Troca-se um relógio com tempo rápido, por um relógio
de horas longas. Para olhar a natureza, e apreciar os
pássaros.
Troca-se um dia apavorado, preso, rápido, por um dia
solto, leve e comprido. Para brincar e aproveitar a
vida.
* *
*
O poema
singelo é de uma jovem estudante, de alguém que, mesmo em tenra
idade, descobriu que o tempo é um dos bens mais preciosos que
temos.
Nenhum dia
é igual ao outro na natureza. Eles não se repetem, são
únicos.
O homem é
que os torna iguais, repetitivos, cansativos, quando simplesmente se
esquece de dirigir a sua vida e permite que a vida o
carregue.
É certo que
o mundo moderno nos exige muito para acompanhá-lo, para estar em
sintonia com tudo de novo que surge, mas poderíamos questionar:
precisamos realmente de tudo isso?
Precisamos
deixar que o trabalho nos escravize, que ocupe grande parte de nosso
tempo, de nossas forças?
Precisamos
estar sempre pensando na competição, em ser melhores do que os
outros, em estar na frente das outras ideias, em estar sempre na
vanguarda de tudo?
Será
preciso acompanhar os modismos, as novidades das mídias, para nos
sentirmos bem?
Se fizermos
uma análise profunda, veremos que não, que não precisamos de muito
do que temos, de muito do que dizem que devemos ter para construir
uma vida agradável e feliz.
Para quem
raciocina que tempo é dinheiro, talvez olhar a natureza
seja perda de tempo, mas para quem já aprendeu a ver que tempo é
oportunidade, descobrirá que apreciar os pássaros, passar mais
tempo com a família, ouvir uma boa música, ler um bom livro, são
oportunidades da vida bem aproveitadas.
Um pai, ou
uma mãe que tomem a resolução de abrir mão de um sucesso maior na
profissão, por acreditarem que necessitam estar mais próximos dos
filhos, com certeza se sentirão mais realizados do que aqueles que
lutam incansavelmente para dar tudo à família, e esquecem que a sua
presença, a sua atenção, o seu tempo, é o que de mais valioso podem
dar a eles.
Esta
existência é uma oportunidade única, e é chegado o momento de
despertar para os verdadeiros objetivos que devemos ter
aqui.
É chegado o
instante de redescobrir o tempo e a sua utilidade.
* *
*
Que tal
pensarmos: quando foi a última vez que dedicamos o dia para estar
com os nossos afetos?
Quando foi
a última vez que conseguimos nos desligar dos problemas
profissionais, para nos ocuparmos com atividades
filantrópicas?
Quando foi
a última vez que paramos para ouvir, de corpo e alma uma música,
deixando-nos penetrar pela harmonia?
Quando foi
a última vez que lemos um livro nobre, uma página
edificante?
Quando foi
a última vez que lembramos que somos um Espírito imortal, e que nada
levaremos deste mundo além das nossas conquistas
morais?
Pensemos nisso.
Redação do
Momento Espírita, com base em poema de Aline Bescrovaine Pereira, da
coletânea Palavra viva, do Colégio
Positivo, ano 1998.