA A FELICIDADE

O ser humano nunca sentiu tanta necessidade de encontrar paz íntima, como nos dias atuais.

Na tentativa de suprir essa necessidade, as livrarias estão abarrotadas de livros de auto-ajuda.

Existe a procura, oferece-se o produto.

Embora seja nobre a intenção de muitos escritores, não se pode dizer que todos têm como objetivo oferecer ajuda a quem dela necessita.

O que boa parte desses autores visa é o lucro fácil, à custa das carências das criaturas.

No entanto, há um roteiro infalível para a felicidade à disposição de quem queira segui-lo.

Trata-se de um código, uma regra de proceder que abrange todas as circunstâncias da vida privada e da vida pública, o princípio básico de todas as relações sociais que se fundam na mais rigorosa justiça.

Mas, que roteiro infalível é esse, afinal?

Está ao alcance de todos?

Poderá ser entendido e seguido por toda gente?

Podemos afirmar que esse roteiro infalível está ao alcance de todos e pode ser entendido e seguido por todos.

Trata-se da boa nova, das boas notícias trazidas pelo mestre mais sábio que a terra conheceu.

Esse excelente código de ética e moral que abrange todas as circunstâncias da vida humana e traz os princípios básicos que podem nortear todas as relações sociais está fundamentado na mais pura justiça.

Esse compêndio de sabedoria é conhecido como o evangelho de Jesus.

Incontestavelmente é um roteiro infalível para se alcançar a felicidade.

Mas, se o evangelho está disponível há mais de dois milênios, por que e a felicidade ainda não é uma realidade na Terra?

O que ocorre é que toda a gente admira a moral cristã; todos lhe proclamam a sublimidade e a necessidade; muitos, porém, assim se pronunciam por fé, confiados no que ouviram dizer, ou baseados em certas máximas que se tornaram provérbios populares.

Poucos, no entanto, a conhecem a fundo e menos ainda são os que a compreendem e sabem deduzir suas conseqüências.

A causa disso está na dificuldade de entendimento que o evangelho apresenta para o maior número dos seus leitores.

A forma alegórica e o intencional misticismo da linguagem fazem que a maioria o leia por desencargo de consciência e por dever.

Todavia, não percebem os preceitos morais, disseminados aqui e ali, intercalados na massa das narrativas. Impossível, então, compreender o conjunto e tomá-lo para objeto de leitura e meditações especiais.

No entanto, aqueles que têm olhos de ver percebem que toda a moral de Jesus se resume na caridade e na humildade, isto é, nas duas virtudes contrárias ao egoísmo e ao orgulho.

Em todos os seus ensinos, ele aponta essas duas virtudes como sendo as que conduzem à eterna felicidade: bem-aventurados, disse, os pobres de espírito, isto é, os humildes, porque deles é o reino dos céus.

Bem-aventurados os que têm puro o coração; bem-aventurados os que são brandos e pacíficos; bem-aventurados os que são misericordiosos; amai o vosso próximo como a vós mesmos; fazei aos outros o que quereríeis vos fizessem.

Amai os vossos inimigos; perdoai as ofensas, se quiserdes ser perdoados; praticai o bem sem ostentação; julgai-vos a vós mesmos, antes de julgardes os outros.

Humildade e caridade, eis o que não cessa de recomendar e o de que dá, ele próprio, o exemplo. Orgulho e egoísmo, eis o que não se cansa de combater.

E Jesus não se limita a recomendar a caridade; põe-na claramente e em termos explícitos como condição absoluta da felicidade futura.

Eis aí o roteiro infalível. Mas só para quem deseja, sinceramente, investir na sua felicidade.

O próprio Cristo colocou a livre vontade como condição para alcançar esse objetivo, quando disse:

“Quem quiser vir após mim, tome a sua cruz, negue-se a si mesmo, e siga-me.”


Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. XV, item 3 de O Evangelho segundo o Espiritismo (*).
www.momento.com.br

* * *

(*) O Evangelho Segundo o Espiritismo foi lançado em abril de 1864, em Paris, por Allan Kardec, codificador do Espiritismo. É um dos livros espíritas mais procurado no Brasil. Traz comentários dos Espíritos superiores sobre vários ensinos e parábolas de Jesus, de forma simples e de fácil entendimento. É uma exelente obra para conhecer mais  sobre o ensino moral legado por Jesus à Humanidade.

domingo, 20 de setembro de 2009

Quanta dor foi preciso

Um pequeno poema de Bertolt Brecht diz:

A minha mãe.

Quando ela acabou, foi colocada na terra

Flores nascem, borboletas voejam por cima...

Ela, leve, não fez pressão sobre a terra

Quanta dor foi preciso para que ficasse tão leve!

A dor nos faz mais leves, quando extraímos dela o sumo da sabedoria.

De nada adianta sofrer e continuar o mesmo, com a mesma maneira de pensar, com os mesmos vícios...

A dor sempre ensina. A dor sempre esculpe. Cabe ao aluno deixar-se ser formado/moldado por ela.

A dor vai retirando, a golpes de cinzel, o que, no bloco de mármore da vida, não é beleza, não é escultura.

Num primeiro momento, e numa visão acanhada, os golpes são cruéis, ferem, sangram.

Mais tarde, porém, apenas mais tarde, pode-se ver o bloco, antigamente disforme, agora tomando formas definidas e certas.

Assim é o sofrimento. Quase sempre é compreendido apenas com o passar do tempo e quando a visão madura de nós mesmos sobrepõe o imediatismo persistente na alma.

Saímos mais leves da vida, certamente, quando aprendemos com o sofrer; quando não repetimos mais os mesmos erros e eles não mais nos escravizam.

Saímos mais leves daqui, quando arrancamos de nós os pesados vícios – essas cargas perversas que insistimos em carregar pelos dias.

Saímos mais leves, sim, ao entender que somos os maiores prejudicados quando guardamos mágoa, quando permitimos que um sentimento negativo fique ressentindo em nosso peito por tanto tempo.

Saímos aliviados da existência, quando a doença nos consumiu a vida do corpo, mas renovou a vitalidade da alma, que agora nasce de novo, deixando na enfermidade transata os débitos com a Lei maior.

É certo que a dor é educadora enérgica e implacável, mas é professora indispensável de nossas existências inseguras e irresponsáveis.

É de entendimento geral que, quanto mais responsável e maduro o educando, mais flexível e ameno pode ser o educador.

Vivemos ainda a época dos educandos rebeldes, aparentemente incorrigíveis, por isso a mestra dor precisa atuar com tanta veemência e rigidez.*   *   *

O pântano e as águas estagnadas experimentam rigorosa drenagem, a fim de se transformarem em jardim e pomar.

O deserto sente a modificação da sua estrutura, mediante elementos químicos, de modo a reverdecer e coroar-se de flores.

A semente sofre o esmagamento e arrebenta-se em vida exuberante.

Nos animais, o parto é violência orgânica dolorosa, que liberta a vida que conduzia encarcerada.

Compreensível, desse modo, que o desabrochar da perfeição comece pelo despedaçar do grotesco em predominância no ser humano.

Erros que geraram calamitosos efeitos a reparar, desafios que promovem à conquista de mais elevados patamares se apresentam com frequência.

São inevitáveis as ocorrências depuradoras, os sofrimentos de sublimação.

A dor é mensagem da vida cantando o hino de exaltação e glória à evolução. Recebê-la com tranquilidade constitui admirável realização íntima da lucidez intelecto-moral do ser humano.


Redação do Momento Espírita com citação do capítulo
A dor e suas bênçãos, do livro Fonte de luz, pelo
Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de
Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sábado, 19 de setembro de 2009

O TRABALHO É O AMOR FEITO VISÍVEL

 

A necessidade do trabalho é lei da natureza, por isso constitui uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque lhe aumenta as necessidades e os gozos.

Mas por trabalho não se devem entender somente as ocupações materiais. Toda ocupação útil é trabalho.

Sem o trabalho o homem não se aperfeiçoaria e permaneceria sempre na infância, quanto à inteligência.

Por isso é que seu alimento, sua segurança e seu bem-estar dependem do seu trabalho e da sua atividade.

Como a história da humanidade registra que por muito tempo o trabalho foi tido como castigo, existem pessoas que se aborrecem por terem que trabalhar.

Importante, assim, lembrar que é o trabalho que nos dá oportunidade de crescimento.

Todos os progressos que a humanidade alcançou até hoje, são frutos do trabalho.

E é sobre o trabalho que Khalil Gibran escreveu o seguinte:

Quando trabalhais, sois uma flauta através da qual o murmúrio das horas se transforma em melodia.

Quem de vós aceitaria ser um caniço mudo e surdo quando tudo o mais canta em uníssono?

Sempre vos disseram que o trabalho é uma maldição, e o labor, uma desgraça.

Mas eu vos digo que, quando trabalhais, realizais parte do sonho mais longínquo da terra, desempenhando assim uma missão que vos foi designada quando esse sonho nasceu.

E, apegando-vos ao trabalho, estareis na verdade amando a vida.

Disseram-vos que a vida é escuridão; e no vosso cansaço, repetis o que os cansados vos disseram.

E eu vos digo que a vida é realmente escuridão, exceto quando há um impulso.

E todo impulso é cego, exceto quando há saber.

E todo saber é vão, exceto quando há trabalho.

E todo trabalho é vazio, exceto quando há amor.

E quando trabalhais com amor, vós vos unis a vós próprios e uns aos outros, e a Deus.

E que é trabalhar com amor?

É tecer o tecido com fios desfiados de vosso próprio coração, como se vosso bem-amado fosse usar esse tecido.

É construir uma casa com afeição, como se vosso bem-amado fosse habitar essa casa.

É semear as sementes com ternura e recolher a colheita com alegria, como se vosso bem-amado fosse comer-lhe os frutos.

É pôr em todas as coisas que fazeis um sopro de vossa alma.

O trabalho é o amor feito visível.

E se não podeis trabalhar com amor, mas somente com desgosto, melhor seria que abandonásseis o vosso trabalho e vos sentásseis à porta do templo a solicitar esmolas daqueles que trabalham com alegria.

Pois se cozerdes o pão com indiferença, cozereis um pão amargo, que satisfaz somente a metade da fome do homem.

E se espremerdes a uva de má vontade, vossa má vontade destilará no vinho o seu veneno.

E ainda que canteis como os anjos, se não tiverdes amor ao canto, tapais os ouvidos do homem às vozes do dia e às vozes da noite.

Sem dúvida o poeta tem razão.

O trabalho feito com amor provê não só as necessidades do corpo, mas também as da nossa alma.

                                    Pensemos nisso!

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 674 a 676, e no cap.  O trabalho, do livro O Profeta, de Gibran Khalil Gibran.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

PRECE NO ALVORECER

 

Acordei quando a manhã se vestia de luz para receber o dia. O sol, espreguiçando-se por detrás das nuvens, derramava seus raios mornos pela terra.

Abrindo a janela, senti uma grande alegria e desejei orar ao Criador de todas as coisas, ao Pai de todos nós. Queria dizer tantas coisas!

Mas como se pode, sendo tão pequeno, dizer coisas grandiosas a quem é tão onipotente?

Desejei abraçar o dia e servir, fazer algo útil, bom, especial.

Como se pode agradecer ao pai generoso por tantas dádivas senão buscando se tornar um servidor para as suas criaturas?

Entre a timidez e a emoção, com o coração a cantar em descompasso no peito, comecei:

Meu Deus e meu Senhor. Eu gostaria tanto de poder colaborar contigo. Eu gostaria de ser um jardim de flores, de todas as cores, para embelezar a terra.

Mas, na pobreza que minha alma encerra, se não puder ser um jardim, deixa-me ser uma rosa solitária, em uma fenda da rocha, colocando beleza no painel nobre da natureza.

Eu gostaria de ser um canteiro perfumado, aonde as abelhas viessem colher o néctar, para produzir o mel que alimentaria bocas infantis.

Eu gostaria de ser um trigal maduro, para colocar pão na mesa da humanidade. Mas, é demais para mim.

Como não poderei ser uma seara, ajuda-me a ser o grão, que caindo no chão, se multiplique num milhão. E me transforme em pão para os meus irmãos.

Eu gostaria de ser um pomar de frutos maduros para acabar com a fome. Mas na pobreza que me consome, te venho pedir para ser uma árvore desgalhada, projetando sombra na estrada. Talvez alguém, em passando de mansinho, por esse caminho possa me dizer “olá”. E respondendo, eu estenda a mão e me ofereça: ”sou teu irmão, sou teu amigo.”

Eu gostaria de ser como uma chuva generosa, que caísse na  terra porosa e reverdecesse o chão. Mas, como não conseguirei, então, te pedirei para ser um copo de água fria que mate a sede de quem anda na desesperação.

Eu gostaria de ser um riacho que descesse a encosta da montanha cantando, por entre as pedras, ofertando linfa refrescante às árvores que protegem o solo.

Meu Deus! Eu gostaria de ser como a via-láctea de estrelas para que as noites da Terra fossem mais belas e a dor debandasse, na busca de um novo dia.

Mas, na minha pequenez, sem conseguir, te quero pedir para ser um pirilampo na noite escura, iluminando a amargura de quem anda na solidão.

Eu gostaria de ser um poeta, um artista, um trovador. Quem sabe um cantor, um esteta, orador para falar da magia e da beleza da tua glória.

Mas, como eu quase nada sou, como me falta o verbo, a mestria, então, eu te peço, Senhor, para ser o companheiro da criatura deserdada.

Deixa-me caminhar pela estrada e estender a mão a quem anda solitário e triste. Deixa-me ser-lhe a mão de sustento e lhe dizer: “sou teu irmão, estou contigo. Vem comigo.” 

* * *


Agradece a Deus a tua existência.

Exalta-Lhe o amor por meio dos deveres retamente cumpridos.

Louva-O, sendo-Lhe um servidor devotado e fiel.

Apresenta-O para a humanidade, tornando-te exemplo de amigo e irmão em todas as circunstâncias. 


Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. 12 do livro Divaldo franco e o jovem, compilação de Délcio Carlos Carvalho, ed. Leal e cap. 200 do livro Vida feliz, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Um olhar puro

Em seu famoso Sermão da Montanha, Jesus afirmou que a candeia do corpo são os olhos.

Também disse que, se os olhos forem bons, todo o corpo terá luz.

Mas se eles forem maus, todo o corpo será trevoso.

A candeia era um utensílio utilizado para iluminação.

Devia ser colocada em local alto e de destaque, a fim de que sua luz se espraiasse ao longe.

Consoante antigos ditados populares, os olhos são a janela ou o espelho da alma.

Esses adágios revelam a importante correlação existente entre os olhos e a essência da criatura.

De ordinário, é preferencialmente por eles que o ser humano percebe a realidade que o cerca.

A partir dessa percepção, ordena seu sentir e seu proceder.

O que ele focaliza, o que elege como importante para prestar atenção, dá o tom de seu viver.

Como disse Jesus, se os olhos são bons, todo o corpo é luminoso.

O mundo é rico de distrações.

Sem uma orientação firme, é possível perder-se nelas e tornar-se alguém fútil.

Novelas e séries de TV, Internet e revistas são apenas alguns dos passatempos à disposição.

Não possuem nada de intrinsecamente errado, mas não constituem o objetivo da existência.

Justamente por isso, não podem consumir tempo em excesso.

O Espírito não toma um corpo de carne para se distrair, mas para se aperfeiçoar.

O tempo mais bem aproveitado é o despendido no burilamento intelectual e moral.

Em conversas instrutivas, no aconchego da família, com os amigos do coração.

Ou no aprendizado de uma língua, na meditação sobre um texto de moral ou filosofia.

Também possui grande valor a dedicação a uma causa, a atenção dada a pessoas carentes ou enfermas.

Entretanto, não é apenas com o excesso de distrações que se deve ter cautela.

Pior do que gastar tempo com banalidades é fixar a atenção em coisas deletérias.

Vive-se na Terra uma época de grande permissividade e vigora o discurso de que quase tudo é normal.

Assim, pode não parecer chocante gostar de pornografia, manter conversas picantes ou ficar acordado por conta de noitadas.

Mas é preciso cuidado com aquilo em que se fixa detidamente o olhar, para não comprometer a própria dignidade.

O gosto pela podridão, ainda que socialmente aceito, conspurca a essência do ser.

Para não ter um corpo trevoso, conforme o dizer evangélico, importa ter bons olhos.

Ou seja, focar a atenção no que de belo e puro há no mundo.

Tomar gosto por conversações e leituras sadias.

Gastar o próprio tempo em atividades construtivas e dedicar-se a obras sociais.

O resultado dessa opção pelo bem será uma formosa luz que revestirá todo o ser.

Pensemos nisso.


Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

IMPRESSÕES NEGATIVAS

 

Hoje em dia, grande parte dos pais se preocupa em conduzir seus filhos a um templo religioso, em virtude da situação conflitante por que passa a nossa sociedade.

Todavia, esses mesmos pais têm encontrado grande resistência por parte dos filhos, principalmente dos jovens e adolescentes.

Isso nos recorda uma experiência vivida por um casal de amigos.

Eles tinham um filho de 14 anos que não se interessava em freqüentar as reuniões religiosas junto com os pais, apesar de todos os esforços destes por persuadi-lo.

Todas as vezes que os pais lhe falavam sobre a necessidade de se buscar a ajuda de Deus para enfrentar, com fé e confiança, as agruras da vida, o filho se mantinha calado, dedilhando sua guitarra, da qual poucas vezes se separava.

Um dia, já cansados de tentar convencê-lo, sem lograr êxito, os pais foram um pouco mais veementes.

Aproximaram-se do rapaz e começaram a lhe falar da importância de ele os acompanhar ao templo religioso.

O garoto, que até então estava calado, segurou as cordas da guitarra com uma das mãos, fitou-os nos olhos, e disse:

Meus queridos pais, há quanto tempo vocês professam essa religião?

O pai imediatamente respondeu que já fazia 20 anos, e a mãe disse que a professava desde o berço.

O jovem abaixou a cabeça e continuou a acariciar sua guitarra.

Mas os pais, inquietos, questionaram com impaciência:

Filho, você está surdo? Por que não fala direito com os seus pais? Diga-nos, por favor, os seus motivos.

O rapaz levantou a cabeça novamente, olhou-os com um certo ar de tristeza e falou:

Eu não queria magoá-los, mas, se vocês insistem...

Vocês acabaram de me dizer os anos que cada um freqüenta o templo religioso e eu, que na verdade já sabia disso, peço que me digam, com toda sinceridade:

Para que serve a religião, se vocês vivem brigando dentro de casa?

De que adianta buscar um Deus que não consegue fazer com que vocês se entendam e se perdoem, ao invés de viverem aos gritos um com o outro?

Respondam, com sinceridade, de que vale uma religião se de vez em quando eu vejo o pai dormindo no sofá e a mãe se debulhando em lágrimas, lá no quarto?

Será que vocês me acham tão infantil a ponto de me convencer que a sua religião é boa para mim, quando não consegue fazer vocês felizes?

Não! Eu realmente não perderei tempo com essas coisas que não são eficientes nem para vocês mesmos.

* * *

A história desses amigos vale como motivo de sérias reflexões para todos nós.

Esquecidos de que nossos filhos são portadores de inteligência e bom senso, queremos que acreditem no que falamos e não no que eles observam no cotidiano, portas adentro do lar.

É importante que aprendamos a ensinar pelo exemplo e não tentar convencer com teorias vazias.

Pense nisso!

Geralmente os responsáveis pelo distanciamento dos jovens do Criador, são os pais, com sua falta de fé ou hipocrisia.

As religiões trazem, em seus postulados, as diretrizes que conduzem a Deus, mas os religiosos, ou os que se dizemos tais, é que não as entendemos ou as desvirtuamos.

Assim sendo, se quisermos, sinceramente, aproximar nossos jovens de Deus, aproximemo-nos dEle primeiro.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com história adaptada do cap. Necessidade de exemplo livro Crepúsculo de um coração, de Jerônimo Mendonça.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O problema da fé

 

Alguns dias antes da prisão do Mestre, os discípulos, nas suas discussões naturais, comentavam o problema da fé, tentando, apressadamente, chegar a um consenso de entendimento.

Como será essa virtude? De que modo conservá-la-emos intacta no coração? - inquiria Levi, com atormentado pensamento.

Tenho a convicção de que somente o homem culto pode conhecer toda a extensão de seus benefícios.

Não tanto assim. - aventava Tiago, seu irmão.

Acredito que basta a nossa vontade, para que a confiança em Deus esteja viva em nós.

Mas a fé será virtude para os que apenas desejam? - perguntava um dos filhos de Zebedeu.

A um canto, como distante daqueles duelos da palavra, Jesus parecia meditar. Em dado instante, solicitado ao esclarecimento, respondeu com suavidade:

A fé pertence, sobretudo, aos que trabalham e confiam. Tê-la no coração é estar sempre pronto para Deus.

Não importam a saúde ou a enfermidade do corpo, não têm significação os infortúnios ou os sucessos felizes da vida material.

A alma fiel trabalha confiante nos desígnios do Pai, que pode dar os bens, retirá-los e restituí-los em tempo oportuno.

Caminha sempre com serenidade e amor, por todas as sendas pelas quais a mão generosa do Senhor a queira conduzir.

Mas, Mestre - redarguiu Levi, em respeitosa atitude – como discernir a vontade de Deus, naquilo que nos acontece?

Tenho observado grande número de criaturas criminosas que atribuem à Providência os seus feitos delituosos e uma legião de pessoas inertes que classificam a preguiça como fatalidade Divina.

Jesus acrescentou:

A vontade de Deus, além da que conhecemos através de Sua lei e de Seus profetas, através do conselho sábio e das inclinações naturais para o bem, é também a que Se manifesta, a cada instante da vida, misturando a alegria com as amarguras.

Concede a doçura ou a retira, para que a criatura possa colher a experiência luminosa no caminho mais espinhoso.

Ter fé, portanto, é ser fiel a Essa vontade, em todas as circunstâncias, executando o bem que Ela nos determina, e seguindo-Lhe o roteiro sagrado, nas menores sinuosidades da estrada que nos compete percorrer.


*   *   *

 

Você está sempre pronto para Deus? Reflita por alguns instantes.

Você já consegue compreender os desígnios Divinos, e vê-los como motrizes do amor na Terra?

Jesus deixa claro que a fé pertence, sobretudo, aos que trabalham e confiam.

Aos que fazem a sua parte, que cumprem seu papel no Universo, e ao mesmo tempo têm a certeza de que tudo queacontece será sempre para seu bem.

Aí está a confiança no Criador, nesta Inteligência Suprema do Cosmos.

Caminhar com serenidade é fundamental para o alcance da felicidade sonhada. Não importa o que nos aconteça, os desígnios do Pai sempre serão bons.

As ações dos homens podem ser infelizes, cruéis, mas estando todas elas supervisionadas pelo Amor de Deus, sempre nos alcançarão com o intuito maior de nos fazer crescer – seja pelo amor, ou pelo sofrer.

Trabalhemos e confiemos!


Redação do Momento Espírita com base no cap. 28, do livro
Boa nova, pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

SONATA AO LUAR

 

Quem de nós não teve um momento de extremada dor?

Quem nunca sentiu, em algum momento da vida, vontade de desistir?

Quem ainda não se sentiu só, extremamente só, e teve a sensação de ter perdido o endereço da esperança!

Nem mesmo as pessoas famosas, ricas, importantes, estão isentas de terem seus momentos de solidão e profunda amargura...

Foi o que ocorreu com um dos mais reconhecidos compositores de todos os tempos, chamado Ludwig Van Beethoven, que nasceu no ano de 1770 em Bonn, Alemanha, e faleceu em 1827, em Viena, na Áustria.

Beethoven vivia um desses dias tristes, sem brilho e sem luz. Estava muito abatido pelo falecimento de um príncipe da Alemanha, que era como um pai para ele.

O jovem compositor sofria de grande carência afetiva. O pai era um alcoólatra contumaz e o agredia fisicamente. Faleceu na rua, por causa do alcoolismo.

Sua mãe morreu muito jovem. Seu irmão biológico nunca o ajudou em nada, e, além disso, cobrava-lhe aluguel da casa onde morava.

A tudo isto soma-se o fato de sua doença agravar-se. Sintomas de surdez começavam a perturbá-lo, ao ponto de deixá-lo nervoso e irritado.

Beethoven somente podia escutar usando uma espécie de trombone acústico no ouvido, o que seria para nós, hoje, um tipo de aparelho auditivo.

Ele carregava sempre consigo uma tábua ou um caderno, para que as pessoas escrevessem suas idéias e pudessem se comunicar, mas elas não tinham paciência para isto, nem para ler seus lábios.

Notando que ninguém o entendia nem o queriam ajudar, Ludwig se retraiu e se isolou. Por isso conquistou a fama de misantropo.

Foi por todas essas razões que o compositor caiu em profunda depressão. Chegou a redigir um testamento dizendo que ia se suicidar.

Mas como nenhum filho de Deus está esquecido, vem a ajuda espiritual através de uma moça cega, que lhe fala quase gritando.

Ela morava na mesma pensão pobre, para onde Beethoven havia se mudado, e daria tudo para enxergar uma noite de luar...

Ao ouvi-la Beethoven se emociona até as lágrimas...

Afinal, ele podia ver! Ele podia escrever sua arte nas pautas...

A vontade de viver volta-lhe renovada e ele compõe uma das músicas mais belas da humanidade: Sonata ao luar.

No seu tema, a melodia imita os passos vagarosos de algumas pessoas. Possivelmente os dele e os dos outros que levavam o caixão mortuário do príncipe, seu protetor.

Olhando para o céu prateado de luar, e lembrando da moça cega, como a perguntar o porquê da morte daquele mecenas tão querido, ele se deixa mergulhar num momento de profunda meditação transcendental...

Alguns estudiosos de música dizem que as três notas que se repetem insistentemente no tema principal do 1º movimento da Sonata, são as três sílabas da palavra por quê? ou outra palavra sinônima, em alemão.

Anos depois de ter superado o sofrimento, viria o incomparável Hino à alegria, da 9ª sinfonia, que coroa a missão desse notável compositor, já totalmente surdo.

Hino à alegria expressa a sua gratidão à vida e a Deus por não haver se suicidado.

Tudo graças àquela moça cega que lhe inspirou o desejo de traduzir, em notas musicais, uma noite de luar...

Usando sua sensibilidade Beethoven retratou, através da melodia, a beleza de uma noite banhada pelas claridades da lua, para alguém que não podia ver com os olhos físicos...

* * *

A música desperta na alma impressões de arte e de beleza que são o júbilo e a recompensa dos espíritos puros, uma participação na vida divina em seus deleites e seus êxtases.

A música, melhor do que a palavra representa o movimento, que é uma das leis da vida; por isso ela é a própria voz do mundo superior.

Porém, unida a palavras malsãs, a música não é mais do que um instrumento de perversão, um veículo de torpeza que precipita a alma nas baixas sensualidades, corrompendo os costumes.

Pense nisso, e busque alimentar sua alma com melodias que expressem arte e beleza, que falem do bom e do belo.


Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em história narrada pelo músico Enrique Baldovino e em algumas frases do livro “O Espiritismo na Arte”, de Léon Denis.
www.momento.com.br

domingo, 13 de setembro de 2009

EM TORNO DA GRATIDÃO

 

Parcela considerável da humanidade presta atenção exclusivamente ao que lhe falta.

Entre inúmeras e grandes bênçãos, valoriza pequenos problemas.

Essa característica é lamentável, pois pode tornar mesquinho aquele que a possui.

Constitui um triste espetáculo a pessoa abençoada que se lamenta sem cessar.

Esquecida de agradecer pelas alegrias, considera-se mais necessitada do que as outras.

Com esse estado de espírito, não se comove com a miséria alheia.

Deixa de valorizar e utilizar seus recursos na construção de um mundo mais justo e fraterno.

Assim, se você não aprova a ingratidão, cuide para não adotar esse gênero de comportamento.

Preste atenção nas inúmeras graças com que é continuamente brindado pela vida.

Se tem familiares complicados, pense em quem é completamente sozinho.

Inúmeros órfãos não contam com o apoio de ninguém.

Reflita também sobre os velhos sem amparo.

Seus parentes podem ser difíceis, mas estão ao seu lado.

Apesar de todos os embates, são uma presença familiar e fazem parte da sua história.

Valorize-os.

Talvez seu emprego não seja o de seus sonhos.

Mas há tantos desempregados!

É bom que você esteja disposto a lutar por uma colocação profissional melhor.

Contudo, enquanto ela não chega, aprecie a que já tem.

Muitos se sentiriam vitoriosos se estivessem em seu lugar.

Quem sabe você não seja portador de grande beleza.

Mas são tão raras as pessoas com aparência excelente. E nem sempre são as mais felizes.

A beleza física geralmente suscita a vaidade e atrai grandes tentações.

Possuir aparência modesta não o impede de ser amado.

Se não tem um exterior cintilante, valorize sua saúde e seu espírito.

Torne-se atraente pela nobreza de seu caráter, por seu bom humor, por suas virtudes.

Mais importante do que ter um corpo belo é ser um espírito equilibrado e bondoso.

A beleza apartada da saúde, física e moral, de pouco adianta.

Antes de reclamar, olhe a sua volta.

Emprego, saúde, família, amigos, instrução, moradia, fé em Deus...

São tantos os tesouros que a vida derrama sobre você!

Se há alguma dificuldade em determinado aspecto de seu viver, lute para vencê-la.

Entretanto, não se amargure por pouca coisa.

Volte sua atenção para o conjunto e alegre-se.

Emocione-se com a bondade divina e adquira o hábito de agradecer.

A gratidão manifesta-se no louvor a Deus.

Mas um homem agradecido também é um refrigério na vida dos semelhantes.

Quem percebe a beleza e a abundância do universo converte-se em uma presença agradável e benfazeja.

Alegre e risonho, espalha bem-estar ao seu redor.

Ao perceber os tesouros de que é dotado, dispõe-se a reparti-los.

Ao invés de atacar os moralmente decaídos, ampara-os.

Arregimenta recursos para atender os necessitados.

Dá exemplos de ética e bom proceder.

Auxilia o próximo em suas dificuldades.

Torna-se um ouvinte atento e um ombro amigo.

Você é rico de talentos e de opções.

Pode valorizar o pouco que lhe falta ou o muito que possui.

Pode ser reclamão e desagradável.

Ou pode optar por lançar um olhar positivo sobre o mundo que o rodeia.

Encantado com suas bênçãos, tornar-se também uma bênção para o seu próximo.

Pense nisso.


Equipe de Redação do Momento Espírita.

sábado, 12 de setembro de 2009

A BARATA

 

Já era madrugada e as estrelas brilhavam no manto azul do infinito como também os galos já iniciavam as primeiras cantilenas anunciando um novo porvir, quando desperto com um leve roçar na sola de meu pé esquerdo. Era um toque leve, sem dor ou maior atrito, porém, dava para sentir algo estranho. O corpo estava descoberto, por causa do forte calor. Encontrava-me vestido somente com um short e uma leve camisa de pijama.

Acendi o abajur para melhor verificar o que de fato estava a incomodar-me. Surpreso, vejo uma brilhante baratinha a encarar-me com um olhar interrogativo.

Em leves palavras, interrogo-a perguntando: o que estava àquela hora despertando-me de um tranqüilo sono? –

- Estou à procura da Tânia. Respondeu-me.

- Ela repousa no quarto ao lado, respondi-lhe em suave tom.

- Eu sei, pois estive lá primeiro, porém, não a encontrei.

- Porque você a está procurando?

- Preciso me desculpar pelos transtornos que fui à causadora há poucos instantes, a pesar de não ter sido intencional.

- Ah! Foi você que causou um grande susto nela, não foi?

- Não! Na verdade, lá estive hoje ao anoitecer, pois estava perdida dentro daquele labirinto de esgotos e não sei como, cheguei em seu quarto, não com intuito de aborrecê-la.

- É, mas ela assustou muito, pois deu um grande grito que quase fez voar o telhado, transferindo o seu repouso noturno para outro quarto lá embaixo, perto da sala com medo de você.

- Percebi. E naquele instante, assustei-me tanto, que me escondi para que ela não me visse. E de repente, ela pegou uma vassoura e começou a dar pancada em todos os lugares, parecendo que estava querendo destruir o mundo.

- Pois é, eu que estava lá embaixo na sala, após ouvir aquele barulhaço procurei subi as escadas e chegando ao seu aposento, fiquei estarrecido, com aquela algazarra toda, - Disse-lhe.

- E então o que você fez? – Dirigir-lhe nova pergunta.

- Ora bolas! Retornei-me imediatamente para o esgoto, protegendo-me daquela insanidade.

- Mas você não acha que dentro do esgoto, você estaria mais exposta ao perigo, por causa da contaminação e de outros bichos?

- Que nada! Ali me encontro bem protegida. O perigo está exatamente do lado de fora. Veja uma situação como aquela. Se uma vassourada daquele me pegasse, eu estaria perdida. Nada no mundo me salvaria.

- Mas acontece que as pessoas têm medo de vocês.

- Há! Acho que não. As pessoas têm medo são delas mesmas, ou seja, das baratas que cada um carrega dentro de si. Ninguém tem medo disto ou daquilo, pois o medo é um só. As pessoas carregam um medo enorme por causa de seu passado delituoso e acabam produzindo de diversos medos.

- E o nojo que sentem?

- Será! - Não sei porque. Nem tão repugnantes somos. Depende do olhar de cada um. Será porque, ainda alimentamos dos componentes dos esgotos e principalmente dos excrementos negativos exalados das mentes ainda doentias de uma população em face de grande perturbação?

- Vocês alimentam das emanações mentais negativas da população?

-Sim! Locais onde imperam ódios, brigas, desentendimentos e agressividades, exalam odores deletérios das mentes em desalinhos, que servem de excelente nutrientes para o nosso corpo físico, fazendo com que proliferam enormes quantidades de seres iguais a mim.

- Então a defesa contra vocês, não é a vassoura? – interroguei-a novamente.

- Não! Claro que não. A maior defesa contra a nossa presença é tudo aquilo que venha a incomodar as pessoas, são as boas ações. Orações constantes, equilíbrios, pensamentos sadios, paz e amor seu seus corações.

Geraldo Fonseca – ladim44@yahoo.com.br

07/09/09

O amor que fica

 

Foi num hospital do câncer que a lição foi dada. A menina tinha 11 anos e lutava, desde os 9, contra a insidiosa doença.

Nunca fraquejou. Chorava, sim, mas não fraquejava. Tinha medo em seus olhos, mas entregava o braço à enfermeira e com uma lágrima, dizia:

Faça, tia, é preciso! E havia confiança e determinação no gesto e na fala.

Um dia, quando o médico a foi visitar no quarto do hospital, ela estava sozinha. Perguntou pela mãe. E ouviu a resposta que, diz ele, até hoje guarda, com profunda emoção:

Tio, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores.

Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer.

Eu não nasci para esta vida!

Pensando no que a morte representa para crianças que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indagou o médico:

E o que a morte representa para você, minha querida?

Olha, tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e, no outro dia, acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama, não é?

É isso mesmo, concordou ele, lembrando o que fazia com suas filhas de 2 e 6 anos.

Vou explicar o que acontece, continuou ela. Quando dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto.

Eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o Meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa dEle, na minha vida verdadeira.

Que bela imagem! Que extraordinária lição desse Espírito encerrado num corpo tão jovem e sofrido.

O médico estava boquiaberto, não sabia o que dizer, ante tanta sabedoria.

Mas a menina não terminara ainda.

Minha mãe vai ficar com muitas saudades minhas, emendou ela.

Com um travo na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, o médico perguntou:

E o que saudade significa para você, minha querida?

Não sabe não, tio? Saudade é o amor que fica.

                                  *   *   *

A menina já se foi, há longos anos. Ainda hoje, quando o médico experimentado olha o céu e vê uma linda estrela, imagina ser ela, a sua pequena paciente, na sua nova e fulgurante casa. A casa do Pai.

                                  *   *   *

Toda vez que a morte vier com seus braços frios e levar um dos nossos amores, pensemos que é o Pai que o envolve com ternura e o está levando para Sua casa.

O Pai que, com carinho, o vem buscar para estar com Ele, pois o ama muito.

E pensemos que logo mais poderemos ir também, pois todos os que nos encontramos na Terra seremos levados pelo Pai ao mundo espiritual.

Enquanto isso, cultivemos a doçura da saudade, em nosso coração.

A saudade... O amor dos nossos amores que ficou...


Redação do Momento Espírita, a partir de crônica que circula
pela internet, atribuída ao Dr. Rogério Brandão, médico
oncologista clínico de Recife, Pernambuco.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

CARTA DE UMA MÃE

 

Mães são criaturas especiais. Elas têm uma visão de mundo toda peculiar.

Guardam a experiência, porque já viveram mais tempo que seu filho. Experimentaram incontáveis alegrias. Também tristezas, mágoa e dor.

E sabem que, por mais que amem seu filho, não poderão impedir que tudo isso ele também experimente: coisas positivas e coisas negativas.

Sabem igualmente que tudo isso faz parte do grande aprendizado que redundará em progresso para ele próprio.

Possivelmente, por tudo isso é que uma mãe elaborou uma carta, mais ou menos nos seguintes termos:

Caro mundo: meu filho começou hoje na escola. Durante algum tempo, tudo vai ser estranho e diferente para ele.

Eu gostaria que você o tratasse com carinho.

Até aqui, sempre estive ao lado dele. Aquieto seu coração. Curo suas feridas.

Estou por perto quando ele cai e rala o cotovelo ou o joelho.

Quando ele cai da bicicleta, do skate e tropeça nos cadarços soltos do tênis.

Mas agora tudo vai ser diferente. Esta manhã ele vai sair pela porta da rua, acenar para mim e começar sua grande aventura.

Ele irá aprender provavelmente sobre disputas, tragédia e sofrimento.

Para viver neste mundo é preciso fé, amor e coragem.

Por isso, mundo, eu gostaria que você o pegasse pela mão e ensinasse o que ele precisa saber.

Ensine-o, mas com carinho. Ensine-o que, para cada malandro que existe por aí, existe também um herói.

E que, em verdade, há muito mais heróis do que malandros. Heróis anônimos que realizam grandes proezas todos os dias.

Fale-lhe muito mais dos heróis. Incentive-o a se tornar um deles.

Ensine-o que para cada político corrupto existe um líder dedicado. E narre-lhe detalhes das vidas desses líderes para que os possa imitar.

Ensine-o que para todo inimigo existe também um amigo. Diga-lhe como conquistar e conservar amigos.

Ensine-o sobre as maravilhas dos livros. Livros de ciência, de arte, de grandeza.

Dê a ele um momento de silêncio para que possa ponderar sobre o mistério dos pássaros no céu, das abelhas ao sol e das flores nas campinas.

Ensine-o que é muito mais digno fracassar do que trapacear.

Ensine-o a ter fé nas próprias idéias, mesmo quando todo mundo lhe disser que ele está errado.

Ensine-o que seu coração e sua alma nunca devem estar à venda.

Ensine-o a fechar os ouvidos para o clamor da multidão... E manter-se firme e disposto a lutar quando achar que está certo.

Ensine-o com carinho, mundo, mas não o mime, pois é o teste do fogo que produz o aço mais resistente.

Mundo, veja o que você pode fazer por meu filho. Ele é alguém muito especial.

 

* * *

 

A educação de uma criança não é somente um trabalho de amor e um dever.

É uma missão interessante, desafiadora e honrosa. Em verdade, ela exige do educador o melhor que ele tenha para dar.

Por isso, maternidade e paternidade são missões das mais nobres, confiadas pela divindade à mulher e ao homem.

                                   Pense nisso!


Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. Carta de uma mãe ao mundo, do livro Histórias para aquecer o coração das mulheres, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

SACUDIR O PÓ

 

Conforme consta do Evangelho segundo Lucas, em dado momento Jesus enviou Seus discípulos para pregar e curar.

Dentre as exortações, orientou como deveriam se comportar, caso eles e suas ideias não fossem acolhidos em algum lugar.

Nessa hipótese, os discípulos deveriam se retirar e sacudir o pó de seus pés.

Há quem veja nessa forte expressão um anátema lançado contra os descrentes.

Contudo, isso destoa do conjunto da mensagem do Cristo.

Jesus ensinou e exemplificou a compaixão e não fugiu do contato com os equivocados do Mundo.

Afirmou mesmo que os sãos não necessitam de remédio.

Uma coerente interpretação da exortação é no sentido de que os discípulos não deveriam conservar qualquer rancor.

Ao se despedir de quem não os havia aceitado e compreendido, deveriam seguir de alma leve.

Bater o pó dos pés equivaleria a se livrar de todo traço de impureza, no sentir e no pensar.

Trata-se de uma lição preciosa, cuja aplicação permite permanecer em paz em face da incompreensão.

É comum a criatura idealista desejar partilhar seus sonhos e projetos de um mundo melhor.

Ela se toma de natural tristeza quando não é compreendida.

Esse sentimento é ainda mais forte quando são seus amores que não a entendem.

Por exemplo, um pai rigorosamente honesto que não consegue convencer os próprios filhos a lhe seguirem os exemplos.

Uma esposa tomada do ideal da caridade que encontra resistência no próprio esposo, quanto a seus atos generosos.

Um professor apaixonado pelo saber que depara com alunos preguiçosos.

Nessas experiências decepcionantes, é preciso sacudir o pó dos pés.

Compreender que a liberdade é uma lei da vida e não esperar dos outros o que ainda não podem ou não querem dar.

A construção de um mundo melhor não se faz sem sacrifícios.

Quem esposa o ideal de um padrão ético superior é um homem do amanhã.

Ele vive hoje o que a maioria viverá mais tarde.

Sua função é a de um semeador do bem.

Com seu exemplo, demonstra a possibilidade de ser honrado e generoso.

Com suas palavras, exorta os que o rodeiam a imitá-lo.

Mas não pode impor suas ideias.

Cada alma amadurece a seu tempo para as grandes verdades da vida.

Perante incompreensões, resta a tranquilidade da consciência pelo dever bem cumprido.

E também a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, as sementes do bem produzirão saborosos frutos.

Compete a cada homem colaborar para que o mundo se aprimore e os costumes se purifiquem.

Entretanto, o resultado de seus esforços repousa nas mãos de Deus.

Com o inesgotável recurso do tempo, Ele assegura que, no momento adequado, o bem se torne pujante, no íntimo de cada ser.

Pense nisso.


Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

PRESSÃO DOMÉSTICA

 

Hoje em dia, talvez motivados pelo desejo de ver seus filhos bem sucedidos, muitos pais começam desde cedo a fazer grande pressão sobre eles.

Alguns dizem e repetem com freqüência: meu filho tem que ser o primeiro... Meu filho tem que ser o melhor... Ele tem que ser um vencedor.

A criança cresce ouvindo isto o tempo todo e entende que esse é o desejo de seus pais. E, porque gosta dos pais, não quer que estes se decepcionem.

Quiçá seja por essa razão que no dia da prova, quando se sente insegura, busca colar de alguém para obter uma boa nota e não infelicitar os pais, que esperam que ela seja a maior...

A criança precisa ser aceita, e entende que para que os pais gostem dela, deverá ser como eles desejam que seja.

Nesse caso, ela fará qualquer coisa para ser "gostada".

Começa colando na escola, depois paga para que terceiros façam os trabalhos propostos pelos professores... E acabam roubando teses para conseguir a graduação que almejam.

Logo surgem os expedientes mais desonestos para subir de posto, no campo profissional. Não hesitam em caluniar colegas para conquistar o cargo que desejam.

Afinal, se os pais sempre esperaram que ele fosse o primeiro, é preciso ser o primeiro, mesmo que isso custe a sua dignidade, aliás, ele nem sabe o que quer dizer isto, pois seus pais não lhe falaram a respeito dessa virtude.

Cobraram-lhe resultados e ele foi à luta. Deveria ser o melhor, e ele tem se esforçado para isso... A que preço? Bem, isso é o de menos... O importante é que seja o primeiro.

Pais que agem dessa maneira, talvez pensem que o fazem por amor, mas estão cometendo um crime sem se dar conta disso.

Dizemos um crime porque incentivam o filho a se tornar um cidadão desonesto, irresponsável, tudo porque desejam que seja visto nos primeiros lugares no palco do mundo, ainda que isso o faça ser o último nos palcos celestes.

Um crime porque o espírito que lhes foi confiado pelo Criador para que o ajudassem a ser um gigante, foi convertido em um pigmeu moral.

Faz-se urgente pensar nesse problema que a tantos tem infelicitado.

Pais que pressionaram os filhos para que fossem sempre o primeiro, muitas vezes só se dão conta disso quando vêem seus nomes nas manchetes dos jornais, figurando como contraventores.

Há pouco tempo os noticiários falaram a respeito do primeiro ministro de um importante país europeu, que lançou mão de expedientes duvidosos para incriminar outro país e fomentar a guerra.

Aí é que se percebe a que ponto pode chegar um homem para conseguir o que deseja.

É para esse fato que muitos pais não atentam: que suas crianças um dia se tornarão adultos e poderão decidir os destinos de uma nação.

Por essas e outras razões, vale a pena investir no homem de amanhã, tomando-o pela mão quando ainda criança, e dar-lhe noções de dignidade e honradez, sem essa tolice de querer que sejam os primeiros em tudo.

Ensinar-lhe que não importa ser o melhor, mas que sejam bons o bastante para formar outros cidadãos de bem, exercer com honra e justiça suas profissões, construir um mundo melhor.

* * *

Se você recebeu de seus pais uma educação que fez de você uma mulher ou um homem honesto, não negue isso a seus filhos.

Pense que somente um amor exigente e lúcido será capaz de conduzir uma alma pelo caminho do bem.

Seu filho é essa alma sedenta de luz, não o deixe caminhar para as trevas da desonra e da insensatez.

Avalie os valores que lhe tem passado e, se necessário, corrija os passos e acerte a direção, sem demora nem hesitação.


Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em seminário proferido por Raul Teixeira, no VI Simpósio Paranaense de Espiritismo

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

EGOÍSMO

 

O egoísmo é a fonte da maioria absoluta dos males que assolam a humanidade.

A exagerada preocupação com os próprios interesses faz com que qualquer coisa que os contrarie tome desmedida importância.

Essa forma equivocada e rasteira de perceber a vida a todos prejudica.

Primeiro, tira a paz do próprio egoísta, que se angustia em suas tentativas de submeter o mundo aos seus interesses.

Segundo, causa danos à sociedade, que não pode ser harmônica enquanto seus integrantes se digladiam.

Já a solidariedade e a preocupação com o bem-estar coletivo disseminam a felicidade.

Tome-se como exemplo a questão da segurança.

Os habitantes das grandes cidades vivem em estado de alerta, com medo de serem molestados.

Quem pode contrata serviço de vigilância para sua residência.

Há preocupação constante com os filhos e os parentes em geral.

Teme-se um assalto, um seqüestro relâmpago, um golpe de qualquer ordem.

Tal situação é típica de uma sociedade egoísta.

Se a preocupação com os próprios interesses fosse menor, poderiam ser encontradas formas de resolver o problema.

Mas para isso o objetivo das criaturas não poderia ser fazer crescer a qualquer custo o próprio patrimônio.

É bom e natural que os homens se preocupem em conquistar bens que lhes garantam uma vida digna, e fomentem o progresso.

Mas quando a busca das coisas materiais é exacerbada, ela causa grandes problemas.

Numa sociedade em que a grande maioria está despreocupada com o bem-estar coletivo, as disparidades crescem.

É impossível que todos conquistem exatamente o mesmo nível de conforto.

Os homens são diferentes em talentos e habilidades.

Mas é necessário assegurar condições para que todos conquistem o mínimo indispensável a um viver digno.

Quando o homem consegue ver o próximo como um semelhante, torna-se solidário.

A dor do outro dói tanto quanto a sua.

A miséria e o desemprego na casa do vizinho são tão trágicos como se fossem na sua residência.

Imagine como seria bom viver em uma sociedade segura.

Sair tranqüilo na rua, mesmo à noite.

Mandar seus filhos para a escola, certo de que ninguém os molestaria.

Está nas mãos de todos adotar as providências iniciais para uma reforma social.

Essa reforma principia pela modificação do próprio comportamento.

A transformação íntima é uma dura batalha.

É mais fácil vencer os outros do que a si mesmo.

Mas não há equívocos no universo, que é regido pela sabedoria divina.

Cada qual vive no meio que lhe é mais adequado.

Se você deseja viver em paz, comece a burilar o seu interior.

Preste atenção em todas as suas atitudes que revelam egoísmo.

Esse egoísmo pode ser pessoal, familiar ou de classe.

Analise o que você deseja para você, para sua família ou para sua classe profissional.

Há como estender tais vantagens para os outros?

O custo de suas regalias não é excessivamente alto para os semelhantes?

Certamente vale a pena moderar um pouco os próprios anseios, em prol de uma vida harmoniosa.

De nada adianta enriquecer causando o empobrecimento alheio.

Não é possível viver em paz em meio à miséria e à dor dos semelhantes.

A genuína felicidade surge quando se aprende a compartilhar.

Quem experimenta a ventura da solidariedade jamais volta atrás.


Equipe de Redação do Momento Espírita.

Gentilezas diárias

 

A vida é repleta de pequenas gentilezas, tão sutis quanto marcantes no nosso cotidiano.

O jardim florido oferece um colorido para a paisagem, o sol empresta suas cores para o céu antes de se pôr, a borboleta ensina suavidade e leveza para quem acompanha seu voo.

A gentileza tem essa característica: sutil mas marcante, silenciosa e ao mesmo tempo eloquente, discreta e contundente.

O portador da gentileza o faz pelo prazer de colorir a vida do próximo com suavidade, para perfumar o caminho alheio com brisa suave que refresca a alma.

A gentileza tem o poder de roubar sorrisos, quebrar cenhos carregados ou aliviar o peso de ombros cansados pelas fainas diárias.

E ela se faz silenciosa, algumas vezes tímida, inesperada na maioria das vezes, surpreendendo quem a recebe.

A gentileza não se pede, muito menos se exige... É presente de almas nobres, presenteando outras almas, pelo simples prazer de fazer o dia do outro um pouco mais leve.

Você já experimentou o prazer de ser gentil? Experimente oferecer o seu bom dia a quem encontrar no ponto de ônibus, no elevador ou no caixa do supermercado.

Mas não o faça com as palavras saindo da boca quase que por obrigação. Deseje de sua alma, com olhos iluminados e o sorriso de quem deseja realmente um dia bom, para quem compartilha alguns minutos de sua vida.

A gentileza é capaz de retribuir com nobreza quando alguém fura a fila no supermercado ou no banco, com a sabedoria de que alguns breves minutos não farão diferença na sua vida.

Esquecemos que alguns segundos no trânsito, oferecendo a passagem para outro carro, ou permitindo ao pedestre terminar de atravessar a rua não nos fará diferença, mas facilitará muito a vida do outro.

E algumas vezes, dentro do lar, a convivência nos faz esquecer que ser gentil tempera as relações e adoça o caminhar.

E nada disso somos obrigados a fazer, mas quando fazemos, toda a diferença se faz sentir...

A gentileza se faz presente quando conseguimos esquecer de nós mesmos por um instante para lembrar do próximo. Quando abrimos mão de nós em favor do outro, por um pequeno momento, a gentileza encontra oportunidade de agir.

Ninguém focado em si mesmo, mergulhado no seu egoísmo, encontra oportunidade de ser gentil. Porque, para ser gentil, é fundamental olhar para o próximo, se colocar no lugar do próximo, e se sensibilizar com a possibilidade de amenizar a vida do nosso próximo.

Se não é seu hábito, exercite a capacidade de olhar para o próximo com o olhar da gentileza. Ofereça à vida esses pequenos presentes, espalhando aqui e acolá a suavidade de ser gentil.

E quando você menos esperar, irá descobrir que semear flores ao caminhar, irá fazer você, mais cedo ou mais tarde, caminhar por estradas floridas e perfumadas pela gentileza que a própria vida irá lhe oferecer.


Redação do Momento Espírita.

domingo, 6 de setembro de 2009

Lâmpadas e inteligências

 

As lâmpadas servem para iluminar. Para isso, são dotadas de potências de iluminação diferentes.

Há lâmpadas de 60 watts, de 100 watts, de 150 watts... Esse número em watts diz o poder de iluminação da lâmpada.

Também as inteligências servem para iluminar.

Nos gibis, o desenhista, para dizer que um personagem teve uma boa ideia, desenha uma lâmpada acesa sobre a sua cabeça.

As inteligências, à semelhança das lâmpadas, também têm potências de iluminação diferentes.

Os homens inventaram testes para medir a “wattagem” das inteligências.

Ao poder de iluminação das inteligências deram o nome de “QI”, coeficiente de inteligência.

As inteligências não são iguais. Pessoas a quem os testes inventados pelos homens atribuíram um QI 200, têm um poder muito grande para iluminar.

Alguns, para se gabar, chegam a mostrar sua carteirinha, dizendo que sua inteligência tem uma “wattagem” alta.

Mas, nós não olhamos para as lâmpadas. As lâmpadas não são para serem vistas. As lâmpadas valem pelas cenas que iluminam e não pelo brilho.

Olhar diretamente para a lâmpada ofusca a visão.

Há inteligências de “wattagem” 200 que só iluminam esgotos e cemitérios. E há inteligências modestas, como se fossem nada mais do que a chama de uma vela, que iluminam sorrisos.

Uma lâmpada não tem vontade própria. Ela ilumina o objeto que o seu dono escolhe para ser iluminado.

A inteligência, como as lâmpadas, não tem vontade própria. Ela ilumina os objetos que o coração do seu dono determina que sejam iluminados.

A inteligência de quem ama dinheiro ilumina dinheiro, a inteligência dos criminosos ilumina o crime, a inteligência dos artistas ilumina a beleza.

A inteligência é mandada. Só lhe compete obedecer.


*   *   *

As considerações luminosas de Rubem Alves nos fazem pensar um pouco a respeito de como estamos utilizando este grande instrumento que temos – a inteligência.

O que temos iluminado com ela? O que temos feito desta grande habilidade da qual dispomos?

Allan Kardec deixa claro que a inteligência nem sempre é penhor de moralidade, e o homem mais inteligente pode fazer um uso pernicioso das suas faculdades.

Assim, ter uma inteligência avantajada não significa ser um homem de bem, não significa ser uma alma evoluída.

É necessário que essa inteligência esteja sendo canalizada para o bem, para a civilização e aperfeiçoamento da Humanidade.

A mesma inteligência que desenvolve uma arma química pode desenvolver vacinas e remédios.

A mesma inteligência que manipula as leis e as pessoas em benefício próprio, pode ser a inteligência que auxilia, que defende os fracos e oprimidos.

A mesma inteligência das estratégias criminosas de usurpação do dinheiro público pode ser utilizada na reconstrução de cidades, na restituição da dignidade de povos abandonados por interesses materialistas.

Basta que a lâmpada ilumine o que deve iluminar, basta que façamos escolhas acertadas e demos ordens corretas à nossa inteligência.

A inteligência, como as lâmpadas, não tem vontade própria. Ela ilumina os objetos que o coração do seu dono determina que sejam iluminados.


Redação do Momento Espírita com base no texto Variações
sobre a inteligência, do livro O sapo que queria ser
príncipe, de Rubem Alves, ed. Planeta.