segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

LEI DO RETORNO

 

Embora muitos de nós não entendamos o funcionamento das leis de Deus, elas se manifestam a cada instante da vida, como mensageiras da justiça e do amor divino.

Paulo e sua esposa estavam atravessando uma avenida de grande movimento na cidade de São Paulo, quando perceberam no outro lado da rua dois rapazes que também os olhavam.

O marido pressentiu que seriam assaltados e disse à esposa para cuidar melhor da bolsa que levava à tiracolo.

Como não tinham mais como desviar o caminho, foram em frente, com os corações sobressaltados.

Quando se aproximavam mais, um dos rapazes se adiantou e, acenando, gritou:

“Olá Dr. Paulo, como vai o senhor?”

Paulo, sem saber ao certo quem era, cumprimentou-o, trocou algumas palavras e foi em frente, aliviado por não ter ocorrido o assalto que ele pressentira.

Passadas duas semanas, Paulo foi para a cidade do interior, onde residira por muitos anos, a fim de rever familiares e amigos.

Na oportunidade, aproveitou para visitar uma família que dele recebia auxílio continuado, há anos.

A mãe da família disse-lhe, para sua surpresa:

“O senhor sabia que quase foi assaltado recentemente em São Paulo?”

E ele respondeu:

“Mas como a senhora sabe disso?”

E a senhora continuou:

“Na verdade, soube pelo meu filho, o mais velho, que o senhor conheceu ainda rapazinho, mas que há anos vive sozinho por aí, por opção.

Ele enveredou pelos descaminhos da vida. Esteve aqui dia desses e comentou que encontrou o senhor numa rua.

Disse que estava com um amigo e juntos preparavam-se para assaltar alguém, quando o reconheceu, bem como sua esposa.

Lembrou-se de todas as vezes que o senhor e Dona Estela vêm aqui em casa e o quanto já nos ajudaram nesses anos todos.

Rapidamente ele se antecipou ao amigo, gritando o seu nome e vindo em sua direção, para criar obstáculo ao outro comparsa e demonstrar que o senhor não podia ser assaltado, pois era conhecido.

Graças a Deus ele não cometeu nenhum desatino com o senhor.”

“Graças a Deus, respondeu Paulo.” E ficou a pensar nas coincidências da vida.

Nesse caso uma coincidência feliz.

 

Essa história demonstra que quem semeia o bem há de colher o bem, diante da lei de amor e justiça, que é lei de Deus.

Causa e efeito: Paulo causou o bem a alguém e o efeito foi se beneficiar do resultado desse bem distribuído em nome do auxílio ao próximo.

Pensando em lei de causa e efeito, ou também conhecida como lei de retorno, podemos procurar entender algumas questões da vida.

Ontem, colocamos o orgulho e a vaidade no peito de um irmão que nos seguia os exemplos menos felizes; hoje, talvez o tenhamos de volta, na feição de esposo despótico ou de filho problema, para sorvermos juntos o cálice da redenção.

Ontem, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio; hoje, possivelmente reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, atendendo-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.

Ontem, abandonamos a companheira inexperiente, à míngua de todo auxílio, situando-a nas garras da delinqüência; hoje, moramos no espinheiro, em forma de lar, carregando fardos de angústia, a fim de aprender a plantar carinho e fidelidade.

Assim, cada elo de simpatia ou cada sombra de desafeto que encontramos na família ou na atividade profissional, podem ser forças do passado a nos pedir mais amplas afirmações de trabalho e dedicação ao bem.

Tenhamos sempre em mente que todos os delitos que cometemos não desaparecerão no silêncio do túmulo, porque a vida prossegue, além da morte, desdobrando causas e conseqüências.

Assim sendo, diante de toda dificuldade e de toda prova, façamos o melhor ao nosso alcance.

Ajudemos aos que partilham conosco as experiências, e oremos pelos que nos perseguem, desculpando todos aqueles que nos injuriam.

A humildade é a chave de nossa libertação. Dessa forma, sejam quais forem os obstáculos, lutemos por superá-los com dignidade e honradez.

E não nos esqueçamos de que a conquista da nossa felicidade começa nos alicerces invisíveis da luta dentro do próprio lar.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em história verídica e em mensagem do livro “Leis de Amor”, de Chico Xavier, pelo Espírito Emmanuel.

AMOR QUE RENASCE

Era uma vez Cilia e George. Eles estavam apaixonados. Seu amor foi abençoado com duas meninas, Rayann e Sheela.

Com esforço e dedicação, a imobiliária a que deram início, prosperou e cresceu.

Tudo ia bem com a ajuda e o amor um do outro. Em certo ponto do caminho, no entanto, algo deu errado.

Eles começaram a discutir sobre questões profissionais.

Depois, passaram a ter desentendimentos na condução do lar. Finalmente, sobre como educar as meninas.

Cilia dizia que George não a deixava crescer. Ele parecia seu pai, desejando ter sempre a última palavra, o poder de decisão.

George não sabia mais o que pensar ou como agir na presença da esposa. Pelo que se lembrava, ela casara com ele porque era sempre ele que tomava as decisões.

Por fim, depois de 15 anos de casamento, se divorciaram. Mas as discussões continuaram. No trabalho e sobre a educação das filhas.

Quando George foi chamado, em plena madrugada, pela polícia local, porque suas filhas haviam sido presas em uma boate, alarmou-se.

Elas eram menores, estavam embriagadas e a mais velha portava pequena quantidade de heroína.

Nesse dia, o casal entendeu que o ônus emocional do seu desentendimento era demasiado para as meninas.

Pelo bem delas, resolveram participar de um seminário de fim de semana, sobre paternidade positiva.

Partiram juntos, de carro, rumo às montanhas. O trânsito estava ruim e ele decidiu ir por uma via secundária.

Foram surpreendidos por uma tempestade de neve. Procurando um lugar seguro para encostar o carro, George não viu a queda fatal de 300 metros.

O veículo teve o pára-brisa e a janela do motorista estilhaçados. Eles estavam a 65 km da estrada principal e o carro estava enchendo de neve.

Colocaram as bagagens na janela dianteira, para desviar a neve e o vento. O motor, que lhes poderia gerar calor, recusou-se a funcionar.

No banco de trás, se aconchegaram. Não podiam dormir, pois estavam sem cobertores e, com o frio, poderiam congelar e morrer.

Precisavam sobreviver até o amanhecer, para andar até a estrada principal, em busca de ajuda.

O aconchego, o revezamento de esfregar um ao outro para aumentar a circulação e permanecerem alertas, foi lhes avivando a memória de tempos já vividos.

Para não cair no sono, cantaram todas as canções que lembraram. Quando se esgotou o repertório, Cilia lembrou de recitar os votos formulados no dia do casamento.

“A este nobre homem prometo tudo o que sou e sempre serei para você. Eu o amarei para sempre. Cuidarei de você mesmo quando todos lhe virarem as costas. George sentiu a torrente de amor e calor do dia em que se casara com ela.”

Então recitou os seus votos:

“Eu a amo e prometo amá-la com toda a minha força. Eu lhe darei tudo o que é meu e tudo será nosso. Lutarei para ser seu homem e seu defensor, seu amigo durante o tempo que o sangue fluir em minhas veias. Sem você eu fico sem finalidade neste mundo.”

As palavras acenderam fogueiras em suas almas. Agora percebiam como precisavam um do outro.

Quando amanheceu, a neve cessou, eles se deram um longo e apaixonado beijo. De mãos dadas foram em busca de ajuda, com a certeza de que estavam nesta vida, juntos, para sempre.

Pense nisso!

Se algo não vai bem em sua relação matrimonial, dê-se um tempo para pensar. Recorde porque você se uniu ao outro.

Mesmo sem tempestade de neve, ou perigo de congelamento, convide-o a rememorar os votos do dia do casamento.

E redescubram, juntos, o valor da união matrimonial. Dêem uma nova chance um ao outro, reacendendo a chama do amor que um dia os fez desejarem estar, para sempre, juntos.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap.  Corações congelados de amor, do livro Triunfos do Coração, de Chris Benguhe, ed.  Butterfly.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

JUNTOS

 

Bob era um veterano da guerra do Vietnã. E na guerra deixou suas duas pernas, à conta da explosão de uma mina.

Foi recebido em seu país, como herói. Mas verdadeiramente herói ele demonstrou ser, vinte anos depois de seu retorno.

Isso porque o verdadeiro heroísmo brota do coração.

Era o ano de 1985 e ele trabalhava em sua garagem, num dia quente de verão. De repente, a tranqüilidade das horas foi rompida pelos gritos de uma mulher.

Bob verificou que os gritos vinham da casa vizinha e, com rapidez, moveu sua cadeira de rodas naquela direção.

Entretanto, a vegetação densa que ali existia, não permitia o acesso da cadeira.

Os gritos continuavam, desesperadores e ele não teve dúvidas. Jogou-se ao chão e foi se arrastando, entre os arbustos.

Quando chegou à casa ao lado, percebeu que os gritos vinham da piscina. Era a mãe de uma criança de apenas 3 anos que assim se expressava, quase em histeria.

A criança caíra na piscina. Era uma garotinha com deficiência física: nascera sem os braços. Não tinha como nadar.

Bob mergulhou até o fundo e trouxe a pequena Stephanie de volta.

Ela não tinha pulso, o rosto estava azulado. Não respirava.

Ele praticamente ordenou à mãe que chamasse os bombeiros, enquanto iniciou manobras de ressuscitação na criança.

Quando a mãe retornou, ainda aflita, informou que os para-médicos iriam demorar um pouco, pois se encontravam em outro atendimento.

Ela chorava, sem saber o que fazer. Mas Bob foi quem a sossegou.

Não se preocupe. Eu fui os braços dela para sair da piscina.

Agora sou os seus pulmões.

Não se preocupe. Juntos, vamos conseguir.

Alguns segundos mais e a menininha tossiu, recobrou a consciência e começou a chorar.

Mãe e filha se abraçaram.

Como você sabia que tudo ia dar certo? – perguntou depois ao veterano de guerra a vizinha agradecida.

Minha senhora, quando a mina explodiu, arrancando-me as pernas, eu estava sozinho num campo.

Não havia ninguém para ajudar. Apenas uma menininha vietnamita.

Enquanto eu lutava, me arrastando, para chegar ao seu vilarejo, ela ficava repetindo, num inglês atravessado: ‘Está tudo bem. Você vai viver. Eu ser suas pernas. Juntos nós conseguir.’

Bem, eu consegui com a ajuda da garotinha. Agora, foi a minha oportunidade de retribuir o favor.

E fico feliz por isso. É uma forma de dizer a Deus que agradeço por estar vivo.

Pense nisso!

Quase sempre colocamos limites para nossas atuações no bem. Pensamos muito antes de agir. O que faz que, por vezes, o socorro chegue atrasado.

Dizemos que não temos dinheiro para ajudar a quem precisa, que não temos tempo, que não sabemos o que fazer.

Pensemos um pouco:

Quem realmente se importa com o outro e quer, age. Com o que tem, como pode, onde possa.

Mesmo porque, por vezes, somos a única opção de auxílio a alguém.

Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. Juntos nós vamos conseguir, de Dan Clark, do livro Histórias para aquecer o coração das mulheres, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante.

O QUE É MAIS DIFÍCIL

 

Thalès, chamado Tales de Mileto, era de ascendência fenícia. Nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia menor, atual Turquia, por volta de 625 a.C.

Sua morte é apontada como tendo ocorrido, aproximadamente, em 547 a.C., aos 78 anos de idade.

É o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. Ele é o marco inicial da filosofia do Ocidente.

Tales é apontado como um dos sete sábios da Grécia antiga. Além disso, foi o fundador da Escola Jônica. Considerado, também, o primeiro filósofo da natureza porque outros, depois dele, seguiram seu caminho buscando o princípio natural das coisas.

Pois a esse filósofo, um sábio da época propôs interessantes questões. A primeira foi:

O que é mais antigo?

Deus, disse Tales, porque sempre existiu.

E o que é mais belo?

O Universo, porque é a obra de Deus.

Continuando, indagou:

Qual é a maior de todas as coisas?

O espaço porque contém tudo do Criador.

Grande era o respeito desse filósofo pela Divindade. Em sua sabedoria, sabia honrar quem é o maior de todos nós e de tudo que existe.

Mas, prosseguindo nas suas perguntas, questionou o sábio a Tales:

O que é mais constante?

A resposta do filósofo soa como um acalanto para as almas sofridas:

A esperança, porque permanece no homem mesmo depois de ele ter perdido tudo.

E qual é a melhor de todas as coisas?

A virtude, porque sem ela não existiria nada de bom.

Qual é a coisa mais rápida de todas?

O pensamento, respondeu depressa, porque em menos de um minuto nos permite voar até o final do Universo.

Que riqueza na resposta! Pelo pensamento vencemos distâncias inimagináveis, vamos a todos os lugares que desejamos, estamos com nossos amores, onde quer que eles estejam.

Mas o interrogatório não terminara e a pergunta seguinte foi:

Qual é a mais forte de todas as coisas?

A necessidade, porque é com ela que o homem enfrenta todos os perigos da vida.

O que é a mais fácil de todas as coisas?

Dar conselhos.

E, finalmente, veio a última pergunta:

O que é mais difícil?

Ao que replicou o sábio de Mileto:

Conhecer-se a si mesmo.

* * *

O conhecimento de si mesmo é a chave para a felicidade. É a forma de conseguirmos superar nossos entraves morais e crescer para a luz.

É o meio prático mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir à atração do mal.

É a chave do progresso individual.

Assim, examinemos nossas ações diárias,  vejamos o que tenhamos feito contra Deus, contra nosso próximo ou contra nós mesmos.

As respostas nos indicarão o que necessitamos ajustar.

Façamos esse investimento em nós mesmos!

Redação do Momento Espírita, com base em biografia de Tales de Mileto e no item 919 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

ENCERRANDO CICLOS

 

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.

Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.

Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedido do trabalho?

Terminou uma relação?

Deixou a casa dos país?

Partiu para viver em outro país?

A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu.

Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.

Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você esta parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco.

O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais.

Amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.

Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar livros que tem.

Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora.

Soltar.

Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.

Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seus esforços, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.

Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.

Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal".

Antes de começar um capitulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.

Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.

Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerre ciclos.

Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.

Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira.

Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é!!!

Escrito por Jônatas Eridani

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

VOZ QUE CANTA

 

Nós a vimos, um dia desses. E a ouvimos. Tratava-se de um espetáculo com entrada franca, promovido por instituição espírita benemérita.

Ela adentrou o palco e a plateia ficou muda. Fora anunciada como solista de algumas óperas famosas e com trabalhos valiosos em técnica vocal. Currículo longo, invejável, que o mestre de cerimônias fez questão de exaltar, em detalhes.

Com um sorriso nos lábios, recebeu a luz dos spot-lights. Nada, em sua aparência, denotava tristeza, esforço físico.

Andou até à frente do palco, amparada pelas muletas. Postou-se, olhou para o maestro e abriu a boca. E cantou... com alma, mente e coração.

A flauta que trazia engastada na garganta foi acionada em escalas harmoniosas.

A música sacra que lhe brotou dos lábios nos remeteu a Bach que, um dia, afirmou: O único objetivo de toda música deve ser a glória de Deus e uma recreação agradável.

Para ele, a música era um ato de adoração, como se as notas, depois de saírem do alcance do ouvido humano, continuassem a subir para os céus, num hino de louvor.

Enquanto ela emocionava a plateia de pouco mais de quatrocentos lugares, com sustenidos e bemóis, ficamos a pensar em quantos de nós nos consideramos inúteis, por sermos portadores de pequena deficiência visual, por termos dificuldade para andar mais rápido, por necessitarmos colocar uma prótese dessa ou daquela natureza.

Mas Liane, a solista, é uma mulher independente. Em seu carro adaptado, ela se locomove para todos os lugares.

É mestranda em música na área de Cognição, Filosofia e Educação musical, Canto solista e Canto coral no Curso de Licenciatura em música da Faculdade de Artes do Paraná.

E canta, sorrindo. Toca a alma das pessoas. Projeta a voz, louvando a vida, a Divindade, o seu dom.

*   *   *

Um exemplo de vida. Um exemplo de que a vida deve ser vivida em totalidade, não importando condições.

Dificuldades existem para serem superadas. Para o Espírito demonstrar que ele é o comandante do corpo, o diretor da vida.

O Espírito é que determina o tipo de vida que deseja. Por isso, há quem se sinta frustrado, menos aquinhoado e se entregue a cuidados alheios, em total dependência.

E há os que idealizam para si mesmos a superação e causam admiração aos homens pelas suas conquistas.

Esses vencem, apesar de tudo, e se transformam em pessoas felizes. Por vezes, em criaturas que fazem muitas outras mais felizes.

E quando se os vê cantando, lecionando, pintando, produzindo, nem nos apercebemos que a pessoa é portadora dessa ou daquela deficiência.

São exemplos de tenacidade, de perseverança.

Espelhemo-nos neles, fortalecendo em nós a vontade de estudar, aprender, produzir, crescendo sempre.

Redação do Momento Espírita, com base em fatos da vida da cantora lírica Liane Guariente (*), residente em Curitiba, Paraná.

MEU DEUS

 

Ajuda-me a dizer a palavra da verdade na cara dos fortes, e a não mentir para obter o aplauso dos débeis.

Se me dás dinheiro, não tomes a minha felicidade, e se me dás forças, não tires o meu raciocínio.

Se me dás êxito, não me tires a humildade, se me dás humildade, não tires a minha dignidade.

Ajuda-me a conhecer a outra face da realidade, e não me deixes acusar os meus adversários, apodando-os de traidores, porque não partilham o meu critério.

Ensina-me a amar os outros como me amo a mim mesmo, e a julgar-me como o faço com os outros.

Não me deixes embriagar com o êxito, quando o consigo, nem a desesperar, se fracasso.

Sobretudo, faz-me sempre recordar que o fracasso é a prova que antecede o êxito.

Ensina-me que a tolerância é o mais alto grau da força e que o desejo de vingança é a primeira manifestação da debilidade.

Se me despojas do dinheiro, deixa-me a esperança, e se me despojas do êxito, deixa-me a força de vontade para poder vencer o fracasso.

Se me despojas do dom da saúde deixa-me a graça da fé.

Se causo dano a alguém, dá-me a força da desculpa, e se alguém me causa dano, dá-me a força do perdão e da clemência.

Meu Deus, se me esquecer de Ti, Tu não Te esqueças de mim.

Mahatma Gandhi

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

AS MOEDAS

 

Dois homens instalaram-se, com suas tendas e mercadorias, à beira de movimentada estrada. Por ali passavam viajantes de muitas paragens, eis que a estrada logo adiante apresentava diversas bifurcações que levavam a cidades grandes e pequenas, vilas e povoados.

Na tenda maior, de listas grandes, coloridas, muito chamativa, ficou um homem de grande ambição. Seu desejo era juntar muitos tesouros.

Por isso mesmo, suas mercadorias eram demasiado caras, embora fossem ricamente apresentadas em embalagens suntuosas.

Na tenda menor, de colorido delicado, o outro homem simplesmente se dispôs a aguardar os que desejassem chegar até ele. Nenhum cartaz de propaganda bombástica, nem qualquer outro artifício.

O primeiro atraía multidões. Os que por ali passavam, estranhamente se dirigiam para a sua tenda e ninguém discutia ou buscava barganhar os preços das mercadorias.

Apesar das grandes somas que deviam despender, todos se mostravam dispostos a pagar, sem qualquer discussão.

O segundo não tinha muitos fregueses. Discreto, enquanto aguardava, plantava flores em seu jardim. O lugar era, assim, agradável e de encantos naturais.

Poucos paravam ali, mas os que se detinham, recebiam das mãos do bom homem flores perfumadas de variados matizes.

Havia tanta singeleza e bondade na doação, que alguns chegavam a se emocionar, e com beijos nas mãos calosas do anônimo jardineiro, procuravam agradecer as dádivas generosas, depositando nelas as lágrimas das suas almas tocadas pelo gesto.

O primeiro homem logo foi enchendo o seu cofre com recursos amoedados. Tantos, que a cada dia mais abarrotavam todos os escaninhos do grande local.

Sentia-se feliz vendendo, a peso de ouro, a calúnia, a maledicência, o vício, a inveja, o ciúme. E os passantes prosseguiam, sempre mais ávidos, a buscar-lhe as mercadorias.

Os dias se multiplicaram e se transformaram em semanas, que cederam lugar aos meses. Na somatória desses, advieram os anos.

Certa tarde, quando o sol ia descansando no horizonte, derramando seus derradeiros raios sobre a terra fértil, colorindo o céu de ouro, sangue e prata, os dois homens entenderam que a sua hora se aproximava e que seria bom fazer o balanço das suas finanças.

O primeiro homem, da tenda maior, abriu o cofre e, desgostoso, constatou que ele estava cheio de moedas de metal vil. Ele fora ludibriado. Durante anos, recolhera o que pensava serem moedas fartas de ouro e verificava serem  todas de valor irrisório.

O outro estendeu as mãos e as descobriu cheias de preciosas gemas. As lágrimas de gratidão dos que haviam sido aquinhoados com suas flores de bondade, haviam se transformado em pedras de alto valor.

O homem que vendera ilusões, gozos e prazer, entendeu. Ele comercializara e recebera as moedas da Terra, passageiras, ilusórias, que somente compram as coisas do mundo e se perdera, no emaranhado do mal.

O outro, por ter distribuído a bondade sem nada exigir, recebera as moedas do Mundo Invisível.

* * *

Semear o bem ou comprazer-se no mal, é decisão de cada um.

Somos responsáveis não somente pelo mal que praticamos, mas também por aquele que, de alguma forma, incitamos os outros a praticar.

Assim, todo bem que espalhamos ao nosso redor, é bem para nós mesmos, pois sempre é dado a cada um segundo as suas obras.

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. A moeda da Terra e a do Céu, do livro À sombra do olmeiro, pelo Espírito Um jardineiro, psicografia de Dolores Bacelar, ed. Correio Fraterno do ABC.

Eles viverão

 

A Espiritualidade Superior ensina que os planetas funcionam como educandários.

Os Espíritos neles encarnam para ter as experiências evolutivas de que necessitam.

A Terra por ora serve de morada e escola para Espíritos de reduzida evolução.

Embora, em geral, não falte inteligência aos habitantes do orbe, eles ainda vacilam no quesito da moralidade.

Têm facilidades de raciocínio, mas possuem dificuldades nos planos do sentimento, da conduta.

Certamente incontáveis se esforçam para viver com dignidade e o conseguem.

Entretanto, ainda é comum o triste espetáculo da leviandade, da corrupção e da crueldade.

Em um mundo imperfeito, a impunidade dos espertos e dos poderosos costuma ser frequente.

Não raro, esse panorama de vício aparentemente vitorioso causa indignação.

Muitos desanimam quando se deparam com certas cenas.

Pode ser o político corrupto que segue livre, mediante a adoção de estratagemas legais.

Ou quem, para enriquecer, não se incomoda de destruir o meio ambiente.

Talvez seja quem abusa da inocência ou oprime os fracos.

Ou então quem vence demandas na justiça contando com testemunhos falsos.

Não faltam exemplos de maldade vitoriosa, ao menos na aparência.

Seguramente, todos devem agir, no limite de suas forças, para que o bem se instale no mundo.

Mas, quando o mal parece vencer, não há razão para raiva ou desânimo.

Não há necessidade de desejar o mal para os que semeiam a desgraça nos caminhos alheios.

Para manter o coração em paz, basta refletir que eles viverão.

Sim, a morte não existe e todos seguirão vivos para sempre.

A vida dispõe de recursos para produzir arrependimento nos que se fizeram culpados.

Cedo ou tarde, chega o momento de rever a própria conduta e de enfrentar as consequências do que se fez.

Tal pode se dar na mesma encarnação, mediante importantes decepções, ignoradas da coletividade.

Ou no plano espiritual, onde não há disfarces possíveis quanto à própria realidade íntima.

Ou mesmo em outras existências, nas quais se experimentem as dores que se semeou na vida do próximo.

A vida constitui o melhor remédio para qualquer gênero de decadência.

Todos viverão para sempre e cada qual será feliz ou desgraçado, conforme as opções que fez.

A cada um segundo suas obras, como bem disse Jesus.

Assim, não convém praguejar contra quem fere, rouba, ilude ou mata.

Basta saber que os corruptos, os mentirosos e os defraudadores da paz alheia também viverão.

A cada homem incumbe o dever de ser digno e solidário, de esclarecer, amparar e socorrer.

Os desvios incontornáveis, segundo a ótica humana, ficam por conta da Lei Divina, sempre perfeita e atuante.

Pense nisso.

 

Redação do Momento Espírita

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A ADMIRAÇÃO E O AMOR

 

Já de algum tempo venho me perguntando se o amor, a afeição não é determinada, em grande parte, ou na totalidade pela admiração que uma pessoa nutre pela outra.

Me reportando ao Aurélio, que nos clareia dúvidas, busquei a palavra admiração. Dentre outras definições encontrei: extasiar-se diante de, experimentar sentimento de admiração em relação a. Vimos assim, que a admiração se insere na categoria dos sentimentos. E, a meu juízo, pela observação de diversos casamentos e uniões, quando este sentimento de admiração se rompe, a própria relação corre grande perigo, ou se esvai por completo.

Se o amor tem em si o elemento da posse, que determina a decisão de duas pessoas viverem juntas. É a admiração que mantém a união, pela sua eterna possibilidade de trazer o novo.

Quando o encanto da admiração é quebrado, mesmo que o casal busque novas atividades no dia a dia, como passeios, viagens, tais atividades perdem seu sabor, pois o sentimento, e aí digo mais, os diversos sentimentos que compunham a relação, que sustentavam a união, mantendo o desejo de ter o outro e com ele conviver; todos estes sentimentos acabam se esvaziando. Se não forem todos, pelo menos uma parte significativa deles se esvai.

Daí a necessidade, de cada um dos componentes da condução do lar, buscar cada dia mais se fazer admirável, digno de admiração. E isto não deverá se dar por bravatas, ou com exotismos de qualquer espécie, tal como querer ser ginasta após certa idade, ou tantas outras atitudes ridículas adotadas como forma de se destacar no núcleo familiar.

Não. Quando digo fazer-se admirável, significa viver em consonância com os princípios positivos que sempre teve, agregando a esses princípios a força de projetos de crescimento, seja crescimento moral ou intelectual.

Quando os dois componentes responsáveis pela condução do lar adotam tal postura, cresce cada um deles, cresce e se fortalece a família enquanto instituição, e por fim cresce a sociedade como um todo.

Paulo Cesar Fernandes

A LIÇÃO DA MOSCA

 

Certa vez, duas moscas caíram num copo de leite.

A primeira era forte e valente. Assim, logo ao cair, nadou até a borda do copo. Como a superfície era muito lisa e suas asas estavam molhadas, porém, não conseguiu escapar. Acreditando que não havia saída, a mosca desanimou, parou de se debater e afundou.

Sua companheira de infortúnio, apesar de não ser tão forte, era tenaz e, por isso, continuou a se debater e a lutar.

Aos poucos com tanta agitação, o leite ao eu redor formou um pequeno nódulo de manteiga no qual ela subiu. Dali, conseguiu levantar vôo para longe.

Tempos depois, a mosca tenaz, por descuido, novamente caiu num copo, desta vez cheio de água. Como pensou que já conhecia a solução daquele problema, começou a se debater na esperança de que, no devido tempo, se salvasse.

Outra mosca, passando por ali e vendo a aflição da companheira de espécie, pousou na beira do copo e gritou:

- Tem um canudo ali, nade até lá e suba.

A mosca tenaz respondeu:

- Pode deixar que eu sei como resolver este problema.

E continuou a se debater mais e mais até que, exausta, afundou na água.

* * *

Soluções do passado, em contextos diferentes, podem transformar-se em problemas.

Se a situação se modificou, dê um jeito de mudar.

* * *

Quantos de nós, baseados em experiências anteriores, deixamos de observar as mudanças em redor e ficamos lutando inutilmente até afundar em nossa própria falta de visão?

Criamos uma confiança equivocada e perdemos a oportunidade de repensar nossas experiências. Ficamos presos a velhos hábitos que nos levaram ao sucesso e perdemos a oportunidade de evoluir.

É por isso que os japoneses dizem que na garupa do sucesso vem sempre o fracasso. Os dois estão tão próximos que a arrogância pelo sucesso pode levar à displicência que conduz ao fracasso.

Os donos do futuro sabem reconhecer essas transformações e fazer as mudanças necessárias para acompanhar a nova situação.

 

(De: Os Donos do Futuro - Roberto Shinyashiki)

O SIGNIFICADO DA PAZ

 

Em determinada passagem do evangelho, Jesus afirma:

“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; não vo-la dou como o mundo a dá”.

Evidencia-se que a paz do Cristo é muito diferente da paz do mundo.

Para entender o significado da paz do Cristo, torna-se necessário refletir sobre o que habitualmente se concebe por paz.

Os dicionários fornecem inúmeros significados para esse vocábulo.

Por exemplo, identificam-no com ausência de guerra, descanso e silêncio.

Ocorre que o descanso e o silêncio, por si sós, não significam necessariamente algo bom.

Em uma penitenciária, no meio da noite, pode haver descanso e silêncio absolutos.

Mas é difícil sustentar que as criaturas que lá se encontram sejam pacificadas.

Em um charco as águas são paradas e há silêncio nele e em torno dele.

Contudo, não se pode ignorar a podridão que ali jaz oculta.

Também é possível que algumas pessoas sejam conservadas inertes e em silêncio, por medo.

Determinada casa pode ser silenciosa e ordeira pelo pavor que o chefe da família inspira.

Entretanto, a submissão criada pela violência nada tem de desejável.

No âmbito internacional, ao término de uma guerra, freqüentemente são impostas duras condições aos países derrotados.

Ocorre que uma paz que esmaga os vencidos contém em si o gérmen de futuras violências.

Também não raro percebemos coisas erradas acontecendo, em prejuízo dos outros.

Mas podemos preferir silenciar, a título de preservar nossa paz.

Assim, a paz, na concepção mundana, muitas vezes envolve opressão, preguiça e conivência.

Não causa espanto que a paz do Cristo seja diferente da paz do mundo.

Pode-se afirmar que a paz do Cristo constitui decorrência lógica da vivência de seus ensinamentos.

Afinal, o mestre afirmou que não basta dizer Senhor! Senhor! Para entrar no reino dos céus.

É necessário efetivamente realizar a vontade do pai celestial.

Essa vontade encontra-se explícita nas palavras e nos exemplos de Jesus.

O céu a que se refere o Cristo não é um local determinado no espaço.

Trata-se de um estado de consciência (*) em harmonia com as leis divinas.

A paz do Cristo não se identifica com a inércia. É um sublime estado de consciência, feito de serenidade e harmonia. É um profundo silêncio interior, que não depende das ocorrências do mundo.

Essa paz somente pode ser desfrutada por quem ama o progresso e trabalha efetivamente no bem. Ela é muito trabalhosa e operante. Reflete o estado de quem pode observar com tranqüilidade os próprios atos. Só se sente assim quem cumpre seu dever. Não é um presente, mas uma conquista. O seu gozo pressupõe esforço em burilar o próprio caráter, em crescer em entendimento e compreensão.

Apenas se pacifica quem procura desenvolver seus talentos pelo estudo e o trabalho constantes, e utiliza seus talentos na criação de um mundo melhor.

A paz do Cristo está à disposição de todos. Mas só a desfruta quem pratica a lei de justiça, amor e caridade, estabelecida por Deus para a harmonia da criação.

Pense nisso!

 

Equipe de Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Incentivo

 

Os Espíritos ensinam que a evolução humana se dá sob o influxo de um conjunto de Leis morais.

Elas versam sobre os mais diversos setores e constituem um roteiro de felicidade.

O Espírito que logra segui-las evolui em linha reta para Deus.

Já o que se permite violá-las e se torna um rebelde enfrenta incontáveis percalços em sua caminhada.

Essas Leis contam com sofisticados processos para conduzir os seres humanos.

Possuem atrativos, a fim de orientar por onde se deve seguir.

Por exemplo, a Lei de conservação, que envolve os cuidados que se deve ter com o próprio corpo.

O gozo dos bens terrenos, como o comer e o beber, é propositadamente saboroso.

Evidentemente, há o uso regular e o abuso.

Deve-se buscar o equilíbrio, com o qual se assegura uma vida terrena longa e produtiva.

O mesmo ocorre com a Lei de reprodução.

Por força dela, os Espíritos têm oportunidade de renascer em novos corpos na Terra.

O magnetismo sexual e o prazer nele envolvido garantem que a procriação seja constante.

Do mesmo modo, ocorre com a Lei de sociedade.

Os homens devem conviver, a fim de aprenderem uns com os outros e se auxiliarem mutuamente.

Da convivência, gradualmente surgem importantes virtudes, como a tolerância e a fraternidade.

O homem é um ser social por natureza.

Ou seja, ele sente necessidade de conviver.

Precisa se sentir refletido no olhar alheio, deseja receber toques físicos e emocionais.

Trata-se de uma poderosa necessidade humana, que não deve ser desconsiderada.

Um erro comum que os pais cometem é só prestar atenção quando os filhos causam ou enfrentam problemas.

Como estes necessitam ser notados, podem, até de forma inconsciente, começar a se tornar complicados.

À míngua de toques positivos, ao procederem de modo estranho, asseguram ao menos os negativos.

Ocorre que não apenas as crianças desejam ser notadas.

Os adultos também precisam de cuidados.

É comum cuidar-se de quem vai mal, de quem tem graves problemas e sucumbe.

Enquanto isso, quem, embora com dificuldades, persevera no bom caminho recebe reduzida atenção.

Raros se lembram de elogiar o homem de vida reta.

Quem trabalha, estuda e cuida dos seus deveres torna-se um anônimo inconsiderado.

Entretanto, todos necessitam de uma palavra de incentivo, de um gesto de apreciação.

É válido e imprescindível cuidar de quem se equivoca, de quem cai perante os problemas do mundo.

Mas não dá para esquecer de incentivar o esforço sincero da pessoa equilibrada.

Os que vivem honestamente, os que não possuem vícios, os que são fiéis aos seus compromissos são o esteio da sociedade.

Convém reparar neles e incentivá-los a que persistam.

Afinal, todos necessitam receber algum reconhecimento.

Pense nisso.

 

Redação do Momento Espírita.

ESCOLA DA VIDA

 

O pedagogo francês Allan Kardec afirmava que educar é a arte de formar caracteres. O conceito, embora sintético, traduz toda a complexidade da atividade de educar.

A ação de educar, no sentido amplo da palavra, que vai muito além do instruir, exige o esforço e a dedicação aplicados ao longo do tempo, em um processo contínuo e perseverante.

Será na observação e nos pequenos detalhes que a educação, que a formação do caráter se construirá. E o bom educador estará sempre atento aos passos do seu tutelado.

Porém, não é só na escola que nos educamos. E não são somente as crianças que precisam aprender algo.

Com cada um de nós se passa da mesma forma. Estamos todos no processo educativo, de aprendizado, para conhecer e entender as coisas de Deus, por toda a nossa vida.

Reencarnamos para, a cada experiência terrena, aprender um tanto mais, insculpindo em nossa intimidade o bem e a felicidade.

Mas, para isso, é necessário que passemos pelo processo do aprender, do educar-se.

Afinal, ninguém saberá ler sem o esforço inicial de conhecer o alfabeto, assim como ninguém será versado na matemática, sem o exercício contínuo de manipular os números.

Desta forma, as experiências na Terra sempre trazem consigo o convite ao aprendizado. E para que esse aprendizado aconteça é necessário que entendamos o que a vida nos propõe.

Algumas vezes, a doença desafiadora é o convite da vida para aprendermos a fé e a coragem.

Em outro momento, será a dificuldade financeira a nos ensinar a perseverança, a honestidade, a honradez.

Haverá momentos onde o parente difícil, o cônjuge exigente serão os caminhos que a vida oferecerá para o aprendizado da paciência, da humildade, da compreensão.

As discrepâncias sociais, o desequilíbrio econômico, que geram a miséria e a penúria, serão para nós o aprendizado da solidariedade e da generosidade.

A morte do ente querido, que retorna ao mundo espiritual apartando-se momentaneamente de nós, nos oferece a chance de aprendermos a resignação e a obediência frente aos desígnios da vida.

E as querelas e relacionamentos difíceis no trabalho e no ambiente familiar sempre oportunizarão o aprendizado da benevolência e do perdão.

Por isso, percebamos que a vida será sempre rica em oportunidades, qual uma escola a funcionar todos os dias, com os mais variados professores a nos oferecerem as lições necessárias.

E é Deus, como Pai amoroso, quem cuida do processo de aprendizado de cada um de nós, oferecendo-nos aquilo que melhor nos cabe, no momento mais adequado.

Assim, se as lições da vida baterem à nossa porta, algumas vezes desafiadoras, não temamos nem nos desesperemos.

Confiemos em Deus, o educador maior de todos nós, e apoiemo-nos Nele, através da oração, para que possamos melhor nos conduzir frente às lições.

Assim procedendo, os aprendizados se farão mais efetivos, e mais breves serão as estradas que nos levarão à felicidade e à paz daqueles que já conhecem e agem de acordo com as Leis de Deus.

 

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ADVINHA QUANTO EU TE AMO

 

Era hora de ir para a cama, e o coelhinho se agarrou firme nas longas orelhas do coelho pai.

Depois de ter certeza de que o papai coelho estava ouvindo, o coelhinho disse: “adivinha o quanto eu te amo!”.

“Ah, acho que isso eu não consigo adivinhar” – respondeu o coelho pai.

“Tudo isto” – disse o coelhinho, esticando os braços o mais que podia.

Só que o coelho pai tinha os braços mais compridos, e disse: “e eu te amo tudo isto!”

“Hum,isso é um bocado” pensou o coelhinho.

“Eu te amo toda a minha a altura” – disse o coelhinho.

“E eu te amo toda a minha altura” – disse o coelho pai.

“Puxa,isso é bem alto, pensou o coelhinho. Eu queria ter braços compridos assim”.

Então o coelhinho teve uma boa idéia. Ele se virou de ponta-cabeça apoiando as patinhas na árvore, e gritou: “eu te amo até as pontas dos dedos dos meus pés, papai!”

“E eu te amo até as pontas dos dedos dos teus pés” – disse o coelho pai balançando o filho no ar.

“Eu te amo toda a altura do meu pulo!”, riu o coelhinho saltando de um lado para outro.

“E eu te amo toda a altura do meu pulo” – riu também o coelho pai, e saltou tão alto que suas orelhas tocaram os galhos da árvore.

“Isso é que é saltar; pensou o coelhinho. Bem que eu gostaria de pular assim.”

“Eu te amo toda a estradinha daqui até o rio” – gritou o coelhinho.

“Eu te amo até depois do rio, até as colinas.” – disse o coelho pai.

“É uma bela distância pensou o coelhinho.” Mas, àquela altura já estava sonolento demais para continuar pensando.

Então, ele olhou para além das copas das árvores, para a imensa escuridão da noite e concluiu: nada podia ser maior que o céu.

“Eu te amo até a Lua!” – disse ele, e fechou os olhos.

“Puxa, isso é longe” – falou o papai coelho – “longe mesmo!”

O coelho pai deitou o coelhinho na sua caminha de folhas, inclinou-se e lhe deu um beijo de boa-noite.

Depois, deitou-se ao lado do filho e sussurrou sorrindo: “eu te amo até a Lua... ida e volta!”

* * *

E você, já disputou alguma vez com seu filho quem gosta mais um do outro?

Geralmente as disputas são em torno de questões como quem joga futebol melhor, quem corre mais, quem vence mais etapas no vídeo game, quem coleciona mais troféus, etc.

A vida atarefada, o corre-corre, os inúmeros compromissos, por vezes nos afastam das coisas simples como sentar na cama ao lado do filho e lhe contar uma história, enquanto o sono não vem.

Acariciar-lhe os cabelos, segurar suas mãozinhas pequenas, fazer-lhe companhia para que se sinta seguro.

Deitar-se, sem pressa, ao seu lado quando ele vai para a cama, falar-lhe das coisas boas, ouvir com ele uma melodia suave para espantar os medos que tantas vezes ele não confessa.

Falar-lhe do afeto que sentimos por ele, do quanto ele é importante em nossa vida. Dizer-lhe que um anjo bom vela seu sono e que Deus cuida de todos nós.

E se você pensa que isso não é importante, talvez tenha esquecido das muitas vezes que arranjou uma boa desculpa para se aconchegar ao lado do pai ou da mãe, nas noites de temporal... 

* * *

Se, às vezes, é difícil se aproximar de um filho rebelde, considere que a sua rebeldia pode ser, simplesmente, um apelo desajeitado de alguém que precisa apenas de um colo seguro e um abraço de ternura. 

 

Redação do Momento Espírita, baseado no livro “Adivinha quanto eu te amo"

de Sam Mcbratney, ed. Martins Fontes.

O benefício da verdade

 

Ele era um ídolo do cinema americano. Onde sua presença fosse anunciada, em avant-première ou qualquer outro evento, compareciam as multidões.

No lançamento de um de seus mais famosos filmes, foi recepcionado, no aeroporto, pelo dobro de pessoas que habitavam a cidade. Um fenômeno.

Representava na tela o ideal de muitos corações femininos: o homem que sabia amar, que enfrentava perigos, que defendia pessoas, mesmo que alguns dos seus papéis demonstrassem uma certa agressividade ou até desonestidade.

Foi laureado pela Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, com a estatueta de melhor ator, por duas vezes, na década de 1930.

Iniciando sua carreira no teatro, foi no cinema que verdadeiramente conquistou fama e sucesso.

Pois esse ator, como todas as pessoas que vivem sobre a Terra, passou por dores profundas.

Em 1939, depois de mais um divórcio, parecia que ele encontrara o grande amor de sua vida.

O casal passou a viver no rancho de sua propriedade e desfrutavam do prazer da convivência um do outro, entre os tumultos das próprias carreiras.

Chamavam-se carinhosamente um ao outro de mãe e pai.

Durante a Segunda Guerra Mundial, ele chegou a se alistar e participou de quatro missões na Força Aérea Americana.

E Carole Lombard, sua esposa, participou da campanha pelos bônus de guerra.

Desejando retornar para junto do marido com maior rapidez, em vez de seguir pela via férrea, ela tomou um avião.

Nunca chegaria aos braços do marido. No dia 16 de janeiro de 1942, o avião bateu no Monte Potosi, em Nevada, nos Estados Unidos e morreram todos os 22 passageiros e tripulantes a bordo.

A causa do acidente não foi revelada mas sabe-se que o avião voava fora do curso. E, para economizar energia, dado o período de guerra, as balizas de sinalização da área estavam apagadas.

Clark Gable, o grande ator, entrou em um período de dor, talvez revolta, não conseguindo administrar emocionalmente a perda da esposa.

Entregou-se ao vício do álcool e, andando pela casa, era ouvido a indagar: Por que, mãe? Por quê?

A partir daí, a bebida se lhe tornou companheira por largo tempo, e talvez tenha contribuído para ele partir desse mundo, em plena madureza, aos 59 anos.

O que ressalta disso tudo é como se faz difícil, para quem não tem conhecimento da vida espiritual, da vida além desta vida, conseguir assimilar a partida de um ser amado.

Lembramos que Jesus afirmou que conheceríamos a verdade e a verdade nos libertaria.

Sim, para quem conhece a verdade, a Imortalidade do Espírito, a morte não assume o aspecto de surpresa.

Quem já aprendeu a verdade de que somente nos encontramos na Terra por um breve tempo, que a vida material é passageira, mas que todos sobrevivemos a ela, tem a dor da separação amenizada.

Sofre pela ausência física do seu amado. Mas guarda a certeza de que ele vive, que o amor não morre nunca e que, em breve, o reencontro se dará porque chegará a nossa vez de retornarmos à Casa do Pai.

Pensemos nisso e nos ilustremos nessas verdades anunciadas, desde épocas imemoriais, por muitos arautos da Imortalidade.

Mas, especialmente, da forma mais lúcida e exemplar, pelo Excelso Rabi da Galileia.

Lembremos: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.

Libertará da dor maior, do sofrimento insano, da incerteza, da desesperação, acendendo luzes de esperança no céu da saudade.

 

Redação do Momento Espírita, com dados biográficos do ator americano Clark Gable.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

UMA GRANDE COVARDIA

O hábito da maledicência é bastante arraigado em nossa sociedade. Chega a constituir exceção a criatura que jamais tece comentários maldosos sobre seus semelhantes. Mesmo amigos, não raro, se permitem criticar os ausentes. Quase todos os homens possuem fissuras morais. Seria sinal de pouca inteligência não perceber essa realidade.
Não é possível ver o bem onde ele não existe. Também não é conveniente ser incapaz de perceber vícios e mazelas que realmente existam. Mas há uma considerável distância entre identificar um problema e divulgá-lo. Encontrar prazer em denegrir o próximo constitui indício de grande mesquinharia. Esse gênero de comentário é ainda mais condenável por ser feito de forma traiçoeira.
Freqüentemente quem critica o vizinho não tem coragem de fazê-lo frente-a-frente. É uma grande covardia sorrir e demonstrar apreço por alguém e criticá-lo pelas costas. Antes de tecer um comentário, é preciso ter certeza de que ele traduz uma verdade. Sendo verdadeiro um fato, torna-se necessário verificar se há alguma utilidade em divulgá-lo. A única justificativa para apontar as mazelas alheias é a prevenção de um mal relevante.
Se o problema apresentado por uma criatura apenas a ela prejudica, o silêncio é a única atitude digna. Assim, antes de abrir a boca para denegrir a reputação de alguém, certifique-se da veracidade dos fatos.
Sendo verídica a ocorrência, analise qual o seu móvel. Reflita se seu agir visa a evitar um mal considerável, ou é apenas prazer de maldizer. Na segunda hipótese, é melhor calar-se. É relevante também indagar se você tem coragem de comentar a ocorrência na frente da pessoa criticada. Se o fizer, dará oportunidade para defesa. Certamente a pessoa, objeto do comentário, possui a própria versão dos fatos.
Por todas essas razões, e outras tantas, jamais seja covarde. A covardia é uma característica muito baixa e lamentável. O fraco sempre escolhe vítimas que não podem oferecer defesa. Agride de preferência as pessoas frágeis. Quando não tem coragem para atacar diretamente, utiliza subterfúgios. Enlameia a honra alheia, faz calúnias, espalha insinuações maldosas aos quatro ventos. O homem que é alvo do ataque de um covarde geralmente nem sabe o que lhe aconteceu. Apenas se espanta ao deparar com sorrisos irônicos onde quer que vá.
Em ambientes em que era recebido calorosamente, agora só encontra frieza. Percebe, perplexo, o afastamento de amigos e parentes. As fisionomias outrora benevolentes tornam-se sisudas. Raramente alguém lhe esclarece a razão do ocorrido. Assim, ele é julgado e condenado sem possibilidade de defesa. Analise seu proceder e verifique se, por leviandade, às vezes você não age de forma maldosa e covarde.
Pense nos prejuízos que suas palavras podem causar na vida dos outros. Imagine se fosse você a vítima do comentário ferino. Certamente gostaria que a generosidade fizesse calar os seus semelhantes. Ou ao menos que eles fossem leais o suficiente para falar às claras com você.
É preciso eliminar o hábito da maledicência. Trata-se de um comportamento eivado de covardia. E sem dúvida o seu ideal de vida não é ser um covarde.
Pense nisso!
Equipe de Redação do Momento Espírita.

NUM DIA COMO O DE HOJE

 

Num dia como o de hoje, crianças desvalidas morrerão sem sonhos e sem pão... Mas também almas dadivosas poderão ser vistas, auxiliando os órfãos a tornarem-se menos tristes.

Num dia como o de hoje, mães herdarão os “troféus” de guerras sangrentas... Porém, em algum lugar uma outra agradecerá a Deus pelo filhinho que respira.

Num dia como o de hoje, um assassino ensandecido marcará com sangue a sociedade que o repele e o odeia... Porém, não longe da iniqüidade, transbordará a graça de milhares de atos silenciosos de renúncia.

Num dia como o de hoje, um convite à corrupção chegará aos seus ouvidos intranqüilos... mas um olhar amigo chamará você à reflexão.

Num dia como o de hoje, bactérias resistentes trarão medo e desafios difíceis... Porém, no deserto de desilusão, alguém semeará a confiança.

Num dia como o de hoje, você poderá ouvir centenas de inverdades desesperadoras... mas bastará enxergar o céu, o sol, a chuva, o mar e a criança dormindo, para que você perceba as mãos do altíssimo sobre tudo e sobre todos.

Num dia como o de hoje, almas desequilibradas estimularão sua paciência e sua capacidade de exercer o bom aprendizado... porem, não desista se a recaída da intempestividade se fizer presente.

Num dia como o de hoje, talvez você pense em desistir de um sonho superior, talvez até escute o convite amargo do pensamento suicida... mas, por favor, espere até amanhã, não desista assim...

Num dia como o de hoje, todos nós estivemos sujeitos a derrapar no caminho, e quem sabe até derrapamos, porém já nos propomos a refletir e a gentilmente ouvir mensagens como esta... Portanto hoje estamos, sem dúvida, melhores do que ontem.

Num dia como o de hoje, ainda há chances de acrescentar uma estrela luminosa em nossa trajetória na escola da vida...

Num dia como o de hoje, poderemos saltar séculos para a felicidade plena, ou atrasar a caminhada com milênios de arrependimento. 

São nossas as escolhas.

Escolhemos ver a vida apenas através das lentes do pessimismo, ou escolhemos ver o lado bom de tudo.

São nossas as escolhas.

Escolhemos crescer, aprender, modificar; ou escolhemos estagnar, conformar, permanecer.

São nossas as escolhas.

Lembre sempre disso. 

* * *

Toda escolha que você faça pelos caminhos da sua vida terrena, apresentará aos que o cercam e acompanham o grau da sua maturidade, o nível dos seus ideais, a qualidade de tudo quanto lhe sensibiliza.

Será conseqüente que os seus irmãos de jornada passem a conceber imagens suas, caricatas ou não, em função do que você elege para a sua existência.

Sobre o mundo você será sempre o retrato dos seus gostos, dos seus interesses, das suas ações.

Cada gesto seu conduzirá um retrato do que você é, um recorte dos seus comportamentos.

Bom será que esses gestos demonstrem equilíbrio, bom senso, harmonia, para que alcance a felicidade após ser visto e observado por incontáveis criaturas.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita com base em texto de autor desconhecido e no texto: “Cuide-se bem”, do livro “Para uso diário”, pelo Espírito Jjoanes – psicografia de J. Raul Teixeira.

Laços de afeto

 

Do poeta e escritor gaúcho Mário Quintana, encontramos uma preciosidade que fala sobre algo muito simples: um laço.

Escreveu ele: Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.

Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.

É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.

E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.

Ah, então, é assim o amor, a amizade.

Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.

Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.

E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.

E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.

Então o amor e a amizade são isso...

Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.

Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

*   *   *

Tem toda razão o poeta em sua analogia. Amor e amizade são sentimentos altruístas.

Quem ama somente deseja o bem do ser amado. Por isso, não interfere em suas escolhas, em seus desejos.

Sugere, opina, mas deixa livre o outro para a tomada das próprias decisões.

Quem ama auxilia o amado a atingir seus objetivos. Nunca cobra o ofertado, nem exige nada em troca.

Quem ama não aprisiona o amado, não o algema ao seu lado. Ama e deixa o amado livre para estender suas asas.

Assim crescem os dois, pois há espaços para ambos conquistarem.

Na amizade, não se faz diferente o panorama. O verdadeiro amigo não deseja que o outro pense como ele próprio pois reconhece que os pensamentos são criações originais de cada um.

Entende que o amigo é uma bênção que lhe cabe cultivar e o auxilia a realizar a sua felicidade sem cogitar da sua própria.

Sente-se feliz com o bem daquele a quem devota amizade. Entende que cada criatura humana é um ser inteligente em transformação e que, por vezes, poderão ocorrer mudanças na forma de pensar, de agir do outro.

Mudanças que nem sempre estarão na mesma direção das suas próprias escolhas.

O amigo enxerga defeitos no coração do outro, mas sabe amá-lo e entendê-lo mesmo assim.

E, se ventos diversos se apresentam, criando distâncias entre ambos, jamais buscará desacreditar ou desmoralizar aquele amigo.

Tudo isso, porque a ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.

Um laço que ata... Um laço que se desata..

Aqueles a quem oferecemos o coração, poderão se distanciar, buscar outros caminhos, atravessar outras fronteiras.

Eles têm o direito de assim proceder, se o desejarem. De nossa parte, lembremos da leveza do laço e cuidemos para que não se transforme em nó, que prende e retém.

Redação do Momento Espírita, com base em versos do poeta Mário Quintana e no cap. 12, do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O SEGREDO DO CASCO DA TARTARUGA

Logo que aprendeu a ler o menino começou a fazer descobertas.

Um dia estava folhando um livro e deparou com a palavra “réptil”.

Procurou no dicionário e surpreendeu-se com o significado: “animal que se arrasta”.

Pensava, até então, que réptil tinha a ver com rapidez e era justamente o contrário.

Seu pai riu do seu espanto e disse que as tartarugas também eram répteis.

Falou, ainda, com ares de mistério, que havia uma lenda chinesa narrando que Deus havia escrito o segredo da vida no casco de uma tartaruga.

De olhos arregalados o menino imaginava como poderia ter Deus usado o casco da tartaruga como se fosse uma folha de papel.

O pai, encantado com o interesse do filho, salientou que aprender a ler nos livros era apenas o começo da longa jornada do conhecimento.

Disse que, com o passar do tempo, o filho conseguiria ler no rosto de uma pessoa a história de sua vida.

Que bastaria observar os olhos de um amigo para ver se neles brilhava, ou não, felicidade.

Que, um dia, ao tocar nas mãos de um homem do campo, seria capaz de conhecer seus sofrimentos.

O menino não se ateve às novas argumentações do pai.

Ele era curioso.

Queria mesmo era saber qual seria o segredo da vida.

Por isso, começou a interessar-se pela vida das tartarugas.

Pesquisou, leu e aprendeu muito.

Passou a reconhecer as espécies e suas principais características.

Sabia onde era possível encontrá-las e que ameaças a maior parte delas sofria.

Quanto mais estudava, mais o menino se convencia de que realmente poderia descobrir a escrita de Deus naquelas criaturas.

Elas tinham carapaças misteriosas, com desenhos estranhíssimos, círculos coloridos, arestas longitudinais.

Algumas até pareciam mais uma pintura.

O menino foi crescendo e tornou-se um especialista em tartarugas.

Sabia distinguir uma adolescente de uma adulta e conhecia muito a respeito da desova das espécies marinhas no litoral.

Com o passar do tempo, porém, ele descobriu uma coisa muito importante.

Deu-se conta de que, assim como ele procurava o segredo da vida no casco das tartarugas, havia outras pessoas que buscavam a mesma coisa em lugares diferentes.

No pulsar das estrelas.

No canto dos pássaros.

No silêncio dos olhares.

No cheiro dos ventos.

Tudo que o cercava, afinal, podia ser lido.

Lembrou-se das palavras de seu pai.

Somente agora as compreendia.

Somente o tempo, como um professor que conduz o aluno pela mão, foi capaz de fazê-lo entender essa lição.

Longos anos separavam o ensinamento da compreensão.

Como todas as pessoas, em geral, ele fazia suas descobertas de forma lenta.

Muito lentamente, como as tartarugas.

Talvez estivesse aí o segredo.

Pense nisso!

Se você busca o segredo da vida, não se iluda com receitas e roteiros milagrosos.

Compreender a divindade e seus atributos, por vezes, parece estar além da capacidade humana.

Porém, não esqueça que Deus está em toda a parte, animando toda a sua maravilhosa obra.

Está, inclusive, em sua intimidade.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no conto de autoria de João A.  Carrascoza, intitulado “O segredo do casco da tartaruga”.

AMOR DE VERDADE

Martin era um sapateiro em uma vila pequena. Desde que morreu a esposa e os filhos, ele se tornou triste.

Um dia, um homem sábio lhe falou que ele deveria ler os evangelhos porque lá ele descobriria como Deus gostaria que ele vivesse.

Martin passou a ler os evangelhos. Certo dia leu a narrativa do evangelho de Lucas do banquete em casa do rico fariseu que recebeu Jesus em sua casa, mas não providenciou água para os pés, nem ungiu a cabeça de Jesus, nem o beijou.

Naquela noite, Martin foi dormir pensando em como ele receberia Jesus, se ele viesse a sua casa.

De repente, acordou sobressaltado com uma voz que lhe dizia: "Martin! Olha para a rua amanhã, pois eu virei."

Logo cedo, o sapateiro acendeu o fogo e preparou sua sopa de repolho e seu mingau.

Começou a trabalhar e se sentou junto à janela para melhor ver a rua.

Pensando na noite da véspera, mais olhava a rua do que trabalhava.

Passou um porteiro de casa, um carregador de água. Depois uma mulher com sapatos de camponesa, com um bebê ao colo. Ela estava vestida com roupas pobres, leves e velhas. Segurando o bebê junto ao corpo, buscava protegê-lo do vento frio que soprava forte.

Martin convidou-a a entrar e lhe serviu sopa. Enquanto comia ela contou sua vida. Seu marido era soldado. Estava longe há oito meses. Ela já vendera tudo o que tinha e acabara de empenhar seu xale.

Martin buscou um casaco grosso e pesado e envolveu a mulher e o filho. Depois de alimentados e agasalhados, eles se foram, não sem antes Martin deixar na mão da pobre mãe umas moedas para que ela pudesse tirar o xale do penhor.

Quando um velho que trabalhava na rua, limpando a neve da frente das casas, parou para descansar, encostado à parede da sua oficina e lar, Martin o convidou a entrar.

Serviu-lhe chá quente e lhe falou da sua espera. Ele aguardava Jesus.

O velho homem foi embora, reconfortado no corpo e na alma e Martin voltou a costurar uma botina.

O dia acabou. E quando ele não podia mais ver para passar a agulha pelos furos do couro, juntou suas ferramentas, varreu o chão e colocou o lampião sobre a mesa.

Buscou o Evangelho e o abriu. Então, ouvindo passos, ele olhou em volta. Uma voz sussurrou: "Martin, você não me conhece?"

"Quem é?", perguntou o sapateiro.

"Sou eu"  disse a voz. E num canto da sala, apareceu a mulher com o bebê ao colo. Ela sorriu, o bebê também e então desapareceram.

"Sou eu"  tornou a falar a voz. Em outro canto apareceu o velho homem. Sorriu. E desapareceu.

A alma de Martin se alegrou. Ele começou a ler o evangelho onde estava aberto.

"Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era hóspede, e me recolhestes."

No fim da página, ele leu: "quantas vezes vós fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes."

E Martin compreendeu que o Cristo tinha ido a ele naquele dia, e que ele o recebera bem.

Você sabia?

Que o nome do fariseu que deu o banquete para Jesus era Simão?

E que foi nesse banquete que Maria de Magdala regou com suas lágrimas os pés de Jesus?

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base na revista

Presença Espírita nov/dez de 1996, pág. 28,  Amor é isso.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MENSAGENS OCULTAS

 

A pesquisadora norte-americana Deborah Tannen dedicou dois anos de sua vida a uma tarefa curiosa: ouvir diálogos familiares.

Referência internacional no estudo da linguagem humana, ela queria entender por que se briga dentro de casa.

Com o auxílio de sua equipe, escutou centenas de conversas cotidianas. Em alguns casos, casais, filhos, pais e mães carregaram um gravador durante uma semana.

A partir desse material, Deborah analisou como as palavras ditas e as não ditas podem disfarçar movimentos para aprisionar o outro ou exercer poder sobre ele. Quando o ‘não’ quer dizer ‘sim’, e vice-versa.

Ela acredita que, ao entender essas mensagens ocultas, é possível desfazer conflitos persistentes e driblar novas crises domésticas.

Evitar, principalmente, que o diálogo evolua para a hostilidade e provoque mágoas.

O resultado está no livro Só estou dizendo isso porque gosto de você, best-seller nos Estados Unidos.

Deborah Tannen foi entrevistada por uma revista brasileira, e deu respostas muito oportunas, das quais reproduzimos algumas:

Por que as conversas familiares podem ficar tão ásperas?

Deborah responde:

“Porque há muito em jogo. Nós esperamos mais consideração dos parentes do que de amigos ou colegas.

Reagimos mais aos julgamentos da família porque sentimos como se fossem da suprema corte, avaliações inquestionáveis de nosso valor. As conversas são carregadas pela herança de todos os diálogos que tivemos antes.

Isso é transmitido pelo tom de voz, pela expressão facial e pelos pressupostos não ditos.”

Como eles nos atingem?

A resposta de Deborah:

“Imagine um casal diante do menu, no restaurante. Quando o homem anuncia que vai escolher um filé com fritas, a mulher diz: ‘reparou que eles também têm salmão?’ o homem protesta: ‘pare de criticar o que eu como’.

Ela se defende: ‘eu não critiquei. Só mostrei um prato que podia lhe agradar’.  A razão do desentendimento, ao nível do que é dito, é que a sugestão da mulher não era uma crítica.

Mas o homem sabe que ela está falando de seus excessos com carne vermelha.

A impressão de desaprovação vem da mensagem oculta, baseada na história comum do casal.  Entender isso evita que discussões repisem os mesmos pontos.”

Podemos evitar as mensagens ocultas?

“É impossível”, diz Deborah.  “o mais importante é aprender a pesar como nossas intervenções poderão ser interpretadas pelos outros.

Quando você oferece um conselho ou uma orientação, mesmo repleto de boas intenções, o que é dito arrisca ser recebido como crítica.

Boas intenções não mudam um pressuposto básico: se a outra pessoa não estivesse fazendo algo errado, não precisaria de conselho.

A crítica está implícita no ato de oferecer a sugestão. Não há como escapar quando o conselho parte do pai para o filho, da mãe para a filha ou do irmão mais velho para o caçula.”

Ainda sobre mensagens ocultas, a escritora diz:

“Costumo citar uma conversa travada por um casal em uma viagem de carro. Num certo momento, a mulher pergunta: ‘você gostaria de parar para beber algo?’ O marido responde, com toda sinceridade: ‘não’.  E segue adiante.  Mais tarde, ele fica frustrado ao descobrir que a mulher queria ter parado e estava aborrecida. Pensa: ‘por que ela simplesmente não disse o que queria?’ Mas a mulher estava chateada, não porque tinha ficado com sede, mas porque sua preferência não foi levada em conta. Ela havia mostrado consideração com a opinião do marido, mas ele não tinha feito o mesmo com ela.

Para entender o que deu errado, o homem deve aprender que, quando uma mulher pergunta o que ele quer, não está pedindo uma informação, mas dando início a uma negociação sobre o que os dois gostariam de fazer.

Por outro lado, a mulher deve saber que, quando o marido responde sim ou não, ele está apresentando uma vontade negociável.”

Analisando as considerações de Deborah Tannen, podemos entender alguns dos motivos de desentendimentos familiares e buscar saber mais sobre como podemos evitá-los.

Importante é saber que sempre existe uma solução para quem deseja encontrá-la.

Pensemos nisso!

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em matéria de Alexandre Mansur, publicada na revista Época de 06/12/2004.

ABORTAMENTO ESPONTÂNEO

 

Por que, para certas mulheres que desejam muito ser mães, ocorrem abortamentos espontâneos?

O que acontece, nesses casos, ao Espírito que se preparava para reencarnar naquele corpo que estava em formação?

Uma senhora narrou, ao jornal italiano L´aurora uma experiência muito interessante.

Ela estava grávida e feliz. Estava no quarto mês de gestação. Os exames preliminares lhe haviam anunciado o sexo da criança: seria um menino, e ela se apressara a começar chamá-lo de André.

Então, uma noite, ela sonhou que estava deitada em um leito de hospital, sem apresentar o ventre desenvolvido, próprio da gravidez.

Estranhou, pois não conseguia entender o que acontecera. Levantou-se e foi até a janela do quarto. Um jardim se descortinava abaixo e nele um garotinho lhe sorria e a saudava com sua mãozinha.

Ela o olhou e lhe disse:

Até breve, meu tesouro. O nosso é somente um até breve, não um adeus.

Despertando, poucas horas depois, Giovanna precisou ser encaminhada ao Hospital da localidade, sob ameaça de um abortamento.

A médica, auxiliada por sua equipe, se esforçou ao máximo, sem conseguir evitar o abortamento espontâneo.

Uma grande tristeza invadiu aquele coração materno, ansioso pelo nascimento de mais um filho.

Desalentada e triste, chorou até se esgotarem as lágrimas. E o sonho da noite anterior então teve sentido para si: seu filhinho viera se despedir. E ela se despedira dele.

Fora o anúncio da tristeza que estava a caminho e que invadiria aquele coração feminino.

Talvez, mais tarde, em um outro momento, ele pudesse retornar, em nova tentativa gestacional. Mesmo porque, conforme o sonho, fora uma despedida temporária.

*   *   *

Por que ocorrem abortos espontâneos? O Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, interessou-se pela delicada questão.

As respostas lúcidas dos Espíritos de luz se encontram em O Livro dos Espíritos.

Em síntese, esclarecem os mensageiros celestes que, as mais das vezes, esses eventos espontâneos têm por causa as imperfeições da matéria.

Ou seja, as condições inadequadas do feto ou da gestante. De outras, o Espírito reencarnante, temeroso das lutas que terá que enfrentar na vida de logo mais, desiste da reencarnação, volta atrás em sua decisão.

Retirando-se o Espírito que presidia ao fenômeno reencarnatório, a criança não vinga, a gestação não chega a termo.

A gestação frustrada é dolorosa experiência para os pais e para o Espírito em processo reencarnatório.

Como não existe sofrimento sem causa anterior, chega a esses corações, como medida salutar para ajuste de débitos anteriores.

Para o Espírito que realizava a tentativa, sempre preciosa lição.

Retornará ao palco da vida terrena, após algum tempo, em novas circunstâncias.

* * *

Para quem aguarda o nascimento de um filho, se constitui em doloroso transe a frustração do processo da gestação.

De um modo geral, volta o mesmo Espírito, superadas as dificuldades, para a reencarnação.

Se forem inviáveis as condições para ser agasalhado no ventre que elege para sua mãe, engendra outras formas de chegar ao lar paterno.

É nessas circunstâncias que a adoção faz chegar a pais não biológicos o filho inestimável do coração.

 

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A SURPREENDENTE MORTE

Ela sempre chega em momento inoportuno. Não a convidamos mas ela comparece, quando e onde bem entende.
Ela estabelece o seu calendário de visitas, totalmente aleatório aos nossos olhos mortais. Mas preciso, especialmente concorde com a Lei Divina, em cada detalhe. Somente os que não estejam em equilíbrio mental é que a evocam, desejando-lhe a presença.
Todos os demais preferimos deixar para mais tarde, mais tarde... É a morte, essa não desejada presença. Ela dilacera corações plenos de esperança e nos leva a perguntar: Por quê? Por que agora? Por que com minha família? Assim foi com a família Camargos.
Na cidade de Natal, no Nordeste brasileiro, no dia doze de janeiro, a pequena Giovanna fazia seis anos. Festa de aniversário. Tudo pronto para a comemoração.
Pouco antes das oito horas da noite, a família só aguardava o telefonema do pai da menina, para a comemoração. Ele integrava a missão de paz do exército brasileiro no Haiti. E ele adorava seu trabalho.
O único senão eram as saudades da família: a mulher e dois filhos. Seu retorno ao Brasil estava marcado para o dia vinte e oito. E ele dizia para a esposa que ela acabaria ficando enjoada dele, porque passariam o tempo todo juntos.
Veio o telefonema, ele falou com Giovanna. E a esposa pediu que ele ficasse um pouco mais na linha para cantar o Parabéns pra você. Mas, de repente, a conexão do Skype caiu. Ela tentou ligar de volta. Sem êxito. A festa continuou.
No dia seguinte, o cunhado ligou para saber notícias de Raniel. Está bem, informou Heloísa. Conversamos ontem à noite. Ela não sabia do terremoto e, ao tomar conhecimento, se deu conta que fora a hora em que conversara com seu marido. Na mesma tarde, um telefonema do batalhão onde Raniel servia, confirmou para a família que ele fora uma das vítimas do terremoto no Haiti. Embora a tristeza, Heloísa diria mais tarde: O que me consola é que Raniel morreu fazendo o que sempre quis: ajudar os necessitados e servir ao seu país.
Ele morreu como um herói. As palavras da esposa traduzem o sentimento sublimado do amor. Ela sabia que o marido amava o seu trabalho, no exército brasileiro. A saudade é grande. Os filhos perguntam pelo pai e terão que se habituar à sua ausência física. Mas, eles terão a presença do ser amado em suas vidas nas doces lembranças, no telefonema de aniversário, nos sonhos...
Para essa família, como para todos os que cremos na Imortalidade, existe a certeza de que o Subtenente Raniel somente abandonou o casulo de carne. Ele prossegue vivendo e amando, na Espiritualidade.
Que esse exemplo de serenidade nos possa servir. Preparemo-nos. Quando a morte chegar, de inopino, rompendo nossos mais acalentados planos, pensemos: foi só um adiamento de tudo que planejamos. Logo mais tornaremos a estar juntos.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Heróis no Haiti (O soldado),
da Revista Seleções Reader’s Digest, de abril de 2010.

A melhor idade do amor

 

Sábado, dez horas e vinte e um minutos da manhã. Chuva insistente de outono. Um casal adentra uma panificadora para tomar café.

Dois cafés com leite e três pães de queijo, por favor.

Ela parece um pouco agitada. Não tira os olhos dele. Ele parece tranquilo, dessas pessoas que já conseguem viver num tempo um pouco mais lento do que o do relógio.

A diferença de idade é gritante. Não mais de quarenta, ela. Próximo aos oitenta, ele.

Ele olha para fora pela janela entreaberta.

Ela sorri, carinhosa.

Todos os seus filhos nasceram aqui nesta cidade?

Ele pensa um pouco... - Sim, todas elas... Três filhas.

E você? Onde nasceu? – Volta a inquirir a mulher.

Eu não sou daqui. Nasci no interior... Longe da cidade.

E o que você lembra de lá?

Ah... Muitas coisas... – Responde ele, com leve sorriso.

Então, silencia. Parece fazer algum esforço para recordar de algo especial, mas logo desiste. Volta a olhar para fora, procurando a chuva fina.

Sabe... Acho que tive uma vida feliz...

Ela permanece interessada. Um interesse de primeiro encontro. Observa os cabelos brancos dele, a tez um pouco castigada, os olhos azuis.

Respira fundo. Alguém poderia dizer que é o respirar de quem está apaixonado.

Você só casou uma vez? – Pergunta ela, com certo embaraço na voz.

Sim. Tereza. Mãe de minhas meninas. Que Deus a tenha.

Ela fica um pouco emocionada e constrangida, repentinamente. Esboça um sorriso para disfarçar. Olha para a mesa. Ainda resta um pão.

Pode comer. Já estou satisfeita.

Almoçamos juntos amanhã? – Pergunta ele, ansioso por ouvir um sim.

Sim... Claro que sim. É dia de almoçarmos juntos. Você sabe que gosto muito de estar com você, de ouvir suas histórias...

Estou um pouco esquecido hoje, eu acho. Contei pouco...

Não tem problema. – Diz ela, carinhosa. - Tem dias que a gente está com a memória mais fraca mesmo.

Doutor Maurício disse que é importante ficar puxando as coisas da memória sempre. Ele diz que é como um exercício físico que fazemos para não “enferrujar”. – Conclui ele.

É verdade... – Ela suspira. – Precisamos cuidar da memória...

Novamente um longo silêncio entre os dois.

Ele volta a vislumbrar o exterior, contemplativo.

Ela nota seu rosto em detalhes, ternamente.

Fecha os olhos, por um instante, como se fizesse uma breve oração, uma rogativa sincera a uma Força Maior.

Volta a abri-los, vagarosamente, e então pergunta:

Pai... Pai... Posso pedir a conta?

Ele acena positivamente. A conta chega. Ela se levanta primeiro, vai em direção a ele, envolve-o num abraço e o ajuda a levantar.

Aquela era a rotina de todo sábado, às dez horas e vinte e um minutos da manhã, nos últimos dez meses.

*   *   *

Foram nossos genitores que nos proporcionaram um corpo, abençoado instrumento de trabalho para o nosso progresso, bem como um lar.

Pensando em tudo isso, louve aos seus pais. Cuide deles, agora quando estão velhos, alquebrados, frágeis ou doentes.

Faça o possível para não os atirar nos tristes quartinhos dos fundos da casa, aonde ninguém vai. Não se furte à alegria de apresentá-los aos seus amigos e às suas visitas;

Ouça o que eles tenham a dizer. Quando estejam em condições para isso, leve-os para as refeições à mesa com você. Retribua, assim, uma parcela pequena do muito recebido por seus genitores anos atrás.

Redação do Momento Espírita com base no cap. 7, do livro Ações corajosas para viver em paz, pelo Espírito Benedita da Silva, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

INSTANTE DA MORTE

 

Allan Kardec, Codificador do Espiritismo, perguntou aos Espíritos:

Qual o sentimento que domina a maioria dos homens no momento da morte: a dúvida, o temor, ou a esperança?

Os Benfeitores responderam:

A dúvida, nos descrentes contumazes; o temor, nos culpados; a esperança, nos homens de bem.

Em todos os tempos, o homem se preocupou com o seu futuro para lá do túmulo e isso é muito natural.

Qualquer que seja a importância que dê à vida presente, não pode ele deixar de considerar o quanto essa vida é curta.

E, sobretudo, precária, pois que, a cada instante está sujeita a interromper-se, nenhuma certeza lhe sendo permitida acerca do dia seguinte.

Que será dele, após o instante fatal?

Questão grave esta, porquanto não se trata de alguns anos apenas, mas da eternidade.

Aquele que tem de passar longo tempo em país estrangeiro, se preocupa com a situação em que lá se achará.

Como, então, não nos haveria de preocupar a situação em que nos veremos, deixando este Mundo?

Advindo da vida imortal, o homem guarda vaga lembrança do que sabe e do que viu no plano espiritual.

Isso faz com que, no instante da morte ele sinta que não estará definitivamente liquidado.

Chegando, assim, o instante da morte, conforme ensinam os Espíritos, cada um se sentirá de acordo com sua consciência.

Se traz a consciência culpada, sentirá temor.  Se foi um homem céptico, descrente, sentirá, inelutavelmente, a dúvida. Mas, se foi um homem de bem, um homem bom, a esperança lhe fará companhia, ao despedir-se do corpo que lhe serviu de instrumento para bem viver.

A questão é simples: morre-se como se vive.  Tal vida, tal morte, diz a sabedoria popular.

A razão nos diz que o fato de deixarmos o invólucro carnal, não nos tornará melhores nem piores do que fomos até então. A natureza não dá saltos.

O que podemos, e isso nos é possível, é buscar viver de conformidade com as Leis Divinas desde agora, enquanto estamos a caminho.

Poderemos, se quisermos, vencer a descrença, buscando estudar as obras que falam de imortalidade, da realidade objetiva que nos aguarda após o decesso carnal.

Poderemos, ainda, aliviar a consciência culpada através da reformulação de valores, da reforma moral, envidando esforços para melhorar a nossa paisagem íntima, desde já.

Todavia, isso é de foro íntimo de cada um de nós, de quem depende, exclusivamente, a vontade de conquistar um estado d’alma tranqüilo, não só no instante da morte, mas em todos os instantes da vida, que é eterna.

* * *

A idéia do nada no Além-túmulo tem qualquer coisa que repugna à razão.

O homem, por mais despreocupado seja durante a vida, em chegando o momento supremo, pergunta a si mesmo o que vai ser dele, e sem o querer espera algo mais que o nada.

A razão nos diz que crer em Deus, sem admitir a vida futura, é um contra-senso.

O sentimento de uma existência melhor reside em todos os homens e não é possível que Deus aí o tenha colocado em vão.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita, com base nas questões 958 a 961 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.