quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

VITRINE DO MUNDO


 
O menino caminhava ao lado de sua avó por movimentada avenida. Estava de férias e reservara aquele dia para o passeio há muito combinado com a gentil senhora.
 
Já haviam observado diversas vitrines, quando uma em especial chamou-lhes a atenção. Tratava-se de uma loja de brinquedos.
 
O menino ficou encantado. Havia brinquedos dos mais variados tipos, coloridos, eletrônicos e de tabuleiro. Ele não sabia para qual deles olhar primeiro.
 
Andava eufórico de um extremo ao outro da vitrine, chamando a atenção da avó para esse e aquele brinquedo.
 
A bondosa senhora, percebendo a alegria, disse que ele poderia escolher um entre os brinquedos expostos para que ela o presenteasse.
 
Ansioso, o menino observou mais uma vez todas as opções.  Sentindo-se ainda bastante indeciso, pediu à avó que o auxiliasse na escolha. Gentilmente, ela começou a lhe dar sugestões.
 
Nesse momento, o menino avistou, no lado oposto da rua, outro menino, encolhido sob uma marquise. Suas roupas estavam muito sujas e os pés, descalços.
 
Tomado de compaixão, chamou a atenção da senhora para aquele menino e, segurando nas macias mãos da avó, disse-lhe: Vovó, ao invés de comprarmos um brinquedo caro para mim, poderíamos usar esse dinheiro para levarmos aquele menino para almoçar conosco. O que a senhora acha?
 
A avó, tomada de surpresa pelo gesto nobre do neto, mais do que depressa concordou com ele e, juntos, foram convidar o menino para almoçar.
 
Rumaram os três para uma deliciosa refeição, não sem antes comprar roupas para aquela criança cujo futuro era tão incerto.
 
Através de uma longa conversa, a senhora descobriu que ele era órfão e, desde a morte de seus pais, estava nas ruas, passando pelas mais diversas necessidades.
 
Sendo assim, ela o levou para um abrigo de menores, não deixando de visitá-lo, com seu neto, periodicamente, dando-lhe atenção e amor.
 
* * *
 
O mundo é para nós uma grande vitrine. Nele, vemos expostas das coisas mais sublimes até as mais repugnantes.
 
Encontramos da mais alta filosofia, das mais impressionantes obras de arte, dos mais belos gestos humanitários até a violência gratuita, os preconceitos, o desrespeito pela vida humana.
 
Temos tudo ao nosso dispor. O que nos diferencia é a escolha que fazemos diante de tantas opções. Podemos optar pela guerra ou escolher a paz. Optar pelo tratamento cordial ou pelo desprezo mesquinho.
 
Podemos, ainda, escolher auxiliar alguém através de um gesto caridoso ou fingirmos que as dores do mundo não fazem parte do nosso cabedal de responsabilidades.
 
Nossas escolhas são capazes de mudar vidas, estabelecer rumos, abrandar corações, curar feridas. São elas que definem o que somos. Nós somos o produto de nós mesmos.
 
Nas palavras do autor irlandês Clive Lewis: Cada vez que você faz uma escolha, está transformando sua essência em alguma coisa um pouco diferente do que era antes.
 
Pensemos nisso!
 
Redação do Momento Espírita.

DIAS CINZENTOS


 
Em algumas regiões de nosso planeta, em países localizados em latitudes mais extremas, distantes do Equador, é natural que o inverno se faça mais rigoroso.
 
Aí, à chegada da estação invernal, os dias se fazem mais curtos e o céu é, via de regra, tomado de tonalidades cinzas.
 
Os dias se sucedem com poucas variações, melancólicos, morosos. O céu sempre pesado, com suas nuvens carregadas.
 
Nessa época, apontam alguns estudos, aumenta o número de suicídios e os sintomas da depressão.
 
Tomados pela atmosfera triste, pelo clima frio e, naturalmente, mais introspectivo, essas pessoas deixam-se levar sutilmente pela aparente tristeza da natureza, esquecendo-se que logo mais virá a primavera.
 
Nas tradições míticas dos povos nórdicos, onde os invernos são muito rigorosos, imaginavam que a chegada do inverno se dava porque o deus Thor havia perdido seu martelo.
 
Quando o tornava a encontrar, dava-se o início da primavera, da pujança, da alegria e força da natureza.
 
* * *
 
Assim ocorre com nossa vida, habitualmente. Há dias de inverno, cinzas, frios e tristes.
 
São dias em que os desafios se mostram mais intensos, em que as dores, do corpo ou da alma, se apresentam mais rudes e onde também, alguns de nós se deixam levar para estados d'alma tristes e depressivos.
 
Esses dias cinzas são também dias de aprendizado, de conquistas e de amadurecimento.
 
O ciclo da natureza não prescinde do frio do inverno, das mudanças climáticas e do hibernar momentâneo da vida para que reinicie seu ciclo logo mais.
 
Nosso processo de amadurecimento e aprendizado também não pode dispensar dias cinzentos e pesados.
 
São essas horas que nos oportunizam a reflexão que talvez os dias de saúde não nos trariam.
 
É nos momentos de dor que repensamos nossas atitudes e valores, readequando-os de maneira mais sensata e amadurecida.
 
Porém, como na natureza, tudo passa. Dessa forma, à invernia das dores e dos tormentos, outro ciclo de possibilidades e realizações felizes se faz presente.
 
Novamente surgem os dias de primavera em nossa vida.
 
Por isso, não podemos desanimar ou nos deixar levar por processos depressivos, mergulhando em tristezas profundas, perdendo as esperanças como se tudo fosse um doloroso fim.
 
É apenas o ciclo da vida, que ora nessa ou naquela situação, nos dá a chance de crescimento necessário.
 
Como Espíritos imortais que somos, a cada reencarnação, novos desafios são programados pela Bondade Divina, a fim de que aprendamos as Suas Leis de amor e justiça.
 
Portanto, se hoje os dias nos são invernais, se os céus de nossa vida se mostram cinzentos e sombrios, roguemos ao Senhor da Vida que nos conceda força, bom ânimo. Alimentemos nossa fé na oração.
 
Assim que as lições necessárias se concluirem, as flores da primavera serão nossa recompensa, perfumando nossos caminhos e tornando a nos falar das glórias e da Bondade Divinas.
 
Redação do Momento Espírita.