domingo, 31 de outubro de 2010

A surpreendente morte

Ela sempre chega em momento inoportuno. Não a convidamos mas ela comparece, quando e onde bem entende.

Ela estabelece o seu calendário de visitas, totalmente aleatório aos nossos olhos mortais. Mas preciso, especialmente concorde com a Lei Divina, em cada detalhe.

Somente os que não estejam em equilíbrio mental é que a evocam, desejando-lhe a presença.

Todos os demais preferimos deixar para mais tarde, mais tarde...

É a morte, essa não desejada presença.

Ela dilacera corações plenos de esperança e nos leva a perguntar: Por quê? Por que agora? Por que com minha família?

Assim foi com a família Camargos. Na cidade de Natal, no Nordeste brasileiro, no dia doze de janeiro, a pequena Giovanna fazia seis anos.

Festa de aniversário. Tudo pronto para a comemoração. Pouco antes das oito horas da noite, a família só aguardava o telefonema do pai da menina, para a comemoração.

Ele integrava a missão de paz do exército brasileiro no Haiti. E ele adorava seu trabalho. O único senão eram as saudades da família: a mulher e dois filhos.

Seu retorno ao Brasil estava marcado para o dia vinte e oito. E ele dizia para a esposa que ela acabaria ficando enjoada dele, porque passariam o tempo todo juntos.

Veio o telefonema, ele falou com Giovanna. E a esposa pediu que ele ficasse um pouco mais na linha para cantar o Parabéns pra você.

Mas, de repente, a conexão do Skype caiu. Ela tentou ligar de volta. Sem êxito. A festa continuou.

No dia seguinte, o cunhado ligou para saber notícias de Raniel.

Está bem, informou Heloísa. Conversamos ontem à noite.

Ela não sabia do terremoto e, ao tomar conhecimento, se deu conta que fora a hora em que conversara com seu marido.

Na mesma tarde, um telefonema do batalhão onde Raniel servia, confirmou para a família que ele fora uma das vítimas do terremoto no Haiti.

Embora a tristeza, Heloísa diria mais tarde:

O que me consola é que Raniel morreu fazendo o que sempre quis: ajudar os necessitados e servir ao seu país.

Ele morreu como um herói.

As palavras da esposa traduzem o sentimento sublimado do amor. Ela sabia que o marido amava o seu trabalho, no exército brasileiro.

A saudade é grande. Os filhos perguntam pelo pai e terão que se habituar à sua ausência física.

Mas, eles terão a presença do ser amado em suas vidas nas doces lembranças, no telefonema de aniversário, nos sonhos...

Para essa família, como para todos os que cremos na Imortalidade, existe a certeza de que o Subtenente Raniel somente abandonou o casulo de carne.

Ele prossegue vivendo e amando, na Espiritualidade.

Que esse exemplo de serenidade nos possa servir.

Preparemo-nos. Quando a morte chegar, de inopino, rompendo nossos mais acalentados planos, pensemos: foi só um adiamento de tudo que planejamos. Logo mais tornaremos a estar juntos.

 

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Heróis no Haiti (O soldado), da revista Seleções Reader’s Digest, de abril de 2010.

sábado, 30 de outubro de 2010

Carma de solidão

 

Caminhas, na Terra, experimentando carência afetiva e aflição, que acreditas não ter como superar.

Sorris, e tens a impressão de que é um esgar que te sulca a face.Anelas por afetos e constatas que a ninguém inspiras amor, atormentando-te, não poucas vezes, e resvalando na melancolia injustificável.

Planejas a felicidade e lutas por consegui-la,  todavia, descobres-te  a sós, carpindo rude angústia interior.

Gostarias de um lar em festa, abençoado por filhos ditosos, e um amor dedicado que te coroassem a existência com os louros da felicidade.

Sofres e consideras-te desditoso.Ignoras, no entanto, o que se passa com os outros, aqueles que se te apresentam felizes, que desfilam nos carros do aparente triunfo, sorridentes e engalanados.

Também eles experimentam necessidades urgentes, em outras áreas, não menos afligentes que as tuas.

Se os pudesses auscultar, perceberias como te invejam alguns daqueles cuja felicidade cobiças...

A vida, na Terra, é feita de muitos paradoxos.

E isto se dá em razão de ser um planeta de provações, de experiências reeducativas, de expiações redentoras.

Assim, não desfaleças, porquanto este é o teu carma de solidão.

Faze, desse modo, uma pausa, nas tuas considerações pessimistas e muda de atitude mental, reintegrando-te na ação do bem.

O que ora te falta, malbarataste.

Perdeste, porque descuraste enquanto possuías, o de que agora tens necessidade.

A invigilância levou-te ao abuso, e delinquiste contra o amor.

A tua consciência espiritual sabe que necessitas de expungir e de reparar, o que te leva, nas vezes em que o júbilo te visita, a retornar à tristeza, rememorar sofrimentos, fugindo para a tua solidão...

Além disso, é muito provável que, aqueles a quem magoaste, não se havendo recuperado, busquem-te, psiquicamente, assim te afligindo.

Reage com otimismo à situação e enriquece-te de propósitos superiores, que deves pôr em execução.

Ama, sem aguardar resposta.

Serve, sem pensar em recompensa.

O que ora faças no bem, atenuará, liberará o que realizaste equivocadamente e, assim, reencontrar-te-ás com o amor, em nome Daquele que permanece até agora entre nós como sendo o amor não amado, porém, amoroso de sempre.

 

*   *   *

 

A dor é mecanismo de aprendizado sempre.Nas Leis maiores do Criador não existe o sofrer por sofrer.

Todo sofrer visa aprendizado, visa redenção da alma que busca a felicidade.

Saber bem sofrer é uma arte, e toda arte exige disciplina, disciplina e disciplina.

E uma das belezas desta vida é que quando nos propomos a bem sofrer, nunca estamos realmente sozinhos.

 

 

Redação do Momento Espírita com base no cap. 13, do livro Viver e amar,

pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

CHAGA DA SOCIEDADE

 

Você sabe qual é o pior sentimento do homem, aquele que é a raiz de todos os males que o infelicitam?

Se você ainda não sabia, então preste atenção na resposta dada pelos sábios do espaço, a Allan Kardec: "temo-lo dito muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos há egoísmo.”

“Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeição moral, deve expurgar o seu coração de todo sentimento de egoísmo, visto ser o egoísmo incompatível com a justiça, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades."

Como dizem os espíritos superiores, o egoísmo é incompatível com a justiça, o amor e a caridade. E isso se percebe com clareza nas mais variadas situações de um povo ou de uma nação.

Quando analisamos, com isenção de ânimo, as injustiças sociais vigentes em qualquer país do mundo, detectaremos homens, classes sociais, partidos políticos ou religiosos, defendendo seus interesses, em detrimento da justiça.

O egoísta pensa somente em si. Quer seus direitos respeitados, mas não cogita de respeitar os direitos alheios. Sua visão de justiça é unilateral.

É por essa razão que a humanidade anda a braços com a violência, com a corrupção, com a supremacia dos interesses pessoais sobre o que é justo.

É por causa do egoísmo que eclodem as guerras, desde os pequenos conflitos familiares, às guerras religiosas até as grandes guerras de alcance mundial.

Mas quando existe o sentimento de fraternidade, de solidariedade, de altruísmo nos corações dos homens, estes abrem mão dos interesses pessoais a favor da justiça e do bem-estar comum.

Numa sociedade civilizada, todo cidadão tem direito ao necessário, que é o direito à alimentação, moradia, saúde e escola.

A violência só se cala diante da justiça e do amor. Mas de uma justiça que saia do papel e das palavras para se tornar realidade em todos os campos da sociedade.

Mas, enquanto houver egoísmo não haverá amor nem justiça.

Por tudo isso, é necessário erradicar essa ferida social chamada egoísmo de uma vez por todas, para que possamos vislumbrar a possibilidade de uma sociedade em que a justiça e a fraternidade sejam uma realidade.

E esse câncer só será extirpado do coração do homem quando o bisturi da educação for manipulado com sabedoria.

Quando o germe do amor for implantado no coração da criança ele florescerá e dará frutos capazes de neutralizar o ódio e a injustiça.

E isso se dará pela educação. Uma educação baseada no exemplo e na máxima evangélica que estabelece “fazer ao outro o que gostaríamos que o outro nos fizesse”.

 

Pense nisso!

 

À medida que os homens se instruem acerca das coisas espirituais, menos valor dão às coisas materiais.

Depois, necessário é que se reformem as instituições humanas que excitam o egoísmo e o mantêm vivo. Isso depende da educação.

Não da educação que faz homens instruídos, mas daquela que forma homens de bem.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em O Livro dos Espíritos, pergs. 913 e 914.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Nossos velhos

Vimo-lo mais de uma vez. Anda pelas ruas da cidade, empurrando um carrinho, desses próprios para recolher papéis.

Traz o corpo arcado sob o peso dos anos e, por vezes, não se sabe com exatidão se ele conduz o carrinho de papéis ou se este o puxa, de um lado a outro, estabelecendo a direção a seguir, tal a dificuldade que se observa naquele homem.

Os dias frios o surpreendem na rua e, ao final do dia, ele comparece ao mercadinho do bairro para comprar um pãozinho, um ovo, um pacote de fubá.

Quando sorri, aparecem seus poucos dentes amarelados e gastos. Necessitaria tanto de um dentista.

Nos dias de inverno, quando estende a mão um pouco enrolada em panos para disfarçar o frio, pode-se perceber a cor arroxeada dos que têm dificuldade de circulação sanguínea.

Os olhos não são ágeis e precisos como na juventude e ele calcula mal o tempo que leva para passar de um lado ao outro da rua, levando o seu carrinho cheio de caixas, papéis e jornais.

Mas seus ouvidos permanecem atentos e ele pode muito bem ouvir as buzinadas nervosas dos carros que passam conduzidos por motoristas apressados, que não se dão conta da sua dificuldade.

É um catador de papel. Velho e cansado. Olhando-o assim indefeso e buscando sobreviver com um pouco de dignidade, pois se orgulha em afirmar que ainda trabalha, apesar da sua idade, recordamos dos nossos velhos.

Os que desfrutamos da felicidade de ter os avós ao nosso lado, os guardamos com carinho no aconchego do lar, e nos preocupamos com suas refeições. Observando que eles já não se alimentam quanto deveriam, preparamos copos de suco, vitaminas, durante o dia.

Escolhemos ovos frescos e lhes servimos, quentes, batidos, junto a outros complementos vitamínicos a fim de que não enfraqueçam.

E se adoecem, para logo buscamos o médico, o medicamento, a internação, o que seja necessário.

São os nossos velhos, que recebem a nossa atenção e a nossa ternura, na forma de abraços e carícias nas cabeleiras brancas.

E esses outros, perdidos nas ruas da cidade? Que fazemos por eles?

É da Lei de caridade que o forte trabalhe pelo fraco, que o jovem auxilie o idoso. Quando este não tem família ou quem o socorra, é a sociedade que deve ampará-lo.

Como a sociedade somos todos nós, os cidadãos, voltemos nossas vistas para esses que vivem seus últimos anos em abandono e tomemos resoluções firmes.

Não aguardemos que o governo o faça. A solução pode demorar um pouco mais e a necessidade é urgente.

Que tal pensarmos em adotar um idoso? Não haverá necessidade de que o levemos para casa mas bem podemos verificar as condições do seu barraco e melhorá-lo.

Providenciar cobertas quentes, alimentação adequada, visitá-lo, fazer com que se sinta gente e gente importante outra vez.

 

*   *   *

 

O homem tem o direito de repousar na velhice.

A nada deve ser obrigado, além do que lhe permitam as suas forças.

É importante que o idoso se sinta útil, querido, amado.

Afinal, muitos dos seus amigos já partiram para a Espiritualidade, alguns dos filhos se encontram distantes cuidando da própria vida.

Se não lhe dermos um motivo para viver, para ser feliz, ele se tomará de tristeza, mergulhará em depressão e mais cedo, muito mais cedo partirá, tristonho e abatido.

Lembremos: todo velho um dia foi moço, produziu, contribuiu com a sociedade de alguma forma. Merecerá concluir seus dias na Terra em total e desconfortável abandono?

 

Redação do Momento Espírita, com pensamentos dos itens 685 e 685ª de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O TOQUE DE OURO

 

Conta-se que havia um rei muito rico chamado Midas.

Embora possuísse muitas riquezas, ainda assim não estava satisfeito.

Mantinha seu tesouro guardado em enormes cofres nos subterrâneos do palácio, e passava muitas horas por dia contando e recontando seus preciosos bens.

Tinha também o rei Midas uma filha, seu nome era Áurea, a quem ele muito amava e desejava ardentemente transformar na mais rica princesa do mundo.

A pequenina, porém, não se importava com a riqueza do pai.

Ela gostava, em verdade, de seu jardim, das flores e do sol.

Passava a maior parte de seu tempo sozinha, pois seu pai estava sempre ocupado, buscando novas maneiras de conseguir mais e mais ouro, nunca tendo tempo para brincar ou passear com ela.

Um dia, quando o rei Midas encontrava-se sozinho trancado em uma das ricas salas onde costumava admirar suas valiosas jóias, notou a presença de um estranho que lhe sorria.

Surpreso, o rei Midas pôs-se a conversar com o estranho, a fim de descobrir como ele havia conseguido ali entrar.

A conversa, porém, tomou outro rumo e o rei Midas confessou ao estranho que seu maior desejo era ser capaz de transformar em ouro tudo que tocasse.

O estranho disse-lhe, então, que a partir da manhã seguinte seu desejo seria atendido, passando ele a ter o toque do ouro.

Como o estranho desapareceu sem deixar qualquer vestígio, o rei pensou ter sido tomado por alguma alucinação e imaginou como seria maravilhoso se seu sonho tornasse-se realidade.

Na manhã seguinte, quando os primeiros raios de sol invadiram seus aposentos, o rei esticou sua mão e tocou a coberta da cama que subitamente transformou-se em ouro puro.

Maravilhado com aquele prodígio, ele saltou da cama e correu pelo quarto, tocando em tudo o que ali havia.

O manto real, os chinelos, os móveis, tudo virou ouro.

Maravilhado o rei decidiu fazer uma surpresa para a filha e foi até o jardim e tocou todas as flores, transformando-as em ouro, certo de que isso alegraria também a pequenina áurea.

Quando voltou ao quarto percebeu, um tanto contrariado, que não mais conseguia alimentar-se, nem matar sua sede, pois tudo que suas mãos tocavam transformava-se imediatamente em ouro.

Nesse momento, Áurea entrou no quarto do pai aos prantos, com uma das suas rosas na mão, dizendo-lhe que todas as suas flores encontravam-se naquele estado: sem vida, duras e feias, que não mais se podia sentir-lhes o perfume, nem mesmo a maciez das pétalas.

Ao notar a preocupação que tomou o semblante do pai, ela aproximou-se lentamente e o envolveu em um carinhoso abraço.

No mesmo instante, o rei Midas soltou um grito de pavor.

Ao tocá-lo o lindo rostinho da filha transformou-se em ouro brilhante, os olhos não mais viam, tampouco os lábios conseguiam beijá-lo.

Ela havia deixado de ser uma adorável e carinhosa menina para transformar-se em uma estatueta de ouro.

Desesperado, o poderoso rei, ciente de sua desdita, jogou-se ao chão percebendo que havia perdido o único bem que lhe era realmente importante.

Pense nisso!

Também nós, em inúmeras ocasiões, deixamo-nos levar pelas ilusões e pelos convites sedutores do mundo, desperdiçando nossas verdadeiras riquezas, nossos reais tesouros.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no Livro das Virtudes, de William J. Bennet, pp. 37/40.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Do outro lado

 

No consultório, o homem muito doente, perguntou ao médico:

Doutor, o que existe do outro lado da vida?

O médico olhou seu paciente nos olhos, repousou a caneta sobre a mesa, cruzou os braços e respondeu calmamente:

Eu não sei!

Como não sabe? – Falou exasperado o paciente. Eu vou morrer, não sei o que existe do outro lado e o senhor me fala com esta tranquilidade?

Neste momento, ganidos se fizeram ouvir do lado de fora da porta. Logo em seguida, arranhões na madeira.

O médico se levantou, foi até a porta e a abriu. Um belo cão saltou feliz, nos braços do dono.

Agitava a cauda, lambia o médico, manifestando a sua alegria.

Então, o profissional atencioso olhou para o homem desolado e lhe disse:

Você viu o que fez este cão? Ele nunca estivera aqui, antes. No entanto, ele entrou na sala confiante, alegre, tão logo lhe foi aberta a porta.

E sabe por que? Porque ele sabia que nesta sala estava seu dono.

Eu também. Não sei o que existe do outro lado da vida. Mas de uma coisa eu tenho certeza: o meu Senhor estará lá! Então, não há o que temer.

 

*   *   *

 

Ao longo das eras, o homem tem se indagado o que existe para além da tumba, como será a outra vida.

Em torno disso, teólogos e religiosos se têm posto a pensar e têm até estabelecido discussões acerca das ideias que fazem do que seja essa outra vida para onde todos iremos.

No século XIX, na França, um pedagogo francês indagou dos Imortais a respeito e o véu começou a ser levantado, revelando um mundo cheio de vida.

Vida abundante como falou o Mestre de Nazaré.

Livros foram escritos dizendo de como essa vida prossegue para os Espíritos imortais que somos todos nós.

Mas nem todos creem nos Espíritos, nessas vozes dos céus. Nem todos creem na mediunidade e nos fenômenos da comunicação dos chamados mortos.

Contudo, todos os que nos dizemos cristãos, com certeza recordamos das palavras do Mestre Jesus, em Seu discurso de despedida, naquela noite de quinta-feira, precedendo a Sua prisão:

Não se turbe o vosso coração. Crede em Deus. Crede também em mim.

Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, eu vo-lo teria dito. Eu vou para vos preparar o lugar.

Portanto, tem razão o médico. Se nosso Senhor estará lá, se disse que iria à frente para nos preparar o lugar, é que nos aguarda.

Dessa forma, não importa o que mais exista lá. Não importa se temos ideias mais nítidas ou não do que exista para além da vida física.

Uma certeza temos: Jesus estará lá. Ele nos aguarda, Pastor de todas as ovelhas deste planeta e, como bom Pastor, nos receberá.

Pensemos nisso!

 

Redação do Momento Espírita, com base em texto que circula pela Internet,

sem título e sem autoria e dos versículos 1 a 3 do cap. XIV do Evangelho de João.

Disponível no CD Momento Espírita, v. 17, Imortalidade, ed. Fep.

domingo, 24 de outubro de 2010

DESEJO A VOCÊ

 

Existem poemas que demonstram grandiosa beleza e a profunda sensibilidade de seus autores. Dentre eles existe um que diz o seguinte:

Desejo, primeiro, que você ame, e que, amando, também seja amado. E que se não for, seja breve em esquecer. E que, esquecendo, não guarde mágoa.

Desejo também que tenha amigos, ainda que maus e inconseqüentes. Que sejam corajosos e fiéis, e que pelo menos num deles você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha adversários. Nem muitos, nem poucos, mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.

E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiado seguro.

Desejo, depois, que você seja útil, mas não insubstituível. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo, ainda, que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que fazendo bom uso dessa tolerância, você sirva de exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais, e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer, e que, sendo velho, não se entregue ao desespero.

Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor, e é preciso deixar que aconteçam no tempo certo.

Desejo, por sinal, que você seja triste, não o ano todo, mas apenas um dia. E que nesse dia descubra que o riso diário é bom, o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra, com a máxima urgência, acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos e infelizes, e que estão à sua volta.

Desejo, ainda, que você afague um gato, alimente um cuco e ouça o João-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal porque, assim, você se sentirá bem por pouca coisa.

Desejo também que você plante uma semente, por mais minúscula que seja, e acompanhe o seu crescimento, para que saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano coloque um pouco dele na sua frente e diga Isso é meu, só para que fique bem claro quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você, mas que, se morrer, você possa chorar sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo, por fim, que você, sendo homem, tenha uma boa mulher, e que sendo mulher, tenha um bom homem e que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes, e quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.

 

* * *

 

Muitas vezes, desejamos que a vida seja feita apenas de coisas que nos parecem agradáveis, esquecidos de que são os obstáculos que nos fortalecem e nos fazem evoluir.

São as responsabilidades que nos pesam aos ombros que nos mantêm com os pés no chão, e as forças contrárias servem de testes para nossa resistência.

Assim sendo, só podemos avaliar o valor das circunstâncias pelas lições que nos deixam depois que passam.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita, com base em poema do jornalista Sérgio Jockymann, disponível no site: http://www.nossosaopaulo.com.br/reg_sp/politicos/b_sergiojockyman.htm

sábado, 23 de outubro de 2010

O PRAZER DE SER BOM

 

O desejo da felicidade é inerente ao homem.

A busca do bem-estar constitui um dos fatores do progresso.

Foi labutando para eliminar sensações desagradáveis que a humanidade desenvolveu seu intelecto e habilidades.

Caso o ser humano não procurasse fugir da dor e do desconforto, ainda estaria nas cavernas.

Contudo, por mais que se procure incessantemente descobrir remédios e soluções para as dores, é impossível ignorar a fragilidade da vida material.

Tudo o que envolve a matéria encontra-se em contínuo processo de metamorfose.

Todos os homens adoecem, envelhecem e morrem.

As pessoas esforçam-se para conquistar bons empregos, mas nada lhes assegura que os manterá para sempre.

A maior parte de nossos amores, sejam familiares ou amigos, não ficará conosco até o final da vida.

A estabilidade financeira constitui objeto de preocupação de quase todos nós, mas a fortuna é transitória e incerta.

Ao longo do tempo, famílias ricas caem na miséria.

Ao mesmo tempo, muitos pobres enriquecem.

Esse contínuo alterar das condições materiais não evidencia crueldade da vida.

A divindade não se compraz em brincar com os homens, para os desnortear.

O persistente modificar e despedaçar que envolve a vida na terra destina-se a chamar a atenção dos homens para o que realmente importa.

Ao final de tudo, o que restará?

A beleza física fenece com o tempo.

As elevadas posições sociais gradualmente perdem sua importância ou são ocupadas por outros.

A riqueza material não é levada para o além-túmulo.

A única bagagem que o espírito leva para a vida imortal são as suas conquistas morais.

Quem consegue, por entre as ilusões do mundo, desenvolver bondade, compaixão, pureza e retidão de caráter, permanece para sempre assim.

Na Terra, no plano espiritual ou nas encarnações futuras, as virtudes acompanham o espírito.

E a verdade é que ser bom dá muito prazer.

Trata-se do inverso do que ocorre com a maldade e os vícios de toda ordem, que somente ensejam dor e sofrimento.

Jamais se viu uma alma genuinamente bondosa mudar seu rumo ou arrepender-se de sua bondade.

Contudo, inúmeras criaturas levianas ou maldosas, com freqüência, alteram o seu comportamento.

É um evidente sinal de que as virtudes causam prazer, ao passo que as imperfeições apenas infelicitam. Afinal, ninguém desiste do que é realmente bom.

As pessoas que conseguem enfrentar situações complicadas com serenidade causam admiração.

Sabe-se como é difícil se manter tranqüilo em meio às crises do mundo.

A harmonia e a paz são conquistas preciosas, que não surgem de um momento para o outro.

Quem hoje se mostra tranqüilo, certamente gastou muito tempo disciplinando o próprio caráter.

Entretanto, viver em harmonia é extremamente prazeroso.

O ódio, o rancor e a ira desgastam profundamente o ser humano.

Quem consegue livrar-se desses vícios torna-se muito mais feliz.

Então, o equilíbrio felicita a criatura, o mesmo ocorrendo com todas as outras virtudes.

O homem que vence a posse e ama pelo prazer de ver feliz o ser amado desenvolve imenso bem-estar.

Ele não mais se angustia tentando controlar a vida de seu amor.

Convém refletirmos sobre essa realidade, fazendo uma análise criteriosa de nosso caráter.

Como desejamos a felicidade, é importante desenvolver em nós a única causa de permanente alegria:

O amor ao bem e às virtudes em geral.

Pensemos nisso!

 

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

A cruz e a dignidade

 

Em uma passagem evangélica, Jesus disse que quem quisesse ir após Ele, deveria tomar sua cruz, renunciar a si mesmo e segui-Lo.

Esse convite sinaliza que o processo de sublimação do próprio ser é trabalhoso.

A conquista da dignidade espiritual pressupõe o abandono de antigos vícios e a conquista de variadas virtudes.

Também implica a quitação de velhas contas, oriundas de crimes cometidos contra as Leis cósmicas.

O Espírito em evolução precisa aprender a renunciar a seus hábitos tristes e a suas concepções equivocadas de vida, para se tornar puro e fraterno.

A vida lhe propicia todas as condições para que se erga rumo ao seu destino glorioso.

As penosas injunções da existência material são uma bênção.

No lento processo de vivenciar e se desiludir das coisas do mundo, a alma passa a prestar atenção no que realmente importa.

Compreende que a aparência física é muito transitória.

Que o dinheiro muda rapidamente de mãos.

Que a saúde oscila e se fragiliza com o passar dos anos.

Que os amores mais caros vão para longe ou desencarnam.

Lentamente, ela compreende a transitoriedade de tudo o que a rodeia.

E entende que o primordial reside em seu íntimo.

Que a paz da consciência, fruto de um viver digno, é o que de bom a acompanhará para sempre.

Esse processo é lento e doloroso.

Ele representa a cruz a ser levada.

Ocorre que, em um mundo amplamente materializado como a Terra, todos sofrem.

Não há ninguém que deixe de adoecer ou de morrer.

Todos passam pela experiência da desencarnação de seres amados.

Certamente não está a seguir o Cristo quem se revolta por tudo e por nada.

Conclui-se que não basta levar a própria cruz.

É preciso levá-la com dignidade, talvez até com alguma elegância.

Há quem espalhe pelo mundo o rancor por suas dores.

Com suas reclamações, inferniza a vida dos outros.

Acha que todos têm o dever de ajudá-lo e exige que o façam.

Porque enfrenta dificuldades, trata mal o semelhante.

Justifica seu comportamento infeliz com as dores que vivencia.

Entretanto, todos sofrem, em maior ou menor grau.

Apenas alguns o fazem com mais elegância.

Têm o cuidado de não infelicitar o próximo e praticam a caridade da paz.

Entendem que a cruz é deles, não da coletividade.

Quando necessário e possível, buscam e aceitam auxílio.

Mas sem imposições, reclamações ou rebeldia.

Assim, reflita que as injunções penosas de sua vida têm um propósito superior.

Elas se destinam a promover sua pacificação interior e efetivamente o fazem, se bem suportadas.

Mas de pouco adiantarão se você se desequilibrar e se tornar causa de angústia na vida do semelhante.

Para que a experiência seja válida, é preciso vivê-la com dignidade.

 

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O RAIO DE LUZ

 

Todas as noites antes de fazer os filhos adormecerem, um pai muito carinhoso conversava com eles, enquanto afagava-lhes os cabelos anelados.

Diariamente escolhia um assunto que encontrava no evangelho, ou em algum acontecimento do cotidiano.

Naquela noite sem luar, quando as nuvens encobriam as estrelas, ele arranjou uma forma diferente de chamar a atenção das crianças.

Colocou-as no sofá da sala e disse-lhes que não se assustassem com a escuridão, porque apagaria todas as luzes da casa, de propósito.

E assim o fez.

Deixou a casa às escuras e sentou-se no meio dos filhos que o aguardavam apreensivos.

Perguntou-lhes o que eles eram capazes de ver em meio àquele breu.

O menininho mais velho comentou que conseguia distinguir os contornos da cadeira que estava a sua frente, mas que não conseguia saber ao certo qual objeto produzia a sombra que se apresentava um pouco mais adiante.

O pai, aproveitando a oportunidade esclareceu:

“Nossos olhos acostumam-se com a ausência de luz e acabam conseguindo, com algum esforço, distinguir alguns objetos.

Porém, não é possível notar tudo quando a luz nos falta.

Alguns contornos podem enganar nossos sentidos.

Muitos detalhes passam despercebidos.

As cores deixam de ser perceptíveis.

A ausência de luz dificulta nosso caminhar, porque não conseguimos notar com segurança para aonde estamos indo.”

Nesse momento, ele acendeu uma vela que trazia consigo.

As crianças exultaram diante da claridade que se fez na sala.

“Vejam!” – convidou o pai – “percebam como tudo parece diferente na presença da luz.

As sombras já não mais nos confundem.

Agora as formas assumem contornos mais exatos.

Como é mais fácil buscar um caminho, quando há luz a mostrar a direção correta.”

Encantadas com a singela, porém, inesquecível descoberta, as crianças concordaram com o pai, enquanto o cobriam de carinhos antes de serem levados para a cama. 

A maior glória da alma que deseja participar na obra de Deus será transformar-se em luz na estrada de alguém.

Registramos a luz sem nos adentrar em sua grandeza.

O raio de luz penetra a furna escura, levando a réstia de claridade que espanca as trevas.

Adentra o vale sombrio e estimula o florescer.

Atinge a gota d’água e reverte-a em um diamante multicolorido.

Visita o pântano e transforma-o em jardim, em pomar.

Viaja pelo ar, aquece vidas e alimenta-as.

Beija as corolas e desata perfumes inesquecíveis.

Aninha-se no cristal e ele reverbera, embelezando-se ainda mais. 

 

* * * 

 

Não nos deixemos adoecer pelo amolentamento.

Há tantas possibilidades de darmos utilidade e beleza à vida.

Com o exemplo da luz, o Criador convida-nos a fazer o mesmo.

Desfaçamos as sombras nos corações.

Drenemos os charcos das almas.

Projetemos alegrias fomentadoras de vida naqueles que se encontram combalidos pela tristeza e pelo desalento.

Sejamos também um raio de luz, espraiando brilho e calor, beleza e harmonia, em todos os momentos, iluminando, assim, também, nossos próprios caminhos.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

BEM AVENTURADOS OS POBRES DE ESPÍRITO

 

No Sermão da Montanha, o Mestre Jesus afirmou: Bem-aventurados os pobres de Espírito, porque deles é o reino dos céus.

Ainda hoje muito se fala sobre tal ensinamento, eis que grande interesse desperta em todos os que tomaram conhecimento dos ensinos de Jesus.

No entanto, tal ensino, como tantos outros, resta ainda incompreendido pelos homens.

O que, afinal, o Mestre pretendia proclamar?

Jesus proclama que Deus quer Espíritos ricos de amor e pobres de orgulho.

Os Espíritos ricos são aqueles que acumulam os tesouros que não se confundem com as riquezas da Terra.

Seus bens não são jamais corroídos pelas traças, tampouco podem ser subtraídos pelos ladrões.

Os pobres de Espírito são os que não têm orgulho. São os humildes, que não se envaidecem pelo que sabem, e que nunca exibem o que têm.

A modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são aqueles que têm idéia do quanto não sabem.

Por isso, a humildade é considerada requisito indispensável para alcançar-se o reino dos céus.

Sem a humildade nenhuma virtude se mantém.

A humildade é o propulsor de todas as grandes ações, em todas as esferas de atuação do homem.

Os humildes são simples no falar.

São sinceros e francos no agir.

Não fazem ostentação de saber, nem de santidade.

A humildade, tolerante em sua singeleza, compadece-se dos que pretendem afrontá-la com o seu orgulho.

Cala-se diante de palavras loucas.

Suporta a injustiça.

Vibra com a verdade.

A humildade respeita o homem não pelos seus haveres, mas por suas reais virtudes.

A pobreza de paixões e de vícios é a que deve amparar o viajor que busca sinceramente a perfeição.

Foi esta a pobreza que Jesus proclamou: a pobreza de sentimentos baixos, representada pelo desapego às glórias efêmeras, ao egoísmo e ao orgulho.

Há muitos pobres de bens terrenos que se julgam dignos do reino dos céus, mas que, no entanto, têm a alma endurecida e orgulhosa.

Repudiam a Jesus e se fecham nos redutos de uma fé que obscurece seus entendimentos e os afasta da verdade.

Não é a ignorância nem tampouco a miséria que garantem aos seres a felicidade prometida por Jesus.

O que nos encaminha para tal destino são os atos nobres, embasados na caridade e no amor incondicional.

Precisamos, também, adquirir conhecimentos que nos permitam alargar o plano da vida, em busca de horizontes mais vastos.

Pobres de Espírito são os simples e nobres.

Não os orgulhosos e velhacos.

Pobres de Espírito são os bons, que sabem amar a Deus e ao próximo, tanto quanto amam a si próprios.

São aqueles que observam e vivem as Leis de Deus. Estudam com humildade.

Reconhecem o quanto ainda não sabem. Imploram a Deus o amparo indispensável às suas almas.

Era a respeito desses homens que o Mestre Nazareno, em Suas bem-aventuranças, estava se referindo.

Muitos são os que confundem humildade com servilismo.

Ser humilde não significa aceitar desmandos e compactuar com equívocos.

Ser humilde é reconhecer as próprias limitações, buscando vencê-las, sem alarde, nem fantasias.

É buscar, incansavelmente, a verdade e o progresso pessoal, nas trilhas dos exemplos nobres e dignos.

Pense nisso. 

 

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Pobres de Espírito e Espíritos pobres, do livro Parábolas e Ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, ed. O Clarim.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O dócil jumentinho

 

Francisco de Assis, ao se fazer o portador da mensagem do Cristo, em plena Idade Média, estabeleceu para si mesmo regras extremamente rígidas.

Seu objetivo não era fundar uma Ordem religiosa. Ele desejava simplesmente servir ao próximo.

Necessitando ter liberação do Vaticano para que pudesse pregar nas igrejas e nas estradas do mundo, Francisco se submete à exigência e funda uma Ordem.

As regras que estabeleceu eram severas, onde, entre outras coisas, não era permitido usufruir senão do estritamente necessário.

E, se ele criou as regras, era o primeiro a segui-las. Seu quarto parecia uma cela, sem conforto algum.

Para cobrir o corpo, ele usava um tecido áspero, em forma de túnica, com uma corda na cintura, à guisa de cinto.

O tecido era o desprezado pelos mercadores da cidade de Assis, pois era aquele usado como embalagem das fazendas, sedas e veludos que adquiriam para o comércio.

Para as refeições, Francisco era extremamente frugal, alimentando-se um pouco menos que o necessário. Até mesmo porque pensava sempre nos outros, antes que em si mesmo e nas suas necessidades e satisfações pessoais.

Certo dia, estando a meditar, compareceu Frei Leão, um de seus mais próximos companheiros. Ele dizia que tinha um problema e desejava o auxílio de Francisco para a solução.

Pai Francisco, começou, eu conheço uma pessoa que tem um jumentinho. Ele é muito frágil, magro, doente.

Apesar disso, seu dono não o alimenta bem e exige muito dele.

Ele monta no animal e exige ser carregado? Perguntou Francisco.

Sim, pai Francisco. O pobre animal mal se aguenta em pé e o dono lhe exige isso e muito mais. Não tem piedade para com ele. Diga-me, que devo dizer a esse homem?

Francisco era conhecido por amar os animais. Mais de uma vez, em descobrindo que alguém apanhara uma lebre em armadilha, ele a comprava para a libertar.

Em festividades religiosas, jamais esquecia que os animais deveriam ser brindados com rações extras. Fossem animais domésticos ou os pássaros livres, que enchiam os ares.

Então, respondeu a Frei Leão:

Que maldade! Pois traga-me esse homem e eu falarei com ele. Dir-lhe-ei como se deve tratar os animais.

Frei leão docemente, esclareceu:

Pai Francisco, é você o dono do jumentinho. Seu corpo é o jumentinho que o leva a todo lugar e não está sendo bem tratado.

Embora hierarquicamente ele fosse o superior, o líder de todo o grupo, humildemente, respondeu Francisco:

Verdade, Frei Leão? Eu faço isso com meu corpo? Trato-o tão mal assim?

E, ante a afirmação do companheiro, Francisco ali mesmo se ajoelhou e orou:

Meu doce jumentinho, me perdoe. Nem percebi que estava a tratar tão mal a você, de quem dependo para realizar minha obra.

Perdoe-me. Terei mais cuidado, daqui em diante.

 

*   *   *

 

A narrativa nos leva a nos perguntarmos: Estamos tratando bem nosso corpo?

Tem sido adequada a alimentação? Temos lhe permitido o repouso devido e temos atendido às suas dores?

Pensemos nisso: nosso doce jumentinho é nosso instrumento de trabalho na Terra. Amemo-lo. Atendamo-lo.

 

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CONCRETIZANDO SONHOS

Haverá esperança para quem nasce no morro, na favela, em comunidades onde o que mais se fala e se vê é miséria, droga, violência?

Poderá sonhar com um mundo diferente a criança que, ao abrir a janela, se depara com a pobreza, o tráfico, o banditismo?

 

*   *   *

 

Foi no Natal de 2009, que o Brasil deu um raro presente ao Reino Unido.

No canal 4, exatamente no dia 25 de dezembro, em horário nobre na TV aberta britânica, foi ao ar o documentário Only when I dance.

Uma diretora inglesa desejou mostrar uma história das favelas, diferente de tráfico de drogas e violência.

E encontrou Irlan Silva, bailarino clássico de apenas 19 anos, criado num dos morros mais violentos do Rio de Janeiro, o Complexo do Alemão e atual integrante do prestigiado American Ballet Theatre.

Esse jovem, além de talento, tem uma grande disposição para contornar obstáculos. Enquanto participa de concursos nacionais e internacionais de dança, ele segue as atividades escolares e anos de estudo de balé clássico no Centro de Dança Rio.

Irlan teve que enfrentar, no início, a resistência que seu pai tinha em relação ao balé clássico. Resistência que cedeu quando ele assistiu ao primeiro espetáculo do filho e passou a apoiar o seu sonho de se tornar bailarino.

Irlan é um fenômeno que tira o fôlego do espectador, especialmente quando dança Nijinski. Apresentando-se na Suíça, arrancou lágrimas de uma das juradas.

O documentário Only when I dance mereceu do jornal americano The New York Times a comparação de Irlan a Billy Elliot da vida real.

Irlan começou a estudar balé aos 11 anos e não mede esforços para triunfar no palco. Tem muita determinação para enfrentar as adversidades, com a cabeça erguida e postura de primeiro bailarino.

Impõe-se uma disciplina espartana de aulas e ensaios, além de cuidar da alimentação e do corpo.

Conta com o apoio da família mas venceu, sobretudo, graças à sua garra, à vontade firme de alcançar um sonho.

E a uma mulher extraordinária, Mariza Estrella, fundadora e diretora do Centro de Dança Rio, uma escola que tem 450 alunos e 80 bolsistas.

Ela é tia Mariza para os alunos de sua escola. Ela vibra com cada vitória de Irlan e de outros alunos tão extraordinários, como Thiago Soares, hoje primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres.

Também investe, além de si mesma, carinho para com cada aluno. Ela é a grande incentivadora, experiente, mestra, tutora.

Ela inscreve e acompanha os alunos nas principais competições de dança no Brasil e no Exterior.

Não é raro contribuir com dinheiro do próprio bolso, custeando despesas de alunos de famílias pobres, que mais se destacam no circuito de concursos e festivais.

 

*   *   *

 

Nosso Brasil é verdadeiramente grande. Em extensão territorial e em coração.

Coração como o de tia Mariza que auxilia crianças e adolescentes alcançarem o seu ideal, exportando para o mundo o que o Brasil tem de melhor: a sua gente.

Pensemos nisso e verifiquemos como podemos contribuir, onde estejamos, para tornar realidade o sonho de um menino, uma menina, nossa gente brasileira.


Redação do Momento Espírita, com base no artigo Do Complexo do Alemão ao American Ballet, de Juliana Resende (Londres), publicado na Revista Época, de 4 de janeiro de 2010.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Lição de felicidade

Foi num dia desses. Eram dois irmãos vindos da favela. Um deles deveria ter cinco anos e o outro dez. Pés descalços, braços nus. Batiam de porta em porta, pedindo comida. Estavam famintos.
Mas as portas não se abriam. A indiferença lhes atirava ao rosto expressões rudes, em que palavras como moleque, trabalho e filhos de ninguém se misturavam.
Finalmente, em uma casa singela, uma senhora atenta lhes disse: Vou ver se tenho alguma coisa para lhes dar. Coitadinhos.
E voltou com uma caixinha de leite. Que alegria!
Os garotos se sentaram na calçada. O menor disse para o irmão: Você é mais velho, tome primeiro...
Estendeu a caixa e ficou olhando-o, com a boca semiaberta, mexendo a ponta da língua, parecendo sentir o gosto do líquido entre seus dentes brancos.
O menino de dez anos levou a caixa à boca, no gesto de beber. Mas, apertou fortemente os lábios para que nenhuma gota do leite penetrasse. Depois, devolveu a caixinha ao irmãozinho: Agora é a sua vez. Só um pouco, recomendou.
O pequeno deu um grande gole e exclamou: Como está gostoso.
Agora eu, disse o mais velho. Tornou a levar a caixinha, já meio vazia, à boca e repetiu o gesto de beber, sem beber nada.
Agora você. Agora eu. Agora você.
Depois de quatro ou cinco goles, talvez seis, o menorzinho, de cabelo encaracolado, barrigudinho, esgotou o leite todo. Sozinho.
Foi nesse momento que o extraordinário aconteceu. O menino maior começou a cantar e a jogar futebol com a caixinha. Estava radiante, todo felicidade. De estômago vazio. De coração transbordando de alegria.
Pulava com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas grandiosas sem dar importância.
Observando aqueles dois irmãos e o Agora você, Agora eu, nossos olhos se encheram de lágrimas.
Que lição de felicidade! Que demonstração de altruísmo! O maior, em verdade, demonstrou, pelo seu gesto, que é sempre mais feliz aquele que dá do que aquele que recebe.
Este é o segredo do amor. Sacrificar-se a criatura com tal naturalidade, de forma tão discreta, que o amado nem possa agradecer pelo que está recebendo.
Enquanto os dois irmãos desciam a rua, cantarolando, abraçados, em nossa mente vários ensinos de Jesus foram sendo recordados.
Fazer ao outro o que gostaria que lhe fosse feito.
O óbolo da viúva.
Amai-vos uns aos outros...

*   *   *


Coloca, nas janelas da tua alma, o amor, a bondade, a compaixão, a ternura para que alcances a felicidade.
Amando, ampliarás o círculo dos teus afetos e serás, para os teus amigos, uma bênção.
Faze o bem, sempre que possas. E, se a ocasião não aparecer, cria a oportunidade de servir. Deste modo, a felicidade estará esperando por ti.

Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada.

domingo, 17 de outubro de 2010

ESCULTORES DE ALMAS

 

Péricles foi um célebre orador e estrategista que governou Atenas de 460-430 a.C., e ficou conhecido na história como a maior figura política daquela cidade.

Estimulou as artes e a cultura, realizou grandes construções como o Partenon, templo pagão de insuperável perfeição arquitetônica e riqueza escultural de Atenas.

Certa feita, promoveu uma grande festa em homenagem à beleza da cidade de Atenas, para a qual mandou convidar todos aqueles que de alguma forma haviam contribuído para que a cidade ficasse tão bela.

Avisado que os convidados já estavam presentes, Péricles lançou seu olhar sobre os salões e notou escultores, pintores, arquitetos, políticos, mas não percebeu nenhum pedagogo.

Chamou seus assistentes e lhes perguntou porque os pedagogos não estavam ali. E eles responderam:

“Porque não foram convidados, senhor. Afinal, não deram nenhuma contribuição para Ebelezar Atenas.”

Então Péricles ordenou:

“Vão convidá-los imediatamente para a festa, pois são eles que embelezam as almas dos atenienses.”

Interessante pensar no que isso significa.

Importante refletir sobre o que significa ter o poder de esculpir nas almas daqueles que se dispõem ao aprendizado, à reflexão sobre os valores, as virtudes, o sentido da vida.

E nesse contexto podemos dizer que os professores são escultores de almas, sim.

Um dia um professor aposentado, alma sensível e dedicada, competente e estudioso, estava sendo entrevistado e lhe foi pedido para que falasse um pouco sobre sua maior produção literária, pois também é escritor, e ele falou com sabedoria:

“Minha maior produção são os meus alunos.”

De fato, quem tem acesso a um ser humano, numa sala de aula, predisposto a receber lições, poderá deixar uma grande e nobre produção.

Trabalhar com as mentes e os corações é algo de valor inestimável.

E como o professor também é um ser inacabado, a experiência numa sala de aula pode e deve ser uma grande oportunidade de ensinar aprendendo e aprender ensinando.

No cômputo final, o resultado será uma grande experiência conjunta que faculta a ambas as partes momentos de embelezamento mútuo.

Se você tem o elemento humano sob sua responsabilidade, lembre-se da importância dessa nobre tarefa e seja um artista dedicado a embelezar as almas dos seus educandos, pois é de almas belas e nobres que a humanidade precisa.

 

Pense nisso!

 

Você, que é professor, antes de iniciar a sua aula, olhe para os rostos que estão a sua frente e lembre-se de que são almas prontas a absorver suas lições.

E não serão somente as instruções formais que irão captar, mas, acima de tudo, essas almas absorverão suas vibrações de amor, dedicação e entusiasmo com que se dirige a todos.

Afinal, ensinar é uma arte que requer mais do que simplesmente transferir informações.

É a sabedoria de criar possibilidades para que cada aluno se produza e se construa a si mesmo com os elementos de reflexão que recebe do seu mestre.

Pense nisso, e seja um bom escultor de almas.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, sob inspiração de uma fala de Sandra Borba Pereira, em Curitiba-PR, no dia 12/03/2005.

sábado, 16 de outubro de 2010

A conduta correta

Em alguns ambientes e setores da sociedade, há uma extrema preocupação com resultados.
Por exemplo, no meio empresarial o foco costuma ser o lucro.
Nas escolas, a obtenção de boas notas.
Em concursos, lograr aprovação.
Não há nada de errado em buscar eficácia no que se faz.
O problema em supervalorizar os resultados é concluir que os fins justificam os meios.
Ou levar esse paradigma para todos os aspectos da existência.
É ótimo quando bons resultados surgem. Mas, em variadas situações, eles não são o aspecto primordial.
Em questões morais, não dá para agir a fim de obter a consequência mais favorável.
Muitas vezes, apesar de um proveito mínimo ou inexistente, é preciso perseverar.
A respeito, convém refletir sobre a passagem Evangélica conhecida como o óbolo da viúva.
Nela, Jesus afirma que duas moedas doadas por uma pobre viúva representavam mais do que os tesouros ofertados por outros mais abastados.
Em uma visão objetiva e mundana, as amplas ofertas dos ricos certamente tinham maior valor.
Mais coisas poderiam ser compradas com elas do que com os centavos saídos das mãos da viúva.
Ocorre que para essa a doação exigiu sacrifício, pois ofereceu o que lhe faria falta.
Extrai-se daí a lição de que a correção da conduta vale por si só.
Pouco importa que os resultados sejam insignificantes, pelos padrões do mundo.
Este ensinamento é muito precioso.Em questões capitais da vida humana, não dá para agir com base no interesse em atingir determinado fim.
Quem age exclusivamente por interesse, ainda que esse seja bom, é moralmente frágil.
Se a conduta é difícil ou se o resultado demora, esmorece.
Pode ficar tentado a alterar seu comportamento para melhorar a situação.
Já quem se ocupa primordialmente do dever e nele encontra justificativa logra seguir firme.
A dignidade vem do comportamento correto.
Quem consegue manter dignidade em face de situações muito adversas revela grande valor moral.
Sinaliza estar disposto a acumular prejuízos os mais variados, para viver o que julga ser certo.
Imagine-se uma mãe cujo filho seja desequilibrado.
Se ela não entender que seu dever reside em fazer o melhor, pode se sentir uma perdedora e desanimar.
Ela não tem condições de alterar o caráter do filho à força.
Pode educar, exemplificar e confiar na vida.
Mas o filho se modificará em seu ritmo próprio.
Não é o resultado que confere o mérito, mas a dificuldade em manter a reta conduta.
O resultado depende das injunções do mundo e da vontade alheia, sobre as quais não se tem domínio.
Já o controle sobre o próprio comportamento é total.
Pense nisso.

Redação do Momento Espírita.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS

Marcelo era filho de uma família pobre. Precisava trabalhar para ajudar nas despesas da casa.

Marcelo foi vender picolés. Depois trabalhar em uma padaria. Ganhava dez reais por mês, que dava ao pai.

Saindo da padaria, ele ia pescar. Os peixinhos que pegasse eram sempre importantes. Em casa, se comia peixe com farinha.

Um dia, ele ouviu o anúncio de que ia se formar uma banda na cidade. Pensou que fosse uma banda dessas que tocam em bailes.

Queria ser baterista. Mas o responsável tocava uma flautinha.

Marcelo se apaixonou pela flauta. E quis se inscrever. O pai disse não.

Marcelo descobriu então que o seu namoro com a flauta deveria ser às escondidas.

A inscrição acabava às cinco horas. Hora em que ele estava na padaria, trabalhando. Quando saiu, correu tanto que caiu da bicicleta.

Os peixes se espalharam e ele ficou todo ralado. Chegou com duas horas de atraso ao local da inscrição.

O homem teve compaixão, vendo-o todo machucado e com tanta vontade de tocar flauta e o inscreveu. O garoto tinha onze anos.

Só havia um problema: Marcelo não tinha flauta, que custava dez reais.

Seu salário. Salário do qual ele não podia dispor. Precisava juntar dinheiro.  Durante um ano juntou moedas perdidas de um centavo. Vivia olhando para o chão.

Comprou uma flauta de plástico.

Mas não podia estudar em casa, por causa do pai. À noite, ía para o alto de um cajueiro e estudava. Lá também a guardava a sua flauta.

Até que uma noite de chuva, resolveu levar a flauta para casa, com medo que a água a estragasse.

No dia seguinte, quando voltou da padaria, o pai o esperava. Queimou a flauta que encontrara e deu uma surra no garoto.

Desistiu da flauta? Não! Ficou mais um ano juntando centavos até comprar outra. Aí ele arranjou uma aluna. Dez reais por mês.

Outra aluna, mais dez reais. Logo, tinha nove alunas. Noventa reais.

O pai viu que a flauta dava dinheiro e deixou de perseguir o menino.

Um dia, Marcelo se propôs a ensinar flauta para crianças que não pudessem pagar.

Aos 18 anos, Marcelo já formou uma orquestra de flautas na cidade de Aquiraz, a uma hora de Fortaleza, no Ceará.

Seu sonho: formar outra orquestra de flautas, na cidade de Serpa. O problema? As crianças são muito pobres, não têm dinheiro para comprar flautas.

Entretanto, isso não o detém. Sabe que conseguirá.

Numa conversa entre amigos, Marcelo revelou outro sonho: ter uma flauta transversal. Mas ela custa muito caro. Quase dois mil reais.

Bom, esse sonho já foi realizado. Uma professora lhe deu de presente a flauta.

Ela possuía uma guardada em casa, numa caixa de veludo. Flauta que ninguém tocava. Hoje, Marcelo já está tocando com a sua flauta tão sonhada...

 

* * *

 

Se tudo em volta se veste de escuridão e o dia claro já passou, substituído pela noite pavorosa do desalento, insiste um pouco mais.

Não desistas com facilidade.

Permita-te uma nova tentativa.

Tenta outra vez e espera a ajuda de Deus.

Vencerás.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap.  5, parte 2, do livro Um céu numa flor silvestre, de Rubem Alves, ed.  Verus e cap.  20 do livro Momentos de coragem, Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco, ed.  Leal.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

O mundo do Terceiro Milênio

Fala-se muito que vivemos em um mundo de constante violência.

E se diz que todos andam apressados, que tudo é uma loucura, que não dá mais para viver de forma serena.

Contudo, graças a iniciativas que ocorrem, ainda de forma esporádica, mas com grande brilhantismo, verifica-se que existem variantes felizes.

Um dos exemplos mais recentes foi a iniciativa de um pouco mais de trinta integrantes da Companhia de Ópera da Filadélfia.

Aconteceu no dia 24 de abril de 2010, um sábado, no Reading Terminal Market, na cidade da Filadélfia, na Pensilvânia. O local é um bazar gastronômico, ainda hoje, conforme suas remotas origens no século XVII.

Em qualquer dia ali se pode encontrar uma variedade eclética de produtos diretos do campo, especiarias incomuns, flores, aves, artesanatos, joias e roupas.

É um local apinhado de gente. A média é de cem mil pessoas que o visitam, a cada semana.

Pois nesse sábado de abril, enquanto as pessoas se acotovelavam, indo e vindo, em meio a balcões de produtos e exposição de telas, de repente, uma música começa a encher os ouvidos de todos.

É La Traviata, composição de Giuseppe Verdi, inspirada na obra de Alexandre Dumas Filho, A dama das camélias.

Então, um tenor lança sua voz, seguido de outro, mais adiante. Surpreendentemente, do meio daquele povo todo, que andava de um lado para outro, conversando, tirando fotos, vão se destacando os membros da Companhia de Ópera.

Estão misturados à multidão, vestidos de forma comum, uns com boné à cabeça, portando mochilas, bolsas, roupas esporte, descontraídos.

Somente são identificados, a partir do momento que abrem sua boca e começam a cantar.

Surpresas, as pessoas vão se dando conta de que cada um deles, que sorri e canta, que brinda com o copo de papel com café ou que os convida a alguns passos de dança, está com um boton com a identificação da Companhia de Ópera da Filadélfia e os dizeres: La Traviata.

E todos param o que estão fazendo para ouvir, admirar, se emocionar. Os turistas tiram fotos e mais fotos.

Um momento mágico. Algo que nos diz que iniciativas dessa ordem devem, graças ao êxito observado, se repetir de outras vezes e em muitas localidades.

Em todo o mundo. Em terminais de ônibus e de trens, onde as pessoas ficam horas aguardando, inquietas, desejando chegar logo aos seus destinos.

Em aeroportos, onde os atrasos deixam as pessoas estressadas, mal-humoradas. Pelas ruas das cidades.

Iniciativas como essa nos dizem que, a pouco e pouco o homem vai descobrindo como é bom viver a harmonia, o belo, a arte.

Como é bom ter um dom e dividi-lo com todos, alegrar corações, fazer as pessoas sorrirem e sonharem.

Sonharem com o mundo maravilhoso que todos idealizamos para o nosso Terceiro Milênio.

Vibremos por isso. E que Deus abençoe Alexandre Dumas Filho, Giuseppe Verdi, os músicos, os cantores, todos que tornam, enfim, este imenso mundo de Deus tão mais belo e harmonioso para nossas vidas.


Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

EFEITOS DO MATERIALISMO

"Crianças 'materialistas' seriam mais propensas à depressão.” Esse é o título de uma matéria que foi publicada recentemente pela rede CNN.
Segundo o autor do artigo, “as crianças que equiparam a felicidade ao dinheiro, a fama e à beleza, são mais propensas a sofrer de depressão do que outras que não dão tanto valor à riqueza e à aparência, de acordo com um estudo realizado na Austrália."
A Dra. Helen Street, do Queen Elizabeth Medical Centre, de Perth, disse, numa conferência sobre psicologia, na Grã-bretanha, que o fenômeno pode ser notado até mesmo em crianças de 4 anos, acrescentando que até 20 por cento correm o risco de sofrer da doença no futuro.
Ainda de acordo com Street, as crenças, em uma época da vida tão precoce, sobre felicidade e objetivos poderiam ser um indício, em crianças pequenas, de sua vulnerabilidade à depressão.
"As crianças que pensam que dinheiro suficiente e popularidade trazem a felicidade correm um risco maior de depressão do que aquelas que acreditam que o dinheiro pode ser uma coisa boa de ter, mas que sua felicidade vem de seu desenvolvimento pessoal", declarou a especialista.
O estudo foi realizado com 402 crianças australianas, com idades entre 9 e 12 anos.
A equipe da Dra. Street identificou 16 com sinais de depressão clínica e 112 com risco de sofrer de depressão no futuro.
As crianças foram incentivadas a revelar seus principais objetivos na vida e o que as tornaria felizes."
Boas relações com a família e os amigos e se sentir bem consigo mesmas apareceram entre os principais objetivos.
As quase 12 por cento disseram que ter muito dinheiro era a coisa mais importante.
Essas crianças foram, também, as que apresentaram maior propensão a sofrer de depressão, de acordo com a especialista.
Street aconselhou os pais a permanecerem alertas para possíveis sintomas de depressão em crianças, que incluem mudanças nos hábitos de comer e de dormir, irritabilidade e perda de interesse na escola, nos amigos e nas atividades favoritas.
Os pais devem também, segundo a especialista, ajudar seus filhos a compreender o que é mais provável que as faça mais felizes na vida e que nem tudo gira em torno de fama e dinheiro.
Tal é a gravidade desse problema que já mobilizou especialistas, preocupados com o assunto.
Infelizmente, a idéia de que riqueza, beleza e fama são condições básicas da felicidade vem se alastrando de forma generalizada em nossa sociedade.
E essa idéia distorcida da realidade não infelicita somente as crianças, que ainda não tem o discernimento necessário para entender as leis que regem a vida.
A idéia de que valemos pelo que temos, e não pelo que somos, também tem levado muitos adultos à depressão e ao suicídio.
Isso tudo é resultado da falta de entendimento das leis de Deus, ensinadas por Jesus.
Os ensinamentos de Jesus são todos voltados para os valores espirituais.
E as conquistas espirituais dependem exclusivamente de cada pessoa. A felicidade não está ligada à beleza física nem aos bens materiais, e sim na disposição íntima de conquistá-la.
Na educação está a chave para solucionar esse problema. Se as crianças com idéias materialistas receberem dos pais e outros educadores, lições que enalteçam os verdadeiros valores da vida, certamente ajustarão seus sentimentos e aquietarão seus corações aflitos.
Você que é pai, mãe ou responsável por alguma criança, pense com carinho no que está fazendo com esse espírito que o criador lhe confiou para que o eduque e proteja.
Lembre-se que o destino dessa criatura de Deus está basicamente em suas mãos.

Equipe de Redação do Momento Espírita com base em matéria publicada no site: http://www.cnnemportugues.com2003saude0317criancasindex.html (atualmente esta página não é mais encontrada no site da CNN), no dia 17 de março de 2003.

domingo, 10 de outubro de 2010

O MARASMO DAS BOAS INTENÇÕES

por Milton R. Medran Moreira



Há uma questão em O Livro dos Espíritos, obra fundamental da filosofia espírita, em que Allan Kardec faz a seguinte indagação às entidades espirituais que entrevista:

- Por que os maus ainda dominam o mundo?

E os espíritos respondem assim:

- Porque eles são audaciosos. Os bons, embora mais numerosos, são tímidos. O dia em que estes quiserem e se organizarem, dominarão.

Particularmente, não tenho dúvida de que vivemos numa sociedade predominantemente constituída de gente boa, honesta e, acima de tudo, bem-intencionada. Tão bem-intencionada, que cada vez mais mostra sua capacidade de se indignar diante do mal. O que ainda ontem era tolerado ou até permitido por normas que existiam justamente para proteger os interesses dos poderosos hoje causa revolta e indignação na maioria.

Mas, segundo a sabedoria popular, de boas intenções o inferno está cheio. Vivemos, hoje, um tempo de muitas belíssimas intenções que, via de regra, conseguem, mesmo, se materializar em diplomas legais modelares. Há não muito tempo, imaginamos poder resolver todos os problemas da nação com uma nova Constituição. Os mais modernos direitos humanos e sociais foram arrolados numa Carta que é, convenhamos, uma primorosa declaração de boas intenções. A partir dela, se multiplicaram os diplomas legais protegendo os consumidores, a criança e o adolescente, os idosos, os deficientes, as minorias raciais etc. Formulamos também meticulosa lei de responsabilidade fiscal, buscando impor limites a administradores perdulários. Aprimoramos a lei eleitoral, visando a aperfeiçoar as eleições a cargos públicos.

Mas também há um ditado, normalmente expresso em castelhano, que diz: "Hecha la ley, hecha la trampa", ou seja, uma vez feita a lei, logo se buscam mecanismos para transgredi-la.

Aí é que entra o conceito formulado pelos interlocutores espirituais de Allan Kardec: os maus são audaciosos; os bons são tímidos. Dificilmente vão além das intenções.

Para uma sociedade funcionar é preciso bem mais que intenção. É necessária, em primeiro lugar, uma ética que nasça da alma e que ali seja cultivada e permanentemente impulsionada por uma educação voltada aos valores supremos do amor e da justiça, da ordem e da paz

E mais do que isso. É necessária a mobilização geral dos que cultivam verdadeira e intimamente esses valores. Uma mobilização solidária contra a injustiça e a corrupção, em favor de uma sociedade intrinsecamente ordeira e justa.

O grande problema é que isso exige renúncia pessoal. Enquanto a ética e a moralidade pública forem apenas bandeira política, meios para a conquista de espaços, sem que antes se as cultivem na intimidade do ser, esse objetivo não se concretiza.

É preciso, enfim, nos darmos conta de que, em cada ato de nossa vida, privada ou pública, temos o dever de sermos justos, independentemente da idéia de que isso vá ou não nos propiciar alguma vantagem. Só um sentimento assim, vindo da alma e sem nada pedir em troca, nos capacita à ação construtiva, arrancando-nos do marasmo das boas intenções.

 

 

Advogado e jornalista - medran@pro.via-rs.com.br

(Artigo publicado na edição do jornal ZERO HORA de 18-07-2008, Porto Alegre/RS)

sábado, 9 de outubro de 2010

TRABALHO E CONSCIÊNCIA

 

O sol apenas despertara a aurora e a brisa fresca da manhã trazia notícias de que a chegada do inverno estava próxima.

No parque, poucas pessoas faziam sua caminhada matinal, antes dos afazeres diários...

A agitação das aves era notada por aqueles que sabem apreciar esses detalhes da natureza.

Numa árvore próxima a uma pequena ponte, um joão-de-barro construía sua morada.

Lá estava ele...  esticando o pescoço o quanto dava para construir a parte superior do ninho.

Do pequeno monte de barro depositado na parte inferior do ninho, ele retirava porções mínimas com o bico e fazia os retoques nas laterais de sua habitação.

Um trabalho árduo, sim, para quem não tem mãos, não tem ferramentas, não tem ajuda de ninguém...  Tem apenas o bico e asas para voar em busca de matéria prima.

Um pássaro muito pequeno, um exemplo de dedicação e de fidelidade ao instinto recebido do criador.

Aquele joão-de-barro não se importava com seus vizinhos, com os predadores, com as intempéries, apenas construía seu ninho com esmero, sem preguiça, sem desculpas, com dedicação.

Mas nem todos os pássaros são exemplos de dedicação e trabalho.

O chupim, ou engana-tico, pássaro muito comum no Brasil, não constrói ninho. A fêmea procura um ninho de tico-tico ou de outra espécie, joga fora o ovo que encontra e bota ali o seu próprio ovo.

A verdadeira dona do ninho não se dá conta e choca o ovo da invasora até que nasça o filhote.

O filhote de chupim já nasce maior do que sua mãe adotiva, mas esta se desdobra para alimentá-lo até que tenha condições de buscar o próprio sustento.

Duas aves, duas situações bem diferentes.

Uma possui a arte de trabalhar, a outra o instinto de enganar, de roubar, de matar.

Assim também acontece no reino dos humanos.

Existem homens que trabalham com dedicação, seriedade, honestidade, honradez.

E existem pessoas que vivem do esforço alheio. Nada produzem; nada edificam.  Aproveitam-se do trabalho dos outros, e são hábeis no instinto de enganar.

São verdadeiros parasitas sociais. São corruptos, hipócritas, malandros, e se dizem espertos.

Têm orgulho de lesar o erário, lesar pessoas, fazer conluios, conchavos, negociatas...

Enchem os cofres com o dinheiro das drogas, das barganhas, da vilania, das guerras.

São os chupins da humanidade...

Seriam eles os verdadeiros espertos?

Ah, certamente não!

Pobres criaturas que pensam enganar a própria consciência!

Ao contrário do que acontece com os chupins que só tem o instinto animal, o ser humano tem responsabilidade moral sobre todos os atos praticados, em sã consciência.

E, mais cedo ou mais tarde, terão que devolver às soberanas leis que regem o universo moral, tudo o que tenham retirado de forma ilícita.

Desse supremo juiz, do tribunal chamado consciência, nada escapa, nada se burla, nada se perde.(*)

Por isso vale a pena olhar para si, em frente ao espelho e responder com toda sinceridade:

“Sou joão-de-barro, ou sou chupim?”

Em prol da própria saúde mental, se a resposta pender para chupim, vale a pena uma mudança radical de atitude... Porque a vida não termina no túmulo, e todos receberemos conforme nossas obras.

Pense nisso!

 

O trabalho é lei da vida.

Ninguém engana a própria consciência fugindo ao dever.

Na grande folha de pagamento do código divino, estão registrados todos os nossos serviços, nossos desserviços e nossas faltas, e é segundo esses registros que receberemos no além túmulo.

Pense nisso, mas pense agora!

 

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita

ENSAIOS PARA O AMOR

 

Ela era uma velhinha que morava sozinha, em uma grande casa. Não tinha amigos porque, ao longo dos anos, ela os vira morrer, um a um.

Seu coração era um poço de saudade e de perdas. Por isso, ela decidira que nunca mais se ligaria afetivamente a ninguém.

E, para se lembrar que um dia tivera amigos, passara a chamar as coisas pelos nomes dos amigos que haviam morrido.

Sua cama se chamava Belinha. Era grande, sólida e confortável. Mesmo depois que ela se fosse, Belinha continuaria a existir.

A poltrona confortável da sala de visitas se chamava Frida. Haveria de durar muitos anos mais.

A casa se chamava Glória. Tinha sido construída há mais de cem anos, mas não aparentava mais que vinte. Era feita de madeira muito forte, vigorosa.

E o carro, grande, espaçoso se chamava Beto. “haveria de servir”, pensava a velhinha, “para alguém, depois de sua morte.”

E assim vivia a velhinha solitária.

Certo dia, quando estava lavando a lama de Beto, um cachorrinho chegou no portão. O portão não tinha nome, porque ela achava que ele logo teria que ser substituído. Suas dobradiças estavam enferrujadas e a madeira apodrecida.

O animalzinho parecia estar com fome e ela tirou um pedaço de presunto da geladeira e o deu ao cão, mandando-o embora.

Porém, no dia seguinte, ele voltou. E no outro e no outro. Todos os dias, ele vinha, abanava o rabo e ela o alimentava, mandando-o embora.

Ela dizia que Belinha não comportava um adulto e um cachorro, que Frida não gostava que cães sentassem nela e Glória não tolerava pêlo de cachorro.

E Beto? Bom, esse fazia os cachorros passarem mal.

Um ano depois, o animal estava grande, bonito. E tudo continuava do mesmo jeito. Até que um dia ele não apareceu.

Ela ficou sentada na escada, esperando. No dia seguinte, também. Nada.

Resolveu telefonar para o canil da cidade e perguntar se eles tinham visto um cachorro marrom. Descobriu que eles tinham dezenas de cachorros marrons.

Quando perguntaram se ele estava usando coleira com o nome, ela se deu conta que nunca dera um nome para ele.

Sentou-se e ficou pensando no cachorro marrom que não tinha coleira com um nome. Onde quer que estivesse, ninguém saberia que ele tinha de vir todos os dias até seu portão para que ela lhe desse de comer.

Tomou uma decisão. Dirigiu Beto até o canil e falou para o encarregado que queria procurar o seu cachorro.

Quando ele lhe perguntou o nome do cachorro, ela se lembrou dos nomes de todos os amigos queridos aos quais  havia sobrevivido.

Viu seus rostos sorridentes, lembrou-se de seus nomes e pensou em como fora abençoada por ter conhecido esses amigos.

“Sou uma velha sortuda”, pensou.

“O nome do meu cachorro é Sortudo”, disse.

E gritou, ao ver os cães no grande quintal: “aqui, Sortudo!”

Ao som da sua voz, o cachorro marrom veio correndo. Daquele dia em diante, Sortudo morou com a velhinha.

Beto parece que gostou de transportar o cachorro. Frida não se incomodou que ele sentasse nela. Glória não ligou para os pelos do cachorro.

E todas as noites Belinha faz questão de se esticar bem para que nela possam se acomodar um cachorro marrom Sortudo... e a velhinha que lhe deu o nome. 

 

* * *

 

Não temamos nos afeiçoar às pessoas. Ninguém consegue viver sem amor, sem amigos, sem ninguém.

Não nos enclausuremos em solidão, nem percamos a oportunidade extraordinária de amar.

Amemos a quem nos rodeia. Também à natureza e os animais, recordando que tudo é obra do excelente Pai que nos criou.

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro A Velhinha que dava nome às coisas, de autoria de Cynthia Rylant, Ed. Brinque Book.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Traumas afetivos

A mídia costuma divulgar as grandes tragédias coletivas, como enchentes e guerras.
Ela também trata com frequência de eventos ruidosos, a exemplo de assassinatos, assaltos e outros crimes violentos.
Entretanto, há um gênero de conduta discreta e bastante comum, que causa enorme número de vítimas.
Trata-se das lesões afetivas.
As relações humanas nem sempre se estabelecem com o critério desejável.
Movidas por carências ou mesmo por leviandade, as criaturas estabelecem vínculos sem grandes reflexões.
Elas se conhecem em variados ambientes, como no trabalho, em clubes, em bares ou mesmo pela internet.
Sem indagar da existência de real afinidade, permitem-se importantes intimidades.
O conhecimento da essência de alguém demanda tempo e convivência.
Ninguém se mostra como é em rápidos e reduzidos contatos.
Por conta da afoiteza em estabelecer vínculos, é comum o desespero em extingui-los.
Nesse jogo de conhecer, provar e descartar, as pessoas são tratadas como objetos.
Contudo, o ser humano sempre é merecedor de respeito.
Por mais que se apresente frágil e lamentável, em seus hábitos, trata-se de uma criatura de Deus.
A ninguém é lícito iludir o semelhante.
Por vezes, a criatura a quem se experimenta, no jogo dos sentidos, possui graves problemas íntimos.
Como enferma emocional, deveria ser alvo dos maiores cuidados.
Quem a despreza assume grave responsabilidade em face da vida.
As angústias que a vítima vivenciar, os atos que vier a praticar a partir dos maus tratos recebidos, serão debitados a quem lhes deu causa.
É muito importante refletir a respeito das expectativas que se suscita no semelhante.
Pouco importa que os costumes sociais sejam corrompidos e que condutas levianas pareçam comuns.
Cada um responde pelo que faz.
Quem lesiona afetivamente o semelhante vincula-se a ele.
Na conformidade da ordem cósmica, a consideração e a fraternidade devem reger o relacionamento humano.
Aquele que se afasta desses critérios candidata-se a importantes padecimentos.
Trata-se da vida a ministrar os ensinamentos necessários para a educação de cada Espírito.
Assim, ninguém lesa o semelhante sem se lesar também.
Quem provoca sentimentos de inferioridade e rejeição desenvolve complexos semelhantes.
Até que repare o mal que causou, não terá paz e nem plenitude.
Se forem muitas as lesões afetivas perpetradas, imenso será o esforço necessário para cicatrizá-las.
Convém refletir sobre isso, antes de iniciar e terminar relações, sem maiores critérios.
Afinal, será preciso reparar com esforço todo o prejuízo causado com leviandade.

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

ONDE A FELICIDADE MORA?

 

Você sabe onde mora a felicidade?

Sim, se você deseja encontrar a felicidade, primeiro é preciso saber onde ela mora.

Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas a felicidade pode ser encontrada em vários lugares e revestida das mais variadas formas.

No entanto, é preciso procurar com sabedoria, para não seguir falsos guias ou falsas trilhas.

Muitas vezes o prazer tem acenado para as pessoas que estão em busca da felicidade, mas logo ele se vai, deixando rastros confusos e um forte sabor de amargura.

Outras vezes a riqueza se diz proprietária da felicidade, mas nem sempre consegue aprisionar essa fugitiva, que logo se vai, deixando uma sensação de vazio naqueles que acreditam em suas falsas promessas.

Não raro, o poder, travestido de orgulho, se coloca como único mensageiro da felicidade, iludindo aqueles que caem em suas malhas cruéis.

Sem escrúpulos, a ambição desmedida tem se apresentado como guia capaz de conduzir os interessados à morada da felicidade, mas, tão logo suas vítimas abrem os olhos, já estão bem distantes do seu objetivo.

D'outras vezes, a juventude, de combinação com a beleza física, arrebata criaturas descuidadas que estão em busca da felicidade, para logo mais abandoná-las, sem rumo e sem esperança, na estrada da desilusão.

Talvez seja por isso que a felicidade é o tesouro mais procurado e mais dificilmente encontrado.

E você sabe por quê?  Porque o homem a tem buscado em coisas exteriores, situações passageiras ou em outras pessoas.

Com efeito, nem a riqueza, nem o poder, nem a florida juventude, nem mesmo todas essas condições tão desejadas reunidas são condições essenciais à felicidade...

Isso se pode constatar porque incessantemente se ouvem, no seio das classes mais abastadas, pessoas de todas as idades se queixarem amargamente da situação em que se encontram.

Quem deseja, sinceramente, ser feliz, sabe que a felicidade independe de valores externos, mas é a somatória de vários fatores internos, como o dever cumprido, a consciência tranqüila, a serenidade da alma.

Ao contrário do que se pensa, a felicidade não é ausência de sofrimento, de dor, de obstáculos no caminho, mas é o estado d'alma que o ser conquista, apesar de todos os desafios naturais da caminhada evolutiva.

Todos os grandes líderes da humanidade lutaram até atingir sua meta: alcançar a felicidade possível, neste planeta de provas e expiações.

Buda renunciou a todo conforto principesco para conquistar a iluminação.

Maomé sofreu perseguições e permaneceu invencível até alcançar sua meta.

Gandhi foi preso inúmeras vezes, sem reagir, fiel aos planos de não-violência e da liberdade para seu povo.

E Jesus preferiu a cruz infamante à mudar seu comportamento baseado no amor.

Como se pode perceber, a felicidade de cada indivíduo depende da fidelidade que cada um tem para consigo mesmo e para com as metas que estabeleceu para alcançá-la.

Assim sendo, a felicidade encontra morada onde quer que exista alguém disposto a lhe dar guarida.

Pode ser num casebre ou numa mansão, num leito de dor ou num jardim de alegrias, o importante é saber senti-la e saber cultivá-la.

E você?  Gostaria de plantar nos jardins secretos da sua alma, as sementes de felicidade?

Pense nisso!

"Na terra, a felicidade somente é possível quando alguém se esquece de si mesmo para pensar e fazer tudo que lhe seja possível em favor do seu próximo."

 

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no livro Momentos de Alegria, cap.  1, ed.  Leal, e pensamento do livro Repositório de Sabedoria, vol I, ed.  Leal verbete felicidade.

 

* * *

O festejado escritor italiano G. Papini, convertido ao catolicismo, conta a história de um homem que não era feliz, porque achava que ali onde morava não era o seu lugar.

Um dia resolveu sair pelo mundo à procura da felicidade.

Fechou a pobre casa e partiu com a disposição de percorrer todos os caminhos da terra, sem descansar, até encontrar o lugar de ser feliz.

Aonde chegava, reunia um pequeno grupo a quem explicava os planos que tinha para ser feliz.

Afirmava que seus seguidores seriam felizes na posse de regiões gigantescas, onde haveria montes de ouro...

Mas o povo lamentava e ninguém o seguia... No dia seguinte, novamente partia. Assim, foi percorrendo cidades e cidades, de país em país, anos a fio.

Mas, um dia percebeu que estava ficando velho, sem ter encontrado a terra da felicidade. Seus cabelos tingiam-se de branco, suas mãos enrilhadas, roupas esfarrapadas, calçados aos pedaços. Além disso, estava cansado de procurar a felicidade, tão inutilmente.

Enfim, parou frente a uma casa antiga, janelas de vidro já quebrados, o mato cobrindo o canteiro do jardim, poeira invadindo salas e quartos.

Dentro, os pardais haviam construído seus ninhos.

E, de logo, pensou que naquela casa desprezada e sem dono, ele edificaria a sua felicidade: arrumaria o telhado, colocaria novas janelas e vidros novos, cuidaria do jardim, pintaria as paredes, as portas... E cantaria a canção da felicidade.

Tomou uma decisão: vou tratar de ser feliz aqui.

E o homem cansado de tantos caminhos foi andando até chegar ao portão do jardim. Atravessou-o. Empurrou a porta da casa e entrou. Mas, de repente, parou e ficou imóvel, qual estátua de pedra: aquela casa era a sua própria residência que ele abandonara, há tantos anos, à procura da felicidade.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

CONSELHOS ÚTEIS

 

Em uma conferência numa universidade americana, Brian Dyson, ex-presidente da Coca Cola, falou sobre a relação entre o trabalho e outros compromissos da vida, dizendo:

"Imagine a vida como um jogo no qual você faz malabarismo com cinco bolas que lança no ar.

Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito.

O trabalho é uma bola de borracha. Se cair, bate no chão e pula para cima. Mas as quatro outras não são de borracha. Se caírem no chão se quebrarão e ficarão permanentemente danificadas. Entenda isso e busque o equilíbrio na vida. E como conseguir isso? Anote aí dez conselhos simples:

  1. Não diminua seu próprio valor, comparando-se com outras pessoas. Somos todos diferentes. Cada um de nós é um ser especial. Não fixe seus objetivos com base no que os outros acham importante. Só você está em condições de escolher o que é melhor para si próprio.

   2. Dê valor e respeite as coisas mais queridas ao seu coração. Apegue-se a elas como à própria vida. Sem elas a vida carece de sentido. Não deixe que a vida escorra entre os dedos por viver no passado ou no futuro.

Se viver um dia de cada vez, viverá todos os dias de sua vida.

   3. Não desista quando ainda é capaz de um esforço a mais. Nada termina até o momento em que se deixa de tentar. Não tema admitir que não é perfeito.

  4. Não tema enfrentar riscos. É correndo riscos que aprendemos a ser valentes.

   5. Não exclua o amor de sua vida dizendo que não se pode encontrá-lo. A melhor forma de receber amor é dá-lo. A forma mais rápida de ficar sem amor é apegar-se demasiado a si próprio. A melhor forma de manter o amor é dar-lhe asas.

   6. Não corra tanto pela vida a ponto de esquecer onde está e para onde vai.

   7. Não tenha medo de aprender. O conhecimento é leve. É um tesouro que se carrega facilmente.

   8. Não use imprudentemente o tempo ou as palavras, por ser impossível recuperar.

   9. A vida não é uma corrida, mas sim uma viagem que deve ser desfrutada a cada passo.

   10. Lembre-se: o ontem é história. O amanhã é mistério e o hoje é uma dádiva, por isso se chama "presente".

 

Viva o presente com muita energia!

Pense nisso! 

 

Estes conselhos são uma verdadeira lição de vida para quem deseja viver com equilíbrio.

Simples e objetivos, eles podem nos levar ao sucesso pessoal em todos os setores da vida.

Pessoas emocionalmente equilibradas têm mais alegria de viver, mais amigos e vivem mais e melhor.

E lembre-se da comparação das cinco bolas feita por Brian Dyson.

Essas bolas são: o trabalho, a família, a saúde, os amigos e o espírito. E somente o trabalho foi comparado a uma bola de borracha, as demais podem quebrar-se e ficar permanentemente danificadas.

 

 

Equipe de Redação do Momento Espírita.

www.momento.com.br

 

Quanto mais o indivíduo aprende, tanto mais se torna útil para a sociedade.

Ingenieros

Escritor argentino

1877 à 1925