Naquele dia
de sol, Mário chegou feliz e estacionou o reluzente caminhão em
frente à porta de sua casa. Após vinte anos de muita economia e
intenso trabalho, sacrificando dias de repouso e lazer, ele
conseguira.
Comprara um
caminhão. Orgulhoso, entrou em casa e chamou a esposa para ver
a sua aquisição. A partir de agora, seria seu próprio
patrão.
Ao chegar
próximo do veículo, uma cena o deixou descontrolado. Seu filho, de
apenas seis anos, estava martelando alegremente a lataria do
caminhão.
Irritado,
aos berros, ele investiu contra o filho. Tomou o martelo das mãos
dele e, totalmente fora de controle, martelou as mãozinhas do
garoto.
Sem
entender o que estava acontecendo, o menino se pôs a chorar de dor,
enquanto a mãe interferiu e retirou o pequeno da cena.
Na
sequência, ela trouxe o marido de volta à realidade e juntos levaram
o filho ao hospital, para fazer um curativo nos
machucados.
O que
imaginavam, no entanto, fosse simples, descobriram ser muito grave.
As marteladas nas frágeis mãozinhas tinham feito tal estrago que o
garoto foi encaminhado para imediata cirurgia.
Passadas
várias horas, o cirurgião veio ao encontro dos pais e lhes informou
que as dilacerações tinham sido de grande extensão e os dedinhos
tiveram que ser amputados. De resto, falou ainda o médico, a criança
era forte e tinha resistido bem ao ato cirúrgico. Os pais poderiam
aguardá-lo no quarto para onde logo mais seria
conduzido.
Com a morte
no coração, os pais esperaram que a criança despertasse. Quando,
finalmente, abriu os olhos e viu o pai, o menino sorriu e
falou:
Papai,
me desculpe, eu só queria consertar o seu caminhão, como você me
ensinou outro dia. Não fique bravo comigo.
O pai, com
lágrimas a escorrer pela face, em desconsolo, se aproximou mais e
lhe disse que não tinha importância o que ele havia feito. Mesmo
porque, a lataria do caminhão nem tinha sido estragada.
O
menino insistiu: Quer dizer que não está mais bravo
comigo?
Não mesmo, falou o pai.
Então, perguntou a criança, se estou perdoado,
quando é que meus dedinhos vão nascer de
novo?
* *
*
Toda vez
que perdemos a calma, perdemos também a lucidez e o bom senso.
Nesses momentos, podemos cometer muitas tolices.
E quando
investimos contra as criaturas que amamos, podemos machucá-las
muito. Podemos feri-las com palavras e com atos.
E, em se
tratando de crianças, que são frágeis e ficam indefesas frente ao
descontrole dos adultos, tudo assume maior gravidade.
Jamais nos
permitamos a ira, que é sempre má companhia. Domemos as nossas
tendências e impulsos agressivos, recordando que nada na vida é mais
precioso do que as pessoas.
As coisas
que possamos adquirir nos servirão por algum tempo, mas, somente os
nossos amores estarão conosco sempre, não importando o local, as
condições que venhamos a nos encontrar.
Preservemos
a calma e ofertemos para aqueles que são os sóis das nossas vidas
somente o carinho, a ternura e as doces manifestações do amor.
Redação do
Momento Espírita, com base no texto Não vale
chorar, de autoria de Maurício Dias.