sexta-feira, 4 de março de 2011

A ARTE DE CULTIVAR VIRTUDES

 

Um avô e seu neto, caminhando pelo quintal, ora se agachando aqui, ora ali, em animada conversação, não é cena muito comum nos dias atuais.

O garoto, de 4 anos de idade, aprendia a cultivar e a cuidar das plantas com o exemplo do seu avô, que tinha tempo para o netinho sempre que este o visitava.

Era por isso que o pequeno Nícolas acariciava as mudinhas que havia plantado e dizia:

“Quem planta colhe, né vovô?

Mas o avô não é habilidoso apenas no cultivo de plantas, é hábil também na arte de cultivar virtudes.

Entre uma conversa e outra, entre a carícia numa flor e uma erva daninha que arrancava, ele ia cultivando virtudes naquele coração infantil.

Ia ensinando que para obter frutos saborosos e flores perfumadas é preciso cuidado, dedicação, atenção e conhecimento.

E que, acima de tudo, é preciso semear, pois sem semeadura não há colheita.

O cuidado do pequeno Nícolas pelas plantas era fruto do ensinamento que recebeu desde pequenino, pois nem sempre foi assim.

Quando começou a engatinhar, suas mãozinhas eram ligeiras em arrancar tudo o que via pela frente, como qualquer bebê que quer conhecer o mundo pela raiz...

E, se não tivesse por perto alguém que lhe ensinasse a respeitar a natureza, talvez até hoje seu comportamento fosse o mesmo, como muitas crianças da sua idade ou até maiores.

Importante observar que as melhores e mais sólidas lições as crianças aprendem no dia-a-dia, com os exemplos que observam nos adultos.

É mais pela observação dos atos, do que pelos conselhos, que os pequenos vão formando seus caracteres.

Se a criança cresce em meio ao desleixo, ao descuido, às mentiras, ao desrespeito, vendo os adultos se agredindo mutuamente, ela aprenderá essas lições.

Assim, se temos a intenção de passar nobres ensinamentos a alguém, se faz necessário que prestemos muita atenção ao nosso modo de vida, às nossas ações diárias.

Como todo bom jardineiro, os educadores devem ser bons cultivadores de virtudes e valores.

Devem observar com cuidado as tendências dos filhos e procurar semear na alma infantil as sementes das quais surgem as virtudes, ao tempo em que as preservam das ervas-daninhas, das pragas, da seca e das enchentes. Sem esquecer o adubo do amor.

A alma da criança que cresce sem esses cuidados básicos por parte dos adultos, geralmente se torna campo tomado pelas ervas más dos vícios de toda ordem.

E, de todas as ervas más, as mais perigosas são o orgulho e o egoísmo, pois são as que dão origem às demais.

Por isso a importância dos cuidados desde cedo. E para se ter êxito nessa missão de jardineiro de almas, é preciso atenção, dedicação, persistência, determinação.

O campo espiritual exige sempre o empenho do amor do jardineiro para que possa produzir bons resultados.

E o empenho do amor muitas vezes exige alta dose de renúncia e de coragem. Coragem de renunciar aos próprios vícios para dar exemplos dignos de serem seguidos.

Os jardins da alma infantil são férteis e receptivos aos ensinamentos que percebem nas ações dos adultos.

Por essa razão vale a pena dedicar tempo no cultivo das virtudes, antes que as sementes de ervas-daninhas sejam ali jogadas, nasçam e abafem a boa semente.

Pense nisso!

Para que você seja um bom cultivador de almas, é preciso que tenha em sua sementeira interior as mudinhas das virtudes.

Somente quem possui pode oferecer. Somente quem planta, pode colher.

Pense nisso, e seja um cultivador de virtudes.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita

EU E A IDÉIA DE DEUS

 

 

Eu... Quem sou eu? Sou o que penso, o que aprendo, o que sinto. Sou a consciência ininterrupta da individualidade que cada um tem. Eu existo, vivo, vivencio toda realidade concreta. Tenho potencial de conhecimento latente, não utilizado no presente; tenho também o potencial de conhecimento do que está sendo construído, alcançado. Tenho, portanto, um conjunto de conhecimentos que devem ser levados em conta para superar os problemas do cotidiano.

E o que eu penso de Deus? Sei que Deus é imutável, pois que as leis do universo têm estabilidade; é imaterial, sua natureza difere de tudo que chamamos matéria; é único, se houvesse vários deuses não haveria unidade de poder no ordenamento do universo; é onipotente, porque sendo único tem somente ele o soberano poder; é soberanamente bom e justo, porque a sabedoria das leis divinas se revela nas pequenas e nas grandes coisas e, essa sabedoria não nos permite duvidar nem de sua justiça, nem de sua bondade e também é infinito em todas as suas perfeições.

Assim me ensinaram a ver Deus. Mas eu queria descobrir Deus por mim mesma...

Um dia, quando buscava a prova da existência de Deus, lembrei-me que toda causa gera efeitos e que não há efeitos sem causa. Procurei saber a causa primeira de todas as coisas, do que existia na natureza, da minha própria existência. Procurei saber quem seria a inteligência suprema que foi capaz de criar coisas tão perfeitas como o mecanismo, a engrenagem, do ser humano; como o desabrochar de uma rosa; como o nascer do sol e a existência de todas as estrelas no firmamento. Aí encontrei Deus.

Mas continuei minha busca e mais uma vez a razão me mostrou que tudo o que não era obra do homem, era obra de Deus. Assim vejo em cada obra da criação, em cada ser da natureza, uma prova da existência de Deus, sua natureza infinita.

Segui meu caminho de interrogações. Ainda não estava convencida, embora já tivesse chegado a ponto de ver nitidamente a grandeza da criação.

Verifiquei que Deus é o princípio inteligente que rege a matéria, o ser humano, o pensamento, a razão... Ele não está limitado à humanidade, ao planeta Terra ou mesmo à Via Láctea. Deus abrange todas as coisas, todos os seres vivos, inteligentes ou não.

Encontrei em Deus a verdadeira expressão de amor e caridade.

Na criação encontrei, além do amor e da caridade, o objetivo final de todo ser que nada mais é senão a perfeição, que tem como resultado o gozo da felicidade suprema.

Passei a ver que Deus é a própria expressão da vida, é a dinâmica da vida que se revela todos os dias em nós mesmos. É nossa capacidade de amar e de fazer coisas boas.

A visão histórica mostra que Deus está ligado aos mais variados conceitos, conforme a capacidade de compreensão dos povos, conforme o período em que viviam, e estes conceitos foram variando, mudando, na medida em que iam escapando às expectativas das pessoas, dos grupos sociais.

Aos poucos, Deus foi deixando de ser Deus entre outros deuses; Deus de um só povo, o que comandava os exércitos e esmagava seus inimigos. Deixou de ser o Deus que castiga, que provoca medo e controla a vida das pessoas.

Comecei, então, a perceber que Deus não se relaciona com o mágico ou o místico. Vi que se Ele não era matéria, nem tinha forma definida e tampouco estava restrito a uma pessoa, e também não se confunde com coisas ou pessoas, mas é a essência de todos, percebi que Deus é amor e perdão.

Assim compreendi, finalmente, que Deus não aceita ser comprado por promessas vãs, que não aceita oferendas ou sacrifícios. Não concede favores ou protege alguém em especial. Deus abrange todas as coisas e pessoas, sem punir, sem castigar ou mesmo executar sentenças.

A compreensão que o ser vai tendo de Deus é construída gradativamente, e assim passamos a ter a perfeita relação do eu com a idéia que fazemos de Deus que, na visão simples, pode-se perceber que Deus é essencialmente vida, amor, paz e compreensão; é inteligência, justiça, caridade suprema, onipotência, onipresença, onisciência, verdade universal. É, portanto, a unidade que se revela todos os dias quando procuramos o mais profundo de nós mesmos, nossos melhores sentimentos, nossas alegrias e manifestações de amor.

Vera Meira Bestene