Recordas-te deles,
lágrimas nos olhos e coração dorido, como se houvesses sido pisoteado por
infrenes corcéis em disparada.
Esperanças mantidas
por longos anos jazem mortas.
Promessas vibrantes e
douradas parecem negros panos da mentira.
Amigos carinhosos que
te esqueceram.
Amores que pareciam
eternos e que fugiram.
Abraços e afagos que
desapareceram.
Mãos gentis que
estavam distendidas e agora se ocultam.
Companheiros que eram
atestados vivos da lealdade plena e que te deixaram.
Realizações honestas,
feitas com suor e lágrimas, hoje apontadas como filhas da usura, a ruírem
lentamente.
A cada instante novos
espinhos se cravam nas tuas carnes.
Ingratidões na boca
de velhos devedores do teu carinho.
Queixas veiculadas
por comensais da tua abnegação.
Incompreensões de
quem mais dependia dos teus esforços.
Todos se voltam e
saem quando chegas, e sentes que são injustos para contigo.
Apesar de tudo,
porém, não te desesperes.
Reúne os músculos
caídos e renova o Espírito vergastado, prosseguindo sem desfalecimento.
Se não recolhes agora
os frutos abençoados dos teus esforços, recebê-los-ás mais tarde.
Colheita de hoje,
sementeira de ontem.
Dor agora,
compromisso passado.
Esforço atual,
merecimento futuro.
Envolve as íntimas
aspirações, nas vibrações positivas do amor infatigável, desculpando e
edificando sempre, e deixa-te arrastar pelas correntes do trabalho digno,
seguindo à frente, na condição de seareiro da eternidade.
Perdendo tudo e tudo
tendo...
Perseguido mas com
todos...
Alanceado e
jubiloso...
Incriminado, porém,
inocente...
Cansado, no entanto
de pé...
Surrado e feliz...
Caindo aqui para
reunir forças, e levantar reanimado um passo à frente.
A linguagem do bem é
de vibração imorredoura: desaparece aqui para repercutir alhures.
O que faças de bom é
dádiva que te fará bom...
Não te arrependes nem
te lamentes.
E se for necessário
morrer no trabalho entre amarguras e saudades, chancelado como incapaz e
vencido, lembra o mestre divino que, antes de atingir a excelsa libertação, foi
azorragado e perseguido, sorvendo o fel da maldade humana até a última gota e,
carregando o madeiro infamante até o Gólgota, ressurgiu, logo mais, na glória
solar, libertando-se do pó e das sombras...
Livro: Messe de Amor
- Joanna de Ângelis & Divaldo P.
Franco