segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

CADA EXISTÊNCIA


É como se retivesses milenárias esperanças, procurando explodir, e, por essa razão, sofres a impossibilidade transitória de alcançar o ideal a que te propões.
Queres realizar os melhores sonhos, aspiras ao estudo edificante do Universo, anseias atingir as culminâncias da Ciência e da Arte, atormentas-te pela aquisição da felicidade e choras pela integração da própria alma no amor supremo...
Entretanto, quase sempre tens ainda o coração preso à dívida, à feição do diamante engastado ao seixo.
Há problemas que solicitam toda uma existência de renúncia constante, para que o fio do destino se alimpe e desembarace.
À vista isso, não desertes da prova que te segrega, temporariamente, na grande tribulação.
O lar pejado de sacrifícios, a família consanguínea a configurar-se por forja ardente, a viuvez expressando exílio, a obrigação qual cadeia atada ao pescoço, o compromisso em forma de algema e a moléstia semelhando espinho na própria carne constituem liquidações de longo prazo ou ajuste de contas a prestações, para que a liberdade nos felicite.
Resgata, pois, sem revolta, o próprio caminho.
Enquanto há inquietação na consciência, há resto a pagar.
Agradece, assim, as dificuldades e as dores que te rodeiam.
Cada existência, no plano físico, pode ser um passo adiante, que te projete na vanguarda de luz.
Misericórdia na Justiça Divina, consolações inefáveis, braços amigos, diretrizes renovadoras e auxílio constante não te faltam, em tempo algum; contudo, está em ti mesmo aceitar, adiar, reduzir, facilitar ou agravar o preço da tua libertação.


De “Justiça Divina”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

REALIDADE E SUPOSIÇÃO


Quando te sintas em dificuldade no relacionamento com os outros, observa que, muitas vezes, esses mesmos outros suportam problemas e percalços muito maiores do que os nossos.
Semelhante exercício te renovará os pensamentos e a compaixão te surgirá no íntimo, obstando-te a queda em pessimismo e revolta.
Se possuísses um engenho capaz de radiografar os sentimentos alheios, reconhecerias, de pronto, o contraste entre a suposição e a realidade.
Aquele chefe, supostamente arbitrário, guarda consigo a mente esfogueada de inquietações pelo próprio serviço de que recebes  os recursos que se te fazem necessários à vida.
Provavelmente o amigo que não te notou a presença carrega as próprias ideias e emoções concentradas num filhinho doente.
A senhora que tantos julgavam excessivamente enfeitada, assim se preparou diversos dias a fim de solicitar emprego a determinadas autoridades para o esposo recém-demitido da organização em que trabalhava.
O rapaz que passou, conduzindo o carro em alta velocidade, é portador de um cérebro enfermiço.
O artista que se negou a colaborar contigo na realização das boas obras em que te empenhas, estará sob o peso de terrível estafa.
A ninguém julguemos precipitadamente.
Procuremos o melhor de cada situação e de cada criatura, de modo a seguirmos para diante com o melhor a fazer, esquecendo o desnecessário.
Em muitos lances de marcha na direção de Deus erramos, a fim de aprender com segurança, ou caímos, de modo a levantar-nos para conquistar o equilíbrio seguro.
Ninguém segue sem o apoio de alguém nos caminhos da vida.
Em vista disso, compadeçamo-nos dos outros para que os outros se compadeçam de nós.

De “O Essencial”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel


domingo, 20 de dezembro de 2015

A reforma íntima!


Quanto puderes, posterga a prática do mal até o momento que possas vencer essa força doentia que te empurra para o abismo.
Provocado pela perversidade, que campeia a solta, age em silêncio, mediante a oração que te resguarda na tranquilidade.
Espicaçado pelos desejos inferiores, que grassam, estimulados pela onde crescente do erotismo e da vulgaridade, gasta as tuas energias excedentes na atividade fraternal.
Empurrado para o campeonato da competição, na área da violência, estuga o passo e reflexiona, assumindo a postura da resistência passiva.
Desconsiderado nos anseios nobres do teu sentimento, cultiva a paciência e aguarda a bênção do tempo que tudo vence.
Acoimado pela injustiça ou sitiado pela calúnia, prossegue no compromisso abraçado, sem desânimo, confiando no valor do bem.
Aturdido pela compulsão do desforço cruel, considera o teu agressor como infeliz amigo que se compraz na perturbação.
Desestimulado no lar, e sensibilizado por outros afetos, renova a paisagem familiar e tenta salvar a construção moral doméstica abalada.
É muito fácil desistir do esforço nobre, comprazer-se por um momento, tornar-se igual aos demais, nas suas manifestações inferiores. Todavia, os estímulos e gozos de hoje, no campo das paixões desgovernadas, caracterizam-se pelo sabor dos temperos que se convertem em ácido e fel, a requeimarem por dentro, passados os primeiros momentos.
Ninguém foge aos desafios da vida, que são técnicas de avaliação moral para os candidatos à felicidade.
O homem revela sabedoria e prudência, no momento do exame, quando está convidado à demonstração das conquistas realizadas.
Parentes difíceis, amigos ingratos, companheiros inescrupulosos, co-idealistas insensíveis, conhecidos descuidados, não são acontecimentos fortuitos, no teu episódio reencarnacionista.
Cada um se movimenta, no mundo, no campo onde as possibilidades melhores estão colocadas para o seu crescimento. Nem sempre se recebe o que se merece. Antes, são propiciados os recursos para mais amplas e graves conquistas, que darão resultados mais valiosos.
Assim, aprende a controlar as tuas más inclinações e adia o teu momento infeliz.
Lograrás vencer a violência interior que te propele para o mal, se perseverares na luta.
Sempre que surja oportunidade, faze o bem, por mais insignificante que te pareça. Gera o momento de ser útil e aproveita-o.
Não aguardes pelas realizações retumbantes, nem te detenhas esperando as horas de glorificação.
Para quem está honestamente interessado na reforma íntima, cada instante lhe faculta conquistas que investe no futuro, lapidando-se e melhorando-se sem cansaço.
Toda ascensão exige esforço, adaptação e sacrifício.
Toda queda resulta em prejuízo, desencanto e recomeço.
Trabalha-te interiormente, vencendo limite e obstáculo, não considerando os terrenos vencidos, porém, fitando as paisagens ainda a percorrer.
A tua reforma íntima te concederá a paz por que anelas e a felicidade que desejas.


Da obra Vigilância-  Joanna de Ângelis / Psicografia de Divaldo Franco

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Discípulos





Os círculos cristãos de todos os matizes permanecem repletos de estudantes que se classificam no discipulado de Jesus, com inexcedível entusiasmo verbal, como se a ligação legítima com o Mestre estivesse circunscrita a problema de palavras.
Na realidade, porém, o Evangelho não deixa dúvidas a esse respeito.
A vida de cada criatura consciente é um conjunto de deveres para consigo mesmo, para com a família de corações que se agrupam em torno dos seus sentimentos e para com a Humanidade inteira.
E não é tão fácil desempenhar todas essas obrigações com aprovação plena das diretrizes evangélicas.
Imprescindível se faz eliminar as arestas do próprio temperamento, garantindo o equilíbrio que nos é particular, contribuir com eficiência em favor de quantos nos cercam o caminho, dando a cada um o que lhe pertence, e servir à comunidade, de cujo quadro fazemos parte.
Sem que nos retifiquemos, não corrigiremos o roteiro em que marchamos.
Árvores tortas não projetam imagens irrepreensíveis.
Se buscamos a sublimação com o Cristo, ouçamos os ensinamentos divinos. Para sermos discípulos dele é necessário nos disponhamos com firmeza a conduzir a cruz de nossos testemunhos de assimilação do bem, acompanhando-lhe os passos.
Aprendizes existem que levam consigo o madeiro das provas salvadoras, mas não seguem o Senhor por se confiarem à revolta através do endurecimento e da fuga.
Outros aparecem, seguindo o Mestre nas frases bem-feitas, mas não carregam a cruz que lhes toca, abandonando-a à porta de vizinhos e companheiros.
Dever e renovação.
Serviço e aprimoramento.
Ação e progresso.
Responsabilidade e crescimento espiritual.
Aceitação dos impositivos do bem e obediência aos padrões do Senhor.
Somente depois de semelhantes aquisições é que atingiremos a verdadeira comunhão com o Divino Mestre.


De Fonte Viva – Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Desconfiança



Certamente, um coração que pulsa com equilíbrio é resultado de uma consciência pacificada.
Para que tal ocorra, é indispensável que o homem adquira a sabedoria da confiança.
Graças a ela, goza de tranquilidade íntima, agindo com inteireza moral e sem qualquer prevenção.
        A confiança deflui de uma atitude sempre positiva em relação à vida, à criatura em si mesma e ao próximo.
        Educando-se a vontade e corrigindo-se a óptica para melhor observar os acontecimentos, logra-se adquirir a confiança pessoal que é uma forma de segurança de conduta, elegendo o que fazer, como realizá-lo e para que executá-lo.
*
        A desconfiança grassa entre os homens com ou sem motivo que a justifique.
        Gera desconforto e mal-estar; armando indivíduos uns contra os outros, dando margem a suspeitas infundadas e a ódios que se instalam, prejudiciais.
        Quem padece o mal da desconfiança, apresenta-se instável, arredio, caindo em alienações que estiolam a alegria de viver.
*
        Se alguém age mal em relação a ti, ele é quem deve estar inquieto.
        Se outrem te prejudica, propositadamente,  o drama deve ser dele.
        Em qualquer situação, espanta a desconfiança da tua agenda de atividade, permanecendo tranquilo e feliz.


De “Episódios diários”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

EM PAZ DE CONSCIÊNCIA



Alguns instantes de reconsideração e perceberemos que, em muitas ocasiões, nós mesmos sobrecarregamos a mente de inquietações, com as quais, em verdade, nada temos que ver. Nesse aspecto de nossas dificuldades espirituais, assemelhamo-nos a criaturas invigilantes que arrematassem os débitos desnecessários dos outros, permitindo-nos cair sob a hipnose de forças destrutivas a que se afazem alguns dos nossos parceiros de experiência. Justo compartir as provações se lhe vinculem ao aprimoramento, mas, porque arrecadar os disparates estabelecidos voluntariamente por aqueles que patrocinam o nascedouro?   Comumente, estragamos grande parte do dia entregando-nos a aflições inúteis, com as quais em nada melhoramos a condição daqueles que lhes deram origem; muito ao contrário, em lhes hipotecando apreço, ei-las que se ampliam, transformando-se, vezes e vezes, em instrumentos de obsessão ou desarmonia, enfermidades ou delinquência.
       Imunizemo-nos contra a absorção de venenos mentais, em cuja formação não tivemos o menor interesse.
         Se um companheiro infringiu as disposições da lei, convencidos quanto estamos de que todo reajuste surgirá pelo sofrimento, para que agravar a situação com apontamentos cruéis?
            Alguém ter-nos-á caluniado ou insultado, fermentando difamação ou veiculando boatos, sem lograr abrir a mínima brecha na fortaleza tranquila de nosso mundo interior... Porque perder tempo ou conturbar o coração, se o problema pertence ao maldizente ou ao caluniador, que responderão, sem dúvida, pelos males que causem?
           Tenhamos as nossas oportunidades de serviço, alegrias da vida íntima, afeições verdadeiras e tarefas construtivas em mais alto conceito, recebendo-as por bênção de Deus, que nos cabe valorizar e enriquecer com reconhecimento, trabalho, amor e lealdade aos próprios deveres.
           Se erramos, retifiquemos nós mesmos,  reparando, com sinceridade, as consequências de nossas faltas; no entanto, se a obrigação cumprida nos garante a consciência tranquila, quando a provação das trevas nos desafie tenhamos a coragem de não conferir ao mal atenção alguma, abstendo-nos de passar recibo em qualquer conta perturbadora que a injúria ou a maledicência nos queiram apresentar. 




Obra: Encontro Marcado - Emmanuel / Francisco Cândido Xavier

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

FIEL PARA SEMPRE


No embate contínuo das inúmeras paixões para a intransferível sublimação espiritual, o cristão, descontente com as concessões que frui, compreende a necessidade de prosseguir lutando.
O triunfo imediato, as glórias fáceis, as alegrias ligeiras não o fascinam, porque lhes confere a transitoriedade.
Ante os monumentos colossais do passado, agora corroídos pelo tempo, constata a vacuidade dos bens terrenos.
Colunas de mármores raros cinzelados, granitos preciosos ornados de metais que produzem pujança e beleza deslumbrante, ressurgem, frios, tristes, aos seus olhos, narrando a história das mãos escravas que os trabalharam, lavando com suores e lágrimas de sangue a poeira que os instrumentos produziram ao dar-lhes forma arrancando dos minerais brutos a mensagem da beleza.
Museus abarrotados de valores de alto preço, que descrevem conquistas e poder, parecem páginas que choram em esculturas quebradas e ornatos incompletos, preciosidades mortas, fitando homens que a miséria mata desde a orfandade e que, possivelmente, foram os mesmos, que um dia no passado, se banquetearam na abastança da ilusão.
Lajes que suportaram, indiferentes, o tropel de exércitos com os seus animais e carros de guerra, continuam, gastas, suportando máquinas velozes que a técnica constrói...
E as paixões hoje são quase as mesmas de ontem, senão mais açuladas, mais violentas e devastadoras, no homem que prossegue inquieto.
Fala-se muito sobre tais belezas, ora transformadas em mausoléus de lembranças. Sem dúvida, retratam a arte, expressam grandezas espirituais, muitas delas. Fitando-as, todavia, não há como deixar de inquirir: “Se Deus concede ao homem ímpio e infeliz tanta fortuna, que não reservará ao filho generoso e trabalhador que Lhe é fiel?!”
          Luta, pois, e sofre, mesmo sozinho.
Desencarcera-te das primitivas manifestações do instinto, por cujos impulsos tens transitado e ascende aos panoramas da emoção superior, buscando com os sentimentos nobres e a inteligência lúcida, a intuição libertadora.
Não te equivoques com o sorriso dos conquistadores iludidos, nem suponhas que, promovendo alaridos, eles hajam encontrado a felicidade. O júbilo que promove balbúrdia é loucura em plena explosão.
A alegria que brota de dentro é como córrego precioso, que nasce discretamente e dessedenta a terra por onde cantam, docemente, suas águas passantes.
A atroada dos infelizes é produzida pela fuga que promovem, aparentando festa interior.
Ei-los que se embriagam por um dia, se entristecem no outro, murcham repentinamente e se desgarram na excentricidade das alienações mentais, conquanto aplaudidos por outros enfermos, sumindo pela porta do suicídio direto ou indireto para defrontar a realidade dolorosa, logo depois.
Todo cristão autêntico sofre um “espinho na carne”, que lhe dói e é, também, sua advertência.
O Calvário não é apenas a recordação ou o nome do lugar onde Ele padeceu. É a mensagem eterna da superação do Filho de Deus a todas as contingências, circunstâncias e imposições humanas, falando de amor, coragem, renúncia e fé.
Todos os mártires da fé, os heróis do bem e os santos do amor, caminhando entre os homens, sofriam com alegria o seu calvário, que era o sinal de união contínua com Ele, o Herói Estelar.
Abre desse modo, os teus braços, submete-te à cruz redentora e avança. Para a ouvir um pouco as vozes do passado que ensinam experiências e não temas: sê fiel a Jesus até o fim!


Joanna de Ângelis - Fonte: “Sol de Esperança”, de Divaldo P. Franco – Diversos Espíritos

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

CONVERSÃO




Não é tão fácil a conversão do homem, quanto afirmam os portadores de convicções apressadas. Muitos dizem “eu creio”, mas poucos podem declarar “estou transformado”.
As palavras do Mestre a Simão Pedro são muito simbólicas. Jesus proferiu- as, na véspera do Calvário, na hora grave da última reunião com os discípulos. Recomendava ao pescador de Cafarnaum confirmasse os irmãos na fé, quando se convertesse.
Acresce notar que Pedro sempre foi o seu mais ativo companheiro de apostolado. O Mestre preferia sempre a sua casa singela para exercer o divino ministério do amor. Durante três anos sucessivos, Simão presenciou acontecimentos assombrosos. Viu leprosos limpos, cegos que voltavam a ver, loucos que recuperavam a razão; deslumbrara-se com a visão do Messias transfigurado no labor, assistira à saída de Lázaro da escuridão do sepulcro, e, no entanto, ainda não estava convertido.
Seriam necessários os trabalhos imensos de Jerusalém, os sacrifícios pessoais, as lutas enormes consigo mesmo, para que pudesse converter-se ao Evangelho e dar testemunho do Cristo aos seus irmãos.
Não será por se maravilhar tua alma, ante as revelações espirituais, que estarás convertido e transformado para Jesus. Simão Pedro presenciou essas revelações com o próprio Messias e custou muito a obter esses títulos. Trabalhemos, portanto, por nos convertermos. Somente nessas condições, estaremos habilitados para o testemunho.


Obra: Caminho, Verdade e Vida - Emmanuel / Francisco Cândido Xavier


CORRIGIR



Toda corrigenda, antes que se exprima em palavras, há de vazar-se em amor para que a vida se eleve.
Senão vejamos, em comezinhos incidentes da Natureza.
Não amaldiçoarás a gleba que o deserto alcançou, mas oferecer-lhe-ás a graça da fonte para que retorne aos talentos da produção.
Não condenarás o pântano em que a lama se acumulou, provocando a inutilidade, mas drenar-lhe-ás o leito de lodo, a fim de que se restaure em leira fecunda.
Não reprovarás simplesmente a veste que os detritos desfiguraram, mas mergulhá-la-ás na água pura, recompondo-lhe a forma para a bênção da serventia.
Não martelarás indiscriminadamente a máquina, cuja engrenagem se nega à função devida, e sim lhe examinarás, com atenção, os implementos defeituosos, de modo a recuperá-la para o justo exercício.
Não derrubarás a plantação nascente que a praga invadiu, mas mobilizarás carinho e cuidado para libertá-la do elemento destruidor, propiciando-lhe recurso preciso ao refazimento.
Não aniquilarás certa província corpórea, porque se mostre enfermiça, mas fornecer-lhe-ás adequado remédio, normalizando-lhe os movimentos.
Repreensão sem paciência e esperança, ainda mesmo quando se fundamente em razões respeitáveis, é semelhante ao punhal de ouro fulgurando rara beleza, mas carreando consigo a visitação da morte.
Corrigir é ensinar e ensinar será repetir a lição, com bondade e entendimento, tantas vezes quantas se    fizerem necessárias.
Unge-te, pois, de compaixão, se desejas retificar e servir.
Lembra-te de que o próprio Cristo, embora portador de sublimes revelações no tope do monte, antes de ministrar a Verdade à mente dos ouvintes sequiosos de luz, ao reparar-lhes a fome do corpo, deu-lhes, compassivo, um pedaço de pão.



De “Religião dos Espíritos”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel

domingo, 13 de dezembro de 2015

TUDO NOVO


É muito comum observarmos crentes inquietos, utilizando recursos sagrados da oração para que se perpetuem situações injustificáveis tão-só porque envolvem certas vantagens imediatas para suas preocupações egoísticas.
Semelhante atitude mental constitui resolução muito grave. Cristo ensinou a paciência e a tolerância, mas nunca determinou que seus discípulos estabelecessem acordo com os erros que infelicitam o mundo.
Em face dessa decisão, foi à cruz e legou o último testemunho de não-violência, mas também de não-acomodação com as trevas em que se compraz a maioria das criaturas.
Não se engane o crente acerca do caminho que lhe compete. Em Cristo tudo deve ser renovado, o passado delituoso estará morto, as situações de dúvida terão chegado ao fim, as velhas cogitações do homem carnal darão lugar a vida nova em espírito, onde tudo signifique sadia reconstrução para o futuro eterno.
É contrassenso valer-se do nome de Jesus para tentar a continuação de antigos erros. Quando notarmos a presença de um crente de boa palavra, mas sem o íntimo renovado, dirigindo-se ao Mestre como um prisioneiro carregado de cadeias, estejamos certos de que esse irmão pode estar à porta do Cristo, pela sinceridade das intenções; no entanto, não conseguiu, ainda, a penetração no santuário de seu amor.




Obra: Caminho, Verdade e Vida - Emmanuel / Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

CHAMAMENTOS



Aguça os ouvidos e assinalarás os múltiplos chamados do Senhor ao testemunho de serviço, em teu próprio aperfeiçoamento, cada dia.
Os apelos do Céu ressoam por toda parte, sem palavras, sem abalo, sem ruído...
Repara: – é a dureza de coração que te convida ao exercício da piedade;
 a dor que te pede reconforto balsamizante;
é a calúnia que te reclama o esforço heroico do perdão com absoluto esquecimento do mal;
é a sombra que espera por tua lâmpada acesa na inspiração do bem;
é o cipoal da discórdia que te aguarda a bênção de harmonia...
Não olvides que o Senhor apeia para a tua bondade e para a tua compreensão, para a tua paciência e para a tua capacidade de servir, em todos os ângulos do caminho...
Aqui é uma esperança frustrada, ali é um desafio do sofrimento que, em nome d’Ele, te pedem confiança e conformação...
A voz do Mestre vibra no santuário doméstico, na oficina em que te confias à conquista do pão, no templo de tua fé religiosa, na via pública...
Fala-te de mil modos diferentes nos amigos, nos parentes, nos companheiros e nos desconhecidos que cruzam com teus passos pela primeira vez!
Levanta-te cada manhã e prepara a acústica da própria alma, a fim de lhe registrares as sugestões e não te esqueças de que se souberes escutar o Divino Mentor nos diversos chamamentos de cada hora – chamamentos à ação digna, à sublimação dos sentimentos, ao dever bem cumprido e à atitude da reta consciência – em breve, te elegerás escolhido para o concerto dos servidores divinos na Glória Superior.
Em verdade, o Dono da Vinha convida os operários da sementeira e da seara, indistintamente para o trabalho comum; entretanto, o esforço e o devotamento, a boa vontade e o sacrifício do cooperador são as forças que o destacam para a eleição a que deve e pode erguer-se.
Muitos chamados e poucos escolhidos! – proclamou o Divino Mestre. É que todas as criaturas estão na Terra, chamadas à construção da luz, mas só aquelas que se consagram às próprias obrigações, na execução dos divinos desígnios, podem atingir a vitória dos que persistem no bem até o fim.


(Obra: Instrumentos do Tempo - Chico Xavier/Emmanuel)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

CONSERVA A PAZ



A pretexto algum percas a paz. Tua paz – tua vida.
Quando a provocação te chegue, usando os ardis da violência, permanece em harmonia. A tua paz é um tesouro de valor inestimável.
Quando a inveja te arroje calúnias, não lhe dês atenção, perturbando-te. A tua paz merece sacrifício a fim de ser preservada.
Quando o despeito arremesse pedradas contra tuas tarefas e teu nome, mantém a tranquilidade. A tua paz é o sinal-vitória da tua conduta feliz.
Ninguém transita no mundo livre de agressão, impiedade, malquerença ou achincalhe.
Mesmo Jesus não esteve imune aos trocistas ou competidores pela perseguição gratuita.
Mas eles passam com seus infelizes ardis, com que mais se infelicitam.
Assim, não forneças material para sustentação da intriga aos adversários de tua paz.
Tais companheiros serão chamados à reflexão por doenças, dramas morais, acidentes...
Persevera nos teus compromissos nobres, e, servindo no bem, conserva a tua paz em Jesus.
       


Joanna de Ângelis / Médium Divaldo Franco - Livro: Sementes de Vida Eterna - Ed. LEAL

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

DE ÂNIMO FIRME




   É possível estejas descobrindo o inesperado.
   Construções que suponhas de ouro acabaram em resíduos de pedra.
       Promessas acalentadas por muitos anos parecem-te agora rematadas mentiras.
       Afetos julgados invulneráveis abandonaram-te o passo quando mais necessitavas de apoio.
       Surpreendestes a incompreensão nos companheiros mais nobres e colheste amargos problemas nos próprios filhos.
       Ruíram aspirações como vasos quebrados.
       Sonhos desfizeram-se, de improviso, como se ventania te devastasse a existência.
       Apesar de tudo, porém, renova-te, a cada instante, e caminha apoiando-te na fé viva.
       Aflição de hoje, compromisso de ontem.
       Merecimento de agora, crédito de amanhã.
       Banha tuas energias nas correntes do amor, que compreende e edifica sempre.
       Aplica-te ao trabalho, que aprimora e sublima.
       Assim, ao retornar para a Luz Espiritual, terás em ti a flama da alegria, ressurgindo do sofrimento, como a glória solar renasce das trevas.


 Emmanuel / Médium Chico Xavier - Do livro “Justiça Divina” – Ed. FEB

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

JESUS ESTÁ CHAMANDO


Desde a primeira hora do Apostolado Divino, Jesus está chamando Cooperadores para os serviços de extensão do Reino de Deus na Terra.
A princípio, buscou Pedro e André, os pescadores humildes, à tarefa de salvação.
Convocou Mateus, o administrador de impostos, à coleta de bens do Céu.
Trouxe Maria de Magdala, a obsidiada de vários demônios, à necessária renovação.
Convocou Joana, a esposa admirável de ilustre funcionário do bem público, ao concurso fraterno.
Chamou Zaqueu, o mordomo da fortuna, do alto de um sicômoro, ao esforço de benemerência.
Exaltou em Maria da Betânia o valor da meditação.
Requisitou Marta, a preocupada servidora doméstica, às obras do pensamento sublime.
Acordou Nicodemos, o mestre intelectual de Israel, para o ministério da santificação.
Ergueu Lázaro, no sepulcro, para a manifestação do Divino Poder.
E ainda, no último dia e na derradeira hora, despertou um ladrão crucificado para a divina esperança.
Em todos os vinte séculos de Cristianismo que estamos
vivendo, O Senhor está chamando Colaboradores para a sua obra excelsa de redenção e aprimoramento.
Há serviço para cada um e degraus iluminativos para todos.
Para onde segues, irmão?
Jesus, por nós, imolou-se na cruz. Que fazemos nós por Ele?


 Pelo Espírito Emmanuel. Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Livro: Nosso Livro

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

EVANGELHO E CARIDADE


        Antes de Jesus, a caridade é desconhecida.
        Os monumentos das civilizações antigas não se reportam à divina virtude.
        Os destroços do palácio de Nabucodonosor, no solo em que se erguia a grandeza de Babilônia, falam simplesmente de fausto e poder que os séculos consumiram.
        Nas lembranças do Egito glorioso, as Pirâmides não se referem à compaixão.
        Os famosos hipogeus de Persépolis são atestados de orgulho racial.
        As muralhas da China traduzem a preocupação de defesa.
        Nos velhos santuários da Índia, o Todo-Poderoso é venerado por milhões de fiéis, indiscutivelmente sinceros, mas deliberadamente afastados dos semelhantes nascidos na condição de parias desprezíveis.
        A acrópole de Atenas, com as suas colunas respeitáveis, é louvor à inteligência.
        O coliseu de Vespasiano, em Roma, é monumento levantado ao triunfo bélico, para as expansões da alegria popular.
        Por milênios numerosos, o homem admitiu a hegemonia dos mais fortes e consagrou-a através da arte e da cultura que era suscetível de criar e desenvolver.
        Com Jesus, porém, a paisagem social experimenta decisivas alterações
        O Mestre não se limita a ensinar o bem. Desce ao convívio com a multidão e materializa-o com o próprio esforço.
        Cura os doentes na via pública, sem cerimoniais, e ajuda a milhares de ouvintes, amparando-os na solução dos mais complicados problemas de natureza moral, sem valer-se das etiquetas do culto externo.
        Lega aos discípulos a parábola do bom samaritano, que exalta a missão sublime da caridade para sempre.
        A história é simples e expressiva.
        Transmite Lucas a palavra do Celeste Orientador, explicando que “descia um homem de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que o despojaram, espancando-o e deixando-o semimorto. Ocasionalmente passava pelo mesmo caminho um sacerdote e, vendo-o, passou de largo. E, de igual modo, também um levita, abordando o mesmo lugar e observando-o, passou à distância. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, reparando-o, moveu-se de íntima piedade. Abeirando-se do infortunado, aliviou-lhe as feridas e, colocando-o sobre a sua cavalgadura, cuidadosamente asilou-o numa estalagem”.
        Vemos, dentro da  narrativa, que o Senhor situa no necessitado simplesmente “um homem”.
        Não lhe identifica a raça, a cor, a posição social ou os pontos de vista.
        Nele, enxerga a Humanidade sofredora, carecente de auxílio das criaturas que acendam a luz da caridade, acima de todos os preconceitos de classe ou de religião.
        Desde aí, novo movimento de solidariedade humana surge na Terra.
        No curso do tempo, dispersaram-se os apóstolos, ensinando, em variadas regiões do mundo, que “mais vale dar que receber”.
        E, inspirados na lição do Senhor, os vanguardeiros do bem substituem os vales da imundície pelos hospitais confortáveis; combatem vícios multimilenários, com orfanatos e creches; instalam escolas, onde a cultura jazia confiada aos escravos; criam institutos de socorro e previdência, onde a sociedade mantinha a mendicância para os mais fracos. E a caridade, como gênio cristão na Terra, continua crescendo com os séculos, através da bondade de um Francisco de Assis, da dedicação de um Vicente de Paulo, da benemerência de um Rockfeller ou da fraternidade do companheiro anônimo da via pública, salientando, valorosa e sublime, que o Espírito de Cristo prossegue agindo conosco e por nós.
                                                                                                       

(De “ROTEIRO”, de Francisco Cândido Xavier,  pelo Espírito Emmanuel)