Ao nos enviar ao
planeta Terra, a fim de que, ingressando na carne, trilhássemos a
via do progresso, até alcançarmos as estrelas, Deus foi extremamente
sábio e bom.
Profundamente
conhecedor dos Seus filhos, estabeleceu que, a cada noite, o repouso
nos fosse exigido e mergulhássemos no sono.
O sono é
imprescindível para o equilíbrio da vida orgânica. A sua privação
estabelece problemas de variada ordem: fadiga, diminuição dos
reflexos, sonolência, envelhecimento precoce, queda da imunidade,
dificuldade de concentração e problemas de memória.
Importante para o
refazimento orgânico, o restabelecimento de energias e o
reequilíbrio das funções que acionam o corpo.
Mas, algo especial
acontece, quando dormimos. O corpo adormece e, nesse momento, ocorre
a emancipação da alma.
Ou seja, afrouxam-se
os liames que atam o Espírito à matéria, e ele se desprende,
parcialmente, rumando para os lugares de sua
predileção.
Quando retorna ao
corpo, as lembranças que o Espírito imprima ao cérebro físico, se
constitui no que denominamos sonho.
Durante o sono,
podemos viajar com os seres amados, que reencontramos além da
cortina carnal.
Poderemos ir a lugares
conhecidos, estabelecendo essa admirável comunicação entre os que
nos encontramos estagiando na carne e os que se encontram libertos
do corpo físico.
Quando temos
aspirações nobres, nossas horas de sono podem ser aproveitadas para
engrandecimento dos ideais, amadurecimento dessas aspirações,
enriquecimento dos planos do bem.
Também podemos receber
aconselhamentos de Espíritos amigos.
João Carlos Martins, o
famoso pianista e maestro, conta uma singular experiência. Numa fase
em que precisara abandonar o piano, sua paixão, desde menino, teve
um encontro especial durante o sono.
Um querido amigo, o
maestro Eleazar de Carvalho, desencarnado no ano de 1996, lhe
disse:
Venha estudar
regência e, então, você vai poder recomeçar uma nova
vida.
Não foi preciso nada
mais. João Carlos decidiu que iria estudar regência. E, em plena
madrugada, traçou planos: a regência seria uma missão de
vida.
Seria seu prazer
pessoal, mas também iniciaria uma cruzada pela valorização dos
músicos profissionais.
Mais ainda: atuaria a
favor da inclusão social, trabalhando com a formação musical de
jovens carentes.
Era o final de 2003.
Ele tinha sessenta e três anos. E começou, no dia seguinte, uma nova
vida.
Graças a isso, nasceu
a Orquestra Bachiana Filarmônica, única no
Brasil inteiramente mantida pela iniciativa privada e pela
bilheteria dos concertos.
Foi a volta do amante
da arte aos palcos. Sua grande dedicação e esforço lhe permitiram
que, seis meses depois, estivesse à frente da English
Chamber Orquestra, em Londres, gravando os seis
concertos de Brandemburgo, de Bach.
João Carlos não
conseguia virar as páginas, nem segurar a batuta direito. Memorizou
toda a obra para o sucesso da gravação.
* * *
Sonhos... Como é
grande o amor de Deus permitindo esses belos encontros espirituais.
Redação do Momento
Espírita, com dados extraídos do livro A saga das
mãos, de João Carlos Martins e Luciano Nassar, ed.
Campus/Elsevier.