quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Suave convite

Nos tempos modernos, torna-se cada vez mais frequente o surgimento de transtornos emocionais e diversos tipos de fobias e angústias sociais.

Isso demonstra o grau de infelicidade de muitas criaturas.

Tem sido comum a alma humana buscar o alento e apoio nas coisas materiais ou nas pessoas.

Viagens, compras, jogos de azar, entrega às fartas mesas e à embriaguez, férias prolongadas – tudo constitui um caminho comum na busca incessante de se equilibrar emocionalmente.

A desilusão é certa quando se busca o alívio em algo material.

Com o tempo, tudo isso leva ao enfado e ao descontentamento.

As amizades, quando não são sinceras, se esvaem com o tempo.

As variadas terapias que temos à disposição, muitas vezes não trazem o resultado que o indivíduo busca.

* * *

Jesus, nosso celeste Amigo, nos convida à Sua companhia para que tenhamos o amenizar das dores. A proposta do Mestre é a do auxílio incessante. Vinde a mim... que eu vos aliviarei.

Não existe a promessa de que o problema será retirado da vida de cada pessoa, pois todos têm que resgatar o que devem perante a lei de Deus.

Mas Ele nos oferece a certeza de que está sempre conosco, iluminando nossos caminhos, para que nos sintamos fortalecidos ao enfrentar as dificuldades.

Com Jesus Cristo temos o discernimento para entender que ninguém se acha no mundo sem nobres objetivos.

No quadro de todas as lutas humanas, a ajuda de Jesus é essencial para a conquista da harmonia física, mental e espiritual.

Poucos de nós paramos para meditar no verdadeiro papel do Cristo na vida de cada um.

Se permitirmos que Ele se mantenha vivo em nossos corações, alcançaremos com mais facilidade a coerência e a lucidez nas atitudes e nos sentimentos.

Jesus prossegue socorrendo a pequenez humana e, nos dias de insegurança, Ele representa para nós um foco de luz.

Faz o convite diário a todas as criaturas, sem distinção e, com certeza, nos aguarda de braços abertos, cheio de esperança de que busquemos conhecê-lO e aprendamos a amá-lO com os nossos mais sinceros sentimentos.

* * *

O apoio do Cristo é de importância capital para cada um e para todos nós.

Se, por um lado, Ele não retira o fardo da quota das nossas responsabilidades, por outro, jamais nos deixa à míngua da Sua luminosa presença, o que será sempre garantia de fortalecimento para o enfrentamento da asperidade.

O Cristo é, assim, para nós, a fonte do ansiado alívio para todos os tormentos, para todas as lutas e dores, impulsionando-nos para que aprendamos a solucionar intrincados enigmas por meio da nossa comunhão com os Seus ensinos.

Não apenas nas quadras de aperto e infelicidade, mas, também, quando tudo nos sorri, quando o sol brilha sobre as nossas estradas, pois esse é o melhor tempo de fixarmos o aprendizado para os tempos de invernia.

Busque-O, você também, em cada dia da sua vida, com alegria interior, instalando em si mesmo os prenúncios da paz que o vacinará contra os maus tempos da alma, dando-lhe resistência para facear, com bom ânimo, todo e qualquer testemunho pelo qual tenha que passar.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 3, do livro Quem é o Cristo, pelo Espírito Francisco de Paula Vítor, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sementes de felicidade

 

Você sabe o que é felicidade? Ou você será daquelas pessoas que afirmam nunca terem sido felizes?

Será mesmo que a felicidade só alcança algumas pessoas ou será que você não descobriu o que é felicidade? Será que você pensa que felicidade deve ser total, irrestrita, ampla?

A felicidade existe. Ocorre que, comumente, não nos damos conta de fatos felizes. Não atentamos para coisas pequenas, mas importantes, que deveriam ser motivo de felicidade.

Recordamos de duas meninas cambojanas. Uma delas era uma criança miúda, vestindo farrapos. Estava tão coberta de fuligem que, num primeiro contato, não se conseguia ver se era menino ou menina.

Chamava-se Rithy e tinha doze anos. Nunca fora à escola. Vivia a revirar o lixão da capital cambojana, à procura de algo que pudesse render alguns trocados.

A outra tinha nove anos, chamava-se Nich. Ambas cheiravam muito mal.

Um homem se aproximou e disse que gostaria de conhecer a mãe delas. Combinou um encontro para o dia seguinte num café, à beira do rio, em um bairro turístico.

Deu-lhes dinheiro e, no dia seguinte, sentado à uma mesa, viu se aproximarem duas crianças.

Estavam tão limpas, tão transformadas que ele não as reconheceu.

Conversou com as mães e se propôs a lhes pagar uma mensalidade, caso mandassem as meninas para a escola, retirando-as do lixão, com o que concordaram.

A alegria iluminou o rosto das garotas. E mais ainda quando ele lhes comprou sorvete. Elas jamais haviam provado sorvete em sua vida.

O coração do homem também sorriu. Ele descobrira quão pouco bastava para provocar felicidade na vida de duas crianças.

Sim, para quem sabe apreciar cada momento da vida, cada gesto, cada dádiva, é fácil sorrir. Mesmo que toda sua vida tenha sido de dores e dificuldades.

E é o que as meninas faziam, ali, deliciando-se com o sorvete. Sorriam, felizes.

Como passou a sorrir Eang, de nove anos, encontrada imunda e coberta de feridas. Sua felicidade é ter saúde e frequentar a escola, onde alimenta um sonho: ser professora de inglês.

Também sorri aquele rapaz de dezessete anos, órfão desde os três e que morou no lixão quase toda sua vida. Depois de aprender inglês, trabalha como chef em elegante café.

Sempre feliz, sonha alto: abrir seu próprio restaurante.

E que se dizer da garota Leng, de seis anos, que jamais ganhara um presente ou bolo de aniversário!?

Ao redor de um enorme bolo, com seu nome escrito em cima, centenas de catadores de lixo cantaram Parabéns pra você.

Ela chorou, muitos choraram. Emoção geral.

Quando retornou para seu barraco, depois que todos tinham voltado para suas moradias, seu coração extravasou pelos lábios, cantarolando: Parabéns para mim. Parabéns para Leng. Parabéns para mim.

* * *

Se você acha que não é feliz, pense nessas crianças para as quais tudo que recebem é felicidade.

E descubra quantos motivos você tem para ser feliz: sua saúde, sua casa, seu lar, seus amores, a escola, o trabalho. A felicidade de ler ou ouvir este texto.

A alegria de ler, de concatenar ideias, a possibilidade de se emocionar...

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Grande Scott, de Robert Kiener, de Seleções Reader´s Digest, de junho de 2010.

sábado, 25 de agosto de 2012

Ações e palavras

O que você faz fala tão alto, que não consigo ouvir o que você diz.

O pensamento do filósofo e escritor americano, Ralph Waldo Emerson, precisa de nossa atenção.

Ações falam muito mais de nós mesmos do que nossas palavras.

Nossas palavras articulam-se por conveniência, por convenções e podem ser muito bem dissimuladas por força de nossa vontade, isto é, nem sempre contarão a verdade.

As ações mostram o que há em nossa alma, nossa índole, nossos valores.

É muito fácil falar. Mais difícil agir.

Francisco de Assis, missionário que resgatou a essência da mensagem do Cristo na Terra, em uma de suas pregações, afirmou:

A paz proclamada por vós com palavras deve habitar de modo mais abundante em vossos corações.

Isso significa que precisamos vivenciar algo para que nossas palavras e opiniões tenham peso. É a chamada autoridade moral.

Ela é válida na educação dos filhos, por exemplo.

Esses precisam identificar, nos genitores, o mesmo comportamento que estão exigindo deles.

Caso não encontrem essa referência, dificilmente seguirão qualquer recomendação educacional.

Os filhos poderão até obedecer, mas por medo, por ascendência da força, naquele momento.

Esse tipo de ascendência, porém, não dura. Tão logo se desvencilhem dos pais ou desenvolvam uma independência maior, voltarão a repetir as mesmas atitudes do ontem equivocado.

Resumindo: não aprenderam. Simplesmente atenderam a uma recomendação, por determinado tempo.

Por isso ouvimos falar na força do exemplo.

Os filhos copiam os pais em muitos aspectos. Imitam suas ações, sua forma de lidar com isso ou aquilo na vida. Seus conselhos só serão ouvidos se perceberem a força da autoridade moral embasando as falas.

A sabedoria de alguém não é medida pelo quanto ela sabe, conhece, mas pela qualidade de suas ações.

Vemos assim, no mundo, grandes vozes, de retórica impecável, mas cujas ações, no dia a dia, não condizem com seu verbo afiado.

Sobem nas tribunas do mundo, cantando a igualdade, a justiça, a defesa da população, quando em seu coração há apenas a busca pela satisfação de sua vaidade e egoísmo, tirando vantagem de tudo e de todos.

E muitas consciências de hoje estão tão doentes, tão obnubiladas, que nem sequer sentem algum tipo de remorso, culpa ou responsabilidade.

Despertarão mais tarde, possivelmente com a dor, com a força da lei de causa e efeito,colocando tudo de volta nos trilhos da alma descarrilhada.

Assim, cuidemos de nossas palavras e cuidemos de nossas ações.

O que fazemos fala muito mais alto do que aquilo que dizemos.

Lembremos do pensamento do filósofo:

O que você faz fala tão alto, que não consigo ouvir o que você diz.

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Serenidade e acomodação

Você já observou que um dos maiores inimigos do homem é a acomodação? Irmã da indiferença, aparentada com a preguiça, a acomodação é como uma doença que aos poucos paralisa as iniciativas humanas.

A acomodação vai contra o ritmo da vida. Sim, porque aqui na Terra tudo nos convida ao trabalho. A ação move a roda do progresso e é responsável pelos avanços humanos.

Sem trabalho, o homem se afasta de seu grupo social. Sem agir, ele se torna praticamente invisível aos outros. E assim foge ao contato que pode enriquecer sua experiência de vida.

Você já notou como há gente acomodada no Mundo? Pessoas que, à primeira dificuldade, simplesmente desistem. Outras há que sequer começam qualquer coisa que dê trabalho dobrado. São vítimas da preguiça.

É óbvio que essa acomodação não se restringe apenas ao trabalho. Quem é acomodado, leva isso para todos os demais aspectos da vida.

Assim, o acomodado não busca se aperfeiçoar ou se aprimorar. Pior: geralmente, costuma reclamar que não é valorizado. Esquece que não é valorizado porque está parado no tempo.

A atitude do acomodado é muito diferente da atitude de uma pessoa que enfrenta os acontecimentos da vida com serenidade. Vamos ver qual a diferença?

Sereno é aquele que, diante de uma situação adversa analisa todas as variáveis: verifica onde errou, como pode corrigir e pesa os prós e os contras.

Em geral, a pessoa realmente serena não se deixa perturbar pelas dificuldades, mas busca soluções.

O acomodado é bem diferente. Ele diz simplesmente: “Deus quis assim e eu não vou contra Ele”. E cruza os braços!

Ora, é indiscutível que tudo o que acontece é porque Deus permite. Também não se trata de ser contra a vontade divina.  No entanto, as dificuldades chegam para que aprendamos a lidar com elas.

Ou seja: toda situação difícil traz uma lição. Mas esse aprendizado é longo e tem várias fases.

Depois de observar quais lições aprendemos com determinados episódios, o passo seguinte é verificar se podemos minimizar os efeitos negativos.

A diferença entre uma pessoa tranqüila e uma pessoa acomodada é que a segunda não aproveita a lição de forma completa.

Ela pára no meio do caminho. Quando algo aparentemente ruim acontece, chora, se lamenta e fica por isso mesmo.

Algumas vezes até permanece calma, mas não reflete, nem toma qualquer atitude para que no futuro não mais seja atingida por situações semelhantes.

Em verdade, o acomodado tem preguiça de pensar no que fará daí por diante. Para ele é mais fácil varrer as dificuldades para debaixo do tapete do esquecimento.

E esse conformismo paralisa a criatura, faz com que ela se torne apática, sem iniciativa.

Por isso, vale a pena observar os nossos atos perante a vida. Que estamos fazendo com as lições que Deus nos permite vivenciar?

Será que estamos aproveitando para mudar hábitos negativos? Para modificar a maneira de ver as coisas?

Não esqueça de que cada momento vivido é um instante único em nossa trajetória. Cada lágrima ou sorriso carrega consigo um mundo de ricas experiências que devemos aproveitar.

Pense nisso!

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Prece eficaz

Em sua passagem pelo mundo, Jesus se notabilizou pela pureza, pela bondade e pela sabedoria.

A meditação sobre Sua vida é sempre salutar.

Um aspecto interessante para refletir consiste no hábito que Jesus tinha de orar.

Nas mais diversas oportunidades, buscava se conectar com o Pai.

A pedido dos Apóstolos, ensinou-lhes a oração dominical.

Em Suas derradeiras instruções, antes de experimentar o martírio, Ele também tratou da prece.

Disse que, até aquele momento, os discípulos nada haviam pedido em Seu nome.

Mas que, ao pedirem, receberiam, para que sua alegria se cumprisse.

Com base nessa assertiva, muitos cristãos entendem que toda e qualquer oração deve ser atendida.

Não têm pudor de rogar ao Senhor da Vida a satisfação de fantasias e caprichos.

Ou então pedem para que a morte poupe um ente querido.

De outras vezes, rogam para ter vida tranquila, ao abrigo de imprevistos e desastres.

Imaginam que todos os seus problemas se solucionarão, ao simples custo de uma rogativa.

Olvidam a lei do trabalho, para se lançarem no simples petitório.

Desejam facilidades, sucesso sem esforço.

Acreditam que sua condição de cristãos lhes garante uma posição privilegiada no mundo.

Com isso, esquecem outra afirmativa do Messias Divino, no sentido de ser necessário tomar a própria cruz.

Ou seja, esforçar-se para superar os percalços do mundo.

Guardar dignidade frente às tentações.

Servir de exemplo, com uma vida laboriosa e serena.

Na ausência de pronto atendimento a suas rogativas, quedam desalentados.

Entretanto, há um aspecto importante a ser observado.

Jesus prometeu a resposta do céu aos que pedissem em Seu nome.

Por isso mesmo, a alma crente, convicta da sua fragilidade, precisa interrogar a própria consciência.

Deve analisar o conteúdo de suas rogativas ao Supremo Senhor, no mecanismo das manifestações espirituais.

Estará ela suplicando em nome do Cristo ou das vaidades do mundo?

A título de orar, não estará apenas cultivando o hábito da reclamação?

Pedir, em nome de Jesus, implica aceitar a Vontade Divina sábia e amorosa.

Essa rogativa tão especial pressupõe a entrega do próprio coração.

E quem se entrega ao Divino Amigo sabe se contentar com o necessário que lhe é concedido.

Nessa entrega reside o segredo da compreensão perfeita da sublimidade do amor de Deus.

Ele não envolve Suas criaturas em padecimentos com o propósito de vê-las sofrer.

Experiências dilaceradoras destinam-se a fazer surgir a pureza dos anjos.

Elas propiciam a superação do estágio de infância espiritual.

Chamam a atenção para o que realmente importa: a consciência tranquila, a fraternidade e a fé.

Nisso reside a genuína alegria do cristão, que jamais perece.

Pense a respeito.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 66, do livro Caminho, verdade e vida, pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Caminho do coração

Em certa passagem do Evangelho segundo Mateus, Jesus exorta seus seguidores a que ajuntem tesouros no céu.

Diz que as conquistas da Terra sofrem os efeitos do tempo e podem ser roubadas.

Enfatiza que os valores do céu são perenes e não correm riscos.

Afirma, por fim que, onde estiver o tesouro de um homem, aí estará também o seu coração.

Essa observação sinaliza que o coração e o tesouro do homem estão sempre no mesmo lugar.

Pode ser entendida no sentido de que o coração determina as conquistas que serão feitas.

Habitualmente se imagina que a razão guia o homem em sua jornada.

Entretanto, não é a racionalidade que determina a vida que se leva.

Esse papel condutor cabe aos sentimentos.

O tom da vida é dado pelos desejos profundos do coração.

Ele é que confere valor ou desvalor a determinada conquista ou situação.

O sentimento define quem o homem é e qual caminho ele trilhará.

O coração estabelece os fins, ao passo que a razão fornece os meios para os alcançar.

Conforme os anseios da alma, são diferentes os caminhos.

Um homem pode desejar ficar rico.

Outro almejar viver grandes aventuras.

Um terceiro quer deixar bons exemplos para seus filhos.

Uma vez definida a meta, o papel da razão é identificar o melhor caminho.

Isso funciona em todos os setores da vida.

Por exemplo, na escolha da profissão.

O jovem, ao escolher entre as várias opções disponíveis, costuma se indagar a respeito de seus gostos e talentos.

Alguns querem ser médicos, outros apreciam matemática, outros ainda amam as artes.

Os sentimentos têm um papel central na vida humana.

Entretanto, de modo paradoxal, o intelecto tem merecido maiores atenções da sociedade.

Os pais se preocupam em colocar os filhos nas melhores escolas.

Essas se esmeram na elaboração de um currículo o mais vasto possível.

Contudo, para além da instrução, é necessário educação.

Ou seja, cuidar de retificar hábitos.

Mas a conduta somente é aperfeiçoada com sucesso a partir do sentimento.

É muito difícil manter uma conduta divorciada dos desejos do coração.

Sempre se tem um tom artificial, de coisa forçada.

Quando o coração participa, tudo se torna mais fácil.

Um bom exemplo é dedicar-se a alguém querido.

Os pais são capazes de atos de grande desprendimento em favor de seus filhos.

Justamente porque os amam, conseguem persistir em cuidados exaustivos, que duram anos.

Desse modo, sem qualquer prejuízo para o cultivo do intelecto, convém cuidar da emoção.

Prestar atenção nos próprios gostos e desejos, identificar o que neles demanda correção.

Dedicar-se a curar feridas íntimas, a perdoar e a pedir perdão.

Enamorar-se da ideia de ser digno e fraterno.

Uma vez estabelecido o sincero desejo do bem, vivê-lo será simples e fácil.

Pense nisso.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Reações violentas

 

Está se tornando comum as pessoas reagirem com violência ao mal que lhes acontece, ou àquilo que está em desacordo com os seus desejos.

Exatamente como a criança indisciplinada reage, gritando, jogando coisas quando suas vontades não são atendidas, as pessoas estão se permitindo agredir, revidar.

Quando o trânsito está lento há os que xingam a administração pública que não planeja vias melhores para o escoamento rápido dos veículos.

Se a loja informa que o artigo em oferta acabou, há os que se acham no direito de agredir os funcionários, acusando-os de propaganda enganosa.

Se o caixa se engana no troco, logo se afirma que ele é um indivíduo desonesto, desejando engordar o próprio salário.

Se a empregada pede para sair um pouco mais cedo, dizendo que deve levar o filho ao médico, logo alguém diz que ela não deseja trabalhar, que está inventando mentiras.

Se alguém esbarra em outra pessoa na rua, de imediato gritam alguns que o sujeito é mal educado, malcriado. Um abuso!

Em síntese, estamos vivendo uma época de muita agressividade. E nos queixamos da violência que toma conta das ruas, sem atentarmos que nós mesmos, muitas vezes, também agimos com violência.

Talvez por isso, um grande militar, desejando se espiritualizar, escolheu um sábio religioso e lhe perguntou:

Onde começa o inferno?

O pensador experiente meditou e falou: Por que um homem sem escrúpulos deseja saber onde começa o inferno? Cheio de armas destruidoras de vida, acerca-se de mim para perguntas tolas. O que espera que lhe diga, eu, que sou um homem de paz e justiça?

Antes que continuasse, o militar o interrompeu, levantando a espada e exigindo, cheio de raiva, que o sábio o respeitasse.

Sem qualquer receio, o homem velho esclareceu:

Aqui começa o inferno: na raiva descontrolada.

O oficial compreendeu e, num gesto rápido, tornou a colocar na bainha a espada, pedindo desculpas.

O sábio então o esclareceu: Homem, neste seu gesto começa o céu.

* * *

A raiva pode ser comparada a uma faísca portadora do poder de atear grandes incêndios. Basta uma palavra mal pensada, um gesto imprevisto para a gerar.

Quando solta, desencadeia conflitos inúteis e destruidores.

O homem que alimenta a raiva e se deixa dominar por ela, se torna bruto e violento.

Os antídotos para a raiva são a humildade que leva o indivíduo a reconhecer a própria fragilidade; a paciência, que lhe permite acompanhar o desenvolvimento da questão; a tolerância que entende a dificuldade alheia; enfim, o amor que é abençoada luz em todas as circunstâncias.

Redação do Momento Espírita,com base no cap. 6, do livro Perfis da vida, pelo Espírito Guaracy Paraná Vieira, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

domingo, 19 de agosto de 2012

Avisos do alto

Narra-se que Chico Xavier estava parado defronte ao correio, conversando com seu irmão André, quando um policial passou por perto e, colocando o braço direito sobre seu ombro, lhe disse:

Muito obrigado, Chico!

E foi andando.

Chico ficou intrigado com aquele agradecimento.Não podia atinar coma causa.

À tarde, ao regressar do serviço, viu defronte a um bar um bloco de trabalhadores da fábrica e, no meio deles, o guarda que o abraçara pela manhã.

Passou mais perto e observou que o guarda tentava a­partar uma briga entre dois irmãos,que se desentenderam por coisas de somenos importância.

O policial, vendo inúteis seus esforços e porque a discussão já se generalizava,envolvendo todo o bloco,tirou da cintura o revólver e ia usá-lo para impor sua autoridade.

Chico, mais que depressa, chegou perto e pediu-lhe:

Calma, meu irmão.

O guarda voltou-se contrariado mas, reconhecendo Chico, como que envergonhado do seu ato, parou de súbito e exclamou:

Muito obrigado, Chico!

Controlou-se, usou da palavra, aconselhou e o bloco foi desfeito com o arrefecimento dos ânimos...

À noite, indo Chico para o Centro Espírita, encontrou-se com ooficial novamente:

Chico, ia procurá-lo e agradecer-lhe, muito de coração, o bem que você me fez, por duas vezes.

Por duas vezes? Como?

Anteontem sonhei com você, que me dizia: "Cuidado, não saia de casa carregando arma à cintura como sempre o faz. Evite isso por uns dias...”

Por isso é que lhe disse, hoje, pela manhã:"Obrigado, Chico!" Referia-me ao sonho, ao seu aviso.

Mas me esqueci de atendê-lo. Saí armado e, se não fosse o concurso de nossos amigos espiri­tuais na hora justa, teria feito hoje uma grande bobagem. Poderia até ter matado alguém... Mas a lição ficou, Chico.

Muito obrigado, Deus nos ajude sempre!

*   *   *

O fato mostra, primeiramente, como Chico era um instrumento da paz neste mundo. Visitando o amigo em sonho e depois o salvando, pessoalmente, de se comprometer seriamente com a vida.

Também mostra como ainda ignoramos mensagens claras de alerta, de aviso, que buscam nos preservar de problemas maiores na existência.

A espiritualidade se utiliza dos sonhos, das intuições e até dos que estão ao nosso redor para nos dar recados, para nos trazeradvertências preciosas.

Só quem está com os pensamentos em equilíbrio e com a alma tranquila, consegue ouvir e se aproveitar dessas oportunidades inigualáveis.

Aqueles que estamos nervosos, afundados em ódios e pensamentos negativos, tornamo-nos surdos a qualquer bom conselho que possa nos ser dado.

Os Espíritos influenciam muito nossos pensamentos e atos. Escolher que conselhos vamos ouvir, que influências, boas ou más, iremos nos permitir, é escolha apenas nossa.

Utilizemos nossa sensibilidade. Prestemos maior atenção às intuições. Paremos, sempre que possível, elevando o pensamento em oração e perceberemos que podemos receber muito mais ajuda do que imaginamos.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 48, do livro Lindos casos de Chico Xavier, de Ramiro Gama, ed. Lake.

sábado, 18 de agosto de 2012

Os braços de meu Pai

"Haverá lugar mais seguro no mundo, do que os braços de meu pai?

Haverá abraço mais forte, presença mais certa, do que a certeza de meu pai?

Depois de partir tantas vezes, depois de lutar tantas vezes, haverá outro lar para onde eu possa voltar, senão para a mansão do coração de meu pai?

Haverá professor mais dedicado, médico mais experiente, conselheiro mais sábio do que este?

Haverá olhos mais zelosos, ouvidos mais atentos, lágrimas mais sentidas, sorrisos mais serenos do que os dele?

Existirá mais alguém no mundo que lute por mim como ele? Que se esqueça de suas necessidades pensando nas minhas? Que esteja lá, em qualquer lugar, a qualquer hora, por seu filho?

Existirá mais alguém no mundo que renuncie a seus sonhos pessoais por mim, e que chegue até a tornar os meus sonhares os seus próprios, por muito me amar, e por muito querer me ver feliz? Existirá alguém?

Raros são os corações como o dele. Raro como a chuva durante a estiagem. Raro como o sol nas noites eternas dos pólos terrenos.”

Nossos pais são únicos. São destas almas que Deus, em sua bondade sem fim, coloca em nossas vidas, para torná-las completas.

Nossos pais são únicos. São as estrelas que permanecem no firmamento, dando-nos a beleza e a luz da noite, sem nada exigir em troca.

São tão valorosos, que mesmo após se tornarem invisíveis aos olhos, e serem vistos apenas em fotografias e sonhos, continuam conosco, com o amor de sempre, com o abraço seguro de todas as horas.

É por tudo isso que preciso lhe dizer, pai, não somente hoje, mais em todas as manhãs que a vida nos proporcionar; que se meus passos são mais certos hoje, é porque souberam acompanhar os seus; que se hoje sou mais responsável, é porque minha responsabilidade se espelhou na sua; e que se hoje sonho em ser pai, é porque tive em você a maior de todas as inspirações.

Não sabemos ao certo o tempo em que estaremos juntos, aqui, nesta jornada, mas saiba que nada me fará mais feliz no futuro do que reencontrá-lo, tantas e tantas vezes, em tantas e tantas vidas, porque jamais existirá lugar mais seguro no mundo, do que os seus braços, meu pai querido.

Minhas preces têm em seus versos o seu nome.

Meu espelho tem as feições que seu semblante me emprestou.

Minha fé tem a sua certeza, a sua confiança.

Meu coração tem as sementes das suas virtudes, e o livro da história de minha felicidade, tem em todas suas páginas, a palavra “pai”.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no poema “Os braços de meu pai”– autor desconhecido.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Especial gratidão

A gratidão é um sentimento nobre. Somente almas de superior qualidade a externalizam.

Quase sempre, o bem que se recebe é esquecido, tão logo circunstâncias outras se apresentem.

Mas, aquele garotinho de quatro anos era mesmo um ser especial. Quando começou a passar mal, seus pais o levaram ao médico. Os sintomas de vômito, febre e dor na barriga foram diagnosticados como gastroenterite.

O diagnóstico errado conduziu o pequenino a uma cirurgia de emergência. Um apêndice perfurado causara um grande estrago interno. De tal forma que o médico optou por deixar a incisão aberta e dois drenos.

Todas as manhãs, o médico vinha verificar a incisão e fazer o curativo. O garotinho gritava feito louco durante essas visitas.

E começou a associar o médico com tudo de ruim que lhe estava acontecendo.

Durante uma semana, os drenos deixaram escorrer o veneno de dentro do seu corpo de apenas dezoito quilos.

A melhora se instalou e pai, mãe e filho se dispuseram a deixar o hospital. Já no elevador, com as portas começando a fechar, eles viram o médico correr em sua direção.

Um exame de sangue de última hora havia detectado uma queda radical na contagem de glóbulos brancos.

O menino retornou para a cirurgia para limpeza de novas bolsas de infecção no seu abdômen.

Finalmente, depois de vários dias de tratamento, muitos sustos para os pais, que viram a sombra da morte colocar suas cores no rosto do filho, eles foram para casa.

Agora, outro problema se apresentava: as contas a pagar. O pai ficara muito tempo afastado da atividade profissional, por conta da enfermidade do filho.

Havia contas domésticas, da empresa e, acrescidas, ademais, por enormes contas hospitalares. A primeira dessas era de trinta e quatro mil dólares.

Poderia ser um milhão, disse o pai. Tanto faz. Não tenho como levantar essa quantia.

Não podemos pagar isto agora, disse ele para a esposa.

Naquele exato momento, o filho veio da sala e surpreendeu o casal com uma estranha declaração. Ele ficou de pé na extremidade da mesa, colocou as mãos na cintura e falou:

Papai, Jesus usou o doutor para ajudar a me consertar. Você precisa pagar a ele.

Então, se virou e saiu. Marido e mulher se entreolharam. O que fora aquilo?

Ambos foram pegos de surpresa, de vez que o garoto entendera que o cirurgião era a fonte de todas as apalpadelas, cortes, espetadelas, drenagens e dores.

E o pai ficou a pensar como fora estranha aquela proclamação na cozinha. Afinal, quantas crianças de quatro anos analisam as angústias financeiras da família e exigem o pagamento para um credor? E, principalmente, um credor de quem ele nunca gostou particularmente...

* * *

Os que ouvimos a história dessa família concluímos: o garoto estava agradecido e, na sua gratidão, não podia deixar de pedir que quem o salvara da morte, recebesse o seu justo pagamento.

Deixemo-nos contaminar por esse belo sentimento e recordemos se a alguém ou a vários alguéns não estamos devendo expressões de gratidão.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base nos caps. Nove, dez e onze, do livro O céu é de verdade, de Todd Burpo, com Lynn Vincent, ed. Thomas Nelson Brasil.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Uma importante lição

Numa época em que um sorvete custava muito menos do que hoje, um menino de dez anos entrou numa lanchonete e se sentou a uma mesa.

Uma garçonete colocou um copo d'água na frente dele.

Quanto custa um sundae? Ele perguntou.

Cincoenta centavos, respondeu a garçonete.

O menino puxou as moedas do bolso e começou a contá-las.

Bem, quanto custa o sorvete simples? Perguntou outra vez.

A essa altura, mais pessoas estavam esperando por uma mesa. A garçonete foi se irritando. De maneira brusca, respondeu: Trinta e cinco centavos.

O menino, mais uma vez, contou as moedas e disse: Eu vou querer, então, o sorvete simples.

Depressa, a moça trouxe o sorvete simples e a conta, colocou na mesa e saiu. O menino acabou o sorvete, pagou a conta no caixa e saiu.

Quando a garçonete voltou e começou a limpar a mesa, não pôde deixar de chorar. Ali, do lado do prato, havia duas moedas de cinco centavos e cinco moedas de um centavo. Ou seja, o menino não pôde pedir o sundae porque ele queria que sobrasse a gorjeta da garçonete.

* * *

Ser grato aos que nos servem é um dever tanto quanto servir com alegria.

Quem serve, deve mostrar gratidão pela oportunidade do trabalho. Quem é servido deve demonstrar gratidão pelo serviço do outro, de que necessita.

Afinal, todos somos, na Terra, dependentes uns dos outros. (*)

Já imaginou em que se transformaria o panorama do mundo sem a contribuição de faxineiros, pedreiros, carpinteiros, jardineiros?

O que seria do hospital, com médicos, enfermeiras e gente especializada nos laboratórios, se faltasse a faxina para garantir a limpeza?

Como poderia garantir a qualidade dos seus pães e doces, o padeiro, sem o concurso do produtor que lhe entregasse a farinha de boa qualidade?

De que valeria o trabalho muito bem pensado e estruturado de engenheiros e arquitetos, se faltasse a preciosa mão de obra de serventes e carpinteiros?

Em todo lugar, sempre, dependemos uns dos outros. O que abre a loja e expõe a mercadoria, necessita do cliente que observe, goste e compre.

Clientes e vendedores, patrões e empregados, superiores e subordinados, necessitamos e muito uns dos outros. Não podemos sobreviver, muito menos viver uns sem os outros.

Por isso, a melhor técnica é nos unir, dar as mãos, valorizarmo-nos uns aos outros e sermos gratos pela oportunidade de servir e receber serviços.

* * *

O comércio é também uma escola de fraternidade. Realmente, precisamos da atenção do vendedor, mas o vendedor espera de nós a mesma atitude.

Sempre que nos sintamos no direito de reclamar, não façamos do nosso verbo um instrumento de agressão.

Por vezes, a pessoa mal-humorada, em seus contatos públicos, carrega um pesado fardo de inquietação e doença.

Acostumemo-nos a pedir por favor aos que trabalham em repartições, armazéns, lojas, lanchonetes e hotéis.

Antes de serem empregados à disposição de clientes, são seres humanos que sentem alegria, dor, têm seus problemas e esperam compreensão dos demais seres humanos.

Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada e no cap. 11 do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Luzes do entardecer

Conserva contigo os companheiros idosos, com a alegria de quem recebeu da vida o honroso encargo de reter, junto ao coração, as luzes do próprio grupo familiar.

Pensa naqueles que te preservaram, quando jovens, a existência frágil, nos panos do berço. Naqueles que atravessaram noites em claro, simplesmente para te velar o sono febril.

Reflete nos que te equilibraram os primeiros passos, enquanto tentavas andar sozinho.

Todas as vezes que caíste, eles te ergueram, sem reclamar de dores nas costas, por terem que se agachar quase até o chão, porque eras tão pequenino...

Recorda os que te afagaram os sonhos da meninice, que sorriram com as tuas primeiras conquistas, que sempre estiveram presentes nas festas de aniversário, nos encerramentos escolares, nas peças de teatro em que figuravas.

Quando chegavas em casa tristonho, insatisfeito com o resultado da disputa do jogo de futebol entre colegas, sempre tiveram uma palavra de consolo e um colo amigo.

Já que eles atravessaram o caminho de muitos janeiros, pensa no heroísmo silencioso com que te ensinaram a valorizar os tesouros do tempo.

Medita nas dificuldades que terão vencido para serem quem são. Também foram adolescentes, jovens. Tiveram sonhos...

Pensa no suor que lhes alterou as linhas da face. Suor das tantas tarefas profissionais e no lar. Tantas tarefas para que não te faltasse o teto, o pão, o abrigo e o carinho.

Pensa nas lágrimas que lhes alvejaram os cabelos. Muitas delas ocasionadas por tua rebeldia de criança que teimava em não amadurecer.

Quando, hoje, porventura, te mostrem azedume ou desencanto, escuta-lhes a palavra com bondade e paciência.

Não estarão te ferindo. Provavelmente estão murmurando contra dolorosas recordações de ofensas recebidas, que trancam no peito, a fim de não complicarem os dias dos seres que lhes são tão especialmente queridos.

Ama e respeita os companheiros idosos! Eles são as vigas que te escoram o teto da experiência para seres o que és.

Auxilia os idosos, quanto puderes, porquanto é possível que, no dia-a-dia da existência humana, venhas igualmente a conhecer o brilho e a sombra que assinalam no mundo, a hora do entardecer.

* * *

Exercita a gentileza e a gratidão para com todas as pessoas, especialmente os idosos.

A velhice é uma fase que alcançarás, com certeza, caso a morte não te arrebate o corpo antes.

Pode parecer cansativa a presença do idoso. Ele, porém, é rico da experiência que te pode brindar, mas também é carente dos recursos que lhe podes oferecer.

Redação do Momento Espírita, a partir da mensagem Luzes do entardecer, pelo Espírito Meimei, psicografia de Francisco Cândido Xavier e do cap. XXIX, do livro Vida feliz, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sábado, 11 de agosto de 2012

Pais que gostam de ser pais

Há um novo tipo de homem na praça.

O homem paterno.

Sonha ser pai, vibra quando sabe que vai ser pai e adora brincar com o fruto de seu amor. Não viu quem não quis, não vê quem não quer.

São jovens, às vezes nem tanto, desfilando garbosos com seu menino ou sua menina, ocupando-se do ofício de criar um ser humano que nasceu dele.

Também são vistos em shopping centers, supermercados, no carro, na rua ou nos estádios com seus filhos adolescentes.

Aqui e acolá pode-se vê-los empinando pipas, empurrando bicicletas, rolando na grama com seus pequenos. Se preciso, cozinham, dão banho, trocam fraldas e, como suas esposas, enfrentam tudo o que um bebê costuma exigir dos seus pais.

Acabou o tempo do pai distante.

Jovens pais chegam hoje ao trabalho com cara de quem cuidou do filho para que a mãe dormisse um pouco.

Os tempos estão mudando. Nisso, para melhor.

Não conheço as estatísticas e nem sei se foram feitas, mas sou capaz de apostar que hoje a maioria dos pais investe pelo menos 50% do tempo em que estão em casa no ofício de cuidar dos filhos.

O macho da espécie descobriu que filho é tarefa dos dois e que se quiser uma esposa mais descansada precisa ajudá-la a cuidar do fruto que nasceu de ambos.

Deixou de ser pachá e rei, para ser pai com tempo integral.

E é bonito ver que muitos divertem-se com isso.

Gostam de estar com seus filhos, brincam, incentivam, querem deixar sua marca amiga no pequeno ser humano que Deus lhes deu de presente.

Quem nunca ouviu que ouça: milhões de rapazes na casa dos vinte anos respondem positivamente sobre a idéia de ter um filho. Querem ser pais e acham que isso é realização. Gostariam de tê-lo com a mulher certa porque ficaria mais tranqüilo criar aquele filho.

Há uma geração que mesmo quando brinca de sexo, ou vive-o com a mulher errada, lá no fundo de seu coração masculino espera ter um filho a quem amar.

Os pais estão mudando.

Não é que os pais de ontem fossem menos pais. Os tempos eram outros e a sociedade educava o pai para ter uma certa distância dos filhos.

Hoje eles estão convencidos que a distância machuca o filho.

Os pais estão muito mais presentes.

É bom para os filhos, bom para as mães, bom para os próprios pais e bom para a sociedade. Benditos os pais que gostam de ser pais.

Os filhos agradecem.

Fonte: Pe Zezinho - scj

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Amando a vida

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu...

Assim são os versos iniciais da música de Chico Buarque de Holanda, Roda viva.

E é como muitas pessoas se sentem, em alguns dias. Desesperançadas, descontentes, sem perspectivas de dias melhores.

Pessoas que acreditam que para ser feliz há que se ter muito dinheiro para desfrutar de viagens, festas e ter tudo que se deseje: de roupas, joias a carros importados e iates.

A mídia, de um modo geral, reforça essas ideias, com seus apelos de marketing, novelas e filmes que mostram a irrealidade da felicidade como consequência do ter.

Pessoas assim facilmente se sentem infelizes. Se a festa não teve o brilho idealizado, se o amor partiu, se o amigo não atendeu a um pedido, tudo é motivo para tristeza.

Acreditam que a vida não vai além de uma feliz excursão pelo planeta, em venturoso período de férias.

Para quem, no entanto, tem a consciência da real dimensão da vida, que é aprendizado e progresso, todo esforço é valorizado e a superação é comemorada.

Um exemplo disso é Emmanuel, um jovem iraquiano. Ele e o irmão foram encontrados por uma freira dentro de uma caixa de papelão.

Certo dia, um anjo louro, conforme ele narra, adentrou o orfanato onde se encontravam. Em princípio, o intuito era de os conhecer e, talvez, financiar as cirurgias de que necessitavam.

Ao menos, assim pensavam os irmãos que, por causa da guerra química, são portadores de graves defeitos físicos nos membros.

Mas, aquela australiana se apaixonou pelos meninos que sequer sabem ao certo sua idade pois não têm certidão de nascimento.

Emmanuel, que imagina ter em torno de dezessete anos, tem um sorriso aberto, franco, contagiante.

Nada de tristezas alimentadas. Ele sonha em ser cantor profissional e, tendo se apresentado em um show de talentos, na Austrália, conquistou o público, com sua desenvoltura no palco.

A música que escolheu foi Imagine, de John Lennon.

Arrebatou o público ao convidar, em excelente interpretação: Imagine que não há países... Nada porque matar ou morrer.

Imagine todas as pessoas vivendo a vida em paz.

Imagine nenhuma propriedade. Nenhuma necessidade de ganância ou fome. Uma irmandade de homens.

Imagine todas as pessoas compartilhando o mundo todo.

Você pode dizer que sou um sonhador, mas eu não sou o único. Eu espero que algum dia você se junte a nós e o mundo viverá como um só.

* * *

Enquanto Emmanuel persegue seu sonho, ele continua sorrindo e amando a vida. Sobretudo a essa mãe que deu a ele e ao irmão uma nova vida.

Para todos os que lamentam não ter roupas de grife ou dinheiro para gastar, é bom recordar desses dois iraquianos: sem identidade, sem família, com graves deficiências nos membros. E eles sorriem.

Sem apego ao passado de dores, sem mergulho na tristeza pelas deficiências físicas, eles aproveitam intensamente a vida com a mãe australiana que beijam e abraçam, mesmo que não tenham braços perfeitos para envolver o pescoço amado.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Emmanuel Kelly, colhidos na Internet.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Executivo e pai

Ser um executivo de sucesso e pai, ao mesmo tempo, parece impossível.

A empresa exige excessiva dedicação e há executivos que chegam a passar cento e oitenta dias por ano entre aeroportos, táxis e hotéis.

Estudos feitos na Califórnia indicam que um pai típico da década de sessenta costumava passar quarenta e cinco minutos por dia com os filhos. Três décadas depois, esse tempo foi reduzido para seis minutos.

O empresário americano, Tom Hirschfeld, de trinta e seis anos, afirma, no entanto, que é possível ser um ótimo executivo e um ótimo pai.

Com dois filhos, de cinco e dois anos, diz que um pai que consegue driblar as manhas e vontades de um filho de cinco anos, por exemplo, tem todas as condições para tirar de letra quaisquer problemas com um funcionário talentoso, mas complicado.

Homens de negócios, bons empresários, diz ele, podem ser ótimos pais. Assim, aconselha: Conheça seu filho. Descubra os gostos dele, seus amigos e inimigos. Gaste algumas horas com ele.

Faça com que seu filho tenha confiança em você. Marque presença. Administre sua agenda e esteja presente nos momentos importantes da vida dele.

Saiba quando e a quem delegar a sua substituição. Assim, não deixe a babá levar o seu filho para a cama só porque você quer assistir o segundo tempo do futebol na TV. Aproveite e esteja com ele.

Faça a oração da noite e se enterneça com as rogativas dele a Deus, que vão do papai e mamãe ao gatinho doente da prima.

Supervisione a escovação dos dentes, a troca do pijama e descubra como ele está crescendo, vencendo suas barreiras.

Resista à tentação de deixar seu filho aos cuidados da televisão ou do computador. Nada é tão importante como a presença, o toque, a palavra.

Não há necessidade de estar cem por cento do tempo com os filhos, mas aprenda a reservar um bom tempo para a família.

O restante é seu, não importando o que você faça com ele.

E não se esqueça que é preciso ter disciplina, pois a melhor forma de ensinar ainda é o exemplo. E o melhor caminho é o diálogo.

*   *   *

No trato com os filhos, seja sempre imparcial, a fim de não incorrer em injustiças.

Mas não confunda justiça com igualdade. Cada filho, por sua personalidade única, deve ser tratado de forma diferente.

Dose, portanto, sua energia com uns e outros.

Com certeza, a tarefa não é fácil. Contudo, você tem um aliado invencível: Deus, nosso Pai, que sempre está ao seu lado e lhe responderá às indagações que Lhe dirigir pela prece sincera.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Não basta ser executivo... Tem que ser pai, de Alexandre Alfredo, da revista Exame, de 11 de agosto de 1999.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Outro Olhar

 

O pintor e documentarista francês, Hugues de Montalembert, tinha trinta e cinco anos quando sua vida mudou drasticamente. Durante um assalto ocorrido no ano de 1978, em Nova York, ele perdeu a visão.

Após o acidente, ele teve que se adaptar a outra realidade. Na vida, que antes era banhada pela luz e cor, agora predominaria a escuridão.

Ele que, em sua profissão, entendia o mundo através dos olhos, fotografando paisagens e pintando telas, encontrou-se em um mundo abstrato, composto basicamente por sons.

Mas não se deixou abater e descobriu que a saída estava dentro dele mesmo.

Com o objetivo de reconquistar sua independência e recuperar a liberdade, ele seguiu enfrentando a nova realidade, iniciando um processo contínuo de autossuperação.

O primeiro obstáculo foi vencido quando aprendeu a caminhar pelas ruas acompanhado apenas pela bengala.

Para reencontrar o prazer de viver, empreendeu viagens solitárias a lugares distantes como Indonésia, Groenlândia e Himalaia, desenvolvendo uma impressionante habilidade de ver sem os olhos.

Descobriu que o medo é o principal inimigo da pessoa cega. E, mesmo sem enxergar, continuou a amar a vida.

Uma grande descoberta que fez foi quando identificou que a luz é capaz de tornar muitas coisas invisíveis. Antes ele se ocupava tanto em olhar, que deixava de perceber, escutar e sentir as pessoas.

Simplesmente porque seus olhos agora não podiam mais enxergar, ele passou a conhecer as pessoas melhor, buscando o sentimento que traziam na voz, no sorriso, no toque e na movimentação.

No constante duelo com a escuridão, acabou entrando em contato com a sua essência, encontrando, dentro de si, características que não teria identificado em outra situação.

Sentiu-se vitorioso, quando muitas pessoas na mesma condição sentir-se-iam derrotadas.

Em suas novas aventuras pelo mundo contemplou paisagens, criando sua própria visão através da somatória dos sons, movimentos e aromas que a natureza lhe oferecia.

Aprendeu a criar imagens evocando um mundo que havia observado intensamente por trinta e cinco anos. Tornou-se capaz de descrever uma paisagem e reconhecer sua beleza, sem vê-la, apenas com a percepção dos demais sentidos.

* * *

Sirvamo-nos do exemplo de superação desse homem, que foi capaz de enfrentar as dificuldades e adaptar-se com alegria a uma nova vida, não se prendendo ao passado, pois sabia que se o fizesse, ceifaria seu futuro.

Deixemos a nossa sensibilidade fluir, descobrindo que os olhos da alma são capazes de enxergar dimensões infinitas, que vão além do que podemos ver com os olhos físicos.

Ainda que tenhamos uma visão perfeita, não nos tornemos cegos para a beleza e poesia da vida.

Ver é enxergar além. É se colocar além da aparência e identificar que há um outro mundo além do mundo real.

Redação do Momento Espírita, com base no livro Um outro olhar, de Hugues de Montalembert, ed. Sextante

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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Perda de amores

 

Perdi meu filho! Perdi minha filha!

Estas são expressões lacrimosas de pais vestidos de dor, pela morte dos seus filhos.

A lógica humana pondera que os pais devam morrer antes dos filhos. Seria a ordem natural das coisas. - Comenta-se.

No entanto, a vida tem suas próprias diretrizes e não segue a lógica que se lhe tenta determinar.

Cada ser tem seu tempo certo de vida. Seu momento de partir.

Cada criatura traz, ao nascer, a programação que estabelece o quantum de anos deva transitar sobre a Terra.

Por isso, inúmeras vezes, partem antes os filhos do que seus pais.

Isso sem se falar das mortes que ocorrem por conta e risco da imprudência, dos desatinos, das inconsequências mundanas.

De toda forma, o  processo de separação pela morte é extremamente doloroso, na Terra.

Acostumados à vestimenta carnal, grosseira, impedidos de ver o mundo invisível, que nos cerca, choramos a ausência dos que nos disseram o grande adeus, na aduana da morte.

Chorando e lamentando, falamos de perda. Mas, como escreveu José Saramago: Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.

Eis o ponto. Ninguém perde ninguém. Os filhos nos são confiados à guarda pela Divindade. Os pais nos são oferecidos como portos de segurança.

Cada pessoa que nos conquista a afeição pode permanecer conosco um tempo mas, bem poderá ser convidada ao retorno, antes de nós.

Compete-nos, portanto, estarmos preparados a fim de que não detenhamos as lutas porque alguém se foi. Não nos vistamos de crepe porque a morte arrebatou o ser amado do nosso lado.

Sobretudo não utilizemos palavras como perda, pois que o que se verifica é a ausência da presença física.

Os que partem prosseguem nutrindo por nós os mesmos sentimentos.

Se nos amam, envolvem-nos com seus abraços espirituais de forma constante. De onde se encontrem, trabalhando no bem, crescendo no progresso, nos enviam suas mensagens de luz.

Aguardam-nos, a cada noite, o desprendimento do corpo para dialogarem conosco mais intensamente. E nos abençoam as lembranças, fazendo-nos tudo recordar como um delicado sonho, ao despertar.

Alegram-se com nossas conquistas. Fazem-se presentes em nossas festividades e nos enxugam as lágrimas, nos dias de desolação.

Alimentam a nossa saudade com suas sutis presenças e, vez ou outra, espalham o perfume do seu amor, causando-nos doces emoções.

Incentivam-nos nas lutas de cada dia e aguardam, paciente e amorosamente, que os anos transcorram a fim de que se processe o reencontro.

Eles nos disseram Até logo mais, não Adeus.

Afetos ausentes. Não perdidos, nem desaparecidos.

Pensemos nisso e reformulemos nossos pensamentos e palavras.

Redação do Momento Espírita.