quinta-feira, 10 de março de 2011

A CADEIRA NO CAMINHO

 

Depois de um dia inteiro passado longe da família, entra em casa o pai, à noite.

Sua chegada alvoroça o filho que, esperando algum presente para ele, se precipita de braços abertos.

Por descuido, o pequeno estabanado vai de encontro a uma cadeira no caminho, e cai no chão, violentamente.

Não se machucou, mas, assustado pela surpresa da queda, põe-se a chorar em altos gritos.

Então, o pai só pensa em duas coisas: fazer calar o menino e acalmá-lo. Como conseguirá?

Facilmente, associando-se simplesmente aos sentimentos da criança, ajudando-a a soltar a rédea aos maus instintos.

Como assim? Liberando maus instintos? Não seria justamente o oposto que deveríamos fazer?

Pois bem, vejamos como a reação desse pai mostra que tomamos muitos caminhos absolutamente equivocados na educação de nossos filhos.

Reforçamos os maus instintos sem perceber, mais vezes do que imaginamos.

O pai precipita-se, levanta a criança, e começa a bater na cadeira ruim, cadeira feia, que fez cair o Carlinhos ou o Joãozinho.

Desse modo consegue rapidamente o que se propusera, pois Carlinhos ou Joãozinho, feliz por ver a cadeira castigada, cala-se, bate-lhe também, e fica satisfeitíssimo.

Não é verdade que assistimos cenas como essa diversas vezes?

Vamos analisar então o alcance real desse ato que tão inocente se supõe.

Quem tem culpa da queda da criança? Ela mesma, evidentemente. E quem foi castigada?  A cadeira.

Lançando a culpa à cadeira, perde-se uma oportunidade de demonstrar praticamente à criança as conseqüências de sua imprudência e da sua atrapalhação.

Assim se deforma o seu critério de julgar, apresentando-lhe uma falsa relação entre a causa e o efeito.

Toda oportunidade de trabalhar esta temática, a da causa e do efeito, com as crianças, deve ser abraçada com vigor, pois nas pequenas aplicações do dia-a-dia está o desvendar de uma Lei Divina fundamental.

Mas, poderíamos ainda ir além e perguntar: por que sempre precisa haver um culpado? Por que não ensinamos as crianças a entenderem que existem muitas coisas que fazem parte da vida, e que sempre nos ensinam alguma coisa?

A cadeira no caminho poderia estar ensinando o cuidado, a atenção, ou ainda, poderia ser apenas uma cadeira no caminho.

Se fôssemos, na vida, abrir um berreiro, ou buscar culpados, para cada cadeira no caminho, esqueceríamos de viver, certamente, e seríamos só lamentos ambulantes.

Não deixemos que nossos filhos cultivem visões distorcidas da realidade desde cedo.

Não permitamos que a superproteção, ou nossos próprios medos atrapalhem o bom desenvolvimento de um ser, que precisa aprender a enfrentar os desafios da vida.

Punir a cadeira feia nunca será a solução. Nem deixaremos de sentir a dor da queda, nem resolveremos o problema da cadeira no caminho.

Entender que a lei de causa e efeito nos rege em todos os campos, inclusive no moral, faz-se importantíssimo, se desejamos ser bons pais e educadores.

*  *  *

O Espírito Meimei coloca na fala das crianças do mundo palavras de extrema beleza:

Peço-te, não me esqueças – pois sou teu filho, teu aluno, teu neto.

Sempre teu irmão, pedindo apenas a quota de amor e paciência de que preciso para me fazer homem de bem e companheiro de teu ideal.

 

Redação do MomentoEspírita com base no cap. Eduquemos as crianças, do livro Crônicas de educação, de Cecília Meireles, ed.  Nova fronteira e no livro Educação segundo o Espiritismo, de Dora Incontri, ed. Comenius.

A inigualável palavra de Jesus

 

Sempre importante lembrarmos das palavras de Jesus.

A palavra do Cristo é a luz acesa para encontrarmos na sombra terrestre, em cada minuto da vida, o ensejo divino de nossa construção espiritual.

Erguendo-a, vemos o milagre do pão que, pela fraternidade, em nós se transforma, na boca faminta, em felicidade para nós mesmos.

Irradiando-a, descobrimos que a tolerância por nós exercida se converte nos semelhantes em simpatia a nosso favor.

Distribuindo-a, observamos que o consolo e a esperança, o carinho e a bondade, veiculados por nossas atitudes e por nossas mãos, no socorro aos companheiros mais ignorantes e mais fracos, neles se revelam por bênçãos de alegria, felicitando-nos a estrada.

*   *   *

Geme a Terra, sob o pedregulho imenso que lhe atapeta os caminhos...

Sofre o homem sob o fardo das provações que lhe aguilhoam a experiência.

E assim como a fonte nasce para estender-se, desce o dom inefável de Jesus sobre nós para crescer e multiplicar-se.

Levantemos, cada hora, essa Luz Sublime para reerguer os que caem, fortalecer os que vacilam, reconfortar os que choram e auxiliar os que padecem.

O mundo está repleto de braços que agridem e de vozes que amaldiçoam.

Seja a nossa presença junto aos outros algo do Senhor inspirando alegria e segurança.

Não nos esqueçamos de que o tempo é um empréstimo sagrado, e quem se refere a tempo diz oportunidade de ajudar para ser ajudado; De suportar para ser suportado, de balsamizar as feridas alheias para que as próprias feridas encontrem remédio e de sacrificar-se pela vitória do bem, para que o bem nos conduza à definitiva libertação.

Assim, pois, caminhemos com Jesus, aprendendo a amar sempre, repetindo com Ele, em nossas proveitosas dificuldades de cada dia: Pai nosso, seja feita a vossa vontade, assim na Terra como nos Céus.

*   *   *

Que a palavra de Jesus não permaneça apenas nos lábios dos oradores.

Que a palavra de Jesus não permaneça apenas nos ouvidos dos seguidores.

Ante a lembrança Dele, pensemos nas nossas escolhas de vida.

Reflitamos se estamos escolhendo o caminho mais cômodo, ou se já optamos pelo caminho mais seguro e certo.

A palavra de Jesus nos orienta com clareza. Ouçamos todos os que tenhamos ouvidos de ouvir.

Em algum momento todos teremos que despertar para o bem, e nada melhor do que despertar ao som dos ensinos deste Amigo tão querido e zeloso.Esqueçamos os fanatismos religiosos. Esqueçamos dogmas e mistérios.

Lembremos apenas das lições do Mestre que nos apontam o amor como solução, como sentido para a vida.Toda palavra de Jesus poderá ser resumida em apenas uma: amor.

Amemos e estaremos no mais seguro dos caminhos para a felicidade.

 

Redação do Momento Espírita com base no cap. 17, do livro Vozes do grande além, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.