O pensamento é o atributo característico do ser espiritual; é ele que distingue o Espírito da matéria: sem o pensamento, o Espírito não seria Espírito. A vontade não é atributo especial do Espírito; é o pensamento chegado a um certo grau de energia; é o pensamento tornado força motriz.É pela vontade que o Espírito imprime aos membros e ao corpo movimentos num determinado sentido.Mas se ele tem a força de agir sobre os órgãos materiais, como não deve ser maior esta força sobre os elementos fluídicos que nos cercam!O pensamento age sobre os fluidos ambientes como o som age sobre o ar; esses fluidos nos trazem o pensamento, como o ar nos traz o som.Pode, pois, dizer-se com toda a verdade que há nesses fluidos ondas e raios de pensamentos que cruzam sem se confundir, como há no ar ondas e raios sonoros. (Revista Espírita, dezembro de 1868, “O Espiritismo é uma religião?”).Pela vontade ou só pelo pensamento, o Espírito opera no fluido perispiritual, que não passa de uma concentração de fluido cósmico ou elemento universal, uma transformação parcial, que produz o objeto que deseja. Tal objeto é para nós uma aparência, mas para o Espírito é uma realidade. (Revista Espírita, novembro de 1864, “Conversas familiares de além-túmulo”).Assim como, quase sempre, é o homem o causador de seus sofrimentos materiais, mais ainda, porque os sofrimentos materiais algumas vezes independem da vontade; mas, o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, numa palavra, são torturas da alma. (O Livro dos Espíritos, questão 933).Uma assembleia é um foco onde irradiam pensamentos diversos; é como uma orquestra, um coro de pensamentos em que cada um produz uma nota.Resulta daí uma porção de correntes e de eflúvios fluídicos, cada um dos quais recebe a impressão pelo sentido espiritual, como num coro de música cada um recebe a impressão dos sons pelo sentido da audição.Mas, assim como há raios sonoros harmônicos ou discordantes, também há pensamentos harmônicos ou discordantes.
Se o conjunto for harmônico, a impressão será agradável; se for discordante, a impressão será penosa.Para isso não é preciso que o pensamento seja formulado em palavras; a radiação fluídica não existe menos, seja ou não expressa; se todos forem benevolentes, todos os assistentes experimentarão um verdadeiro bem-estar e sentir-se-ão à vontade; mas se se misturarem alguns pensamentos maus, produzem o efeito de uma corrente de ar gelado num meio tépido. (Revista Espírita, dezembro de 1868, “O Espiritismo é uma religião?”) (1)Tal é a causa do sentimento de satisfação que se experimenta numa reunião simpática; aí, como que reina uma atmosfera moral salubre, onde se respira à vontade; daí se sai reconfortado, porque se ficou impregnado de eflúvios fluídicos salutares.Assim se explicam, também, a ansiedade, o mal-estar indefinível que se sente num meio antipático, em que pensamentos malévolos provocam, por assim dizer, correntes fluídicas malsãs. (ibidem)A comunhão de pensamentos produz, assim, uma espécie de efeito físico, que reage sobre o moral; é o que só o Espiritismo poderia dar a compreender.O homem o sente instintivamente, desde que procure as reuniões onde sabe que encontra essa comunhão.
Nas reuniões homogêneas e simpáticas adquire novas forças morais; poder-se-ia dizer que aí recupera as perdas fluídicas que tem diariamente, pela radiação do pensamento, como recupera pelos alimentos as perdas do corpo material. (ibidem)
A esses efeitos da comunhão dos pensamentos junta-se um outro que é a sua consequência natural, e que importa não perder de vista; é o poder que adquire o pensamento ou a vontade, pelo conjunto de pensamentos ou vontades reunidas.
Sendo a vontade uma força ativa, esta força é multiplicada pelo número de vontades idênticas, como a força muscular é multiplicada pelo número de braços.