domingo, 31 de julho de 2011

NA BÊNÇÃO DA VIDA

 

Mal você acorda pela manhã, e muitas preocupações passam a ocupar a sua mente. São tantas as providências que tem a tomar que muitas vezes fica atordoado e nem vê o dia acabar.

As coisas mais comezinhas e as mais graves são alvos de sua atenção, ocupando-lhe as horas.

A noite chega e, quando você se dá conta está exausto, extremamente exausto.

Mastiga o jantar enquanto tenta digerir os problemas que ficaram pendentes. Bem, mas agora é só amanhã...

Um banho rápido e, cama. Isto é tudo o que conseguirá fazer.

Algumas horas de sono e novamente o dia lhe convida a agir... E lá vai você outra vez.

As horas se sucedem, os dias se vão, os meses se transformam em anos, e você passa pela vida sem se dar conta das muitas bênçãos que ela lhe oferece, bem como a todas as criaturas que dividem com você o planeta.

Mas, apesar da indiferença, um novo dia se apresenta para ser vivido.

E este dia talvez seja oportuno para você lançar um olhar mais atento ao mundo a sua volta buscando interagir, de maneira consciente, com essas forças inteligentes.

Descubra o valor das concessões que o senhor lhe faz pelas mãos da vida e distenda alegria e reconhecimento por toda a parte.

Observe a natureza, abençoando sem cessar, através das próprias forças em movimentos. Nascem frutas saborosas em árvores cujas raízes se prendem à lama...

Correm brisas leves, entoando melodias suaves, em apertados vales onde cadáveres se decompõem.

Cai o orvalho da noite sobre o solo ressequido e misérrimo, crestado pelo sol.

Voejam borboletas delicadas nos rios de ar ligeiro qual festival de cor flutuante sobre campina pontilhada de flores miúdas.

Desabrocham, além, espécies variadas da flora que o pólen feliz fecunda em todo lugar.

Rutilam constelações no manto da noite salpicando a terra de diamantes preciosos.

Em cada madrugada renasce o sol dourado, purificando o charco, vitalizando o homem, atendendo à flor sem indagar da aplicação que lhe façam dos raios beneficentes.

Não se detenha e recorde os tesouros com que o bem lhe enriquece o coração, através dos valiosos patrimônios da saúde e da fé, da alegria e da paciência, e vá em frente.

Indiferença é enfermidade.

Medo é veneno que mata lentamente.

Acenda a luz da coragem na alma, a fim de que você não se embarace nas dificuldades muito naturais que seguem ao lado dos seus compromissos em relação à vida.

Confiança em nossos atos é fortalecimento para a coragem alheia.

Otimismo nas realizações também é aliança de identificação com as esferas superiores.

Pense nisso!

Você não está no mundo em vão.

Aproveite a oportunidade, valorize as bênçãos da vida, difunda gratidão e alegria por onde passar, com quem estiver, com as concessões que possuir, justificando em atos edificantes a sua passagem pela terra.

Você não é figurante nos palcos da vida terrestre: é protagonista, é lição viva, é peça importante nessa imensa engrenagem chamada sociedade.

Pense nisso, e movimente-se em harmonia com essas forças poderosas e inteligentes que agem por toda parte.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no

cap.  Na bênção da vida, do livro Ementário Espírita, ed. Leal.

sábado, 30 de julho de 2011

Morrer é voltar para casa

Quando a morte chega, com sua bagagem de mistérios, traz junto divergências e indagações.

Afinal, quando os olhos se fecham para a luz, o coração silencia e a respiração cessa, terá morrido junto a essência humana?

Materialistas negam a continuação da vida. Mas os espiritualistas dizem que sim, a vida prossegue além da sepultura.

E eles têm razão. Há vida depois da morte. Vida plena, pujante, encantadora.

Prova disso? As evidências estão ao alcance de todos os que querem vê-las.

Basta olhar o rosto de um ser querido que faleceu e veremos claramente que falta algo: a alma já não mais está ali.

O Espírito deixou o corpo feito de nervos, sangue, ossos e músculos. Elevou-se para regiões diferentes, misteriosas, onde as leis que prevalecem são as criadas por Deus.

Como acreditar que somos um amontoado de células, se dentro de nós agita-se um universo de pensamentos e sensações?

Não. Nós não morreremos junto com o corpo. O organismo voltará à natureza - restituiremos à Terra os elementos que recebemos – mas o Espírito jamais terá fim.

Viveremos para sempre, em dimensões diferentes desta. Somos imortais. O sopro que nos anima não se apaga ao toque da morte.

Prova disso está nas mensagens de renovação que vemos em toda parte.

Ou você nunca notou as flores delicadas que nascem sobre as sepulturas? É a mensagem silenciosa da natureza, anunciando a continuidade da vida.

Para aquele que buscou viver com ética e amor, a morte é apenas o fim de um ciclo. A volta para casa.

Com       a consciência pacificada, o coração em festa, o homem de bem fecha os olhos do corpo físico e abre as janelas da alma.

Do outro lado da vida, a multidão de seres amados o aguarda. Pais, irmãos, filhos ou avós – não importa.

Os parentes e amigos que morreram antes estarão lá, para abraços calorosos, beijos de saudade, sorrisos de reencontro.

Nesse dia, as lágrimas podem regar o solo dos túmulos e até respingar nas flores, mas haverá felicidade para o que se foi em paz.

Ele vai descobrir um mundo novo, há muito esquecido. Descobrirá que é amado e experimentará um amor poderoso e contagiante: o amor de Deus.

Depois daquele momento em que os olhos se fecharam no corpo material, uma voz ecoará na alma que acaba de deixar a Terra.

E dirá, suave: Vem, sê bem-vindo de volta à tua casa.

*  *  *

A morte tem merecido considerações de toda ordem, ao longo da estada do homem sobre a Terra.

É fenômeno orgânico inevitável porque a Lei Divina prescreve que tudo quanto nasce, morre.

A morte não é pois o fim, mas o momento do recomeço.

Pensemos nisso.

 

Redação do Momento Espírita.

Disponível no Cd Momento Espírita, v. 17, ed. Fep.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A OUTRA PORTA

 

Talvez isso já tenha acontecido com você, pois é uma cena muito comum em estacionamentos de shoppings e condomínios.

Você chega para apanhar o carro, geralmente com pressa, mas outro veículo está estacionado bem ao lado do seu, impedindo você de abrir a porta e entrar no carro.

O que fazer, então?

Xingar, chamar o irresponsável e dizer-lhe umas verdades, brigar com o porteiro, com o síndico, ou chutar os pneus do veículo infrator...

Essas talvez sejam as atitudes mais comuns. Mas será que resolvem o problema?

Ou será que acabam azedando ainda mais o seu dia e provocando um atraso maior aos seus compromissos?

Embora para muitos de nós as reações violentas sejam as que brotam mais facilmente, é importante pensar em soluções, em vez de nos debater e piorar a situação.

Indignados com o motorista descuidado que bloqueou a porta do nosso veículo, provocamos uma guerra de nervos.

Mas uma guerra que acaba só com os nossos próprios nervos, pois o infrator talvez esteja dormindo, fazendo suas compras calmamente...

Nesse caso, não seria melhor pensar um pouco e buscar uma solução para o problema?

Quando desejamos solucionar o problema em vez de encontrar e punir o culpado, nós acharemos outra saída, ou melhor, outra entrada...

Há uma porta do outro lado do veículo, a porta do passageiro. Que tal entrar por ela? Dá um pouco de trabalho, mas dá certo.

Seria uma solução inteligente. Resolveríamos o problema e pouparíamos os nossos nervos.

Figuradamente, em todas as situações da vida há sempre uma outra porta, uma outra janela, uma outra saída...

Basta que desejemos encontrar soluções e não culpados.

O que geralmente nos paralisa e nos embrutece diante de situações difíceis, é o orgulho.

O orgulho é sempre um mau conselheiro, em todas as circunstâncias.

O orgulho sempre sugere que isso não pode ficar assim, que é preciso dar uma lição no responsável pelo problema, que é preciso revidar, tomar satisfação, brigar.

Já a sabedoria aconselha: saia dessa, busque a outra porta, não vale a pena declarar guerra, você também erra, e quando isso acontece você deseja o perdão e a indulgência.

A sabedoria diz: vá em frente, não detenha o passo. A sua irritação não solucionará problema algum. Aja com inteligência, não reaja. A reação é própria dos irracionais.

Optar entre os conselhos do orgulho ou os da sabedoria, cabe exclusivamente a você, e a ninguém mais.

Assim, lembre-se sempre que tornar as coisas mais difíceis ou facilitá-las, é uma decisão sua. Só sua.

E facilitar pode ser exatamente dirigir-se à outra porta, abri-la, entrar, dar partida e tocar em frente, sem irritação, nem aborrecimentos desnecessários.

Pense nisso!

Os rios, caudalosos ou não, diante dos obstáculos desviam seu curso, superam barreiras e seguem seu caminho, levando em seu leito inúmeros benefícios por onde passam.

Você, mais do que os rios, traz em sua intimidade mil maneiras de contornar obstáculos e solucionar problemas, com sabedoria.

Se a vida lhe impede de entrar por uma porta, abra outra. Contorne os obstáculos, vença os desafios. Você é capaz.

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

ANSIEDADE

As mãos suam, o corpo treme, a respiração fica ofegante, uma sensação de náusea e aquela palpitação inegável no coração.

Todos estes são sinais de um dos males modernos: a ansiedade.

A vida, nos dias de hoje, é repleta de cobranças: no trabalho, na família, nas relações sociais.

A cada dia estamos mais cheios de tarefas, compromissos, pendências. Uma lista enorme de coisas a fazer. E nem sempre o tempo é suficiente.

Vem então a sensação desagradável de ter de fazer mais coisas do que damos conta.

É comum ouvirmos as pessoas se queixando: “Tenho tanto a fazer e gostaria apenas de dormir. De ficar com minha família, de assistir a um bom filme, de brincar com meus animais de estimação...”

Por outro lado, as exigências da vida moderna nos obrigam a fazer cursos, aperfeiçoar os conhecimentos. É a era da informação.

Como conciliar tudo isso com o natural desejo de se instruir, melhorar de vida, aproveitar oportunidades, evoluir?

O caminho do equilíbrio é a solução.

É natural desejar o progresso e o aperfeiçoamento, tanto nos campos ético-moral, como intelectual.

É da natureza humana estar em permanente aprendizado, adquirindo conhecimento e agregando valor à sua bagagem cultural.

Mas o grande problema de nossos dias é a ausência de limites. Estamos cada vez mais comandados pelas pressões externas, subjugados pelas imposições dos diversos grupos sociais.

Raras vezes pensamos por nós. Não costumamos refletir sobre o que realmente nos interessa.

Em geral, tomamos decisões sob extrema pressão. Resultado: desejamos fazer de tudo um pouco. Queremos ler tudo, não desejamos a pecha de desinformado.

E a conseqüência imediata é o stress. O corpo não suporta tanta pressão: adoece.

Nossa reação a esse mundo globalizado deveria ser serena: “Vou aprender o que puder, quando puder e no meu ritmo, sem forçar minha natureza.

Vou trabalhar no limite de minhas forças, fazendo o melhor que puder, mas sem a obrigação de provar coisas a chefes e colegas de trabalho.”

A tradução disso tudo? Estar no comando da própria vida.

Uma frase de Jesus é bastante significativa para os nossos dias: “Não vos preocupeis com o que haveis de comer ou de beber. Não é o corpo mais que a veste?”

* * *

Se você acredita em Deus, tenha em mente que você jamais estará desamparado.

Todas as coisas estarão bem se você estiver em paz. Pois a paz vai gerar saúde do corpo. Com isso, você poderá trabalhar, sustentar a família, adquirir os bens que deseja.

Apenas seja cauteloso: não se deixe envolver a tal ponto no turbilhão do mundo, de maneira que o mundo o arraste para o olho desse furacão de stress.

Vigie suas reações. Monitore seus planos de vida. Pergunte-se: “Para que, realmente, quero isso?”

Faça a diferença entre o supérfluo e o necessário e verifique se a sua opção não está contaminada pelos excessos.

No final, você verá que, em um processo inteiramente natural, a ansiedade irá, aos poucos, desaparecer.

Texto da Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O AMOR PERANTE A INDIGNIDADE

 

É comum o cristão experimentar a angustiante sensação de que não está à altura da crença que esposa.

Ele pensa que não se esforça o bastante para viver o que acredita.

Ou que seus esforços não dão os resultados que gostaria.

Uma triste dúvida por vezes lhe baila na mente:

Será que ele é apenas um hipócrita, enamorado de belos ideais, mas sem colocá-los em prática?

O modelo cristão é bastante elevado.

Trata-se da figura do Cristo, sublime sob todos os aspectos.

Embora em constante contato com seres ignorantes e transviados, preservou sua pureza.

Ensinou, curou e exemplificou as mais excelsas virtudes.

Submetido às maiores violências, perdoou imediatamente.

Rigorosamente paciente com os simples e ignorantes, soube usar de energia ao tratar com os poderosos e os sábios de coração vazio.

Jesus alterou a História e os valores da Humanidade.

Com ele, a palavra amor ganhou uma nova acepção.

Não mais se tratava apenas de erotismo ou de amizade, conforme o legado dos filósofos gregos.

Tinha-se doação incondicional, sem qualquer expectativa de retorno.

Surgiu a concepção de que o semelhante deve ser amado apenas porque existe, independentemente de seus valores e de seus atos.

Aí reside um fator de dificuldade para uma boa parte dos cristãos.

A figura de Jesus cintila em suas perfeições.

O relato de seus feitos provoca um intenso desejo de segui-lo, de imitar-lhe a conduta.

Mas para isso é preciso desenvolver um amor desinteressado e abrangente.

Entretanto, a Humanidade parece tão lamentável e suscita tão pouca simpatia!

Pessoas genuinamente boas são raras no Mundo.

Já os desonestos são tão abundantes e ardilosos!

As notícias sobre políticos corruptos não colocam o coração humano em disposição amorosa.

Os criminosos sempre estão a conseguir um modo de sair da cadeia.

Vê-se por todo lado a esperteza, a desonestidade e o egoísmo.

Parece que todo mundo está à cata de vantagens e de privilégios.

Fala-se mais em greves do que em serviços eficientemente prestados.

Amar uma Humanidade assim parece uma tarefa bem difícil, quase impossível ...

Entretanto, o ensino legado por Jesus é o Modelo e, ele conviveu com homens ainda mais rudes e os amou.

Um fator importante a considerar é que cada qual recebe conforme suas obras.

A Justiça Divina preside a harmonia universal.

Não é necessário gastar tempo com atitudes de revolta e inconformismo.

As leis humanas são falhas e freqüentemente são burladas.

Mas as Leis Divinas são incorruptíveis e infalíveis.

Todo ato, seja digno ou indigno, tem naturais e automáticas repercussões.

Assim, os que se permitem viver no mal devem apenas ser lamentados.

Eles estão semeando dores em seus destinos.

Conforme afirmou o Mestre na cruz, eles não sabem o que fazem.

Ciente dessa realidade, não deixe que a miséria moral alheia seja um obstáculo à sua piedade e ao seu amor.

Mesmo que você não consiga fazê-lo com perfeição, esforce-se em amar seu semelhante.

Os ignorantes e indignos são apenas os mais necessitados de compreensão e auxílio.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 26 de julho de 2011

SÓLIDA AMIZADE

 

Quem de nós já não se decepcionou com um amigo? Alguém a quem se entregou o coração e, em algum momento, nos traiu a confiança ou nos voltou as costas?

Alguém de quem esperávamos todo o apoio e nos falhou, na hora precisa?

Qualquer uma dessas circunstâncias nos magoará e se constituirá em quebra da afeição.

Por essa razão, a lição de dois meninos é tão marcante.

Eles haviam nascido no mesmo dia, mês e ano. Um era judeu. O outro, alemão.

Nove anos era a idade deles. Um era natural da Polônia e habitara uma casa, com vários cômodos, em cima da relojoaria do seu pai.

Um dia, tudo lhe foi tirado e ele se viu prisioneiro, em meio a outros milhares, padecendo fome. Para vestir, um estranho pijama listrado, com boné no mesmo padrão.

O outro nascera em Berlim, vivera numa casa muito grande, de três andares. Agora, residia no campo e vivia a reclamar da casa menor e da falta de amigos.

Encontraram-se, um dia, um de cada lado de uma interminável cerca de arame farpado. Bruno, o menino alemão, se sentia solitário e se pôs a conversar com o outro.

Nenhum dos dois entendia muito do que acontecia ao seu redor. Mas se tornaram amigos. Viam-se todas as tardes.

Um dia, ao entrar em casa, Bruno viu ali o amigo do pijama listrado. Lustrava os cristais com seus dedos miúdos.

Bruno se serviu de um lanche e ofereceu ao outro, sempre faminto.

Mal colocara na boca um pedaço de frango, adentrou a cozinha um oficial. Vendo que o pequeno prisioneiro estava comendo, o inquiriu, de forma grosseira, acusando-o de roubar comida.

Sem malícia alguma, o menino disse que fora seu amigo quem lhe ofertara o lanche.

Mas Bruno estava tão assustado com a truculência do oficial, com a inquirição que lhe era feita, que se deixou tomar pelo pavor.

E, apavorado, negou conhecer o outro, negou ter-lhe dado comida, o que, para aquele valeu violento castigo.

Dias passados, Bruno retornou ao local onde costumava encontrar o amigo. Havia tristeza e muitos hematomas no rosto do aprisionado.

Peço desculpas, disse Bruno. Tive muito medo, naquele dia. Você ainda quer ser meu amigo?

E, então, a mão esquálida do judeu se estendeu para o lado de fora da cerca. Bruno a apertou.

Era a primeira vez que se tocavam. Era o toque da amizade sólida, que sempre perdoa.

* * *

Amizade é um exercício de amor. Amor de amigo é inigualável. Já disse Jesus, ao seu tempo, que o amigo dá a sua pela vida do amigo, santificando assim esse sublime sentimento.

Por isso, o amigo perdoa as fraquezas do outro, perdoa as suas falhas e continua amigo.

Felizes aqueles que enflorescem a alma com amizade, enriquecendo-se de paz, granjeando gratidão pelos caminhos que percorre.

Redação do Momento Espírita, com base em cenas do filme O menino do pijama listrado.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Um Homem chamado Jesus

 

Certa vez, um Espírito Sublime deixou as estrelas, revestiu-Se de um corpo humano e veio habitar entre os homens.

Porque fosse um exímio artista plástico, habituado a modelar as formas celestes, compondo astros e globos planetários, tomou da madeira bruta e deu-lhe formas úteis.

Durante anos, de Suas mãos brotaram mesas e bancos, onde amigos e irmãos se assentavam para repartir o pão.

Para receber os seus corpos cansados, ao final do dia, Ele preparou camas confortáveis e, porque amasse a todos os seres viventes, não esqueceu de providenciar cochos e manjedouras onde os animais pudessem vencer a fome.

Porque fosse artista de outras artes, certo dia deixou as ferramentas com que moldava a madeira e partiu pelas estradas poeirentas.

Tomou do alaúde natural de um lago, em Genesaré, e ali teceu as mais belas canções.

Seu canto atraía crianças, velhos e moços. Vinham de todas as bandas.

A entonação de Sua voz calava o choro dos bebês e as dores arrefeciam nos corações das viúvas e dos desamparados.

As harmonias que compunha tinham o condão de secar lágrimas e sensibilizar corações endurecidos.

Como soubesse compor poemas de rara beleza, subiu a um monte e derramou versos de bem-aventuranças, que enalteciam a misericórdia, a justiça e o perdão.

Porque Sua sensibilidade Se compadecia das dores da multidão, multiplicou pães e peixes, saciando-lhe a fome física.

Delicado na postura, gentil no falar, por onde passava deixava impregnado o perfume de Sua presença.

Possuía tanto amor que o exalava de Si aos que O rodeassem. Uma pobre mulher enferma tocou-Lhe a barra do manto e recebeu os fluidos curadores que lhe restituíram a saúde.

Dócil como um cordeiro, abraçou crianças, colocou-as em Seus joelhos e lhes falou do Pai que está nos céus, que veste a erva do campo e providencia alimento às aves cantantes.

Enérgico nos posicionamentos morais, usou da Sua voz para o discurso da honra, defendendo o templo, a casa do Pai, dos que desejavam lesar o povo já por si sofrido e humilhado.

Enalteceu os pequenos e na Sua grandeza, atentava para detalhes mínimos.

Olhou para a figueira e convidou um cobrador de impostos a descer a fim de estar com Ele mais estreitamente.

Acreditavam que Ele tomaria um trono terrestre e governaria por anos, com justiça.

Ele preferiu penetrar os corações dos homens e viver na sua intimidade, para que eles usufruíssem de paz e a tivessem em abundância.

Seu nome é Jesus, o Amigo Divino que permanece de braços abertos, declamando os versos do Seu poema de amor: Vinde a mim, vós todos que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei...

Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do cap. 3 do livro Quem é o Cristo?,

pelo Espírito Francisco de Paula Vítor, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

Disponível no CD Momento Espírita Especial de Natal, v. 15, ed. Fep.

domingo, 24 de julho de 2011

Isso se chama amor...

 

Você surgiu como suave melodia trazida pela brisa; dilatou-se no silêncio de minha alma e fez-se moldura em meu viver.

Isso se chama ventura.

Há algo em você que transparece num olhar, como estrela no céu atapetado de astros e exterioriza-se num sorriso como canção tocada na harpa dos ventos.

Isso se chama ternura...

Sem olhar, você me percebe; sem falar, você me diz; sem me tocar, você me abraça...

Isso se chama sensibilidade.

Quando me perco em labirintos escuros, você me mostra o caminho de volta...

Quando exponho meus tantos defeitos, você faz de conta que não nota...

Se enlouqueço, você me devolve a razão...

Isso se chama compaixão.

Nos dias em que as horas passam lentas, sem graça e sem luz, nos seus braços eu encontro alento.

Quando os dias alegres de verão partem e em seu lugar chega o outono, cobrindo o chão com folhas secas, e o verde exuberante cede lugar ao cinza, nos seus braços encontro harmonia.

Isso se chama aconchego.

Quando você está longe, no espelho da saudade eu vejo refletida a certeza do reencontro.

Nas noites sem estrelas, quando a escuridão envolve tudo em seu manto negro, você me aponta a carruagem da madrugada, que vem despertar o dia com suas carícias de luz...

Isso se chama esperança.

Quando as marés dos problemas parecem tragar em suas ondas as minhas forças, em seus braços encontro reconforto.

Se as amarguras pairam sobre meus dias, trazendo desgosto e dor, sua presença me traz tranquilidade.

Você é um raio de sol, nos dias escuros...

É ave graciosa que enfeita a amplidão azul...

Você é alma e é coração.

É poema e é canção...

É ternura e dedicação...

Nada impõe, tudo compreende, tudo perdoa...

Sua companhia é doce melodia, é convite a viver...

... E tudo isso se chama amor!

Surge depois que as nuvens ilusórias da paixão se desvanecem.

Que a alma se mostra nua, sem enfeites, sem fantasias, sem máscaras...

Enfim, o amor é esse sentimento que brota todos os dias, como a flor que explode de um botão, ao mais sutil beijo do sol...

Isso, sim, se chama amor...

Redação do Momento Espírita.

Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. Fep.

sábado, 23 de julho de 2011

CALAR A DISCÓRDIA

 

A harmonia plena ainda constitui um sonho distante de qualquer organização humana.

Os homens guardam grandes diferenças entre si.

Diversos fatores induzem a distintas formas de entender e viver a vida.

A educação recebida no lar, as experiências profissionais e afetivas, os professores e os amigos.

Todos esses elementos contribuem para a singularidade da personalidade humana.

A diversidade produz a riqueza.

Se todos os homens pensassem do mesmo modo, o marasmo e a mesmice tomariam conta do mundo.

Uma assembléia ou equipe composta de forma heterogênea possui grande potencial.

Ocorre que conviver em harmonia com o diferente pressupõe maturidade.

Em qualquer gênero de relacionamento humano, é necessário respeitar o próximo.

Mas é preciso também manter o foco em um objetivo maior.

Toda associação humana possui uma finalidade.

No âmbito profissional, busca-se o crescimento da empresa na qual se participa.

Na esfera familiar, colima-se a educação e o preparo de seus membros para a vida, em um contexto de dignidade.

Em uma associação filantrópica, tem-se por meta a prática do bem.

A noção clara do objetivo que se persegue facilita a convivência.

O fato de alguém discordar de suas idéias não significa que esteja contra você.

O relevante é verificar qual o modo mais eficiente de atingir a meta almejada pelo grupo.

A convivência humana raramente deixa de produzir algum atrito.

Mas é preciso saber calar a discórdia.

Se o embate de idéias e posições não é ruim, a agressividade e o radicalismo sempre o são.

Pense sobre as instituições que você integra.

Sua presença em tais ambientes visa ao interesse coletivo, ou à exaltação de seu ego?

É melhor afastar-se delas do que, por mesquinharia, ser causa de desestabilização e brigas.

Mas o ideal é aprender a sacrificar seu interesse pessoal em prol de uma causa maior.

Se uma controvérsia surge, reflita com serenidade sobre os pontos de vista envolvidos.

Caso sua posição não seja defensável, abdique dela.

Procure ser um elemento pacificador nos meios em que se movimenta.

Há pouca coisa tão cansativa quanto um altercador contumaz.

Certas posturas são toleráveis apenas em pessoas muito jovens.

Na maturidade, a rebeldia e a vaidade sistemáticas são ridículas.

Não canse seus semelhantes, com posições inflexíveis e injustificáveis.

Aprenda a ceder e a compatibilizar, quando isso não comprometer sua honestidade e sua ética.

De que lhe adianta vencer um debate, se a causa que você defende sofre com isso?

O homem sábio identifica quando deve avançar e quando deve recuar.

Mas sempre o faz de forma sincera e digna.

De nada adianta afetar concordância e semear a discórdia nos bastidores.

A dissimulação e a intriga são indignas de uma pessoa honrada.

Reflita sobre isso, quando se vir envolvido em debates e contendas.

Quando se engajar em uma causa, sirva-a com desinteresse.

Jamais se permita servir-se dela para aparecer.

Mas principalmente nunca a prejudique por radicalismo e imaturidade.

Equipe de Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

AMOR AO PRÓXIMO

 

 

A orientação de Jesus para que amemos o próximo como a nós mesmos é fácil de ser repetida, mas ainda está um tanto distante de ser vivida.

Quando Jesus faz essa recomendação, não estabelece nenhuma condição, simplesmente recomenda que amemos.

Todavia, temos a tendência de consagrar a maior estima apenas àqueles que leiam a vida pela cartilha dos nossos pontos de vista.

Nosso devotamento costuma ser caloroso para com os que concordam com o nosso modo de ver, com nossos hábitos enraizados e princípios sociais.

Esquecemo-nos de que nem sempre nossas interpretações são as melhores, nossos costumes os mais nobres e nossas diretrizes as mais elogiáveis.

É importante quebrar a concha do nosso egoísmo para dedicar amor ao próximo conforme o recomenda Jesus.

Não pela servidão afetiva com que se ligam ao nosso roteiro pessoal, mas pela fidelidade com que se dedicam em favor do bem comum.

Se amamos alguém tão-só pela beleza física, provável encontremos amanhã o objeto de nossa afeição a caminho do monturo.

Se estimamos em algum amigo apenas a oratória brilhante, é possível que ele esteja em aflitiva mudez, dentro em breve.

Se o móvel da nossa suposta afeição são os bens materiais, lembremos que estes são passageiros como as flores de um dia.

É preciso aperfeiçoar nosso modo de ver e de sentir, a fim de avançar no rumo da vida superior.

É bem verdade que existem pessoas com as quais não trocamos afetividades. Diríamos até que sua simples presença nos causa aversão.

Todavia, se não as conseguimos amar, é importante que não lhes desejemos o mal. Que quebremos de vez por todas as pesadas algemas do desafeto, não lhes enviando vibrações negativas.

Jesus recomenda que amemos os nossos inimigos, mas, dedicar amor aos inimigos ainda é muito difícil no atual estágio evolutivo da terra.

Todavia, não é impossível. Basta que comecemos a ver nossos supostos inimigos como irmãos que carecem do amor de Deus tanto quanto nós.

O primeiro passo é intensificar o afeto aos que nos são simpáticos. Depois, dedicar atenção aos que nos são indiferentes: porteiros, carteiros, frentistas, ascensoristas, entre outros. Em seguida, tolerar os que nos causam aversão.

Assim, quando menos esperarmos, o amor ao próximo já será uma constante em nossos corações. É preciso dar o primeiro passo e continuar firmes. Eis aí um grande desafio!

* * *

”Busquemos as criaturas, acima de tudo, pelas obras com que beneficiam o tempo e o espaço em que nos movimentamos. Porque um dia compreenderemos que o melhor raramente é aquele que concorda conosco, mas é sempre aquele que concorda com o Senhor, colaborando com ele na melhoria da vida, dentro e fora de nós.”

Pensemos nisso!

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Fonte Viva cap.  24 - Pelas Obras, Ed.  FEB.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Os portões de chegada

 

Cada abraço daqueles guarda uma história diferente...

Cada reencontro daqueles revela um outro mundo, uma outra vida, diversa da nossa, da sua...

Se você nunca teve a oportunidade de observar, por mais de cinco segundos, todas aquelas pessoas – desconhecidos numa multidão - esperando seus amigos, seus familiares, seus amores, não tenha medo de perceber da próxima vez, a magia de um momento, de um lugar.

Falamos dos portões de chegada de um aeroporto, um desses lugares do mundo onde podemos notar claramente a presença grandiosa do amor.

Invisível, quase imperceptível, ali ele está com toda sua sublimidade.

Nas declarações silenciosas de um olhar tímido. No calor ameno de um abraço apertado. No breve constrangimento ao tentar encontrar palavras para explicá-lo.

Na oração de três segundos elevada ao Alto - agradecendo a Deus por ter cuidado de seu ente querido que retorna.

Richard Curtis, que assina a produção cinematográfica de nome Love actually – traduzida no Brasil como Simplesmente amor, traz essas cenas com uma visão muito poética e inspirada.

O autor oferece na primeira e última cenas do filme exatamente a contemplação dos portões de chegada de um aeroporto e de seu belíssimo espetáculo representando a essência do amor.

Ouve-se um narrador, nos primeiros segundos, confessando que, toda vez que a vida se lhe mostrava triste, sem graça, cruel, ele se dirigia para o aeroporto para observar aqueles portões e ali encontrava o amor por toda parte.

Seu coração alcançava uma paz, um alívio, em notar que o amor ainda existia e que ainda havia esperança para o mundo.

Isso tudo pode parecer um tanto poético demais para os mais práticos, é certo.

Assim, a melhor forma de compreender a situação proposta é a própria vivência.

Sugerimos que faça a experiência de, por alguns minutos, contemplar essas cenas por si mesmo, seja na espera de aviões ou outros meios de transporte coletivos.

Propomos que parta de uma posição mais analítica, de início, com algumas pitadas de curiosidade:

Que grau de parentesco possuem aquelas pessoas? - Há quanto tempo não se veem? -  De onde chegam?

Ou, quem sabe, sobre outros: Que histórias têm para contar! -  O que irão narrar por primeiro ao saírem dali? Sobre a família, sobre a viagem, sobre a espera em outro aeroporto?

Ao perceber lágrimas em alguns olhos, questione: De onde elas vêm? - Há quanto tempo não se encontram? - Que felicidade não existe dentro da alma naquele momento!

Por fim, reflita:

Por quanto tempo aquele instante irá ficar guardado na memória! O instante do reencontro...

Tudo isso poderá nos levar a uma analogia final, a uma nova questão: não seria a Terra um imenso aeroporto? Um lugar de chegadas e partidas que não param, constantes, inevitáveis?

Pensando nos portões de chegada na Terra, lembramos dos bebês, que abraçamos ao nascerem, com este mesmo amor daqueles que esperam num aeroporto por seus amados.

Choramos de alegria, contemplando a beleza de uma nova vida, e muitas vezes este choro é de gratidão pela oportunidade do reencontro.

É um antigo amor que, por vezes, volta ao nosso lar através da reencarnação.

Pensando agora nos portões de partida, inevitavelmente lembramos da morte, da despedida.

Mas este sentir poderá ser também feliz!

Como o sentimento que invade uma mãe ou um pai que dá adeus a um filho que logo embarcará em direção a outro país, a fim de fazer uma viagem de aprendizagem, de estudo ou profissional.

Choram sim, de saudade, mas o sentimento que predomina no bom coração dos pais é a felicidade pela oportunidade que estão recebendo, pois têm consciência de que aquilo é o melhor para ele no momento.

                                                           *   *   *

Vivemos no aeroporto Terra.

Todos os dias milhares partem, milhares chegam.

Chegadas e partidas são inevitáveis.

O que podemos mudar é a forma de observá-las.

 

Redação do Momento Espírita com base no cap. Os portões de chegada,

do livro O que as águas não refletem, de Andrey Cechelero.

Disponível no CD Momento Espírita, v. 12, e no livro Momento Espírita v. 6,  ed. Fep.

terça-feira, 19 de julho de 2011

PERCA O TEMOR

 

Hoje em dia as pessoas, de um modo geral, temem muitas coisas e situações e por isso se sentem inseguras.

Saem de casa só quando não tem outro jeito, por temer a violência.

Não fazem amigos porque temem se aproximar de alguma pessoa indesejável.

Deixam de conhecer alguém especial por temor de estreitar laços com estranhos.

Perdem oportunidades de adquirir novos conhecimentos porque temem não ter capacidade para aprender.

Evitam expor seu verdadeiro caráter por temer o julgamento dos outros e a não aceitação.

Não se entregam a um grande amor por medo de sofrer.

Abdicam de ocupar uma posição melhor na empresa porque temem não dar conta do recado.

Não abrem mão de costumes e idéias cristalizadas por medo de enfrentar o que é diferente ou é novo.

Deixam de fazer investimentos por temor de uma mudança brusca na economia.

Como se pode perceber, o temor é um grande obstáculo ao progresso e à felicidade de muitas criaturas, na face da Terra.

Assim, se você é uma dessas pessoas que guarda temor de alguma coisa, pense nas muitas vantagens que teria se superasse esse grande obstáculo.

Perca o medo de ser vulnerável e sinta a emoção de um abraço de ternura.

Perca o temor de trovoada, e admire os benefícios que os raios luminosos trazem à atmosfera terrestre.

Perca o temor de ficar em silêncio e ouça a melodia dos anjos.

Perca o temor de viver o bem que já sabe e sinta a leveza de uma consciência tranqüila.

Perca o medo de ser simples e desfrute o prazer da verdadeira liberdade.

Perca o temor do vento, e observe a grande contribuição dessa maravilhosa força que espalha sementes e acalma o calor.

Perca o medo de perder tempo e viaje no murmurar de um riacho, alce vôo com as andorinhas, ouça a música do entardecer, fale com as estrelas, diga à lua para levar um recado ao seu amor que está distante.

Perca o medo de se arriscar e retire as grandes lições que trazem as derrotas.

Perca o temor de superar seus limites e contemple os horizontes que estão além das montanhas.

Perca o medo do amanhã, e receba de presente o hoje.

Perca o temor de dar o primeiro passo e prepare-se para a alegria da chegada.

Perca o temor de não estar sempre com a razão e aprenda com a sabedoria dos outros.

Liberte-se do medo da morte e ganhe a imortalidade.

Abandone a culpa e prepare-se para as alegrias de uma vida de acertos.

Perca o medo de ser feliz, e abra-se para gozar tudo o que a vida oferece de útil e agradável.

Perca o medo de errar, e prepare-se para a chegada vitoriosa.

Perca o temor das cicatrizes e renda-se ao inebriante poder do amor.

Pense nisso!

Se você sente que o temor está sendo um empecilho a deter seus passos, livre-se dele e verá que o horizonte irá se abrir naturalmente.

E se, ao caminhar na direção desse horizonte, você perceber que ele se afasta de você na mesma proporção, não desanime, pois a finalidade do horizonte é essa mesma: a de fazer você caminhar para frente e para o alto. Sem temores nem incertezas.

Texto da equipe de Redação do Momento Espírita.

domingo, 17 de julho de 2011

RESIGNAÇÃO

 

Há virtudes difíceis de serem adquiridas e cujo exercício é pouco compreendido.

­A resignação é uma delas.

As criaturas levianas nem a vêem como algo apreciável.

Presas em suas ilusões, consideram a resignação apenas falta de forças ou de coragem.

Entendem que o homem sempre deve reagir violentamente contra qualquer circunstância que contrarie seus interesses.

Pensam ser indigno aceitar com tranqüilidade um revés.

Contudo, urge reconhecer que nem sempre é possível obter-se o que se deseja.

Muitas vezes nossos sonhos mais caros não se concretizam.

Ou então nossa tranqüilidade, tão duramente conquistada, é atingida por um infortúnio.

Há dificuldades ou contrariedades que podemos vencer, mas algumas vezes a vida responde a nossos apelos com sombra e dor.

Nessas circunstâncias, alguns encontram em seu íntimo forças para resignar-se.

Em face de situações constrangedoras, dolorosas e inalteráveis, a resignação é uma atitude que apenas os bravos conseguem adotar.

Trata-se da aquiescência da razão e do coração com um regime severo imposto pela vida.

O resignado não é um covarde, mas alguém que compreende a finalidade da existência terrena.

O homem nasce na terra para evoluir, para vencer a si mesmo e amealhar virtudes.

Justamente por isso, as dificuldades apresentam-se em seu caminho.

Algumas são contornáveis e outras não.

Às vezes, somente poderíamos sair de uma situação triste, prejudicando ou magoando um semelhante.

Como ninguém conquista a própria felicidade semeando desgraças, essa opção não é legítima.

Frente a um infortúnio inevitável, é necessário acomodar a própria vontade.

Impõe-se a consideração de que Deus rege o universo e jamais se equivoca ou esquece de algo.

Já nascemos inúmeras vezes e renasceremos outras tantas.

A vida é uma escola, na qual passamos da ignorância e da barbárie à angelitude.

Conscientes de nosso papel de aprendizes, convém nos dedicarmos a fazer a lição do momento.

Talvez ela não seja a que desejaríamos, mas certamente é a mais adequada às nossas necessidades.

Se a vida nos reclama serenidade em face da dor, aquiesçamos. A rebeldia de nada nos adiantará.

A criatura rebelde perante as leis divinas apenas torna seu aprendizado lento e doloroso.

Rapidamente ela se torna cansativa para seus familiares e amigos.

Ao fazer sentir por toda parte o peso de seu amargor, infelicita os que a amam.

Resignar-se não significa desistir da luta. Implica apenas reconhecer que a luta interiorizou-se.

Quem se resigna enobrece lentamente seu íntimo, ao desenvolver novos propósitos de vida.

Tais propósitos não se resumem a um viver róseo.

Eles envolvem a percepção e a aceitação de que temos um papel a desempenhar na construção de um mundo melhor.

Esse papel pode não coincidir com nossas fantasias.

Mas é uma bênção ser um elemento do progresso, mesmo com algum sacrifício.

Outras pessoas, mirando-se em nosso exemplo, podem encontrar forças para seguir em frente.

A resignação é uma conquista do espírito que vence suas paixões e atinge a maturidade.

Ele consegue manter a alegria e o otimismo, mesmo em condições adversas.

Ao enfrentar com tranqüila dignidade seus infortúnios, prepara-se para um amanhã venturoso.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 24 do livro ‘Leis Morais da Vida’, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco.

sábado, 16 de julho de 2011

Na barca do coração

 

Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças e a barca de teu coração agitar-se, desgovernada, sobre as ondas...

Quando as obrigações diárias, as dificuldades e os problemas, as surpresas - nem sempre agradáveis -, levarem-te a dizer: - Que dia!

Lembra-te...

Caía a tarde e a multidão ainda estava reunida na praia.

Desde que o sol surgira, Jesus atendera as incontáveis súplicas daqueles que O buscavam. Mãos e lágrimas roçavam-Lhe o rosto e a túnica - antes tão limpa e alva - e agora, toda manchada de lamentos.

Finalmente, chegara às margens do lago, vencendo a dor e as tristezas dos sofredores. Aqueles que O viram deixando atrás de Si um rastro confortador de estrelas, perguntavam-se: - Quem será este Homem, a Quem as dores obedecem?

O céu acendia as cores da noite quando a barca de Pedro recolheu a preciosa carga.

Jamais Jesus mostrara na face sinais tão evidentes de cansaço.

Acomodado sobre uma almofada de couro, Sua majestosa cabeça pendeu sobre o peito, como um girassol real despedindo-se ao poente.

Seus lábios deixaram escapar um longo suspiro antes de adormecer.

Seus amigos pescadores não ousaram perturbar-Lhe o merecido sono, manejando remos com cuidado, auxiliados pelos sussurros de doce brisa.

O lago de Genesaré assemelhava-se a gigantesco espelho de prata ao luar, tranquilo e sereno como o Mestre adormecido.

Faltava pouco para completar a travessia, quando tudo transformou-se.

O tempo irou-se, sem aviso. Adensadas, as nuvens de gaze leve tornaram-se tenebrosa tempestade, e o lago esqueceu a calmaria, encrespando-se, açoitado pelo vento.

Para a barca, vencer a tormenta era como lutar contra vigoroso e invencível Titã. Pedro usou toda a sua força e sabedoria nos remos, gritando ordens que se perdiam entre as gargalhadas dos trovões e dos relâmpagos.

Os discípulos assustados correram a acordar Jesus que ainda dormia.

Mestre! - Exclamaram em coro desesperado. - Perecemos! Jesus, assim desperto, levantou-Se prontamente, equilibrando o corpo cansado muito ereto, apesar da barca que por pouco não naufragava.

Sua majestosa silhueta parecia estar envolta em misteriosa luz, quando ergueu os braços, ordenando à tempestade:

Calai-vos! E voltando-se para os amigos: - Acalmai-vos! Homens, onde está a vossa fé?

Os ventos emudeceram e o lago baixou suas ondas, aplacado por misterioso imperativo.

Os discípulos olhavam-se, num misto de surpresa e alívio.

Envergonhados, voltaram-se para os remos. No compasso ritmado avançava a barca, ao compasso do coração daqueles homens que se perguntavam: Quem será este Homem a Quem os ventos obedecem?

*   *   *

Quando as nuvens negras dos pensamentos tormentosos cobrirem com escuro véu o horizonte de tuas esperanças, e a barca de teu coração agitar-se, desgovernada, sobre as ondas...

Quando as obrigações diárias, as dificuldades e os problemas, as surpresas - nem sempre agradáveis - levarem-te a dizer: - Que dia!

Lembra-te... Acorda a mensagem do Cristo adormecida em ti e... Acalma-te!

Redação do Momento Espírita.

Disponível no CD Momento Espírita, v. 3, ed. Fep.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Salários

 

Em certa passagem do Evangelho, narra-se uma pregação de João Batista.

A multidão interage com o profeta e lhe pede orientações.

Em dado momento, alguns soldados perguntam o que devem fazer.

João lhes responde que devem contentar-se com o seu soldo e não tratar mal ou defraudar a ninguém.

Essa frase tão concisa mostra grande sabedoria.

Muita gente se perde em tortuosos labirintos por não entender os problemas da remuneração na vida comum.

A busca de ganhos cada vez maiores pode fazer com que a pessoa esqueça os deveres que justificam seu salário atual.

Por se sentir injustiçada, arde em inveja de quem ganha mais.

Há operários que reclamam a remuneração devida a altos executivos.

A ganância costuma lançar um véu sobre a realidade e o ganancioso tudo vê sob uma ótica particular.

Ele sempre encontra uma forma de comparar sua situação com a dos outros, em seu favor.

Entretanto, não examina seriamente as graves responsabilidades que repousam sobre os ombros dos homens altamente colocados.

Muitas vezes, estes se convertem em vítimas da inquietação e da insônia.

Suas decisões e ações afetam a vida de incontáveis seres humanos e eles sentem o peso que isso representa.

Frequentemente, têm de gastar as horas destinadas ao descanso e à vida familiar em representações sociais.

De outro lado, há homens que vendem a paz do lar em troca de maiores ganhos.

Abdicam da convivência com os filhos enquanto se entregam a atividades desnecessárias.

Muitas vezes, justificam seu proceder com o propósito de dar conforto à família.

Contudo, olvidam que o afeto e a educação são os tesouros mais preciosos que podem proporcionar aos seus rebentos.

Ao eleger os bens materiais como o objetivo superior da existência, dão exemplos perniciosos.

Inúmeras pessoas seguem, da mocidade à velhice, descontentes com seus salários.

Apresentam-se ansiosas e descrentes, enfermas e aflitas, por não entenderem as circunstâncias do caminho humano, no que tange ao dinheiro.

Não é por demasia de remuneração que a criatura se integrará nos quadros Divinos.

Segundo a sabedoria popular, para a grande nau surgirá a grande tormenta.

Valorizar cada servidor o seu próprio salário é prova de elevada compreensão, ante a justiça do Todo Poderoso.

Para alcançar a paz, o relevante é estar muito atento aos próprios deveres.

Trabalhar com honestidade e desenvolver o próprio potencial.

Buscar melhoria, progresso e bem-estar, mas sem a angústia da ganância material e sem cobiçar o que é do próximo.

Antes de analisar o pagamento da Terra, é preciso se habituar a valorizar as concessões do Céu.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5 do livro Pão nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

O ANTÔNIMO DO AMOR

 

Não raro costumamos dizer que o ódio é o oposto do amor. Imaginamos que o ódio é o substituto do amor, tornando-se seu antônimo, no dicionário do coração.

Porém, esquecemo-nos de que os sentimentos não se processam dessa maneira em nossa intimidade e, que a falta de amor não significa a presença do ódio.

O ódio nascerá dos sentimentos mal resolvidos em relação ao nosso próximo, da não compreensão de suas atitudes e se alimentará, muitas vezes, nas fontes do egoísmo e orgulho, que ainda cultivamos em nós.

O ódio será a doença do amor e não o seu antônimo. Afinal, o ódio será o resultado dos sentimentos resolvidos e tratados de maneira errônea, equivocada.

Qual será, então, o antônimo do amor? Se entendermos o amor como o sentimento amplo e completo, o sentimento que nos preenche a alma e nos oferece rumos para bem conduzir nossos relacionamentos, qual será o seu antônimo?

O contrário do amor será a própria falta do amor, a sua ausência. De tal monta é a grandiosidade do amor que o seu antônimo não é encontrado em nenhum outro sentimento. O seu oposto é única e exclusivamente sua ausência.

Dessa forma, a ausência do amor chama-se indiferença.

Será a indiferença a maior expressão de desamor em relação a alguém. Será na indiferença que encontraremos o oposto do amor, sua maior barreira e limitação para que floresça.

E quanto de indiferença ainda mora em nosso coração? Quanto somos indiferentes com o que ocorre com nosso próximo e em nossa sociedade?

Quantas vezes somos indiferentes com a dificuldade do colega de trabalho, não tendo tempo nem para alguns minutos de conversa, demonstrando nosso interesse pelo que lhe está sucedendo?

Não raro, a indiferença surge em relação às aflições do amigo, do parente ou do vizinho. Sabemos das dores e provas difíceis que os assaltam e não empreendemos nenhum gesto, no sentido de os auxiliar.

Somos indiferentes às injustiças sociais, às misérias socioeconômicas, à violência moral e física que se nos avizinham, sem nos atingir diretamente.

* * *

Quando nos deixarmos aquecer pelo amor ao próximo, pela solidariedade ou compaixão, amizade ou afeição, a indiferença passará a perder espaço.

O exercício para amar inicia pelo esforço em abandonar a indiferença pelas dificuldades alheias.

E serão sempre as oportunidades diárias, no relacionamento com a família, no trabalho ou na vida em sociedade, que nos oferecerão a chance de acabar com esse antônimo do amor.

Quando ela não tiver mais espaço no nosso coração, teremos um mundo onde o amor será a tônica dos relacionamentos, ajudando-nos e apoiando-nos uns aos outros, nesse caminho do progresso e crescimento que todos anelamos.

Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

QUANDO OS FILHOS CRESCEM...

 

Há um momento, na vida dos pais, em que eles se sentem órfãos. Os filhos, dizem eles, crescem de um momento para outro.

É paradoxal. Quando nascem, pequenos e frágeis, os primeiros meses parecem intermináveis. Pai e mãe se revezam à cata de respostas aos seus estímulos nos rostinhos miúdos.

Desejam que eles sorriam, que agitem os bracinhos, que sentem, fiquem em pé, andem, tudo é uma ansiosa expectativa.

Então, um dia, de repente, ei-los adolescentes. Não mais os passeios com os pais, nos finais de semana, nem férias compartilhadas em família.

Agora tudo é feito com os amigos.

Olham para o rosto do menino e surpreendem os primeiros fios de barba, como a mãe passarinho descobre a penugem nas asas dos filhotes. A menina se transforma em mulher. É o momento dos voos para além do ninho doméstico.

É o momento em que os pais se perguntam: Onde estão aqueles bebês com cheirinho de leite e fralda molhada? Onde estão os brinquedos do faz-de-conta, os chás de nada, os heróis invencíveis que tudo conseguiam, em suas batalhas imaginárias contra o mal?

As viagens para a praia e o campo já não são tão sonoras. A cantoria infantil e os eternos pedidos de sorvetes, doces, pipoca foram substituídos pelo mutismo ou a conversa animada com os amigos com que compartilham sua alegria.

Os pais se sentem órfãos de filhos. Seus pequenos cresceram sem que eles possam precisar quando. Ontem, eram crianças trazendo a bola para ser consertada. Hoje, são os que lhes ensinam como operar o computador e melhor explorar os programas que se encontram à disposição.

A impressão é que dormiram crianças e despertaram adolescentes, como num passe de mágica.

Ontem, estavam no banco de trás do automóvel; hoje, estão ao volante, dando aulas de correta condução no trânsito.

É o momento da saudade dos dias que se foram, tão rápidos. É o momento em que sentimos que poderíamos ter deixado de lado afazeres sempre contínuos e brincado mais com eles, rolando na grama, jogando futebol.

Deveríamos tê-los ouvido mais, deliciando-nos com o relato de suas conquistas e aventuras, suas primeiras decepções, seus medos. Tê-los levado mais ao cinema, desfrutando das suas vibrações ante o heroísmo dos galãs da tela.

Tempos que não retornam, a não ser na figura dos netos, que nos compete esperar.

Pais, estejamos mais com nossos filhos. A existência é breve e as oportunidades preciosas.

Tudo o mais que tenhamos e que nos preencha o tempo não compensará as horas dedicadas aos Espíritos que se amoldaram nos corpos dos nossos pequenos, para estar conosco.

Não economizemos abraços, carícias, atenções, porque nosso procedimento para com eles lhes determinará a felicidade do crescimento proveitoso ou a tristeza dos dias inúteis do futuro.

* * *

A criança criada com carinho aprende a ser afetuosa.

A mensagem da atenção ao próximo é passada pelos pais aos filhos.

No dia-a-dia com os pais, os filhos aprendem que o ser humano, seus sentimentos são mais importantes do que o simples sucesso profissional e todos os seus acessórios.

Em essência, as crianças aprendem o que vivem.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Antes que elas cresçam,

publicado em Seleções Reader’s Digest, de setembro/98.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

PARA QUE ESTUDAR?

 

Harry Gold sempre fora um garoto ansioso pelos estudos. Cresceu pobre e quando concluiu o segundo grau, arranjou um emprego. A sua renda era indispensável para a família e seu sonho precisou esperar.

Veio a guerra e ele foi parar no exército. Quando voltou, retornou ao trabalho. Eram tempos difíceis. Ele arranjou um emprego como vendedor-motorista.

Como muitos dos seus clientes tinham ficado com refrigerantes encalhados em suas lojas, durante a guerra, não desejavam nada além de devolver as garrafas vazias e encerrar tudo.

Mas Harry começou a negociar. Que tal eu lhe trazer os seis dólares que lhe devemos pela devolução das garrafas vazias em refrigerante? Não vai lhe custar nada e a nós dois dará a oportunidade de ganhar algum dinheiro.

Foi assim que ele começou a conquistar postos mais altos na empresa. Supervisor. Gerente de filial, Gerente de vendas.

Então surgiram os sintomas de uma doença rara e progressiva, que causa danos às terminações nervosas. Colocou aparelho nas pernas, passou a usar bengala, sem lamentações.

Em 1993, ele finalmente conseguiu realizar seu grande sonho. Ir para a faculdade. Era um homem maduro. Poderia ser avô daqueles garotos.

Quando chegou para a primeira aula, olhou aqueles jovens de vinte e poucos anos e se perguntou o que estava fazendo ali.

Sentia-se deslocado, escrevia de forma irregular por causa dos dedos enrijecidos.

Certo dia, um dos colegas de turma se dirigiu a ele e lhe perguntou:

Por que está fazendo isso? O restante de nós, como você sabe, precisa estar aqui para conseguir um bom emprego.

Foi o bastante para trazer o lutador de sempre de volta à vida.

Veja só, eu fiz o contrário. Primeiro precisei conseguir um emprego e depois levei cinquenta anos para chegar aqui.

Colocou a mão no ombro do rapaz e acrescentou de forma amiga:

Descobri que aprender não é apenas uma questão de conseguir um bom emprego.

Ele se tornou um tesouro para a turma. Ali, na primeira fila, sentava-se uma pessoa que se lembrava dos tempos da Depressão nos Estados Unidos, que lutara na Segunda Guerra Mundial e que vivera os anos da Guerra Fria. Quando ele falava, era possível sentir o peso das suas experiências.

* * *

Harry Gold concluiu a sua graduação.

Na festa de formatura, quando lhe perguntaram o que iria fazer em seguida, ele respondeu que estava se matriculando em Mestrado.

E, porque alguém brincasse, perguntando se depois ele faria um Doutorado, ele respondeu sorrindo: Claro.

A Universidade lhe deu uma bolsa de estudos para o Mestrado. Tudo porque todos aprenderam com Harry Gold que não há idade para aprender e nem obstáculos que não possam ser superados.

Para estudar e crescer não importa idade ou condição física. O importante é querer estudar.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo O último calouro,

da revista Seleções Reader's Digest, de março de 2000.

domingo, 10 de julho de 2011

FILOSOFIA INFANTIL

 

Ele era um veterinário experiente e foi chamado para examinar um cão de raça irlandesa, chamado Belker.

Os proprietários do animal, Ron, sua esposa lisa e seu garotinho Shane eram muito ligados a Belker e esperavam por um milagre.

O veterinário examinou o cão e descobriu que ele estava morrendo de câncer.

Disse à família que não haveria milagres no caso de Belker, e se ofereceu para proceder à eutanásia para o velho cão, em sua casa.

Enquanto faziam os arranjos, Ron e lisa contaram ao profissional que estavam pensando se não seria bom deixar que Shane, de 4 anos de idade, observasse o procedimento.

Eles achavam que Shane poderia aprender algo da experiência.

No dia seguinte, o veterinário sentiu o familiar aperto na garganta, enquanto a família de Belker o rodeava.

Shane, o menino, parecia tão calmo, acariciando o velho cão pela última vez, que o profissional ficou a pensar se ele entendia o que estava se passando.

Dentro de poucos minutos, Belker se foi, pacificamente.

O garotinho parecia aceitar a transição do amigo, sem dificuldade ou confusão.

Então, após a morte do animal, todos se sentaram juntos, pensando alto sobre o fato da vida dos animais ser mais curta que a dos seres humanos.

Shane, que tinha estado escutando silenciosamente, finalmente disse: Eu sei porquê.

Abismados, todos se voltaram para ele. O que saiu de sua boca, os assombrou.

Nunca haviam escutado uma explicação mais reconfortante.

Ele disse: as pessoas nascem para que possam aprender a ter uma boa vida, como amar todo mundo todo o tempo e serem bons, certo?

O garoto de quatro anos continuou: Bem, cães já nascem sabendo como fazer isto. Portanto, não precisam ficar por tanto tempo.

* * *

Interessante pensamento de um menino de quatro anos que traduz o sentimento de conforto e proteção que o cão lhe passava.

Filosofia infantil que nos leva a meditar.

Todos nascemos e renascemos na Terra para o aprendizado, para o crescimento intelectual e moral. Exatamente nesta ordem.

O que nos compete, portanto, é aproveitar ao máximo os anos de vida, aprimorando o intelecto e progredindo em moralidade.

Aprender a desculpar as pessoas, relevar atitudes de criaturas enfermas da alma, perdoar.

Amar a todos todo o tempo, com certeza, demorará um tanto mais.

Mas valem as tentativas, o aplacar o desejo de vingança, o não desejar mal a quem nos magoou fortemente, a quem nos relegou ao abandono.

Conviver com os diferentes, compreender atitudes que nos podem, à primeira vista, parecer estranhas, faz parte do crescimento individual.

O Senhor das estrelas, estando entre nós, lecionou o amor incondicional a todos.

Mestre incomparável, amou aos próprios algozes, suplicando ao pai perdão para os atos insanos que cometiam, condenando-o à terrível morte na cruz.

Vivamos, pois, cada dia, conquistando intelectualidade e moral, sem desânimo.

Um dia, que poderá não estar tão distante, vestidos de luz, haveremos de sentir o prazer de ser bom, de viver no bem, de amar de forma plena e incondicional.

Pensemos nisso...

Equipe de Redação do Momento Espírita com base em história de autor desconhecido.

sábado, 9 de julho de 2011

QUEM TEM CONDIÇÕES

 

O perfeito entendimento entre as criaturas ainda é raro no mundo.

Os laços de genuína afinidade são tesouros preciosos, a serem carinhosamente mantidos.

Entretanto, não é possível conviver apenas com quem partilha das mesmas ideias.

Nos mais variados setores da existência, os atritos por vezes surgem.

No recesso do lar, irmãos nem sempre se entendem.

Pais e filhos têm ideais diferentes.

Esposos frequentemente não encontram um denominador comum na condução dos destinos da família.

No setor profissional, também há criaturas com as quais o relacionamento é trabalhoso e difícil.

Nessas horas críticas é que se revela o valor individual.

O primeiro impulso é o de esperar ser compreendido.

As próprias ideias sempre parecem mais acertadas do que as alheias.

As soluções que o próprio coração alvitra costumam se afigurar mais justas do que as propostas pelos outros.

O outro é que deve entender, perdoar e ceder.

Contudo, esse gênero de expectativa não costuma ser atendido.

Se ninguém se dispuser a dar o primeiro passo rumo ao entendimento, um pequeno evento pode tomar proporções desastrosas.

Quanto a quem se esforçará mais e melhor pela paz, a maturidade espiritual dos envolvidos é que decide.

Em qualquer situação, vigora o princípio de que ninguém pode dar o que não tem.

O egoísta, vaidoso e arrogante não consegue exemplificar a humildade e facultar a concórdia.

O pervertido não possui condições íntimas de vivenciar a pureza.

Tendo essa realidade em mente, procure analisar como você se comporta em situações de confronto.

Procura perdoar, compreender e auxiliar?

Ou se considera demasiado importante para abdicar de sua posição em favor da paz?

Não se trata de ganhar ou de perder, mas de aprender a respeitar opiniões diferentes.

Mesmo quando sua posição é visivelmente a melhor, há como lutar por ela sem ofender e humilhar.

Se você é cristão, seus deveres perante a humanidade são significativos.

Afinal, você precisa ser o sal da Terra e a luz do mundo.

Entre o cristão sincero e os erros do mundo trava-se há longo tempo um silencioso combate.

Só que esse combate não é sanguinolento, mas se estriba no exemplo e na compaixão.

Se o próximo é difícil, cabe-lhe conquistá-lo e gentilmente esclarecê-lo.

Quem está mais preparado para as renúncias que a harmonia social exige?

O descrente ou o idealista?

Ciente disso, torne-se um agente do bem.

Se a vida lhe oportuniza ser aquele que serve e luta pela paz, significa que você tem condições para tanto.

Não desperdice a oportunidade!

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Quando menos se espera

 

Em uma passagem do Evangelho, Jesus fala a respeito de inúmeras vicissitudes que atingiriam a Humanidade.

Ele menciona enganos e enganadores, boatos, discórdias e escândalos.

Mas assevera que quem perseverar até o fim será salvo.

A sabedoria das palavras do Cristo comporta aplicação nos mais variados contextos.

Elas servem à Humanidade como um todo, em sua marcha secular pela via do aperfeiçoamento.

Mas também consolam o homem comum, em seus problemas do dia a dia.

Muitas vezes, a criatura humana sente que lhe faltam as forças.

Seus problemas parece que se avolumam sem perspectiva de solução.

Ora é uma enfermidade que se prolonga.

Ou a solidão do coração que se arrasta por meses ou anos.

Pode ser um desemprego um tanto longo.

Ou dificuldades financeiras que persistem.

Em geral, as dores fortes e que passam rápido se afiguram mais suportáveis.

O genuíno teste para a resistência reside nas contrariedades que se prolongam.

As pequenas dores que insistem em permanecer.

As expectativas que parecem nunca se realizar.

Em face desses eventos críticos, o cristão necessita refletir a respeito da mensagem de Jesus.

O homem no mundo não sabe o dia e a hora em que seus testemunhos devem findar.

Por isso, incumbe-lhe perseverar e manter o ânimo firme.

Toda provação encontra seu término.

Por longa que seja a noite, o dia sempre termina por raiar.

Não convém que, no momento da redenção, a criatura em prova esteja amarga e desesperada.

A existência humana sempre comporta algumas agruras.

Entretanto, elas não constituem tragédia e nem crueldade da ordem cósmica.

Cada qual é testado conforme a sua capacidade de resistência.

Os testes que se apresentam têm relevantes finalidades, no contexto da existência imortal.

Após demonstrar sua constância no bem, mesmo por entre dificuldades, o Espírito torna-se confiável aos seres angélicos que lhe acompanham a evolução.

Então, pode ser selecionado para desempenhar missões de amor.

Essas missões o encherão de mérito, se bem desempenhadas.

Propiciarão que se liberte de dores e angústias, de modo definitivo.

Assim, importa perseverar.

O momento da redenção pode estar muito próximo.

Não se sabe o dia nem a hora, mas Deus nunca Se atrasa.

Quando menos se espera, Sua misericórdia se manifesta.

Aí as dores se extinguem, a solidão termina, o dia amanhece.

Para mais tarde não se envergonhar do próprio comportamento, convém se manter firme e esperançoso.

Afinal, quem perseverar até o fim será salvo.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

QUEM NOS VÊ?

 

Conta-se que, certa vez, um agricultor cujos campos não produziam, optou por roubar trigo dos seus vizinhos.

Imaginou que se retirasse um pouco de trigo de cada campo, ninguém haveria de perceber. E ele teria com que se alimentar e à família.

Quando a noite chegou, tomou da filha, uma menina de 10 anos e foi ao campo de trigo do vizinho mais próximo.

Filha, – ele sussurrou – você fica de guarda. Se enxergar alguém, me avise logo.

Mal iniciara a colheita, ouviu a garota gritar:

Papai, alguém está vendo você!

Assustado, ele olhou ao redor. Não viu ninguém. Amarrou rapidamente o trigo que recolhera e foi para o segundo campo.

Logo a criança tornou a gritar:

Papai, alguém está vendo você!

Ele parou. Não havia ninguém à vista.  marrou o trigo roubado e rumou para o terceiro campo.

De imediato, a menina gritou:

Papai, alguém está vendo você!

Irritado, ele foi para junto da filha e falou:

Por que você fica dizendo que alguém está me vendo? Não há ninguém por perto. Ninguém nos vê.

Num murmúrio, como se temesse ser ouvida por mais alguém, a menina disse:

Há sim, papai. Deus está vendo o que você faz. Ele tudo vê. Não importa seja noite escura, sem lua. Não importa que você faça escondido. Ele vê.

* * *

Quantas vezes, em nossas vidas, temos agido como o agricultor da história?

Realizamos ações às ocultas dos olhares humanos e imaginamos que ninguém jamais saberá o que fizemos.

Assim urdimos a calúnia, enganamos o próximo, armamos intrigas.

E que dizer dos crimes contra a vida, cometidos em salas fechadas, em noites escuras? Aborto, eutanásia, violências no lar.

Ainda somos daqueles que imaginamos que o mal não tem importância, desde que ninguém saiba que o cometemos.

No entanto, embora possamos passar impunes pelas leis dos homens, que não nos descobrirão os feitos covardes, a Divina Justiça tudo vê e anota.

Um dia, de consciência desperta, haveremos de responder perante a Lei Maior por tudo o que de errado fizemos.

E a justiça da Lei determina que seja dado a cada um conforme as próprias obras.

A chaga que abrimos na alma de alguém pode lhe ser luz e renovação. Mas para nós, os causadores da dor, será sempre chaga de aflição a nos pesar na vida.

A injúria que lançamos aos semelhantes é chibata mental que nos chicoteia.

Porque cada consciência vive dentro dos seus próprios reflexos, evitemos o mal, mesmo porque todo o mal que fizermos aos outros é mal para nós mesmos.

* * *

A fé raciocinada nos revela que nenhuma ação passa despercebida, que nada é desconsiderado na contabilidade divina.

Se acreditarmos nisso, com certeza agiremos melhor, para nossa própria felicidade.

Redação do Momento Espírita, com base no cap.  Alguém está vendo você, de O livro das virtudes para crianças, de William J.  Bennett, ed.  Nova Fronteira e no cap.  47 do livro Justiça divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.  Feb.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

QUEM SÃO NOSSOS PAIS?

 

Quando abrimos os olhos, neste mundo, vimos debruçados sobre nosso berço, duas pessoas especiais: nosso pai e nossa mãe.

Nos primeiros anos nos sentimos dependentes deles. E, mesmo o simples fato de eles estarem a nos olhar, se constituía em segurança para nós.

Assim, aprendemos a andar, amparados pelos seus braços. Nossos machucados receberam curativos e beijos.

Aprendemos a andar de bicicleta, enfrentamos as ondas do mar, as águas da piscina.

Suas mãos nos conduziram à escola e quando fomos ali deixados pela primeira vez, pareceu que algo se quebrou dentro de nós.

Estaríamos sendo abandonados?

Contudo, ao final do dia, retornamos ao lar e aprendemos que a escola era somente um lugar para estar algumas horas.

Era um lugar para aprender, para fazer amizades, para crescer.

Mas sempre havia um lugar para voltar: nosso lar. O aconchego da família, a segurança paterna, o carinho materno.

À medida que os anos foram se somando, deixamos de ser dependentes. Andamos com nossos pés, agimos com nossa vontade, alçamos vôos mais altos, ou rasos.

E, alguns de nós, passamos a olhar os pais de forma diferente. Quem são eles para desejarem comandar a nossa vida?

Quem são eles para dizerem o que devemos ou não fazer?

Quem são?

Nossos pais são Espíritos que, quase sempre, guardam relações afetivas conosco de longa data. Amigos que aceitam nos receber como filhos, desejando encurtar distâncias entre nós e o progresso.

Espíritos que se dispõem a nos oferecer um corpo, a nos proteger, a nos amar.

Exceções existem, é verdade. Espíritos não tão amigos que se reencontram no cadinho doméstico para ajustes do pretérito um tanto nebuloso.

Mesmo assim, eles nos moldaram um corpo, permitindo-nos a reentrada no mundo carnal, e lhes devemos ser gratos.

Mas, se desejam saber aonde vamos, com quem vamos, nesses tempos de tanta violência, é porque conosco se preocupam.

Se nos estabelecem horários para o retorno ao lar, se nos procuram quando nos retardamos, é porque a nossa segurança os preocupa.

Se insistem conosco para que estudemos mais, nos esforcemos mais, é porque, mais experientes pela maturidade que ainda não temos, nos desejam ver galgar degraus de sucesso.

Se nos impõem disciplina, se nos exigem atitudes comedidas, é porque desejam colaborar com nosso progresso.

Para isso, Deus nos confiou à sua guarda.

E porque esse compromisso está registrado em sua memória espiritual, tanto quanto pelos laços de afeto que nos unem, eles se importam conosco.

Pensemos nisso e antes de reclamarmos tanto, olhemos nossos pais com gratidão.

Vivamos com eles o melhor possível. Afinal, não estarão sempre conosco.

É possível que logo mais eles se transfiram para a espiritualidade, cumprida sua missão.

Vivamos usufruindo o melhor da sua companhia, da sua sabedoria, dos seus afagos.

Amanhã, quando não estiverem mais conosco, teremos doces lembranças para alimentar a nossa saudade.

Redação do Momento Espírita.

sábado, 2 de julho de 2011

Jesus e os dias de hoje

 

Aqueles dias, nos quais esteve Jesus cantando as glórias de Deus, pelas terras da Palestina, eram dias de grandes dificuldades morais.

As aflições, dramas pessoais, dificuldades de relacionamento, de entendimento entre povos e culturas faziam-se constantes.

A incompreensão, o preconceito, a preocupação com a aparência externa e com o aspecto social era a tônica, nos relacionamentos, principalmente nas classes mais abastadas.

Não muito diferente dos dias de hoje. Em termos morais e valores íntimos, ainda somos muito parecidos com aqueles que encontraram Jesus, durante Seu périplo de amor.

Os dramas vivenciados há mais de dois mil anos, na intimidade daquele povo, se assemelham muito aos desafios emocionais que hoje enfrentamos.

Por isso, os conselhos de Jesus são ainda tão atuais.

Ele falava para um povo que vivia em um mundo sem recursos tecnológicos, utilizava de analogias e comparações que pudessem ser compreendidas, pelas gentes simples.

Não obstante, Seus conceitos e orientações são ainda atuais.

Jesus não Se preocupava com as coisas do mundo. Ensinava as coisas da alma.

Sem preocupar-Se com os valores temporais, era, por excelência, o Sábio dos valores da alma, que os conhecia em profundidade.

Assim, Seus conceitos atravessaram os séculos chegando até nós com atualidade arrebatadora.

Nestes dias onde o estresse emocional e a ansiedade são doenças crônicas, Jesus nos aconselha a deixar a cada dia suas próprias preocupações e necessidades, sem nos afligirmos com o futuro desconhecido.

Ensina-nos a ter confiança e fé em Deus. Serve-Se do exemplo das aves dos céus, que não semeiam, nem ceifam e dos lírios do campo, que não tecem, nem fiam, mas têm uma beleza incomparável, para falar da Providência Divina.

Alerta-nos a não termos atitude inercial, esperando um salvacionismo ilusório, dizendo-nos que é necessário buscar para achar e bater para que as portas se abram.

Nestes dias onde, muitas vezes, nos colocamos como omissos e descomprometidos com nossa vida em sociedade, Jesus nos fala que somos o sal da Terra. E o sal deve atender à sua finalidade de preservação e de sabor.

Quando se mostra tão frequente o descrédito com o ser humano, Jesus nos alerta que somos a luz do mundo e que devemos fazê-la brilhar em nós, através das boas obras que somos capazes de executar.

Nestes dias onde o ter costuma sobrepujar o ser, onde a cobiça e o comprar são as grandes sensações, é Jesus que nos alerta para não nos preocuparmos com tesouros que a traça e a corrosão consomem.

E mais: que onde estiver nosso tesouro, aí estará nosso coração.

Os conceitos de Jesus talvez jamais tenham sido tão importantes como nos dias desafiadores que registra a Humanidade.

Nestes dias, onde os valores e as instituições são questionadas e abalam-se, perante a sociedade e os homens, Jesus prossegue como Modelo e Guia.

É Ele a referência indispensável para bem atravessarmos os mares encapelados da atualidade, para que Sua luz seja o farol que nos haverá de conduzir ao porto seguro que nos aguarda, após a tempestade.

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

TUDO É PARA O BEM

 

Havia um homem judeu de nome Mahum, que significa Também. Chamavam-no assim porque para tudo o que lhe acontecesse, por pior que fosse, ele afirmava, com toda convicção: Isto também é para o bem!

Se a chuva lhe destroçasse o jardim ou a enxurrada lhe destruísse o labor da horta, repetia sempre: Isto também é para o bem.

E, sem titubear, colocava-se no trabalho de reconstrução do jardim e da horta.

Se a enfermidade o alcançasse, falava: Isto também é para o bem. Medicava-se e aguardava a recomposição das forças físicas, retornando ao labor incessante.

Certa noite, Mahum precisou se deslocar até à cidade vizinha.

Preparou seu burrico, que lhe seria o meio de transporte, o galo que funcionava como seu relógio e despertador, e uma lamparina para que lhe iluminasse o caminho.

Ela deveria servir, inclusive, para que, antes de repousar no seio da floresta que deveria atravessar, pudesse se deter na leitura das escrituras.

Noite alta e ele no coração da floresta. De repente, o óleo da lamparina derramou e ela se apagou. Ele ficou às escuras. Inesperadamente, o galo começou a passar mal e morreu. Não demorou muito e foi o burrico.

O pobre homem ficou sozinho, na escuridão da floresta, em meio a ruídos estranhos e assustadores.

Mesmo assim, afirmou sem medo: Tudo o que Deus faz é para o bem.

Acomodou-se como pôde e dormiu.

No dia seguinte, o sol o veio despertar, vencendo a fechada copa das árvores. Ele prosseguiu viagem a pé. Quando, muitas horas depois, chegou à cidade, seus conhecidos o olharam com espanto.

Todos pareciam estar vendo um fantasma. Por fim, lhe perguntaram:

- Como pode você estar vivo? Soubemos que, ontem à noite, foram despachados soldados romanos à floresta, com o intuito de matá-lo!

Foi então que Mahum explicou tudo que havia acontecido, concluindo: - Se minha lamparina não tivesse apagado, o galo e o burrico morrido, com certeza estaria morto. Pois o clarão da lamparina, o zurrar do burrico e o cacarejar do galo denunciariam o local onde me encontrava.

Bem posso continuar a dizer: "Tudo o que Deus faz é para o bem."

* * *

Quando a tormenta se faz mais violenta e as dores se tornam mais acerbas, é o momento de se ponderar porque elas nos atingem.

O bom senso nos dirá sempre que razões poderosas existem, assentadas no ontem remoto ou no passado recente, porque a Divina Providência tudo estabelece no momento próprio e na medida exata.

Deus é sempre a sabedoria suprema e a justiça perfeita, atendendo as mínimas necessidades dos Seus filhos, no objetivo maior do progresso e da redenção. 

Redação do Momento Espírita com base em texto do Correio Fraterno do ABC, de maio/1998.