sexta-feira, 15 de julho de 2011

Salários

 

Em certa passagem do Evangelho, narra-se uma pregação de João Batista.

A multidão interage com o profeta e lhe pede orientações.

Em dado momento, alguns soldados perguntam o que devem fazer.

João lhes responde que devem contentar-se com o seu soldo e não tratar mal ou defraudar a ninguém.

Essa frase tão concisa mostra grande sabedoria.

Muita gente se perde em tortuosos labirintos por não entender os problemas da remuneração na vida comum.

A busca de ganhos cada vez maiores pode fazer com que a pessoa esqueça os deveres que justificam seu salário atual.

Por se sentir injustiçada, arde em inveja de quem ganha mais.

Há operários que reclamam a remuneração devida a altos executivos.

A ganância costuma lançar um véu sobre a realidade e o ganancioso tudo vê sob uma ótica particular.

Ele sempre encontra uma forma de comparar sua situação com a dos outros, em seu favor.

Entretanto, não examina seriamente as graves responsabilidades que repousam sobre os ombros dos homens altamente colocados.

Muitas vezes, estes se convertem em vítimas da inquietação e da insônia.

Suas decisões e ações afetam a vida de incontáveis seres humanos e eles sentem o peso que isso representa.

Frequentemente, têm de gastar as horas destinadas ao descanso e à vida familiar em representações sociais.

De outro lado, há homens que vendem a paz do lar em troca de maiores ganhos.

Abdicam da convivência com os filhos enquanto se entregam a atividades desnecessárias.

Muitas vezes, justificam seu proceder com o propósito de dar conforto à família.

Contudo, olvidam que o afeto e a educação são os tesouros mais preciosos que podem proporcionar aos seus rebentos.

Ao eleger os bens materiais como o objetivo superior da existência, dão exemplos perniciosos.

Inúmeras pessoas seguem, da mocidade à velhice, descontentes com seus salários.

Apresentam-se ansiosas e descrentes, enfermas e aflitas, por não entenderem as circunstâncias do caminho humano, no que tange ao dinheiro.

Não é por demasia de remuneração que a criatura se integrará nos quadros Divinos.

Segundo a sabedoria popular, para a grande nau surgirá a grande tormenta.

Valorizar cada servidor o seu próprio salário é prova de elevada compreensão, ante a justiça do Todo Poderoso.

Para alcançar a paz, o relevante é estar muito atento aos próprios deveres.

Trabalhar com honestidade e desenvolver o próprio potencial.

Buscar melhoria, progresso e bem-estar, mas sem a angústia da ganância material e sem cobiçar o que é do próximo.

Antes de analisar o pagamento da Terra, é preciso se habituar a valorizar as concessões do Céu.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5 do livro Pão nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

O ANTÔNIMO DO AMOR

 

Não raro costumamos dizer que o ódio é o oposto do amor. Imaginamos que o ódio é o substituto do amor, tornando-se seu antônimo, no dicionário do coração.

Porém, esquecemo-nos de que os sentimentos não se processam dessa maneira em nossa intimidade e, que a falta de amor não significa a presença do ódio.

O ódio nascerá dos sentimentos mal resolvidos em relação ao nosso próximo, da não compreensão de suas atitudes e se alimentará, muitas vezes, nas fontes do egoísmo e orgulho, que ainda cultivamos em nós.

O ódio será a doença do amor e não o seu antônimo. Afinal, o ódio será o resultado dos sentimentos resolvidos e tratados de maneira errônea, equivocada.

Qual será, então, o antônimo do amor? Se entendermos o amor como o sentimento amplo e completo, o sentimento que nos preenche a alma e nos oferece rumos para bem conduzir nossos relacionamentos, qual será o seu antônimo?

O contrário do amor será a própria falta do amor, a sua ausência. De tal monta é a grandiosidade do amor que o seu antônimo não é encontrado em nenhum outro sentimento. O seu oposto é única e exclusivamente sua ausência.

Dessa forma, a ausência do amor chama-se indiferença.

Será a indiferença a maior expressão de desamor em relação a alguém. Será na indiferença que encontraremos o oposto do amor, sua maior barreira e limitação para que floresça.

E quanto de indiferença ainda mora em nosso coração? Quanto somos indiferentes com o que ocorre com nosso próximo e em nossa sociedade?

Quantas vezes somos indiferentes com a dificuldade do colega de trabalho, não tendo tempo nem para alguns minutos de conversa, demonstrando nosso interesse pelo que lhe está sucedendo?

Não raro, a indiferença surge em relação às aflições do amigo, do parente ou do vizinho. Sabemos das dores e provas difíceis que os assaltam e não empreendemos nenhum gesto, no sentido de os auxiliar.

Somos indiferentes às injustiças sociais, às misérias socioeconômicas, à violência moral e física que se nos avizinham, sem nos atingir diretamente.

* * *

Quando nos deixarmos aquecer pelo amor ao próximo, pela solidariedade ou compaixão, amizade ou afeição, a indiferença passará a perder espaço.

O exercício para amar inicia pelo esforço em abandonar a indiferença pelas dificuldades alheias.

E serão sempre as oportunidades diárias, no relacionamento com a família, no trabalho ou na vida em sociedade, que nos oferecerão a chance de acabar com esse antônimo do amor.

Quando ela não tiver mais espaço no nosso coração, teremos um mundo onde o amor será a tônica dos relacionamentos, ajudando-nos e apoiando-nos uns aos outros, nesse caminho do progresso e crescimento que todos anelamos.

Redação do Momento Espírita.