sexta-feira, 2 de março de 2012

Página do caminho

 

Para se lançar nas atividades do bem, não aguarde o companheiro perfeito.

A perfeição não costuma se fazer presente na rota dos seres em evolução.

Você esperava ansiosamente a criatura irmã para formar o lar mais ditoso.

Entretanto, o matrimônio lhe trouxe alguém a reclamar sacrifício e ternura.

Contava com seu filho para ser um amigo próximo e fiel, a compartilhar seus sonhos e ideais.

Contudo, ele alcançou a mocidade e fez-se homem sem se interessar por seus projetos.

Você se amparava no companheiro de ideal, que lhe parecia digno e dedicado.

Mas, de um momento para o outro, a amizade pura degenerou em discórdia e indiferença.

Mantinha fé no orientador que parecia venerável, em suas palavras sábias e em seus atos convincentes.

No entanto, um dia ele caiu de modo formidável, arrastado por tentações de que não se preveniu a contento.

É compreensível e humana a dor de ver ruírem esperanças e relações.

Contudo, embora mais solitário, continue firme no trabalho edificante que lhe constitui o ideal.

Cada homem carrega consigo seus potenciais e dificuldades.

A queda e a deserção de um não justificam as de outro.

Sempre é possível mirar-se em quem cai e passa a rastejar.

Entretanto, convém antes pensar nos que seguem adiante, altivos e valorosos.

De um modo ou de outro, cada homem responde pelas consequências que gera.

Na hora de enfrentá-las, será de pouco conforto lembrar que outros também padecem pela adoção de semelhante conduta.

É normal desejar companheiros de ideais e afeições puras nas quais se fortaleça.

Mas, quase sempre, aqueles a quem você considera como os afetos mais doces possuem importantes fragilidades.

Deseja que sejam autênticos sustentáculos na luta, quando simbolizam tarefas que solicitam renúncia e amor de sua parte.

Se deseja viver no bem, não valorize o gelo da indiferença e o fel da incompreensão.

Lembre-se de que o coração mais belo que pulsou entre os homens respirava na multidão e seguia só.

Possuía legiões de Espíritos angélicos.

Mas aproveitou o concurso de amigos frágeis que O abandonaram na hora extrema.

Ajudava a todos e chorou sem ninguém.

Mas, ao carregar a cruz, no monte áspero, continuou a legar preciosas lições à Humanidade.

Ensinou que as asas da Imortalidade podem ser extraídas do fardo de aflição.

Também mostrou que, no território moral do bem, alma alguma caminha solitária.

Embora a aparente derrota no mundo, todas seguem amparadas por Deus rumo a destinos gloriosos.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 33, do livro O Espírito da Verdade, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

Paz convosco

 

Após o drama do Calvário, consumada Sua desencarnação, Jesus logo principiou a manter contato com os Apóstolos.

Por algum tempo, dedicou-Se a orientá-los e a encorajá-los.

Em uma dessas aparições, afirmou: A paz seja convosco.

Essa singela frase, no contexto em que foi proferida, enseja interessantes reflexões.

Muita gente se interroga a respeito do auxílio que pode obter do plano espiritual.

Sob diferentes roupagens religiosas e, ao abrigo das mais diversas crenças, há o hábito de muito pedir e esperar.

Há até quem seja adepto da prática de estabelecer mecanismo de trocas, a título de votos e promessas.

Por vezes, a ausência da resposta almejada provoca inquietação.

Há quem indague a razão pela qual as almas redimidas não proporcionam descobertas sensacionais ao mundo.

Afirma-se que elas bem poderiam revelar o processo de cura de moléstias que desafiam a ciência.

Também poderiam interferir nos choques existentes entre as nações, a fim de pacificá-las.

Imagina-se que alguns espetáculos espirituais muito contundentes lograriam produzir maravilhas no palco terrestre.

Entretanto, essa linha de raciocínio queda distante de noções mínimas de justiça.

Seria terrível furtar ao homem os elementos de trabalho, resgate e elevação.

Quem deseja o maravilhoso implantado já, com estrépito, costuma se aborrecer com algumas orientações que vêm do plano espiritual.

Dele, habitualmente, chegam reiteradas e afetuosas recomendações de paz na luta.

Quem se agasta com esse tipo de resposta manifesta ausência de harmonia com a mensagem do Cristo.

O Mestre efetivamente retornou do plano espiritual para confortar Seus discípulos.

Mas O fez de forma reservada e não em plena praça pública, com tumulto e escândalo.

Não lhes deu soluções fáceis para os problemas que vivenciavam e vivenciariam.

Não fez revelações bombásticas de ordem supernatural.

Jesus apenas demonstrou a sobrevivência da alma após a morte do corpo e lhes desejou paz.

Contudo, isso deve bastar para a alma sincera que procura a integração com a vida mais alta.

Envolve grande responsabilidade reconhecer a continuação da existência, para além da morte física.

Como o ser continua, individualizado e consciente, ele deve se submeter a exame quanto aos seus compromissos individuais.

Trabalhar e sofrer constituem processos lógicos do aperfeiçoamento e da ascensão, no atual estágio humano.

Que os homens atendam a esses imperativos da lei, com bastante paz, é o desejo amoroso e puro de Jesus Cristo.

Convém esforçar-se por entender semelhante verdade, para não desperdiçar valiosas oportunidades.

Muitos aguardam grandes sinais para começar a agir.

Esses se assemelham a preguiçosos, que muito esperam sem nada fazer para atingir seus objetivos.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 53, do livro Caminho, verdade e vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

AMOR QUE NÃO ACABA

 

Até que ponto vai a capacidade de amar do ser humano? Quanto tempo dura o amor?

Um poeta da música disse, certa vez, que o amor é eterno enquanto dure.

E todos os desiludidos, os traídos e abandonados têm impressões muito próprias a respeito do amor, onde a tônica principal é de que amor eterno não existe.

Contradizendo tudo isso, alguns fatos, que a mídia televisiva ou impressa nos traz, afirmam que o amor verdadeiro é uma sinfonia inigualável.

Foi com esse sentimento que Chris Medina, um rapaz de vinte e sete anos, se apresentou em um programa de talentos, cantando uma música de sua autoria.

Os versos diziam mais ou menos assim:

Onde quer que você esteja, estou perto. Em qualquer lugar que você vá, eu estarei lá.

Toda vez que sussurrar meu nome, você verá como mantenho cada promessa. Que tipo de cara eu seria se fosse embora, quando você mais precisasse de mim?

O que são palavras se você realmente não acredita nelas quando as diz? Se são apenas para os bons momentos, então elas nada são.

Quando há amor, se diz em voz alta e as palavras não vão embora. Elas vivem mesmo quando partimos.

Eu sei que um anjo foi enviado apenas para mim. Sei que devo estar onde estou. E vou permanecer ao seu lado esta noite.

Nunca partiria quando você mais precisa de mim.

Vou manter meu anjo perto para sempre.

Ele não conseguiu vencer todas as etapas do concurso, sendo eliminado, em determinada fase, mas sua história levou às lágrimas os jurados e o público presente.

Porque a sua composição retrata exatamente o seu drama e sua decisão pessoal. É uma verdadeira declaração de amor.

Ele estava noivo e há dois anos pediu em casamento Juliana Ramos. A jovem bela, entusiasta. Formavam um casal primoroso.

Dois meses antes do casamento, no dia dois de outubro de 2009, o carro de Juliana foi atingido por um caminhão. Ela quase não sobreviveu.

Uma grave fratura no crânio desfigurou seu rosto e a transformou em uma mulher com muitas limitações físicas.

Foi-se a beleza, a agilidade, o sorriso fácil, as caminhadas, a dança, a alegria de todas as horas.

Ele permaneceu ao lado dela. Leva-a consigo para onde vá. E faz shows para arrecadar fundos para o tratamento de que ela necessita.

E isso ele externaliza cantando e agindo.

* * *

Quando se ama a beleza e ela se vai, o amor acaba. Quando se amam as formas perfeitas, a plástica, as linhas harmônicas do corpo e tudo isso se vai, o amor também se esvai.

Quando se amam aparências e outra realidade se apresenta, o amor acaba.

Quando se ama a transitoriedade, o amor fenece quando as situações se alteram.

Mas, quando se ama a essência, nada diminui o sentimento.

Esse amor é companheiro, solidário, se esmera para que o outro se sinta bem, seja feliz.

A sua é a preocupação de fazer a felicidade do outro.

Amor assim se perpetua no tempo, independente da soma dos anos, da multiplicação das rugas ou da diminuição da agilidade.

É o amor que sabe envelhecer junto e quanto mais passa o tempo, mais se solidifica.

Redação do Momento Espírita, com base em fato.