domingo, 28 de junho de 2015

O AMOR PRÓPRIO


      Desenovela-te do amor-próprio quanto antes.
Ele é causa de muitos e afligentes problemas.
Encarcera na vaidade, disfarça-se com desculpas e acusações absurdas e cria animosidade.
       Ferido, ocasiona contendas violentas; vingativo, provoca agressões infelicitadoras.
       Ante uma recusa à ação do bem, defrontarás o amor-próprio insensível, e pela boca da maledicência ouvirás o leviano ou magoado.
       Um crime, uma ação perniciosa, um conflito entre pessoas, a falsa humildade e o abandono de tarefas são efeitos do amor-próprio despeitado.
       O amor-próprio só realiza obra meritória para colher, de imediato, os louros e reconhecimento. Após a realização, faz-se exigente, cobra o preço.
       Por qualquer motivo, ou sem motivo, afasta-se atirando petardos de ira e censuras insensatas.
       Vigie esse perverso companheiro e exercita o amor fraternal, doando-te quanto possas.
       Livrando-te dele, experimentarás otimismo, paz interior e alegria na vida, porque verás corretamente o mundo sem as lentes escuras que ele antepõe aos olhos da tua observação.
     

Joanna de Ângelis / Médium Divaldo Franco Livro: Alerta (extrato) - Ed. LEAL

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Infância


        Muitos psicólogos modernos acreditam que as crianças devem ser entregues à inclinação espontânea, cabendo aos adultos o dever de auscultar-lhes a vocação, a fim de auxiliá-las a exprimir os próprios desejos.
       Esquecem-se, no entanto, de que o trabalho e a reflexão vibram na base de todas as ações alusivas ao aprimoramento da natureza.
       Se o cultivador aguarda valioso rendimento da planta, há que propiciar-lhe adubo e carinho.
       Se o estatuário concebe a formação da obra prima, não prescinde do amor no trato da pedra.
       Se o oleiro aspira a plasmar uma ideia no corpo da argila, necessita condicioná-la em fôrma conveniente.
       Se o construtor espera segurança e beleza no edifício que lhe atende à supervisão, não pode afastar-se da disciplina, ante o plano traçado.
       Toda obra revela a fisionomia espiritual de quem a executa.
       Além disso, treinam-se potros para corridas, instruem-se muares para tração, exercitam-se pombos para correio e amestram-se cães para tarefas salvacionistas.
       Como relegar a criança à vala da indiferença?
       Do berço humano surgem muitos santos e heróis, para tarefas sublimes, no entanto, em maior proporção, aí respiram, na moldura de temporária inocência, almas comuns que suspiram por libertar-se da ignorância e da delinquência.
       Instinto à solta na infância é passaporte para o desequilíbrio.
       Menino em desgoverno — celerado em preparação.
       Hoje, criança livre — amanhã problema laborioso.
       Pequeninos refletem grandes.
       Filhos imitam pais.
       Os hábitos da madureza criam a moda espiritual para a juventude.
       Esclareçamos nossos filhos no livro do exemplo nobre.
       Nem freio que o mantenha na servidão, nem licença para que os arremesse ao charco da libertinagem.
       Em verdade, a criança é o futuro.
       Mas ninguém colherá futuro melhor, sem frutos de educação.

Emmanuel


(De “Família”, de Francisco Cândido Xavier — Espíritos Diversos)

terça-feira, 23 de junho de 2015

Todos São Importantes


   Somos iguais perante a seara, porque somos todos iguais perante o Senhor da Seara. Deus não faz acepção de pessoas, nem de posições e muito menos de instituições. 
  O item 5 do capítulo XX de O Evangelho Segundo o Espiritismo estabelece esta condição essencial: “Felizes os que tiverem trabalhado o campo do Senhor com desinteresse e movidos apenas pela caridade”. Emmanuel conclui a sua mensagem lembrando “que toda pessoa é importante na edificação do Reino de Deus”.
   Querer que não haja discordâncias entre os que trabalham na divulgação e na sustentação da Doutrina seria acalentar quimeras. Cada consciência humana, como ensina Hubert, é um ponto na correnteza da duração. Cada um de nós está colocado num ângulo determinado do eterno fluir da realidade. Cada qual, portanto, tem a sua maneira própria de ver as coisas.
   O Espiritismo nos ensina que nos completamos uns aos outros pelas nossas diferenças. Mas se diferimos nos acessórios, concordamos sempre no essencial. Por isso mesmo a caridade – que é o amor em ação – deve eliminar as arestas do nosso personalismo, ensinando-nos que todos somos importantes na busca e na conquista da verdade.
  Claro que não devemos concordar com tudo e tudo aprovar em silêncio, pois a tolerância de acomodação equivale a cumplicidade com o erro. A crítica maldosa e orgulhosa, que condena tudo o que é feito pelos outros, é a negação da caridade. Mas ai de nós se suprimirmos a crítica do meio espírita! Porque é ela, quando sensata e sincera, a prática da vigilância que Jesus ensinou e Paulo exemplificou. Como utilizar o “crivo da razão”, de que nos fala Kardec, se abdicarmos do direito de pensar, que mais do que um direito é um supremo dever do espírito?
   Quando Emmanuel diz: “Guiar-se pela misericórdia e não pela crítica” está se referindo à crítica negativa que nasce do orgulho e não à crítica positiva que brota espontânea e necessária do julgamento imparcial e fraterno, objetivando corrigir e portanto ajudar. 
   O lema “valorizar o esforço alheio” não implica a valorização dos erros e dos enganos do próximo, mas o reconhecimento dos esforços feitos por todos a favor da causa comum.  
   Todos precisamos de misericórdia, mas a misericórdia, como Deus nos mostra em sua lei de ação e reação, não é a aprovação de erros e ilusões – e sim a correção e o esclarecimento.


Obra: Astronautas do Além - Chico Xavier / J. Herculano Pires

segunda-feira, 22 de junho de 2015

VIVER BEM


       Cuida dos pensamentos na aldeia da mente, buscando identificá-los com as lições evangélicas.
        Modelas as ideias nas sentenças que os preceitos do Cristo determinam, com a amplitude que o progresso requer.
        Saiba ouvir os outros, como se fosses tu quem estivesse falando, selecionando os assuntos e guardando o que te convém.
        Vigia a boca, de modo que o verbo fale construindo, acreditando mais na expressão do exemplo.
        Perdoa esquecendo faltas, sem o império da falsidade e sem esquecer a oração em favor daqueles que, por vezes, te ofendem.
        Respeita o direito alheio, como queres ser respeitado; cada criatura é um mundo em posição diferente, com deveres e direitos ante a vida.
        Estuda de tudo, rejeitando o que possa te levar à desarmonia.
        Estimula a alegria, sem que ela se mostre no barulho que incomoda; a verdadeira felicidade se irradia no silêncio.
        Trabalha sempre com o traço da honestidade, sem te esqueceres das horas de lazer; o equilíbrio em tudo é paz no coração.
        Ama a Deus em tudo, pelos canais da caridade, do mínimo ao máximo, pelo móvel das tuas ações.
        Meditando e agindo desse modo, Deus ficará mais presente em ti e Jesus passará a ser teu companheiro lado a lado, em toda a tua vida, não porque o Senhor e o Mestre se aproximam mais dos que andam retamente no bem, mas porque despertarás os teus valores, de modo a reconhecê-los nas cidades do coração e da consciência.


De “Páginas Esparsas 4”, de João Nunes Maia, pelo Espírito Lancellin

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Minha Experiência no Umbral


Se eu disser para vocês que o inferno existe, acreditem, pois eu estava mergulhado nele, de corpo e alma, num espaço sombrio e frio, bem interno do ser, dos pés à cabeça, sem tempo, sem luz, nem descanso e afogava-me, a cada segundo, num oceano de matéria viscosa que roubava até minha ilusória alegria…
 Naquele lugar não havia luz, somente nuvens cinza e chuvas com raios e trovões, gritos estridentes e desesperados, gemidos surdos, pedidos de socorro, lágrimas, desalento, tristeza e revolta…
Preciso descrever mais as cenas dantescas de animais que nos mastigavam e, em seguida, nos devoravam sem consumir nossos corpos; se é que posso dizer que aquilo, que sobrou de mim, era um corpo humano. queria fugir para bem longe dali, mas tudo em vão, quanto mais me debatia no fluido grudento, mais me afundava e, quando alcançava, de novo, a superfície apavorante, mãos e garras afiadas faziam-me submergir naquele líquido pastoso e mal cheiroso.
Dragões lançavam chamas de suas bocas sujas e nos queimavam, machucando e estilhaçando a pouca consciência que me restava da lembrança de minha estada no corpo físico, neste planeta azul.
Guardiões das trevas olhavam atentos seus presos e vigiavam todos os movimentos realizados naquele imenso espaço de sofrimentos, dores, lamentos, depressões, angústias e arrependimentos tardios… O ar era ácido e provocava convulsões diversas.
Perguntava-me porque ali estava se nada fizera por merecer tão infeliz destino, depois de ser expulsa do corpo de carne através do uso maciço de drogas. A dúvida assaltava-me os raros momentos de raciocínio menos desequilibrado e as crises de abstinência trancavam todas as portas que dariam acesso à saída daquele campo de penitência de espíritos rebeldes e viciados com eu.
Os filmes de horror que assisti, quando encarnada, estariam ainda muito distantes dos padecimentos, pânicos, pavores e temores que ficariam para sempre registrados na minha memória mental, os piores dias que vivi até hoje, como joguete e marionete de forças que me escravizavam o ser, debilitado, fraco, desprovido de energias, suja, carente e chorosa.
Não me lembrava do que acontecera comigo…
Quando o medo é maior que as necessidades básicas, a mente fica encarcerada num labirinto hipnótico e “torporizante” de emoções truncadas e desconectadas da realidade… Assemelha-se a um pesadelo sem fim, sempre com final trágico e apavorante.
Quando conseguia conciliar um pequeno tempo de sono; era imediatamente desperta por seres que me insultavam e xingavam, acusavam-me de suicida maldita e jogavam-me lama misturada com pedras… Insetos e anfíbios ajudavam a traçar o perfil horrendo dos anos que passei no umbral.
Preciso escrever estas palavras para nunca mais me esquecer: “Com o fenômeno da morte, nós não vamos para o umbral, nós já estamos no umbral quando tentamos forjar as leis maiores da criação com nossas más intenções e tendências viciantes”. Tudo fica registrado num diário mental que traça nosso destino futuro, no bem ou no mal.
O umbral não fora criado por Deus; ele é de autoria dos espíritos que necessitam de um autêntico e genuíno estágio educativo em zonas inferiores, onde poderão se depurar de suas construções aleijadas no campo dos sentimentos e dos pensamentos disformes, mal estruturados e mal conduzidos por nossa irresponsabilidade, de mãos dadas com a imensa ignorância que nos faz seres infelizes e distantes da tão sonhada paz de consciência.
Após alguns anos umbralinos… Despertei numa tarde serena, num campo verdejante e calmo. Não acreditava no que via, pois tudo, agora, parecia um sonho… Percebi, ao longe, o canto de uma ave que insistia em acordar-me daquele pesadelo no qual já me acostumava a viver; a morrer todos os dias…
Seu canto era uma música que apaziguava meu coração e aguçava meus pensamentos na lembrança de como fui parar ali naquele campo gramado e repleto de árvores. Consegui sentar-me na relva e ao olhar todo aquele espaço natural, deparei-me com milhares de outros seres como eu, nas mesmas condições de debilidade moral, usufruindo, agora, de um bem que não merecia, mas vivia!
Todos nós dormíamos e fomos despertos com música e preces em favor de todos os presentes…
A maioria era de jovens e adultos, poucos idosos e centenas de enfermeiros que olhavam atentos para nossos movimentos no gramado. Com seus olhos serenos, projetavam em nós a mansidão e a paz tão esperadas por nossos corações enfermos, débeis e carentes de atenção, de afeto e carinho.
Alguém me tocava, de leve, os ombros e chamava-me pelo nome, como se me conhecesse há muito tempo. Eu identifiquei aquela voz e “temia” olhar para trás e confirmar minha impressão auditiva – era Cazuza todo de branco, como lindo enfermeiro, de cabelos cortados bem curtos e estendia suas mãos para que eu levantasse, caminhasse e conversasse um pouco em sua companhia.
Não consegui me levantar, porque uma enxurrada de lágrimas vertia dos meus olhos, como nascente de rio descendo a montanha das dores que trazia no peito. Meu ídolo ali estava resgatando e cuidando de sua fã, debilitada e muito carente. Ele cantou pequena canção e tive a capacidade de avaliar o que Deus havia reservado para aqueles que feriam suas leis e buscavam consolo entre erros escabrosos e desconcertantes.
A misericórdia divina sempre conspira a nosso favor, nós desdenhamos do amor divino com nossas desatenções e desequilíbrios das emoções comprometedoras, que arranham e esmagam as mais puras sementes depositadas no ser imortal. aprendi palavras boas!
Somente agora enxergo que sou espírito e que a vida continua e precisa seguir o curso natural das existências, como na roda-gigante: hora estamos aqui no alto; hora estamos aí embaixo encarnados. Daqui de cima, parece ser mais fácil compreender porque temos de respeitar as leis e descer num corpo físico – para, igualmente, quando aí estivermos, conquistarmos, pelo trabalho no bem, a lucidez que explica porque há a reencarnação, filha da justiça divina.
Após um tempo no campo reconfortante, fui reconduzida para um hospital onde me recupero até hoje dos traumas e cicatrizes que criei no corpo do perispírito. As lesões que provoquei foram muito graves, passei por várias cirurgias espirituais e soube que minha próxima encarnação será dolorosa e expiarei asma, deficiência mental e tuberculose. Mesmo assim, estou reunindo forças para estudar, pois sempre guardamos, no inconsciente, todos os aprendizados conquistados. Reencarnarei numa comunidade carente no interior do Brasil e passarei por muitos reveses, para despertar em mim o valor da vida do espírito na pobreza e na doença crônica.
Peço orações e a caridade dos corações que já sabem o que fazem e para onde desejam chegar. Invistam suas forças e energias espirituais em trabalhos de auxílio ao próximo e serão, naturalmente, felizes. Obrigado por me aceitarem como necessitada que sou!

Cássia Eller


LAR DE FREI LUIZ 2ª FEIRA 11/05/2015 DEPENDÊNCIA QUÍMICA MENSAGEM POR PSICOGRAFIA Espírito: Cássia Eller Médium: José Helenio.