terça-feira, 30 de agosto de 2011

AMEALHANDO TESOUROS

 

Não são poucos aqueles que gastam boa parte de sua energia e de seu tempo a buscar tesouros, acumular riquezas.

Está no sonho de muitos ter uma vida abastada, uma condição financeira vantajosa, um estilo de vida cercado de conforto e, não raro, de luxo.

Para tanto, investe-se o tempo, os recursos, a energia, tudo o que for necessário, em nome da carreira, do sucesso, do retorno financeiro.

Planos detalhadamente são elaborados, metas são traçadas e parte-se para a busca e a conquista do mundo.

E, tão envolvidos nos achamos nessa conquista, que nos esquecemos de que, a qualquer momento, podemos ser chamados de retorno ao lar, à nossa verdadeira pátria, ao mundo espiritual.

Nada há de errado em ter como meta o sucesso profissional, em desejar uma posição social confortável, em buscar ganhos financeiros de grande monta.

O fruto do trabalho honesto e bem conduzido é digno do trabalhador, que a ele faz jus.

O que ocorre é que, muitas vezes, ao encetar tal viagem na conquista do mundo externo, esquecemos o quão passageiro e efêmero ele é, o quanto ele efetivamente representa para nossa vida.

Ora deixa-se a convivência familiar em busca de experiências profissionais melhor remuneradas. De outra feita, as reuniões fraternas não contam com nossa presença, posto que nossas ocupações não nos permitem.

Não raro, o brincar com o filho, ou o nosso passatempo predileto, ou ainda a diversão descompromissada, tudo perde espaço para novas responsabilidades assumidas.

Caminhamos como se tivéssemos que conquistar o mundo e nos esquecemos de que não há desafio maior do que o de se autoconquistar.

Preocupamo-nos em demasia com aquilo que nos rodeia e nos esquecemos da nossa intimidade.

Assim, faz-se necessário pararmos vez ou outra a fim de nos perguntarmos quais são os tesouros que estamos amealhando nesta vida.

Se nossa vida física se concluísse hoje, o que levaríamos conosco?

De tudo que conseguimos nesta vida, de todos os tesouros, quais ficariam nos cofres do mundo e quais conseguiríamos levar conosco, no cofre do coração?

Jesus nos alertou sobre os tesouros que deveríamos efetivamente buscar, ensinando-nos sobre a condição passageira da vida física e da grandiosidade da vida espiritual.

* * *

Verifiquemos quais os valores e quais caminhos vêm percorrendo nossos passos, nesta viagem chamada vida.

Se nos conscientizarmos de que somos uma alma sob experiências na vida física, e não um corpo no qual habita uma alma, necessário que nossos valores e nossas opções sejam coerentes com quem efetivamente somos.

Viver no mundo, buscar suas alegrias e prazeres saudáveis, seus desafios e conquistas, é lícito e salutar.

O que não vale a pena, efetivamente, é perdermo-nos nas coisas do mundo, iludindo-nos exclusivamente com pertences e valores materiais.

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

COMPANHIA PERTURBADORA

 

Nem sempre estamos bem acompanhados, e uma dessas companhias perturbadoras é a que nos faz infelizes ao perceber a felicidade do outro.

A inveja não está na simples constatação do triunfo alheio. Ela se apresenta quando essa constatação nos faz mal, produz em nós sentimentos negativos de revolta, de indignação.

Essa filha do orgulho instala-se em nossa alma e nos leva aos precipícios morais do ódio sem razão.

Muito mais fácil do que buscar nossa felicidade, nossas próprias conquistas é criticar, questionar, destruir a dos outros.

A inveja é preguiça moral, é acomodação do Espírito que ainda não está desperto e disposto a empreender a necessária luta pelo crescimento.

Ao invés de se empenhar na autovalorização, o paciente da inveja lamenta o triunfo alheio e não luta pelo seu. Apela, muitas vezes, para a intriga e a maledicência, fica no aguardo do insucesso do suposto adversário, perseguindo-o, buscando satisfazer seu prazer mórbido.

Egocêntrico, não saiu da infância psicológica e pretende ser o único centro da atenção, credor de todos os cultos e referências.

Insidiosa, a inveja é resultado da indisciplina mental e moral, que não considera a vida como patrimônio divino para todos.

Trabalha, por inveja, para competir, sobressair, destacar-se. Não tem ideal, nem respeito pelas pessoas e pelas suas árduas conquistas.

Esse sentir doentio descarrega correntes mentais prejudiciais dirigidas às suas vítimas, que somente as alcançam se estiverem em sintonia. Porém, os danos ocorrem em quem gera esse sentir, perturbando-lhe a atividade, o comportamento.

Assim, o invejoso sempre sairá perdendo. Não apenas não resolverá seu problema - se é que ele existe - como sempre aumentará sua frustração, sua infelicidade.

* * *

A terapia para a inveja consiste, inicialmente, na cuidadosa reflexão do eu profundo em torno da sua destinação grandiosa, no futuro.

Consiste em avaliar os recursos de que dispõe e considerar que a sua realidade é única, individual, não podendo ser medida nem comparada com outras em razão do processo da evolução de cada um.

O cultivo da alegria, pelo que é e dos recursos para alcançar novos patamares, enseja o despertar do amor a si mesmo, ao próximo e a Deus.

Esse despertar facultará à criatura a perfeita compreensão dos mecanismos da vida e as diferenças entre as pessoas, formando um todo holístico na grande unidade.

* * *

Fazei vossa felicidade e vosso verdadeiro tesouro sobre a Terra em obras de caridade e de submissão, as únicas que devem contribuir para serdes admitidos no seio de Deus.

Essas obras do bem farão vossa alegria e vossa felicidade eternas.

A inveja é uma das mais feias e das mais tristes misérias do vosso globo.

A caridade e a constante emissão da fé farão desaparecer todos esses males, à medida que os homens de boa vontade se multiplicarem.

Redação do Momento Espírita com base em texto da Revista Espírita, de Allan Kardec, de julho de 1858  e no cap. 5 da obra O ser consciente, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

domingo, 28 de agosto de 2011

O ROMANTISMO NÃO MORREU

 

 

Nos tempos que correm, uma onda de pessimismo parece ter tomado conta das pessoas.

Ouvimos idosos, olhando para o passado, e lamentosos, dizerem: Ah, no meu tempo era tão diferente.

Abanam as cabeças, de forma negativa, olhando para os jovens que falam em ficar, em pegar e que parece terem esquecido todas as regras do recato e do bom tom.

Saudosos, esses que amadureceram na vida, lembram do tempo do seu namoro, onde pegar na mão do namorado já queria dizer um compromisso sério.

Beijo antes do casamento, somente na mão, na testa ou na face. Onde, enfim, tudo era reservado para a noite de núpcias. Especial, única, inapagável.

Onde se aguardava o dia do casamento como o do dia D: inigualável.

Ouvindo tudo isso, se nos deixarmos envolver, acabaremos, igualmente por nos contaminar. E tudo passaremos a ver dessa forma.

Como se o romantismo tivesse morrido, o amor tivesse sido substituído por expressões ligeiras de um afeto fantasioso, que hoje é e amanhã é jogado fora.

Contudo, não são todos os jovens que deixaram de sonhar com as coisas belas. E o amor continua na moda. O romantismo subsiste nas almas que amam o belo, o bom.

Verificamos isso, em muitas atitudes detectadas na juventude. Quantas meninas sonham com o baile de debutantes, o serem enlaçadas por um jovem belo e adentrarem o salão, ao som de uma emocionante valsa?

Observamos, em concertos que têm proliferado pelo mundo, acontecendo em grandes estádios, para milhares de pessoas. Ali estão as mais variadas idades presentes: crianças, jovens, adultos, idosos.

E cada qual se emociona à sua maneira com a orquestra, a música, a dança, as cores e as luzes.

Uns choram lembrando os amores já vividos, as experiências passadas.

Outros se emocionam, sonhando com o futuro que almejam para si, ao som dos acordes que se sucedem e do espetáculo que é mostrado no palco.

Quando veem jovens lindas, em vestidos maravilhosos, com seus pares em elegantes fraques se movimentarem aos sons melodiosos de uma valsa, as lágrimas lhes vêm aos olhos.

Elas suspiram... E sonham. Sonham em ter um amor, que seja eterno. Em ter um par para toda a vida. Um par que as beije com delicadeza, que tenha gestos de polidez.

Par que saiba elevá-las no ar, com braços fortes, quando as dores lhes estiverem vergastando os dias, exatamente como os dançarinos fazem com suas acompanhantes, no palco.

Sim, o amor não morreu. As jovens continuam a sonhar com cavalheiros e eles, com verdadeiras damas.

Não nos deixemos contaminar, pois, pela onda de pessimismo que se apresenta em muitos seres.

Saibamos descobrir esses corações mal saídos da infância, sonhando com um futuro de alegria, de amor e de beleza. Para si, para seu par, para sua família, para o mundo.

Ao lado dessas criaturas que parecem para nada ligar, senão para o momento presente, milhares de almas almejam um futuro melhor para esse planeta, começando por idealizar e lutar por sua própria e verdadeira felicidade.

Pensemos nisso e invistamos nesses jovens, que podem ser nossos filhos, nossos netos, nossos sobrinhos, nossos irmãos, nossos amores, bem próximos de nós.

Descubramo-los e os auxiliemos em sua construção do mundo de amor, desde agora. Por eles, por nós, pelos que virão após.

Redação do Momento Espírita.

sábado, 27 de agosto de 2011

A HONESTIDADE NÃO TEM PREÇO

 

A história é comovente. Fala de uma honestidade a toda prova, contada por Vladimir Petrov, jovem prisioneiro de um campo de concentração no Nordeste da Sibéria.

Vladimir tinha um companheiro de prisão chamado Andrey.

Ambos sabiam que daquele lugar poucos saíam com vida, pois o alimento que se dava aos prisioneiros políticos não tinha por objetivo mantê-los vivos por muito tempo.

A taxa de mortalidade era extremamente alta, graças ao regime de fome e aos trabalhos forçados. E como é natural, os prisioneiros, em sua maioria, roubavam tudo quanto lhes caía nas mãos.

Vladimir tinha, numa pequena caixa, alguns biscoitos, um pouco de manteiga e açúcar - coisas que sua mãe lhe havia mandado clandestinamente, de quase três mil quilômetros de distância.

Guardava aqueles alimentos para quando a fome se tornasse insuportável. E como a caixa não tinha chave, ele a levava sempre consigo.

Certo dia, Vladimir foi despachado para um trabalho temporário em outro campo. E porque não sabia o que fazer com a caixa, Andrey lhe disse: "Deixe-a comigo, que eu a guardo. Pode estar certo de que ficará a salvo comigo."

No dia seguinte à sua partida, uma tempestade de neve, que durou três dias, tornou intransitáveis todos os caminhos, impossibilitando o transporte de provisões.

Vladimir sabia que no campo de concentração em que ficara Andrey, as coisas deviam andar muito mal.

Só dez dias depois os caminhos foram reabertos e Vladimir retornou ao campo.

Chegou à noite, quando todos já haviam voltado do trabalho, mas não viu Andrey entre os demais.

Dirigiu-se ao capataz e lhe perguntou:

"Onde está Andrey?"

"Enterrado numa cova enorme junto com outros tantos prisioneiros." - respondeu ele. "Mas antes de morrer pediu-me que guardasse isto para você."

Vladimir sentiu um forte aperto no coração.

"Nem minha manteiga, nem os biscoitos puderam salvá-lo." - pensou.

Abriu a caixa e, dentro dela, ao lado dos alimentos intactos, encontrou um bilhete dizendo:

"Prezado Vladimir. Escrevo enquanto ainda posso mexer a mão. Não sei se viverei até você voltar, porque estou horrivelmente debilitado. Se eu morrer, avise a minha mulher e meus filhos. Você sabe o endereço. Deixo as suas coisas com o capataz. Espero que as receba intactas.

Andrey."

* * *

Ser honesto é dever que cabe a toda criatura que tem por meta a felicidade.

E a fidelidade é uma das virtudes que liberta o ser e o eleva na direção da luz.

Uma amizade sólida e duradoura só se constrói com fidelidade e honestidade recíprocas.

Somente as pessoas honestas e fiéis possuem a grandeza d’alma dos que já se contam entre os espíritos verdadeiramente livres.

Texto da Redação do Momento Espírita, com base em artigo da Revista Seleções do Reader’s Digest de janeiro de 1950.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

RENÚNCIA DE MÃE

 

 

O amor é o combustível que mantêm acesa a chama da esperança.

Pela tela da TV os rostos sofridos daquelas mães encarceradas expressavam essa realidade de forma marcante.

A repórter as entrevistava e elas davam as mais variadas e emocionantes respostas.

Pelo estatuto da criança e do adolescente, o bebê que nasce na cadeia tem o direito de ficar com a mãe por quatro meses.

Embora no Brasil essa legislação varie muito de estado para estado, no caso da reportagem, após os quatro meses as crianças seriam encaminhadas aos cuidados de algum parente que se dispusesse a assumir a missão.

Já os bebês das presas que não têm parentes, devem ficar em um abrigo do estado ou com uma mãe substituta.

O que vale ressaltar de tudo isso, é o amor-renúncia, possível de ser observado em algumas das mulheres entrevistadas.

O filho de uma encarcerada, que foi condenada por tráfico de drogas, foi embora mais cedo, por decisão dela mesma.

"Fiquei com medo de ele sofrer, porque ele já estava me conhecendo. Eu saía e ele ficava me procurando", contou a mãe.

As lágrimas contidas e a expressão de sofrimento eram evidentes no rosto daquela jovem mãe, que acariciava uma peça de roupa do seu bebê, que ficou como lembrança.

Ela escolheu renunciar à alegria de ter o filho nos braços para evitar que ele viesse a sofrer por falta do seu carinho, ao qual certamente mais se acostumaria com o passar do tempo.

Então preferiu que ele fosse embora...

Somente quem ama de verdade é capaz de um gesto de tamanha renúncia...

Pensar primeiro no ser amado, antes de pensar em si, é virtude pouco encontrada na face da terra, onde o egoísmo ainda impera.

E algumas daquelas mães, enquanto cumprem pena por seus delitos, já vivem o amor verdadeiro e livre portas da alma.

Estavam impedidas de transitar livremente, mas eram livres para amar. Livres do egoísmo que encarcera mais do que mil grilhões.

A renúncia é uma face do amor que merece destaque, pois é a capacidade de abrir mão da própria felicidade em benefício da felicidade do ser amado.

O exemplo máximo de renúncia que se conhece até hoje na Terra, foi o de Jesus de Nazaré.

Ele renunciou à paz dos mundos celestes para mergulhar num corpo físico e habitar entre os homens, seus irmãos a quem se comprometeu ajudar.

Talvez, motivadas por seu sublime exemplo, mulheres oferecem colo e carinho a esses "filhos do cárcere", mesmo sabendo que um dia terão que vê-los partir.

Chamadas de "mães substitutas", essas mulheres tentam suprir a falta do afeto materno que a criança sentirá, afastada da mãe, por força das circunstâncias.

São mulheres e mulheres... Umas geram os filhos e outras geram a esperança para as que perderam a liberdade, por fraqueza.

Muito mais do que o constrangimento imposto pelas grades, essas mães sofrem pela privação do convívio com o seu bebê.

Sofrem a cada dia por não estar ao seu lado quando ele cair, para levantá-lo, pois estão tentando levantar a si próprias, das teias da criminalidade em que se arrojaram...

Sofrem por não estar por perto quando o filho disser a primeira palavra, quando aprender a primeira letra...

E esse é apenas um pequeno capítulo das suas vidas sofridas...

* * *

O amor tem várias faces, e a renúncia é uma de suas mais belas expressões.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em matéria veiculada no Fantástico, no dia 27/06/2004, intitulada "Filhos do cárcere".

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

TESTE CRISTÃO

O dever do cristão é se tornar cada vez melhor. Em O livro dos Espíritos, encontramos a seguinte recomendação do Espírito Santo Agostinho:

Fazei o que eu fazia quando vivi na Terra: no fim de cada dia interrogava a minha consciência. Passava em revista o que havia feito e perguntava a mim mesmo se não tinha faltado ao cumprimento de algum dever. Se ninguém teria tido motivo para se queixar de mim.

Foi assim que cheguei a me conhecer e ver o que em mim necessitava de reforma.

Muito oportuno então que, na condição de seguidores de Jesus, nos perguntemos, para saber como anda a nossa paciência:

Estamos mais calmos e compreensivos?

Lembrando do relacionamento doméstico, respondamos: Já conseguimos conquistar um clima de paz dentro do lar?

Observando nossas manifestações com os amigos, questionemos:

Trazemos o Evangelho mais vivo em nossas atitudes?

Pesquisando o próprio desapego, verifiquemos: Andamos um pouco mais livres do anseio de posses terrestres?

Estamos usando mais os pronomes nós, nosso, nossa e menos os possessivos, meu, minha?

Nossos instantes de tristeza ou de cólera estão mais raros?

Como anda a questão dos desafetos e aversões? Temos conseguido nos achegar às pessoas que não nos são tão simpáticas? Ou ainda cultivamos uma discreta inimizade?

Auxiliamos aos necessitados com mais abnegação? Como temos olhado para os miseráveis que vivem pendurados em barrancos, à beira dos rios?

Qual tem sido a nossa opinião a respeito das crianças que se apresentam como meninos e meninas de rua, descuidados e ociosos?

Somos daqueles que somente criticam ou já nos credenciamos como voluntários em algum serviço do bem para reverter a situação?

Recordando nossa fé, podemos afirmar que ela se mostra mais segura?

Temos orado de forma sincera?

Temos demonstrado através da nossa fala mais indulgência? Temos tornado os nossos braços mais ativos e as nossas mãos mais abençoadoras?

Todo o Evangelho de Jesus, a Quem seguimos, é alegria no coração. Estamos de fato, mais alegres e felizes em nossa intimidade?

Tudo caminha. Tudo evolui. Busquemos fazer o mesmo.

*   *   *

Um dia que se foi é mais uma cota de responsabilidade, mais um passo rumo à vida espiritual, mais uma oportunidade valorizada ou perdida.

Interroguemos a nossa consciência quanto à utilidade que temos dado ao nosso tempo, à saúde e aos ensejos de fazer o bem.

Busquemos descobrir, em nós mesmos, as marcas do progresso que o contato com o Mestre Jesus tem realizado em nós.

E se descobrirmos que andamos estacionários, coloquemos de imediato mãos à obra no trabalho de nossa reforma interior, a fim de nos tornarmos verdadeiros cristãos. Isso porque o mundo necessita muito da mensagem do Cristo pensada e vivida.

Redação do Momento Espírita, com base no item 919 a, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb e no cap. 1, do livro Opinião espírita, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

AUTÓGRAFO DE DEUS

 

Autógrafo é a assinatura original, de próprio punho, do autor de alguma obra.

Assinam seus quadros os pintores. No entanto, melhor do que a sua assinatura, o que diz se o quadro é verdadeiramente daquele pintor é o seu estilo.

Quem quer que se aprofunde pelo conhecimento da arte poderá, ao admirar uma tela, afirmar do seu autor. E identificar, inclusive, se for o caso, a que período da vida artística daquele pintor corresponde.

Quem escreve um livro, define-se por uma forma de escrever e, a partir daí passará a ser conhecido. Naturalmente, coloca seu nome na obra.

Mas, mais do que isso, identifica-se pelo estilo e a forma com que desenvolve o seu pensamento, ao transpô-lo para o papel.

Cada artista tem sua maneira peculiar de se identificar no seu trabalho.

E é assim que Ele é conhecido e admiradas as Suas produções, através dos tempos.

   - Quando nossos olhos se extasiam ante a prodigalidade da natureza;

    - quando nossos ouvidos se deliciam com os sons dos rios cantantes, com o murmúrio da fonte minúscula, com as águas que descem pelas encostas, despejando-se ruidosamente de alturas;

    - quando o vento flauteia uma canção entre os ramos ou agita com violência o arvoredo;

    - quando o sol se pinta de ouro e tudo enche de luz por onde se espraia;

    - quando o céu se faz de tonalidades mil, indefiníveis, num amanhecer indescritível;

   - quando tudo isso acontece, todo dia, a cada dia... procuramos o autor. E a assinatura.

O inacreditável do grandioso e das coisas minúsculas - tudo obedecendo a idêntico esmero, diz-nos da qualidade do artista.

A diversidade de tons, de sons nos fala de um Alguém superlativamente criativo pois que, há bilhões de anos, não reprisa um pôr de sol, nem o cristal da gota de orvalho, nem a combinação dos gorjeios da passarada.

Cada dia tudo é diferente. O sol retorna, as nuvens se espreguiçam, a pradaria se estende, alongando sua colcha de retalhos de cores diversas, bordadas cá e lá de flores miúdas... mas nada é igual.

As folhas nas árvores estão em número maior ou menor, a sinfonia das águas acabou de ser composta, os pássaros balançam-se em outras ramagens.

Sim, o artista responsável pelo concerto do dia e da noite é extraordinário.

Os homens afirmam que jamais O viram. Mas todos podem admirar Sua obra. Mesmo aqueles que Lhe negam a existência.

Esse artista inigualável assina a delicadeza das manhãs com o pincel da madrugada.

Podemos descobrir Seu autógrafo na tela do firmamento, no brilho das estrelas.

Podemos descobrir Sua escrita nas flores dos campos, dos jardins, das montanhas.

Ele é tão grande que a tela onde cria as Suas maravilhas vive em expansão.

Mas onde Esse artista coloca Sua mais especial assinatura é na essência de cada um dos filhos que criou.

Ela está em cada um de nós e se chama Imortalidade.

Pense nisso. Você é o mais especial autógrafo de Deus. 

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Meu herói

 

Meu herói. Este é o nome de matéria de uma revista de circulação nacional, que apresentou ao público relatos muito valiosos.

Abaixo do título do artigo veio escrito:

Todo mundo tem um ídolo assim: em vez de voar ou soltar raios, seu superpoder é o de repassar valores que moldam nosso caráter e nos acompanham pela vida inteira.

Em seguida, as jornalistas apresentam diversos relatos de pessoas falando sobre seus ídolos especiais – esses heróis que lhes deixaram uma contribuição imensurável para a vida.

Deixaram bons exemplos, bons valores. Deixaram uma referência de conduta que lhes permitiu passar pela vida com maior segurança.

Os relatos são belíssimos, singelos, emocionantes.

Um deles, de uma menina de 18 anos, dizia assim:

Meu avô abandonou a família quando meu pai tinha 5 anos. Tempos depois, apareceu em nossa casa, velho e doente.

Meu pai cuidou dele até a morte. Naquele dia, jurei fazer o mesmo:nunca abandonar esse homem tão generoso: meu pai, meu exemplo, meu herói.

Percebamos a beleza desta breve narrativa. Imaginemos que exemplo esse pai está deixando para as próximas gerações!

Um exemplo de amor, de dedicação, de perdão.

Filhos criados em lares que lhes apresentam estas referências elevadas, honrosas, têm muito mais chance de se tornarem homens e mulheres de bem.

Os pais da nova era precisam ter esta vontade de se tornarem heróis para seus filhos, heróis da dignidade, da honestidade, da fraternidade.

Se os filhos encontram seus ídolos dentro do lar, quem sabe possam ser menos influenciados pelos ídolos do momento, pelos ícones instantâneos dos dias atuais, tão perigosos.

Se é natural que as crianças, que os adolescentes e jovens imitam aquilo que julgam interessante, que esta imitação possa ter, no seio da família, uma fonte inesgotável e de qualidade superior.

Depois da vontade, precisam ter o esforço e a abnegação, pois para ser herói de verdade é preciso se dedicar, planejar as ações. Construir em casa uma fonte de boas referências em tudo.

O exemplo vivenciado entre as paredes de um lar possui uma força inimaginável, na construção do caráter da alma infantil.

Não se exige perfeição dos progenitores, de forma alguma. Aliás: a constatação das falhas, das deficiências também é parte importante da construção de um herói.

Heróis não são seres perfeitos: são seres que buscam a perfeição, dia após dia, batalha após batalha.

Que os pais possam ter em mente este objetivo: de deixarem, a cada dia, ano após ano, um jardim de boas referências a seus filhos.

Tais exemplos terão a força de modificar as próximas gerações, pois se forem fortes o suficiente, se marcarem a vida dos filhos, certamente seguirão na direção de netos, bisnetos, etc.

Que os pais deixem belas histórias, belas lembranças, que serão sempre um grande farol a guiar os filhos nos momentos de dificuldade.

Estes são os heróis dos novos tempos: os homens e mulheres de bem que deixarão o legado dos exemplos inesquecíveis, das lições que jamais se poderá olvidar.

Redação do Momento Espírita com base em matéria de Ana Luísa Vieira e Juliana Dias, da revista Sorria, de abril/maio 2011.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Conhecendo o velho pai

 

Filho, acorda! São oito horas! Você vai se atrasar!

De um salto, o rapaz se levantou. Contudo, logo se deu conta que era seu primeiro dia de férias.

Atrasar para quê, mãe?

Para pescar com seu pai.

O jovem perdeu todo o entusiasmo. Sim, ele prometera, quando estivesse em férias, pescar com seu pai. Mas, tinha que ser logo no primeiro dia de férias?

Enfim, ele foi, mesmo a contragosto.

Sentado ao lado do pai, que dirigia, cantando, ele pensava em como seu pai estava ficando velho e meio lelé.

Ficava cantando músicas antigas, ria, conversava e conversava.

Finalmente, chegaram. Quer dizer, o carro estacionou, mas o pai disse que ali não era local apropriado para pesca. Só dava peixe pequeno.

Andaram durante duas horas, no meio de mata densa, até chegar ao pesqueiro secreto do pai.

Claro que é secreto, falou o rapaz, incomodado. Ninguém, a não ser você vem aqui. Nem os peixes.

Isso é o que você pensa! – Falou o pai. Aqui é que se reúnem as maiores tilápias da represa.

E, disposto, colocou botas altas, calças impermeáveis e entrou na água para cortar o mato que tomava conta quase total do lago.

Tudo aquilo estava parecendo muito doido ao filho. Que graça podia ter tudo aquilo?

Quando o pai preparou a vara e jogou o anzol, ele não aguentou e falou:

Pai, estou preocupado com você.

Essa maluquice de vir até este fim de mundo para pescar tilápias. E a mamãe falou que você nunca volta com peixe.

Já pensou em procurar um psicólogo?

Estou ótimo, falou o pai. O Freitas, que vem sempre aqui comigo, é psicólogo. O Tavares é psiquiatra.

Nesse momento, ele sentiu a fisgada no anzol, puxou a linha e lá estava ela: uma grande tilápia.

O rapaz estava surpreso.

Pai, você já pescou peixe grande assim, antes?

Sempre, meu filho.

Mas eu nunca vi você levar para casa nenhum.

Eu vou mostrar por que, falou o pai.

E fotografou o filho segurando o peixe. Depois, pegou a tilápia e a devolveu à água.

Eu pesco por prazer, não para encher a barriga.

Aquilo sim era legal, pensou o filho. O resto do dia passou pescando com o pai. E devolvendo às águas o que pescava, depois de fotografar.

Vá procurar o seu irmão, dizia, soltando o peixe.

Ao final do dia, no retorno ao lar, confessou que fazia tempo que não se divertia tanto. Aquilo sim, era radical.

À noite, enquanto se preparava para dormir, pensou que seu pai não tinha nada de louco ou de desequilibrado.

Seu pai sabia viver. Seu pai era um gênio. E ele descobrira naquele dia.

*   *   *

Você já se dispôs a passar um dia inteiro ao lado de seu velho pai, bebendo da sua sabedoria?

Já tentou puxar conversa dos tempos em que ele passava brilhantina no cabelo para ir namorar sua mãe?

Você já pensou que seu pai também foi moleque, adolescente, rapaz? Que teve sonhos?

Olhe seu velho com esses olhos de quem valoriza a experiência, os anos da madureza, as lutas que lhe nevaram os cabelos.

E, sem receio, abrace seu velho, agradeça por todos os dias de alegria que ele lhe proporcionou.

Faça isso. Mesmo que seja pela primeira vez. Hoje, enquanto é tempo e ele está ao seu lado.

Redação do Momento Espírita com base na história Meu pai... o rei do peixe, de Maurício de Sousa, da Revista Cebolinha, nº. 224.

Disponível no cd Momento Espírita, v. 19, ed. Fep.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O TRIUNFO DO AMOR

 

Os que laboram com Direito de Família estão habituados a atenderem dramas humanos.

Mães, que são sós para tudo, desde levar o filho ao colégio, ao médico, ensinar, educar, chorar, sofrer, entram com ações, no intuito de despertar nos ex-maridos os deveres de, ao menos, alimentarem seus rebentos.

E os casos mais tristes se avolumam: pais que abandonam filhos por um novo amor, pais que desejam ter direito a visitas, enfim, dores e mais dores.

E, de modo geral, o ex-casal não se dá conta que os filhos ficam no meio dessa disputa de egoísmo,  incompreensão e teimosia.

Contou-nos um advogado espírita, que labora em Varas de Família, a respeito de uma ação de regulamentação de visitas. A mãe desejava estabelecer dia e hora do acesso do pai ao filho.

O menino foi à audiência. Seu olhar era triste, traduzindo profunda melancolia. A separação fora tumultuada. O marido traíra a esposa e fora expulso aos tapas de casa. Isso há três anos.

Nesse ínterim, raras tinham sido as vezes que o pai vira o filho.

O conciliador da audiência perguntou da possibilidade de ser estabelecido um acordo. O pai, réu na ação, quedou-se em silêncio.

A mãe esclareceu que buscara a justiça para que o pai fosse obrigado a visitar o filho.

O menino baixou a cabeça, meneando-a de um lado para outro, como a dizer: Deixa, mãe. Ele não me quer.

Mas ela não parava de falar. As palavras brotavam da sua boca, em jorros, colocando toda sua mágoa para fora. Afinal, perguntou, se não dera certo a relação matrimonial, que culpa tinha o filho?

Convidado a falar, o pai, numa frieza cadavérica, perguntou se já podia ir embora, desde que não haveria acordo mesmo.

Sem olhar para o filho, que era sua fotocópia autenticada, disse que queria virar aquela página da sua vida.

Ele já tinha outra família, uma esposa e uma filha que era o seu xodó.

Quando ele abriu a carteira para, naquele gesto espontâneo de pai, mostrar a foto da filha, o menino se esticou todo.

Olhou a foto e, entusiasmado, falou: Ô, pai! Leva a garota lá em casa. Quero brincar com minha irmã!

Foi o que bastou para que o pai, antes duro como uma rocha, caísse em pranto convulsivo.

E o que a catadupa de raiva da esposa e todas as ponderações do conciliador acerca da responsabilidade paterna não haviam conseguido, o garoto alcançara com as palavras mágicas: Quero brincar com minha irmã.

Esquecendo o próprio abandono e o que ali se discutia, o menino o chamava de pai e desejava conviver com a desconhecida irmã.

E a fera foi dominada pelo amor, mais uma vez. Isso porque o amor é a maior força do Universo.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita, com base no artigo O direito de família e a Doutrina Espírita, de Hélio Ribeiro, dirigente e expositor espírita de Niterói/RJ.

sábado, 13 de agosto de 2011

NEGÓCIOS

 

Ganhar a vida já não é suficiente, o trabalho tem que nos permitir vivê-la também.

A frase é daquele que é considerado o pai da administração moderna – Peter Drucker – e revela uma verdade preciosa para os dias de hoje.

Drucker acompanhou um período sem precedentes na Terra, no que diz respeito ao mundo dos negócios.

Nascido em 1909, veio a desencarnar em 2005, após uma vida de muitas conquistas e de farto material produzido na área corporativa.

Sua citação sobre o papel do trabalho, da profissão, em nossa existência, precisa ser analisada em profundidade, pois traz consequências imediatas em todo viver, uma vez colocada em prática.

A profissão tem como função principal nos fazer peça útil na sociedade e, também, nos propiciar o ganha-pão.

A reflexão de Drucker nos convida a pensar: De que adianta ganhar a vida, ter o meio de sustento, ter riqueza, se não consigo “usufruir” disso tudo para meu benefício?

O trabalho tem que nos permitir viver a vida. Ele não pode nos escravizar numa teia de compromissos, responsabilidades, sem nos deixar sequer respirar o ar de uma bela manhã.

Se nos transformamos nos chamados workaholics (*), perdemos o foco verdadeiro da encarnação, trocando os meios pelos fins.

Sim, a profissão, o trabalho, tudo isso são meios. Meio de subsistência; meio de crescimento intelectual, meio de ser útil.

Quando percebermos que o mundo dos negócios, a vida profissional está nos deixando quase loucos, é tempo de parar tudo e repensar.

Temos, como Espíritos encarnados, compromisso direto com a melhoria material do planeta, ao mesmo tempo que temos compromisso conosco de nos melhorarmos, de nos tornarmos pessoas de bem.

Assim, não podemos deixar que essas atividades simplesmente nos absorvam todas as energias, a ponto de nos fazer chegar em casa, ao final de cada dia, sem vontade sequer de conversar, de brincar com um filho pequeno, de sorrir.

Temos que dar a cada coisa seu devido valor. E o mundo dos negócios não pode ser mais importante do que a família, do que a saúde de nosso corpo e de nosso Espírito.

Se você percebe que a vida tem lhe carregado para esse caminho, pare, pense, reflita, reprograme tudo enquanto há tempo.

* * *

Do Eclesiastes do Antigo Testamento Bíblico retiramos:

Melhor é um punhado com descanso, do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição de espírito.

Pense nisso.

Pense se realmente vale a pena tanta aflição, tanto desespero, tantas horas de tensão, apenas por questões puramente materiais.

Não podemos deixar de trabalhar, é certo, mas quem sabe possamos deixar o trabalho mais leve, menos extenuante, menos neurótico, permitindo que vivamos a vida em abundância.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Pés molhados

 

É comum ouvir-se alguém falar que não resistiu a uma tentação.

Como a Terra não é habitada por anjos, a fragilidade humana não deve causar espanto.

Ela se revela de modo diverso em cada um e depende essencialmente da sua história espiritual.

Conforme se comportou ao longo de suas existências, o homem tem seus pontos fortes e fracos.

Quem se permitiu leviandades na área sexual, é frágil em relação a ela.

Já o que viveu de forma desonesta tem dificuldades quanto ao dinheiro.

Isso se repete nos mais variados setores.

À medida que vence suas imperfeições, o homem se liberta.

Já não precisa lutar contra si mesmo.

Ele vive com dignidade de forma natural.

Contudo, enquanto está em processo de libertação, necessita orar e vigiar.

Orar implica conectar-se com as forças superiores que regem a vida, a fim de receber orientação e apoio.

Trata-se de um gesto de humildade e que viabiliza o autoconhecimento.

Humildade, pois a oração não é um ato entre iguais.

Justamente por isso não pressupõe trocas infantis.

Deus não necessita de nada, em Sua perfeição.

Já os homens muito ganham em buscá-lO e em seguir os caminhos que Ele sinaliza.

Ao relatar ao Pai Celestial suas dificuldades, suas dores e anseios, o homem atento passa a se conhecer melhor.

Consegue identificar o que lhe causa dor, o que o tenta a agir de modo indigno.

Com base nesse conhecimento de si mesmo, pode vigiar melhor.

Quanto à vigilância, constitui uma atenção toda especial para se manter longe de encrencas.

Cada um sabe em quê residem suas tentações.

Se está realmente decidido a viver com retidão, deve manter-se longe delas.

Constitui tolice achar que pode testar seus limites, de modo indefinido, sem consequências nefastas.

Ainda que atos negativos não sejam efetivados, sempre se perde um pouco de paz ao se manter próximo do que deve ser evitado.

Basicamente, aquele que não deseja molhar os pés faz bem em se manter longe da torrente de água.

A tentação de se aproximar cada vez mais pode ser perigosa.

De repente, em um falso movimento, eis que os pés jazem molhados.

Assim, quem tem dificuldade para ser fiel no matrimônio, não deve lançar olhares e sorrisos à sua volta.

Um flerte que se imagina inocente pode se transformar numa tragédia.

Também o apaixonado por dinheiro e bens materiais não deve nem refletir sobre vantagens indevidas.

Após dar o primeiro passo em direção ao objeto proibido, pode ser difícil retroceder.

Ao longo do tempo, a resistência disciplinada converte-se em espontaneidade.

É quando as tentações perdem a força e os desejos doentios desaparecem.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

AO MEU PAI

 

Recordo-o ainda. Ele saiu, em um dia de sol, para viajar e nunca mais retornou para nossos olhos físicos.

Quando o trouxeram, era somente um corpo dentro de um caixão. Lacrado, ao demais, tendo em vista os dias passados desde a sua morte.

Meu pai era um homem alegre. Gostava de música, de dança, de estar com amigos, conversar, contar causos.

E ele os tinha às centenas. Toda vez que retornava de viagem, os filhos, éramos três os menores, nos reuníamos em torno da mesa, na cozinha ampla, para ouvi-lo.

Ele contava causos de forma pausada. Ia descrevendo as cenas, uma a uma, reproduzia os diálogos.

Por vezes, meu irmão e eu, mais impacientes, o interrompíamos: E daí, o que aconteceu? Conta logo.

Ele sorria mostrando seus dentes curtos, bem moldados. E continuava com a mesma calma, até o desfecho da história.

Tê-lo em casa era muito bom e significava que um de nós iria dormir na cama dos pais.

Por vezes, nossa mãe nos dizia que desejava ficar a sós com ele. Mas, mal despertava a madrugada, quem primeiro acordasse, corria para o quarto e se enfiava entre os dois.

Ele acordava e brincava conosco, fazendo cócegas, jogando travesseiro. Era uma festa!

Meu pai! Quantas saudades! Ele não era letrado. Desde bem jovem conhecera o trabalho duro.

Constituíra família cedo e os cinco filhos lhe exigiam que desse o máximo de si.

Insistia que precisávamos estudar. E estudar muito. A duras penas, pagou para cada um de nós o ensino fundamental, em escola particular.

Escolheu a melhor escola da cidade. Pagou cursos de piano, acordeon, violino para minha irmã, que cedo entrou para o mundo da música.

Meus irmãos e eu não chegamos a tanto, mas fomos brindados com o que ele tinha de mais precioso.

Ensinou-nos a honestidade, ensinou-nos que melhor era ser enganado do que enganar.

Viveu no tempo em que a palavra de um homem era documento mais válido do que nota promissória, duplicata ou qualquer título financeiro.

Legou-nos um nome honrado e disse-nos que o dignificássemos, ao longo de nossa vida.

Olhava para mim, com orgulho e dizia: Um dia você será uma pessoa muito importante!

Hoje, quando viajo pelas estradas, muitas delas velhas conhecidas de meu pai, eu o recordo.

Será que ele sabia que um dia eu seria alguém que viajaria, esclarecendo pessoas, ofertando cursos?

Ele não conheceu todos os netos. Partiu para a Espiritualidade, em anos jovens, deixando-nos um grande silêncio n'alma.

Em homenagem a ele, em nossos aniversários, nas festas de Natal e Ano Novo, nos encontramos.

Rimos, ouvimos música, dançamos. Porque ele nos ensinou a sermos assim.

A vida é dura, mas nós a podemos adoçar, se quisermos. - É o que dizia.

Meu pai, meu mestre, onde estejas, Deus te guarde. Especialmente nesta época em que os pais são recordados pelos filhos, que os brindam com presentes.

Meus irmãos e eu te brindamos com a prece da nossa gratidão: Obrigado por nos terdes dado a vida.

Obrigado por nos terdes ensinado a bem vivê-la.

Redação do Momento Espírita.

domingo, 7 de agosto de 2011

A BENÇÃO EM SENTIR A PAZ

 

 

Quando a paz brota em nosso interior, a vida contempla uma nova realidade, a única a ser vivida e desfrutada.

O efeito é a alegria, que dá origem a um estado único, onde a compreensão é presente e a conexão com o amor é estabelecida.

A paz está dentro de nós, para sempre. Ela faz parte da nossa natureza. Mas, nem sempre sentimos paz e isto se dá porque criamos grandes desvios em nosso próprio caminho, um caminho que nos foi dado para aprendermos a usar nossos dons, nossas características divinas.

Não nos damos conta de que, quando fora da nossa rota, distanciamo-nos do nosso estado natural.

Nossas projeções, nossas percepções equivocadas, turvam a nossa visão interior, deixando-nos no escuro, fazendo-nos acostumar a viver o que não foi feito para ser vivido, como a ignorância em não tomar ciência da própria luz, da própria força e do amor que tudo transforma para que possamos ser dignos aos olhos do Criador.

Se estivermos atentos, veremos que a paz é como o ar que respiramos, está em toda a parte, dentro e fora de nós. Mas para percebê-la é necessário vermos as coisas sob a lente do amor, pois as criações de Deus só se manifestam no amor, pois são o próprio amor. Fora deste estado que Deus nos deu, será impossível sentirmos a bênção que paira sobre todos nós.

Para sentir paz é necessário estarmos conectados com a paz e para isto, o estado presente e atento é necessário. Quando partimos do princípio de que tudo nos é dado, poderemos conhecer a nós mesmos e então estaremos diante de uma inevitável realidade: a paz que tanto sonhamos está em nós, nós somos a própria paz.

[Carmem Imbassay]

sábado, 6 de agosto de 2011

O triunfo do amor

 

Os que laboram com Direito de Família estão habituados a atenderem dramas humanos.

Mães, que são sós para tudo, desde levar o filho ao colégio, ao médico, ensinar, educar, chorar, sofrer, entram com ações, no intuito de despertar nos ex-maridos os deveres de, ao menos, alimentarem seus rebentos.

E os casos mais tristes se avolumam: pais que abandonam filhos por um novo amor, pais que desejam ter direito a visitas, enfim, dores e mais dores.

E, de modo geral, o ex-casal não se dá conta que os filhos ficam no meio dessa disputa de egoísmo, incompreensão e teimosia.

Contou-nos um advogado espírita, que labora em Varas de Família, a respeito de uma ação de regulamentação de visitas. A mãe desejava estabelecer dia e hora do acesso do pai ao filho.

O menino foi à audiência. Seu olhar era triste, traduzindo profunda melancolia. A separação fora tumultuada. O marido traíra a esposa e fora expulso aos tapas de casa. Isso há três anos.

Nesse ínterim, raras tinham sido as vezes que o pai vira o filho.

O conciliador da audiência perguntou da possibilidade de ser estabelecido um acordo. O pai, réu na ação, quedou-se em silêncio.

A mãe esclareceu que buscara a justiça para que o pai fosse obrigado a visitar o filho.

O menino baixou a cabeça, meneando-a de um lado para outro, como a dizer: Deixa, mãe. Ele não me quer.

Mas ela não parava de falar. As palavras brotavam da sua boca, em jorros, colocando toda sua mágoa para fora. Afinal, perguntou, se não dera certo a relação matrimonial, que culpa tinha o filho?

Convidado a falar, o pai, numa frieza cadavérica, perguntou se já podia ir embora, desde que não haveria acordo mesmo.

Sem olhar para o filho, que era sua fotocópia autenticada, disse que queria virar aquela página da sua vida.

Ele já tinha outra família, uma esposa e uma filha que era o seu xodó.

Quando ele abriu a carteira para, naquele gesto espontâneo de pai, mostrar a foto da filha, o menino se esticou todo.

Olhou a foto e, entusiasmado, falou: Ô, pai! Leva a garota lá em casa. Quero brincar com minha irmã!

Foi o que bastou para que o pai, antes duro como uma rocha, caísse em pranto convulsivo.

E o que a catadupa de raiva da esposa e todas as ponderações do conciliador acerca da responsabilidade paterna não haviam conseguido, o garoto alcançara com as palavras mágicas: Quero brincar com minha irmã.

Esquecendo o próprio abandono e o que ali se discutia, o menino o chamava de pai e desejava conviver com a desconhecida irmã.

E a fera foi dominada pelo amor, mais uma vez. Isso porque o amor é a maior força do Universo.

Pensemos nisso!

 

Redação do Momento Espírita, com base no artigo O direito de família e a Doutrina Espírita, de Hélio Ribeiro, dirigente e expositor espírita de Niterói/RJ.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A ESCOLA

 

Quando as férias acabam, é comum se ouvir, na porta das escolas, da boca dos pais ou de funcionários que recebem as crianças, frases bem desmotivadoras.

Acabou a moleza, hein? Aproveitou bem as férias? Melhor para você, porque agora vai ter que dar um duro danado.

São comentários inocentes e brincalhões, feitos de forma esparsa. Por vezes, é mais com o objetivo de puxar conversa. Mas têm um efeito desastroso sobre as crianças.

Os adultos falam brincando mas os garotos não têm condições para entender a sutileza da brincadeira. Para quem já está abalado com medo das novidades e o choque das mudanças do novo ano letivo, tais frases soam como ameaças de algo terrível.

Isso, sem se falar dos comentários ruins que os pequenos ouvem dos pais a respeito da escola. São críticas a professores, ao currículo escolar, aos bilhetes que vêm com pedidos de material, normas e decisões da instituição, valores das mensalidades.

Para os adultos é fácil aceitar, mesmo sabendo que não é o ideal. Contudo, para as crianças fica um tanto difícil. Elas não podem entender porque os pais insistem para que elas frequentem aquela escola que traz tantos problemas para a família.

E a escola acaba sendo entendida como uma coisa ruim. Acrescente-se ainda que, em casa, a mãe fala: Vamos dormir, porque amanhã você tem aula.

A mensagem que é passada é de que o estudo é um grande estraga prazer. Por causa dele é preciso acabar a diversão, deixar de assistir TV, ir para a cama.

E para finalizar, ainda vem a outra célebre frase: Vamos logo. Está pensando que ainda está de férias?

É outra dica de que férias são um paraíso e o aprendizado é uma escravidão.

Com tais mensagens, mais cedo ou mais tarde, as vítimas dessas circunstâncias vão demonstrar o seu desprezo pelos estudos, apresentando baixa produtividade escolar, distração e má vontade.

Naturalmente a escola não é um lugar de prazeres, pois exige esforço e disciplina. Pode ser até que ela tenha altos e baixos de qualidade. Mas esse é e será sempre um assunto para os pais com professores e diretores, não para discutir e falar para as crianças.

Os pais podem e devem se esmerar para transformar a escola em um local de felicidade para os seus filhos na busca do conhecimento.

* * *

A escola é abençoado local de aprendizagem. Lembre-se de que a sua criança é a canção com que o tempo embala os ouvidos do futuro. É a semente que, lançada na terra fértil da orientação nobre, produzirá flores e frutos de esperança para o amanhã.

Oferte-lhe, assim, a escola, permitindo que ela receba os estímulos generosos da instrução. Estímulos luminosos que anularão as trevas da ignorância e lhe abrirão portais de crescimento.

Entretanto, ajude-a a enfrentar as dificuldades que surjam. Aponte e mostre o que é positivo. E se a escola apresenta deficiências, critique. Mas faça algo para melhorar.

Apresente os erros. Mas igualmente apresente soluções, a fim de que a escola se torne melhor para os seus e para os filhos de todos os pais.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Chavões que trancam a escola, de David Pontes, em parceria com Ivan Capelatto e Ângela Minatti, publicado no jornal Gazeta do Povo, de 06.02.2000 e no cap. 10 do livro Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Imenso amor

 

Estavam casados há dezenove anos. Tinham um filho.

Numa manhã de primavera, o marido pediu o divórcio. Confessou já ter outra companheira com quem bem se entendia e desejava viver.

A esposa ficou chocada mas, em vez do escândalo que ele esperava, ela simplesmente lhe pediu para aguardar trinta dias.

E, como cláusula adicional para o deixar seguir sua vida, lhe exigiu que, durante aquele período, a cada manhã, ele a transportasse em seus braços do quarto para a sala de jantar.

Que são trinta dias para quem poderia gozar a liberdade depois?

No dia seguinte, ele a transportou do quarto para a sala de jantar e saiu para o trabalho. Quando retornou à noite, ela estava sentada à mesa e escrevia.

Assim foi no segundo e nos demais dias. No vigésimo primeiro dia, quando ele a apanhou nos braços, ela recostou sua cabeça no ombro dele.

Aquilo o fez recordar dos dias primeiros da união matrimonial. Um doce enlevo pareceu envolvê-lo, mas ele jogou longe os pensamentos.

No vigésimo quinto dia, quando ele a estava levando para a sala de jantar, o filho os surpreendeu. Olhou a ambos, sorriu e comentou:

Olha o casalzinho namorando... Legal, hein, pai!

Aquilo mexeu com ele. Faltavam somente cinco dias para sua liberdade.

Mas ele começara a sentir algo estranho dentro dele. Já não tinha tanta certeza se desejava mesmo ficar com a outra companheira, deixando esta.

Os dias do namoro, o romantismo dos primeiros anos principiava, de forma insistente, a surgir na tela da sua mente.

Ele passou a se dar conta que, a cada dia, a esposa estava mais leve. Pensou que deveria ser por já se ter habituado àquele ritual matutino.

No trigésimo dia, ele desfez o compromisso com a outra companheira. Ela ficou muito zangada e disse que a esposa usara de subterfúgios para o seduzir novamente.

Raivosa, o despachou.

Ele comprou flores no caminho. Entrou cantando em casa. Mas a esposa não estava na sala, como habitualmente.

Foi ao quarto. Ela estava deitada. Ele se aproximou, curvou-se para beijá-la. Sentiu-a gélida. Ela estava morta.

Sobre a mesa de cabeceira, um envelope nominado a ele. Abriu-o e começou a ler. Era uma longa carta, aquela que ele a vira escrever, dia após dia.

Entre lágrimas leu que, no dia em que ele lhe pedira o divórcio, ela havia se preparado para lhe dizer do diagnóstico que recebera.

E de que teria somente trinta dias de vida. Por isso, para que ele não se sentisse culpado e ficasse verdadeiramente livre, ela pedira aquele prazo e a atenção toda manhã.

Agora, ele estava livre para buscar o amor que desejava. Ela se fora.

O homem chorou e chorou. Chorou a perda do seu grande amor. Um amor que, mesmo não mais sendo amado, pensara nele, na sua felicidade.

Um imenso amor como poucos...

Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por

Divaldo Pereira Franco, em Conferência proferida em Pinhais, PR, em março de 2011.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

AMIZADE VERDADEIRA

 

Você tem amigos?

Se ainda não os tem, não perca tempo. Comece hoje mesmo a conquistar amizades verdadeiras, pois a amizade é um tesouro sem o qual a vida na terra não teria sentido.

É uma força capaz de suavizar até mesmo os momentos mais difíceis na vida das pessoas, como os da guerra, por exemplo.

Há muitas histórias comoventes a respeito de grandes amizades e a que vamos narrar é uma delas.

Conta-se que um soldado dirigiu-se ao seu superior e lhe solicitou permissão para ir buscar um amigo que não voltou do campo de batalha.

Permissão negada, respondeu o tenente.

Mas o soldado, sabendo que o amigo estava em apuros, ignorou a proibição e foi a sua procura.

Algum tempo depois retornou, mortalmente ferido, transportando o cadáver do seu amigo nos braços.

O seu superior estava furioso e o repreendeu:

- Não disse para você não se arriscar? Eu sabia que a viagem seria inútil!

- Agora eu perdi dois homens ao invés de um.

- Diga-me: valeu a pena ir lá para trazer um cadáver?

E o soldado, com o pouco de força que lhe restava, respondeu:

- Claro que sim, senhor! Quando eu o encontrei ele ainda estava vivo e pôde me dizer: Tinha certeza que você viria! 

Histórias como essa se repetirão, com outras tonalidades, enquanto existir amizade na face da Terra.

Quantos são aqueles que se dedicam, sem cobrança, a cuidar de amigos enfermos, amigos em dificuldades, amigos rebeldes.

Por tudo isso é que a amizade tem sido comparada a um tesouro de valor incalculável, pois não se compra nem se vende, simplesmente se conquista.

E a verdadeira amizade é aquela que aceita a pessoa amiga como ela é, e não tenta moldá-la como gostaria que fosse.

A amizade respeita, compreende, perdoa, apoia, defende, enaltece.

Muitas pessoas confundem a amizade com cumplicidade interesseira, mas a amizade não é assim.

O verdadeiro amigo sabe dizer sim e sabe dizer não quando é preciso, mesmo que para isso não seja compreendido.

Em nome da amizade, não se deve fazer tudo o que o amigo faz ou apoiá-lo em tudo. Isso é tolice.

A amizade fiel não é conivente com os equívocos, mas está sempre alerta para socorrer quando necessário.

Enfim, o amigo é aquele que não apenas enxuga as nossas lágrimas, mas faz de tudo para não deixá-las cair.

* * *

O maior exemplo de amizade que passou sobre a terra, chama-se Jesus Cristo.

Ele, um poeta dos mundos celestes, fez-se cantor para que a sua sublime voz fosse escutada neste minúsculo planeta.

Príncipe dos espaços siderais, tornou-se súdito humilde para aproximar-se dos corações sofredores.

Senhor das estrelas, converteu-se em servo para ensinar a humildade.

Nobre de origem celeste, transformou-se em Escravo por amor aos amigos-irmãos degredados na Terra.

Grandioso, hoje como ontem, é o amanhã dos que choram, sofrem, aguardam e amam.

Sua veneranda presença através do seu ensino e exemplo paira dominadora sobre a humanidade, que nele encontra alento para suas dores e forças para prosseguir na escalada para Deus.

Jesus é a síntese histórica da grandeza, da sabedoria - o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo - e, mais do que nunca, da amizade... 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base me história de autoria ignorada