sexta-feira, 30 de setembro de 2011

IMENSO AMOR

 

Estavam casados há dezenove anos. Tinham um filho.

Numa manhã de primavera, o marido pediu o divórcio. Confessou já ter outra companheira com quem bem se entendia e desejava viver.

A esposa ficou chocada mas, em vez do escândalo que ele esperava, ela simplesmente lhe pediu para aguardar trinta dias.

E, como cláusula adicional para o deixar seguir sua vida, lhe exigiu que, durante aquele período, a cada manhã, ele a transportasse em seus braços do quarto para a sala de jantar.

Que são trinta dias para quem poderia gozar a liberdade depois?

No dia seguinte, ele a transportou do quarto para a sala de jantar e saiu para o trabalho. Quando retornou à noite, ela estava sentada à mesa e escrevia.

Assim foi no segundo e nos demais dias. No vigésimo primeiro dia, quando ele a apanhou nos braços, ela recostou sua cabeça no ombro dele.

Aquilo o fez recordar dos dias primeiros da união matrimonial. Um doce enlevo pareceu envolvê-lo, mas ele jogou longe os pensamentos.

No vigésimo quinto dia, quando ele a estava levando para a sala de jantar, o filho os surpreendeu. Olhou a ambos, sorriu e comentou:

- Olha o casalzinho namorando... Legal, hein, pai!

Aquilo mexeu com ele. Faltavam somente cinco dias para sua liberdade.

Mas ele começara a sentir algo estranho dentro dele. Já não tinha tanta certeza se desejava mesmo ficar com a outra companheira, deixando esta.

Os dias do namoro, o romantismo dos primeiros anos principiava, de forma insistente, a surgir na tela da sua mente.

Ele passou a se dar conta que, a cada dia, a esposa estava mais leve. Pensou que deveria ser por já se ter habituado àquele ritual matutino.

No trigésimo dia, ele desfez o compromisso com a outra companheira. Ela ficou muito zangada e disse que a esposa usara de subterfúgios para o seduzir novamente.

Raivosa, o despachou.

Ele comprou flores no caminho. Entrou cantando em casa. Mas a esposa não estava na sala, como habitualmente.

Foi ao quarto. Ela estava deitada. Ele se aproximou, curvou-se para beijá-la. Sentiu-a gélida. Ela estava morta.

Sobre a mesa de cabeceira, um envelope nominado a ele. Abriu-o e começou a ler. Era uma longa carta, aquela que ele a vira escrever, dia após dia.

Entre lágrimas leu que, no dia em que ele lhe pedira o divórcio, ela havia se preparado para lhe dizer do diagnóstico que recebera.

E de que teria somente trinta dias de vida. Por isso, para que ele não se sentisse culpado e ficasse verdadeiramente livre, ela pedira aquele prazo e a atenção toda manhã.

Agora, ele estava livre para buscar o amor que desejava. Ela se fora.

O homem chorou e chorou. Chorou a perda do seu grande amor. Um amor que, mesmo não mais sendo amado, pensara nele, na sua felicidade.

Um imenso amor como poucos...

Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Divaldo Pereira Franco, em Conferência proferida em Pinhais, PR, em março de 2011.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

QUANDO OS FILHOS CRESCEM...

 

Há um momento, na vida dos pais, em que eles se sentem órfãos. Os filhos, dizem eles, crescem de um momento para outro.

É paradoxal. Quando nascem, pequenos e frágeis, os primeiros meses parecem intermináveis. Pai e mãe se revezam à cata de respostas aos seus estímulos nos rostinhos miúdos.

Desejam que eles sorriam, que agitem os bracinhos, que sentem, fiquem em pé, andem, tudo é uma ansiosa expectativa.

Então, um dia, de repente, ei-los adolescentes. Não mais os passeios com os pais, nos finais de semana, nem férias compartilhadas em família.

Agora tudo é feito com os amigos.

Olham para o rosto do menino e surpreendem os primeiros fios de barba, como a mãe passarinho descobre a penugem nas asas dos filhotes. A menina se transforma em mulher. É o momento dos voos para além do ninho doméstico.

É o momento em que os pais se perguntam: Onde estão aqueles bebês com cheirinho de leite e fralda molhada? Onde estão os brinquedos do faz-de-conta, os chás de nada, os heróis invencíveis que tudo conseguiam, em suas batalhas imaginárias contra o mal?

As viagens para a praia e o campo já não são tão sonoras. A cantoria infantil e os eternos pedidos de sorvetes, doces, pipoca foram substituídos pelo mutismo ou a conversa animada com os amigos com que compartilham sua alegria.

Os pais se sentem órfãos de filhos. Seus pequenos cresceram sem que eles possam precisar quando. Ontem, eram crianças trazendo a bola para ser consertada. Hoje, são os que lhes ensinam como operar o computador e melhor explorar os programas que se encontram à disposição.

A impressão é que dormiram crianças e despertaram adolescentes, como num passe de mágica.

Ontem, estavam no banco de trás do automóvel; hoje, estão ao volante, dando aulas de correta condução no trânsito.

É o momento da saudade dos dias que se foram, tão rápidos. É o momento em que sentimos que poderíamos ter deixado de lado afazeres sempre contínuos e brincado mais com eles, rolando na grama, jogando futebol.

Deveríamos tê-los ouvido mais, deliciando-nos com o relato de suas conquistas e aventuras, suas primeiras decepções, seus medos. Tê-los levado mais ao cinema, desfrutando das suas vibrações ante o heroísmo dos galãs da tela.

Tempos que não retornam, a não ser na figura dos netos, que nos compete esperar.

Pais, estejamos mais com nossos filhos. A existência é breve e as oportunidades preciosas.

Tudo o mais que tenhamos e que nos preencha o tempo não compensará as horas dedicadas aos Espíritos que se amoldaram nos corpos dos nossos pequenos, para estar conosco.

Não economizemos abraços, carícias, atenções, porque nosso procedimento para com eles lhes determinará a felicidade do crescimento proveitoso ou a tristeza dos dias inúteis do futuro.

* * *

A criança criada com carinho aprende a ser afetuosa.

A mensagem da atenção ao próximo é passada pelos pais aos filhos.

No dia-a-dia com os pais, os filhos aprendem que o ser humano, seus sentimentos são mais importantes do que o simples sucesso profissional e todos os seus acessórios.

Em essência, as crianças aprendem o que vivem.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Antes que elas cresçam, publicado em Seleções Reader’s Digest, de setembro/98.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

FLOR DE ESTUFA

 

É natural o desejo de viver em paz e ser feliz.

Todos almejam levar a vida sem maiores percalços e desafios.

Entretanto, a realidade é bem diversa.

Qualquer que seja o contexto econômico ou social em que a criatura se apresente, ela enfrenta alguns problemas.

Esse fenômeno precisa ser entendido em sua justa configuração.

O instinto de conservação, inerente aos seres vivos, indica-lhes que devem buscar preservar-se ao máximo.

Trata-se de um recurso providencial, para que bem aproveitem a experiência terrena.

Caso não se cuidem como podem e devem, correm o risco de perecer antes do tempo.

Com isso, deixam de aprender a lição do momento em sua integralidade.

Ocorre que o aprendizado e o aprimoramento são a finalidade do existir.

O Espírito não renasce para se recrear, mas para se melhorar.

Assim, a condição de flor de estufa não lhe assenta.

Se fosse para permanecer em doce repouso, não necessitaria de um corpo físico.

As injunções materiais tornam necessárias certas atividades que viabilizam o progresso.

Porque precisa se manter, o homem disciplina-se a trabalhar.

Como os postos de trabalho são disputados, ele se habitua a estudar e a se aperfeiçoar constantemente.

Para se manter no emprego, precisa respeitar inúmeras regras.

Com isso, gradualmente incorpora em seu ser diversas virtudes.

Disciplina, polidez, humildade e todos os valores e talentos humanos não são presentes, mas conquistas.

Em sentido geral, as exigências ordinariamente se apresentam.

Algumas crises sempre precisam ser vividas e superadas.

Nesse contexto de desenvolvimento amplo e constante, dificuldades não são tragédias.

Elas representam uma lição preciosa.

Todo Espírito possui um destino glorioso.

Nele dormem os princípios das virtudes angélicas.

Constitui uma tola ingenuidade achar que se transitará pela vida ao abrigo de preocupações.

Os problemas que surgem não são injustiças e nem perseguições.

Seu sereno enfrentamento, em contexto de dignidade, é o próprio objetivo da existência.

O homem não pode ser uma flor de estufa, delicada e de pouco perfume.

Seu destino é se assemelhar a uma árvore frondosa, de madeira perfumada, cheia de frutos e flores.

Integralmente útil, qualquer que seja o contexto.

Na pobreza, pleno de dignidade e com muito amor ao trabalho.

Na abastança, modesto e disposto a partilhar e a se fazer instrumento do progresso.

Assim, não se ressinta dos desafios que se apresentam em sua vida.

Entenda-os como testes cuja solução exige apenas disciplina e serenidade.

Redação do Momento Espírita.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

PERSEGUINDO SONHOS

 

É muito frequente encontrarmos pessoas que afirmam ter desistido de seus sonhos frente às dificuldades de os concretizar.

Para alguns, a dificuldade financeira não permitiu dar continuidade aos estudos, obrigados a trabalhar desde cedo.

Para outros, as obrigações no lar, os filhos, compromissos familiares de grande monta consumiram o tempo necessário para dedicar-se a outras lides para onde apontavam os sonhos.

É natural que tenhamos que nos adaptar às circunstâncias e contingências que surjam. Temos o dever moral de enfrentar as obrigações e compromissos que a vida nos oferece.

Porém, não raro, muitos são os que desistem de seus sonhos, na ilusão que tudo é tranquilo e fácil de se obter, sem a disposição de sacrifício e luta.

Ninguém consegue formar-se em um curso superior, sem o esforço de estudar para o processo seletivo que este impõe.

E, uma vez na Universidade, fazem-se às centenas as avaliações, trabalhos, projetos, que forjam o intelecto e constroem as competências para as lides profissionais.

Para o musicista conseguir interpretar, de maneira impecável, determinada obra em seu instrumento musical, são incalculáveis as horas de esforço e estudo até o resultado final.

Vemos o orador de maneira brilhante expondo o seu raciocínio na tribuna, mas não aquilatamos os anos de estudo intenso a que ele se dedicou, para que pudesse sistematizar o conhecimento em breves minutos.

Admiramos as conquistas e descobertas do cientista, o apogeu de seu sucesso, colhendo as láureas de suas pesquisas, ignorando as horas intermináveis em laboratório, sobre livros e documentos científicos para embasar seus estudos.

Nenhuma conquista no mundo é conseguida sem sacrifício e sem esforço.

Todos os sonhos hoje realizados, estavam ontem apenas na mente do sonhador, que ousou colocá-los em prática, disposto ao esforço diário e perseverante.

Conquistas são construídas nas lides e no trabalho diário, no planejamento e na dedicação, na perseverança e na coragem.

Assim, jamais desistamos de nossos sonhos, tendo-os como meta a alcançar e realização a ser concretizada.

Porém, não nos iludamos. Eles demandam sacrifícios.

Teremos, sem dúvida, que abrir mão de muitas coisas em nome dos sonhos e das conquistas que almejamos.

Porém, serão nossos esforços que construirão a estrada que nos levará à concretização dos planos e sonhos que hoje vemos tão distantes.

* * *

Abriguemo-nos nos melhores ideais, planejemos o futuro como nos fale o coração e tenhamos a coragem de vencer obstáculos, superar dificuldades e enfrentar barreiras para que eles, efetivamente, se concretizem.

Afinal, o desafio da vida é o do aprendizado. E o maior propósito de Deus, ao nos permitir a reencarnação, é o de que cresçamos, tornando-nos pessoas melhores.

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

PRESENTES SEM PREÇO

 

Quando recebemos um convite para um aniversário, um casamento, a primeira preocupação, quase sempre, é: Como presentearei? O que oferecerei como presente?

E ficamos a cogitar o que será mais adequado, mais bonito, mais precioso, mais agradável.

Assim, consultamos catálogos, sites, visitamos lojas, verificamos preços. Afinal, o presente deve ser muito bom, mas deve caber no nosso orçamento.

Será que a pessoa apreciará o que escolhemos? Estará do seu gosto?

É sempre um grande dilema. Uma coisa é certa: não importa o tipo, o tamanho, a qualidade do presente. O mais importante é a intenção de quem dá e a gratidão de quem recebe.

Assim aconteceu com Rita. Ela estava envolvida nos preparativos do casamento da filha. Eram tantas providências: o salão para a festa, a decoração, os músicos, o cerimonial, o bolo, as bebidas...

Dois dias antes do casamento, ela estava revendo detalhes no salão onde seriam recepcionados os convidados, quando viu um senhor espreitando à porta.

Ela o cumprimentou e logo percebeu que era um solitário desejando conversar.  Ele contou que, em criança, sofrera um acidente, batera com a cabeça e por isso, passara sua vida num asilo.

Encontrava-se, por um período, em casa de um irmão e estava passeando antes do jantar. Quis saber o que é que iria acontecer no salão e, ante a notícia do casamento, perguntou se poderia vir dar uma espiada na festa.

Rita o convidou para a recepção.

Chegou o grande dia. No salão, a cerimônia, a música, o corte do bolo da noiva, risos, danças.

Então, alguém veio dizer a Rita que um cavalheiro estava na entrada e desejava lhe falar.

Era o homem solitário. Estava impecavelmente arrumado, mas tímido. Não desejou entrar. Rita foi buscar um pedaço do bolo da noiva e lho entregou.

Ele ficou comovido e lhe deu um presente: É para a noiva, disse com orgulho.

Tratava-se de um pacote pequeno, mal embrulhado com papel pardo, atado com um barbante.

Ele se foi e Rita colocou o presente junto a outros tantos.

Após a recepção, já em casa, ela principiou a anotar, com detalhes, cada um dos presentes e quem o tinha oferecido.

Quando chegou no pequeno embrulho, o abriu. Era uma pequena leiteira branca, de louça, dessas bem simples, que se usam em hospitais e em asilos.

Então Rita chorou. Chorou pela felicidade da sua filha e pela solidão daquele homem, que passara a maior parte da sua vida numa casa para doentes mentais.

Chorou pelo gesto de amor daquele estranho. E, na lista, escreveu: Uma leiterinha - Sr. Fulano, Asilo Tal.

Mais tarde, quando sua filha arrumou a casa, dispôs os presentes, colocou a leiterinha em destaque, no meio de outras lindas peças de prata.

Ela se comovera com a dádiva daquele homem. Era um presente especial, de um mundo solitário para um outro de esperança.

Um testemunho de amor de uma vida para outra.

* * *

Feliz é quem sabe ser grato ao que recebe, com a certeza de que a alma que o escolheu, comprou, embrulhou e lhe ofereceu, impregnou aquele objeto com toda sua afeição.

Por isso, todo presente é sempre muito especial. Ele é mensageiro do afeto de alguém. Muito próximo de nós ou simples conhecido, esse alguém despendeu seus pensamentos, seu tempo para nos agraciar com um mimo.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Testemunho de amor, de Rita Du Tot, de Seleções Reader’s Digest, de dezembro de 1982.

sábado, 24 de setembro de 2011

Hora marcada para amar

 

Quando os casais se separam, os filhos passam a sofrer uma série de consequências. Para eles, pouco importa se os pais já não se suportam, se têm grandes diferenças ou se optaram, por qualquer outro motivo, pela separação.

Consultados, na quase totalidade, responderão que gostariam de ficar com os dois. Mas, a verdade é que acabam por ficar com o pai ou com a mãe.

Ao cônjuge que não ficou com os filhos cabe a tarefa de se apresentar em dia e hora determinados para as visitas, conforme combinado no divórcio.

Embora esse acerto seja um item que pode facilitar para o casal, não o é para as crianças. Elas passam a ficar compromissadas com aquele que as deve vir buscar naquele horário e devolver, como se fossem mercadoria.

É uma situação bastante incômoda para as crianças. Por vezes, elas precisam rejeitar convites de amigos, excursões da escola porque é o dia da visita.

Porque, afinal, se elas disserem ao pai ou a mãe, cujo dia cabe a visita, que têm outros compromissos, sempre haverá de soar para aquele cônjuge como maquinação do outro cônjuge, para impedir o acesso aos filhos.

Também, por vezes, as crianças prefeririam ficar em casa, chutar bola no gramado, assistir TV. Contudo, é a hora do passeio e elas precisam ir.

O pai ou a mãe que as busca se sente, por sua vez, na obrigação de fornecer um passeio diferente, inédito. Afinal, é tão pouco tempo que têm juntos.

Mas os filhos não são consultados sobre o que gostariam de fazer naquele final de semana, naquele feriado. Aos poucos, o que deveria ser um agradável encontro com a parte ausente de suas vidas, se torna um compromisso pesado.

Aquele dia está sempre compromissado e é preciso atender a programação que é feita: passeio, lanche, conversa, futebol, cinema.

Tudo com hora certa e marcada. Delimitada. Precisa.

Quando a programação está excelente, é preciso ser interrompida porque é hora do retorno. Sem chance de se alongar. A hora está marcada.

Quando a programação não está muito boa, é preciso aguentar até o fim.

Tudo isso acaba por ir deteriorando o relacionamento dos filhos com os pais.

Natural seria que o casal, deixando de lado as suas diferenças, pensasse mais nos filhos e se dispusesse, em clima de boa vontade, a ceder um pouco cada um.

Tudo para facilitar a vida daqueles que geraram e pelos quais são responsáveis.

Em vez de rigidez sistemática, entendimento mútuo para flexibilidade de dias e horários de visitas.

Com certeza, a má vontade que, por vezes, os filhos demonstram desaparecerá, porque eles se sentirão mais livres para usufruir, com todos os detalhes, a convivência com um e com outro, sem pressões, sem traumas.

*   *   *

Os filhos são peças importantes do matrimônio. Quando surge o rompimento do compromisso afetivo, o casal, se tem filhos pequeninos, deve se voltar, acima de tudo, para essas aves ainda implumes e as agasalhar sob as asas do entendimento e da ternura.

Desfeito o laço conjugal, não renunciem os pais ao dever de amparar os filhos, em especial se esses filhos ainda não atingiram a puberdade.

Por ser muito importante no progresso e no aperfeiçoamento do Espírito a existência terrestre, não é lícito aos pais o desprezo pelas necessidades dos seus filhos.

E essas necessidades englobam afeto, respeito e proteção.

Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do cap. 10 e do cap. 18, do livro Vida e sexo, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O AMOR DE DEUS

 

O amor divino se expressa em todo o Universo.

Sua presença está na leve brisa que acaricia as pétalas de uma flor, e nos vendavais que agitam ondas imensas nos oceanos.

Está no tênue sussurro da criança e também nas estrondosas explosões solares.

Está presente na luz singela do vaga-lume, que quebra a escuridão das noites silenciosas do sertão, e nas estrelas de primeira grandeza, engastadas na imensidão dos espaços siderais.

O amor divino está na florzinha singela, que espalha aroma em pequenos canteiros, e nas miríades de mundos que enfeitam galáxias nos jardins dos céus...

Os passarinhos que saltitam nos prados, cantam nos ramos e alimentam seus filhotes, dão mostras do amor de Deus.

As ondas agitadas que arrebentam nas praias, tanto quanto o filete de água cristalina que canta por entre as rochas, falam do amor de Deus.

A fera que ruge na selva e os astros que giram na amplidão enaltecem o amor divino, enquanto falam dessa cadeia que une os seres e as coisas no universo infinito.

No andar pesado do elefante e no vôo leve e gracioso do beija-flor, expressa-se o amor de Deus.

Da ferocidade da leoa em busca do alimento, à dedicação do pingüim chocando os ovos, percebe-se o amor divino.

Da leviandade do chupim, que bota seus ovos em ninho alheio, à operosidade e engenharia do joão-de-barro, notamos a presença do amor de Deus.

Nos insetos nocivos tanto quanto no exemplo de trabalho comunitário das abelhas, cupins e formigas, percebemos o amor divino.

No instinto de sobrevivência de homens, animais e plantas, está presente o amor de Deus.

Na minúscula semente que traz no íntimo o código genético de sua espécie, está contemplado o amor do Criador.

A destreza instintiva do pássaro tecelão, a graciosidade da borboleta, a habilidade inconteste dos reflorestadores alados, falam do amor de Deus.

A criança que sorri, inocente e feliz no regaço materno, e a que chora triste, sem rumo e sem lar, são a presença do Criador no mundo, com acenos de esperança.

O homem sábio, que emprega seus conhecimentos nos serviços do bem, e aquele que se enobrece no trabalho rude da lavoura, apresentam o amor de Deus, elevando a vida.

Até mesmo nas tempestades que destroem nossas flores de ilusão, vemos o convite do Criador para que plantemos em solo firme de felicidade perene.

O ar que respiramos é dádiva do amor celeste...

O amor que trazemos na alma, é herança do Criador da vida...

A esperança que alimentamos é ânfora de luz nutrindo a vida com a chama do amor de Deus.

Por fim, não há espaço algum no universo, onde não pulse o amor de Deus. 

* * *

Na inquietude dos delinqüentes, o amor divino se faz atento...

Na dor dos aflitos, o amor de Deus é afago...

Na inocência da criança, o amor divino se mostra...

Na mansuetude dos sábios, o amor de Deus é quietude.

Na harmonia do universo, o amor do Criador repousa...

No coração de quem ama, o amor de Deus se realiza. 

Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ARTE DA CONVIVÊNCIA CONJUGAL

 

 

É comum se pensar que os casamentos mais sólidos são aqueles que sobrevivem a grandes traumas. Digamos, uma infidelidade conjugal ou uma falência.

Contudo, a verdade é que a duração do matrimônio está na razão direta da arte da convivência conjugal.

Conviver todos os dias, aguentando as pequenas coisas um do outro, por exemplo. Suportar que ele aperte o tubo de pasta de dentes bem no meio, enquanto ela insiste que deva ser bem no finzinho, por uma questão de estética e de economia.

Ou ainda, ele não auxiliar nas tarefas domésticas. Ela ser sensível demais.

Ele ser muito mole com as crianças, permitir tudo. Ela desejar manter a linha dura, investindo na disciplina e na educação dos filhos.

Conviver com as diferenças exige boa vontade diária. Um casal, que convive há catorze anos, confessou que tem diferenças enormes quanto a esporte.

Ela adora ver futebol em casa. Ele adora aventuras. Com uma filha de dez anos, aprenderam a conviver, apoiando um o prazer do outro.

Assim, quando o marido decidiu dar a volta ao mundo velejando, ela o acompanhou pela imaginação, sem sair de casa. Mas não criou obstáculos para ele, nem fez papel de vítima.

Saber aceitar comentários feitos em momentos de pequenas rusgas também contribui para a manutenção da estabilidade conjugal.

Certo marido presenteou a esposa com dez roseiras, que ela teve de plantar sozinha. Durante uma discussão, ela acabou por dizer a ele que odiava aquelas rosas que ele havia comprado. Afinal, elas só serviam para dar trabalho.

Ele não se perturbou. No Natal daquele mesmo ano ele lhe deu mais uma roseira. Ela achou graça, comentando com as amigas:

Quando a gente pensa que eles entenderam o que se falou, descobre-se que nem ouviram.

E continuam a viver juntos, colhendo rosas no seu jardim.

Mas, possivelmente, o mais importante seja recordar os bons momentos. Olhar para o passado, reavivar as chamas dos sentimentos positivos tem a capacidade de reacender o amor.

Um americano conta que ele e a esposa adoram recordar a forma como se conheceram. Ela foi a um restaurante onde ele estava cantando. Ela gostou muito da canção e aplaudiu entusiasmada.

Ele a notou e perguntou: Você é casada?

Não, respondeu. Você cantaria no meu casamento?

A resposta dele foi rápida e sorridente: Eu vou cantar no nosso casamento.

Sete meses depois estavam casados. Estão casados até hoje, passados anos. Continuam felizes.

* * *

Entre muitos casais, na Terra, o tédio aparece depois que arrefece a paixão e o cotidiano toma conta dos atos.

O tédio azeda a vida em comum. A rotina a destrói.

Tão logo surja na relação conjugal a indiferença, a secura ou o relaxamento, é hora de reagir, antes que o casamento acabe por tolices.

Casamento, ou seja, a união permanente de dois seres, pode ser entendida como uma ligação afetiva que lembra o cérebro e o coração. Para que a vida prossiga, é necessário que haja sintonia entre ambos.

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Novas regras para um casamento feliz, de Seleções Reader's Digest, de janeiro de 2000 e no cap. 13, do livro Vida e sexo, pelo Espírito Emmanuel, ed. Feb.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

APRENDE-SE COM O EXEMPLO

 

Quantas vezes você reclamou da sujeira das ruas? Quantas vezes adjetivou como relaxada a pessoa que joga papel, lata, pacotes vazios pela janela do carro, emporcalhando a rodovia?

Normalmente, a reação é de desagrado e se costuma afirmar que quem assim procede é porque lhe falta educação.

Contudo, uma questão existe que parece escapar à observação superficial. É que, de um modo geral, algumas pessoas, porque veem sujeira em locais públicos, resolvem por também serem descuidadas.

O papel da bala, do bombom, que poderia ser guardado no bolso ou na bolsa até chegar a uma lixeira, é descartado em qualquer lugar. Isto é, no chão.

Por acreditar que se aprende pelo exemplo, um taxista inovou com seu carro. Quando ainda era empregado de limpeza numa empresa de táxis, observara que, no fim do dia, os táxis pareciam uma lata de lixo.

Eram papéis jogados ao chão, assentos e puxadores das portas pegajosos. Tão logo conseguiu sua carteira de motorista profissional pôs em prática a sua ideia.

Lustrou bem o táxi que lhe deram para dirigir. Arranjou um tapete bonito.

Cada vez que um passageiro saía, ele verificava se tudo estava em ordem para o cliente seguinte.

Voltava sempre com o táxi impecável para a empresa. Logo mais, resolveu colocar umas reproduções pequenas de quadros célebres, no interior do carro.

Vinte e cinco anos depois, esse taxista afirmou: Ninguém me decepcionou. Cada passageiro que entrava, comentava como o táxi era bonito, diferente. E ninguém deixava nenhuma sujeira nele: nem papéis, nem restos de casquinhas de sorvete, nem chicletes.

Nem um pouquinho de lixo. E filosofando, concluiu: As pessoas gostam de coisas bonitas. Se plantarmos mais árvores e flores pela cidade, se tornarmos os edifícios mais atraentes, aposto que mais pessoas iriam utilizar as latas de lixo.

Aquele motorista tem uma boa dose de razão. Todos nós, com o dom da vida, recebemos também um senso estético.

A maior parte das pessoas não precisa aprender sobre a raridade da beleza, do bom tom. Age e reage quando a encontra.

E, se tiver o sentimento de que faz parte dessa beleza, contribuirá para que ela se estenda por todos os lugares.

E são essas pessoas que continuam fazendo a grande diferença no mundo. São essas que dão exemplos para os que ainda não têm olhos de ver.

Essas veem uma lata abandonada na calçada e a recolhem, para jogá-la, logo adiante, na lixeira. Alguns mais corajosos, quando observam alguém descartando papéis pela rua, se aproximam e alertam ao descuidado: Amigo, o senhor deixou cair alguma coisa ali atrás.

São essas criaturas que primam pela seleção do lixo, que o acondicionam bem e disponibilizam, nos dias certos, para a coleta pública.

São essas criaturas que se preocupam com a reciclagem, com o descarte correto dos produtos. Criaturas que plantam flores, regam jardins, mantêm o quintal e a frente de sua casa sempre limpos.

Que tal engrossarmos as fileiras desse tipo de pessoa? Afinal, quem não deseja viver entre a beleza, a limpeza, os perfumes e a saúde?

Redação do Momento Espírita, com base no artigo Um táxi meio diferente, de Norman Cousins, de Seleções Reader’s Digest, de dezembro de 1982.

domingo, 18 de setembro de 2011

ATENÇÃO AO IDOSO

 

Dona Marlene era uma senhora alegre, ativa, independente e muito lúcida. Aos oitenta anos, apresentava algumas limitações físicas compatíveis com a idade.

As dores articulares, provocadas pelo desgaste natural e consequente artrose, a incomodavam diariamente, mas nada que lhe diminuísse o entusiasmo.

Vibrava com cada conquista pessoal e profissional dos filhos e netos. Novos empreendimentos, cursos, especializações, casamentos, uma nova gravidez na família. Tudo era motivo para seus olhos brilharem de alegria.

Morava com uma das filhas e sua casa era muito bem cuidada. Sempre limpa, arrumada, arejada e repleta de porta-retratos, onde cada fotografia contava uma história.

Certo dia, durante uma caminhada de rotina, a senhora sofreu uma queda que resultou em uma fratura articular, necessitando ser submetida a cirurgia

Após a alta hospitalar, por recomendação médica, ela precisaria ficar um período em repouso, pois levaria algum tempo para voltar a caminhar com independência.

Os filhos acharam que a melhor solução seria encaminhá-la a uma Casa de Apoio para Idosos. A justificativa era de que ela necessitava de cuidados especiais, para os quais a família não estava devidamente preparada.

Já instalada na Casa de Apoio, dona Marlene recebeu a visita de uma jovem amiga, que a encontrou acamada, totalmente dependente.

Durante a conversa, ela dizia que sentia falta da sua casa, dos objetos pessoais, da presença da família, enfim, do seu alegre cantinho.

Com o tempo, ela voltou a caminhar. Aos poucos, apesar da fragilidade física, foi se tornando novamente independente. Uma das filhas a visitava semanalmente, mas não falava em levá-la de volta ao seu lar.

Nas visitas periódicas, a amiga foi percebendo que a senhora deixara de falar em voltar para casa. Percebeu também a tristeza que lhe ia na alma.

Tinha certeza que dona Marlene não falava no assunto porque no fundo se envergonhava da situação de abandono.

Nas poucas vezes em que se referia à amada família, justificava de várias formas a dificuldade que seria  se ela voltasse para casa. Dizia que a família não poderia assisti-la, pois todos tinham seus compromissos pessoais.

Em verdade, seus lábios diziam palavras que seu coração não compreendia. No lugar daquele olhar alegre e doce, antes cheio de brilho, surgiu um olhar triste, sem vida, que refletia solidão e abandono.

Não era necessário ter muita sensibilidade para perceber que, por dentro, ela morria a cada dia. Que a esperança de voltar para o seio da família ia embora e junto ia também a vontade de viver.

Passado algum tempo, devido a uma determinada complicação de saúde, tornou a ser hospitalizada. Seu organismo cansado, enfraquecido pela dor maior da solidão, não resistiu. Ela havia desistido de viver.

* * *

Algumas famílias necessitam contar com o apoio das instituições especializadas para cuidar dos seus idosos.

É uma difícil decisão e se justifica, em muitos casos.

É compreensível então, contar com tal recurso, enquanto se necessita cumprir nossos deveres profissionais e familiares.

Essa atitude não significa abandoná-los.

O importante é se fazer presente, levando amor e carinho, pois nada justifica a desatenção e o desamparo.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

RAÍZES PROFUNDAS

 

É bastante comum ouvir pessoas maduras afirmar que sofreram muito em sua infância ou em sua adolescência e que, de maneira alguma, desejam o mesmo para seus filhos.

Recordam ter iniciado cedo a trabalhar para auxiliar nas despesas do lar, dos desejos que jamais foram concretizados, como a bola de futebol, a bicicleta nova, a viagem de recreio.

Lembram de certas privações, de não terem tido privacidade quanto gostariam, porque necessitavam dividir o quarto com os irmãos, pela falta de espaço na casa dos pais.

Recordam, e recordam com certa amargura, o que lhes constituiu dificuldades e reafirmam que tudo farão para que seus filhos não tenham que experimentar nada daquilo.

Por isso mesmo, crescem os meninos e meninas sem maiores problemas. Vão à escola, levam dinheiro para o lanche, nem sempre saudável, viajam nas férias, brincam e folgam.

Nada lhes falta, para que não sofram, para que não se frustrem, para que não tenham decepções.

Nada em esforço lhes é exigido. Nada que desejem deixam de receber.

Vendo tantos pais assim proceder, recordamo-nos de um médico americano que, além de curar os seus doentes, tinha por objetivo transformar o terreno de sua casa em uma floresta.

Vivia a plantar árvores. Bastava retornar do hospital, e das visitas rotineiras aos pacientes, para se enfiar em um macacão, colocar um chapéu de palha na cabeça, luvas nas mãos e sair para o quintal.

O inusitado não era o passatempo do médico, mas a forma como ele tratava as árvores novas. Ele não as regava. Dizia que regar as plantas fazia com que crescessem com raízes superficiais.

As árvores que não eram regadas, dizia, necessitavam de criar raízes profundas para procurar umidade. Isto lhes concedia maior firmeza.

Falava com as árvores e as motivava a crescer fortes, a fim de enfrentar os ventos frios, as tempestades.

E as árvores se tornavam rijas, parecendo dizer que as adversidades e as privações as tinham beneficiado.

Nossos filhos, como as árvores do bom médico, talvez encontrem adversidades na vida.

Talvez tenham que percorrer caminhos difíceis, enfrentar ventos frios de solidão, de desesperança.

Eles também necessitam de criar raízes profundas, de modo que não sejam abatidos quando as chuvas caírem e os ventos soprarem fortes, tentando derrubá-los.

Aprendamos a dizer não, vez ou outra, a fim de que os nossos filhos aprendam que nem tudo lhes estará sempre disponível.

Mesmo que não seja necessário, confiemos a eles tarefas, exigindo que as executem, para treinar responsabilidade.

Em síntese, ensinemos nossos filhos a andar sozinhos, a enfrentar problemas, a lutar pelo que desejam, para que enrijeçam o caráter e cresçam fortes como o carvalho e sejam firmes como a rocha.

* * *

Pais e mães reflitamos no fato de que criamos nossos rebentos para a vivência do mundo, na sociedade.

Assim, ofertemos a eles a melhor estrutura, ensinando-os a cooperar no lar, para que aprendam amanhã a cooperar no mundo.

Pensemos nos tempos difíceis do mundo e preparemos nossos filhos para que os enfrentem com vigor.

Ocupemos as suas mãos com o trabalho honrado, coloquemos em suas mentes a luz do Evangelho e os ensinemos a valorizar o tempo, o dinheiro, a saúde, a inteligência, tudo enfim de que sejam dotados.

Redação do Momento Espírita, com base em artigo publicado na Revista Seleções Reader’s Digest de abril/1999 e no cap. 18 do livro Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de Raul Teixeira, ed Fráter.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O amor que se imagina

 

A busca de uma relação amorosa ideal costuma consumir muita energia.

Tem-se a ideia de que é impossível ser feliz sem fazer parte de um casal afetivamente ligado.

Com base nessa premissa, encontrar uma pessoa considerada especial converte-se em uma necessidade premente.

O amor deveria ser fonte de felicidade e plenitude.

Contudo, em se tratando do denominado amor romântico, isso nem sempre se dá.

Uma parcela considerável dos casais manifesta tristeza ou enfado com a relação em que se encontra.

De outro lado, quem está sozinho se exaspera com semelhante estado de coisas.

Ocorre que os vínculos que se estabelecem entre os seres podem ser de duas ordens.

A primeira e mais banal, origina-se da atração física.

Quem se deixa levar por ela não raro se arrepende.

Estabelecer vínculo com base em aparência equivale a comprar um produto apenas porque está bem embalado.

Sem maiores indagações quanto ao seu conteúdo e utilidade, a decepção é quase certa.

A atração física, como móvel exclusivo do desejo de união, sempre é um tanto temerária.

Ela engendra contínuas decepções, seja ou não correspondida.

Muitas vezes, alguém afirma amar perdidamente.

Imagina que nunca será feliz sem o ser amado e se tortura pela indiferença com que seu afeto é recebido.

Entretanto, esse amor imaginado provavelmente não resistiria ao convívio.

Porque não se efetiva o conúbio, o outro parece possuir todas as qualidades.

Assume uma imagem ideal, na medida de sua inacessibilidade.

Contudo, se o desejo encontra receptividade, começa o teste das dificuldades do dia a dia.

Na convivência íntima, muitas vezes o sonho converte-se em pesadelo.

À míngua de real afinidade, as diferenças transformam-se em abismos.

Ocorre algo semelhante a quando se vê em uma loja um lindo móvel ou uma bela peça de decoração.

Malgrado a aparência sedutora, aquele bem não se harmoniza com a decoração da residência de quem o cobiça.

Caso a aquisição se efetive, em vez de algo útil e confortável, tem-se um problema.

Não porque haja alguma coisa errada com o bem em si.

Ele simplesmente não combina com o local onde é colocado.

Já as relações oriundas da afinidade entre almas trazem em si a promessa de felicidade.

Transcendem os problemas comuns da vida e mesmo se fortalecem com eles.

Não se fundam em aparências, mas em valores partilhados e projetos de vida em comum.

Talvez não ensejem violentos desejos e nem torturantes indagações.

Mas se embasam em afeto, ternura e respeito e amadurecem ao sol da experiência.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no item 939 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Duas mães

 

Narra o Evangelista Lucas que um anjo do Senhor foi enviado a uma cidade da Galileia chamada Nazaré. Sua missão era transmitir um recado muito importante.

Entrou em casa de uma jovem chamada Maria e a saudou, apresentando-se:

Sou Gabriel, um dos mensageiros de Yaweh. Venho confirmar-te o que teu coração aguarda, de há muito. Teu seio abrigará a glória de Israel.

Conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo e o Seu reino não terá fim.

O mensageiro celeste ainda lhe disse que sua prima Isabel se encontrava grávida, alcançando já o sexto mês de gestação.

E Maria foi ao encontro dela, que habitava uma cidade da Judeia.

O encontro de ambas é comovente. Isabel, ao ver sua prima à porta do jardim, corre-lhe ao encontro e a saúda.

Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto do teu ventre. E donde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?

E explica que, tão logo a voz de Maria cumprimentando-a, à distância, chegou aos seus ouvidos, o menino exultou de alegria em seu ventre.

Duas mulheres. Duas mães. Isabel deu a luz a João, o arauto do Senhor.

Depois de lhe ter acompanhado a infância, a adolescência, a juventude, o viu buscar as estradas do mundo.

Ela sabia, desde o anúncio espiritual a seu marido, no templo, que seu filho nasceria para ser aquele que aplainaria as veredas do Senhor.

Ele iria à frente, anunciando a chegada do Reino de Deus e que o Rei já se encontrava entre os homens.

Terá sabido das tantas coisas que se diziam a respeito dele? Louco, lunático, ermitão.

Quantos lhe terão rido nas ruas, apontando-a como a mãe do estranho homem que se vestia com pele de animal e trazia cabelos e barba crescidos...

Terá sabido da sua prisão, da morte por degola? Terá sabido de que aquela cabeça, que ela tantas vezes acarinhara, retendo-a tão próxima do seu colo, foi oferecida, em uma salva de prata, como prêmio a uma mulher alucinada pela vingança?

E Maria? Ao afirmar ao mensageiro celeste que tudo nela se cumprisse, conforme ele anunciava, tinha plena consciência de todas as dores que a alcançariam.

Viúva, ela viu o filho sair de casa para cumprir a Sua missão. Um filho sempre contestado, perseguido e, por fim, supliciado da forma mais torpe.

Crucificado como um celerado, quando Ele nada mais fizera que semear estrelas de amor nos corações.

Maria e Isabel. Duas mães que bem souberam cumprir sua missão. Deram à luz a filhos cujas missões não desconheciam elas, desde o princípio.

E, despojadas de egoísmo, os viram partir, sofrendo à distância, pelas notícias inquietantes.

Duas mães que nos levam a meditar profundamente na missão da maternidade. Gerar filhos, educá-los, entregá-los ao mundo para realizarem as grandes reformas do pensamento, da ciência, das artes.

Pensemos nisso nesses tempos de transição do mundo.

Redação do Momento Espírita.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

SENTIR DEUS

 

 

O jovem professor entrou na sala de aula e encontrou seus pequenos alunos debatendo, calorosamente, sobre Deus.

Como poderiam acreditar que Deus existe se não conseguiam vê-lo, nem tocá-lo?

Percebendo o nível da discussão filosófica das crianças, o professor pediu licença e propôs a eles uma experiência.

Colocou sobre a mesa dois copos transparentes com água e perguntou se eles podiam notar algo de diferente entre um e outro.

Os pequenos responderam, em uma só voz:

"Nenhuma diferença. Ambos contem água limpa."

Então o jovem deu a cada um deles uma colher, pedindo-lhes que provassem um pouco do conteúdo de cada copo.

Quando todos haviam experimentado tornou a perguntar:

"E então, ainda afirmam que são iguais?"

E a resposta foi outra:

"Não, num dos copos a água é doce, no outro não é".

Aí o jovem educador disse:

"Acontece o mesmo com relação a Deus. Para perceber a sua existência é preciso experimentá-lo."

Não podemos vê-lo nem tocá-lo, mas podemos senti-lo.

E percebendo que a classe estava ávida para saber mais a respeito dessas questões, o professor continuou com seus argumentos.

Deus não pode ser tocado com as mãos, nem medido com fita métrica, pesado na balança, ou visto com os olhos físicos.

Mas podemos sentir Deus ao tocar as pétalas de uma flor,  sua textura aveludada, seu perfume, sua coloração única...

Não podemos medir Deus, mas podemos mensurar sua grandiosidade nas dimensões do universo, nos astros a girar no firmamento, nas manhãs claras e belas, na organização dos seres infinitamente pequenos.

Não podemos pesar Deus, mas podemos perceber sua força geradora e mantenedora, nas leis que regem e sustentam constelações, nebulosas e galáxias, suspensas no espaço sem fim.

Podemos observar o criador no impulso das ondas que agitam os oceanos, no instinto dos animais, na dança das estações.

Não conseguimos ver Deus com os olhos, mas podemos sentir Deus nas múltiplas expressões do bem e do belo, do amor criativo e ativo, na chama de esperança que vibra na alma de cada filho seu.

Deus é invisível, mas sua presença é evidente nas várias expressões do dinamismo da vida:

No sangue que corre em nossas veias...

O oxigênio que respiramos...

No Sol que dardeja ouro sobre a terra, possibilitando a vida...

Na Lua, satélite silencioso e solitário, que vigia o planeta durante as noites...

Na chuva, que cai de mansinho acordando as sementes que dormem sob o solo generoso...

Na brisa leve que conduz o pólen e permite a geração das flores.

Ah!... as flores...

As flores são a assinatura do próprio Criador no quadro da natureza...

* * *

O observador atento não enxerga só com os olhos do corpo...

Como disse o poeta ao seu pequeno príncipe, "o essencial é invisível aos olhos". Porque os olhos são extremamente limitados.

Os filósofos, os poetas, os artistas, os profetas e, porque não? Os cientistas, vêem mais com a alma que com os olhos.

Para enxergar bastam os olhos, mas para ver é preciso um sentido a mais...

Pense nisso, e experimente sentir Deus.

Equipe de Redação do Momento Espírita, sob inspiração de palestra de Cristian Macedo, no Centro Espírita Ildefonso Correia, em 14/02/2005.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

DISCIPLINA DO PENSAMENTO

 

Você consegue imaginar quantos pensamentos temos por dia?

Estudiosos informam que temos entre sessenta a noventa e cinco mil pensamentos em vinte e quatro horas.

É uma quantidade realmente muito grande...

Isso significa, por exemplo, que durante esta mensagem poderemos chegar a ter entre duzentos a trezentos e trinta pensamentos!

Trazemos então uma primeira reflexão: Quantos desses tantos pensamentos diários são bons, úteis? Quantos são maus, inúteis?

Infelizmente a maioria deles ainda não pode ser classificada como pensamentos saudáveis e construtivos, porém, existem formas de se disciplinar o pensar, pois bem pensar é a elevada forma de se viver.

Aqui vão alguns ensinamentos importantes a respeito da disciplina do pensamento.

Se meditarmos em assuntos elevados, na sabedoria, no dever, no sacrifício, nosso ser impregna-se, pouco a pouco, das qualidades de nosso pensamento.

É por isso que a prece improvisada, ardente, o impulso da alma para as potências infinitas, tem tanta virtude.

É preciso aprender a fiscalizar os pensamentos, a discipliná-los, a imprimir-lhes uma direção determinada, um fim nobre e digno.

Cada tipo de pensamento tem que ter a sua hora, o seu lugar. Não devemos estar em casa, com a família, e com os pensamentos em outro lugar, como, por exemplo, no ambiente de trabalho.

Cada vez que surja um mau pensamento, essa fiscalização fará com que um alerta se acenda em nós, e tomemos alguma atitude para expulsá-lo o mais rápido possível.

É bom também viver em contato, pelo pensamento, com escritores de gênio, com os autores verdadeiramente grandes de todos os tempos e países, lendo, meditando sobre suas obras, impregnando o nosso ser da substância de suas almas.

É necessário escolhermos com cuidado nossas leituras, depois amadurecê-las e assimilar-lhes a quintessência. Em geral lê-se demais, lê-se depressa e não se medita.

O estudo silencioso e recolhido é sempre fecundo para o desenvolvimento do pensamento. É no silêncio que se elaboram as obras fortes.

Há também a prática de meditar. Na meditação o Espírito se concentra, volta-se para o lado grave e solene das coisas. A luz do mundo espiritual banha-o com suas ondas.

Evitemos as discussões ruidosas, as palavras vãs, as leituras frívolas.

Sejamos sóbrios de jornais, TV e Internet. O contato com essas mídias, fazendo-nos passar continuamente de um assunto para outro, torna o Espírito ainda mais instável.

A alma oculta profundezas onde o pensamento raras vezes desce, porque mil objetos externos ocupam-no incessantemente.

Disciplinar os pensamentos significa disciplinar a vida, e escolher caminhos mais seguros.

Na nascente de todos os atos, palavras e ideias estão os pensamentos. Mudemos a matriz e teremos uma vida renovada e mais feliz.

Lembremo-nos: bem pensar é a elevada forma de viver!

Redação do Momento Espírita com base no cap. XXIV, do livro O problema do ser, do destino e da dor, de Léon Denis, ed. Feb.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

JOIAS QUE BRILHAM

 

Embora haja um grande esforço para se acabar com toda sorte de preconceito, ele não foi de todo escorraçado do mundo.

Basta que se observe, em qualquer lugar, como as pessoas bem vestidas e de porte altivo são tratadas, em detrimento daquelas mais modestas, de roupas mais simples.

Se andamos pela rua e alguém bem apessoado se aproxima, jamais cogitamos que ele possa ser um ladrão.

Mas, se alguém que calce chinelos, use roupas não bem passadas e o cabelo em desalinho se aproxima, ficamos receosos.

A reação é instintiva. Ficamos de sobreaviso. Colocamos a mão na bolsa ou na carteira, como querendo protegê-la.

Tudo isso ocorre porque estamos acostumados a avaliar as pessoas pela aparência.

Em épocas recuadas, no tempo em que no Oriente eram abundantes os sultões, princesas e escravos, vivia uma rainha muito rica.

Ela gostava de passear pelas ruas da cidade, todas as tardes, com sua escrava. Percorria os pontos mais movimentados de Bagdá chamando a atenção com o vistoso colar que usava sempre.

Era uma joia rara e preciosa de nada menos de duzentas e cincoenta e seis enormes e perfeitas pérolas.

Interessante é que, ao seu lado, a escrava usava um enfeite idêntico ao da soberana.

Todos admiravam as joias da rainha e diziam:

É claro que o colar da escrava é falso. Quem não percebe logo? A rainha assim procede para dar maior realce ao seu colar. Observem como as gemas verdadeiras têm mais brilho. Parecem ter luz própria, ter vida!

E tornavam a olhar, a admirar e invejar as joias da rainha.

Os comentários eram tantos que o Vizir começou a se preocupar. Salteador ousado poderia se aventurar, em algum momento, e roubar a valiosa prenda.

Por isso, compareceu frente à sua soberana e falou:

Majestade, perdoai se ouso vir vos falar. Preocupa-me a vossa segurança e da joia. É um perigo sair à rua com tão grande riqueza. Sua vida corre riscos.

A rainha sorriu e o sossegou, explicando:

Não se preocupe, bom homem. Toda vez que saio, troco o colar com o da minha escrava. Ela leva em seu pescoço o verdadeiro e eu, o falso. Estranhamente, é sempre o meu que é admirado. Acredite, se eu saísse com simples vidrilhos, pedras falsas, todos continuariam a admirar o meu adorno. Isto somente porque eu sou a rainha.

* * *

As aparências enganam e devemos nos habituar a valorizar as pessoas por sua condição interior.

Afinal, temos valor por nós mesmos, pelo nosso proceder e não pelas posses materiais.

Na balança Divina, são iguais todos os homens. Só as virtudes os distinguem aos olhos de Deus.

São da mesma essência todos os Espíritos e formados de igual massa todos os corpos.

Os verdadeiros títulos de nobreza são as virtudes. Tudo o mais em nada contribui para a verdadeira felicidade.

Redação do Momento Espírita, com base em lenda de autoria ignorada.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

O AMOR QUE SE IMAGINA

 

A busca de uma relação amorosa ideal costuma consumir muita energia.

Tem-se a ideia de que é impossível ser feliz sem fazer parte de um casal afetivamente ligado.

Com base nessa premissa, encontrar uma pessoa considerada especial converte-se em uma necessidade premente.

O amor deveria ser fonte de felicidade e plenitude.

Contudo, em se tratando do denominado amor romântico, isso nem sempre se dá.

Uma parcela considerável dos casais manifesta tristeza ou enfado com a relação em que se encontra.

De outro lado, quem está sozinho se exaspera com semelhante estado de coisas.

Ocorre que os vínculos que se estabelecem entre os seres podem ser de duas ordens.

A primeira e mais banal, origina-se da atração física.

Quem se deixa levar por ela não raro se arrepende.

Estabelecer vínculo com base em aparência equivale a comprar um produto apenas porque está bem embalado.

Sem maiores indagações quanto ao seu conteúdo e utilidade, a decepção é quase certa.

A atração física, como móvel exclusivo do desejo de união, sempre é um tanto temerária.

Ela engendra contínuas decepções, seja ou não correspondida.

Muitas vezes, alguém afirma amar perdidamente.

Imagina que nunca será feliz sem o ser amado e se tortura pela indiferença com que seu afeto é recebido.

Entretanto, esse amor imaginado provavelmente não resistiria ao convívio.

Porque não se efetiva o conúbio, o outro parece possuir todas as qualidades.

Assume uma imagem ideal, na medida de sua inacessibilidade.

Contudo, se o desejo encontra receptividade, começa o teste das dificuldades do dia a dia.

Na convivência íntima, muitas vezes o sonho converte-se em pesadelo.

À míngua de real afinidade, as diferenças transformam-se em abismos.

Ocorre algo semelhante a quando se vê em uma loja um lindo móvel ou uma bela peça de decoração.

Malgrado a aparência sedutora, aquele bem não se harmoniza com a decoração da residência de quem o cobiça.

Caso a aquisição se efetive, em vez de algo útil e confortável, tem-se um problema.

Não porque haja alguma coisa errada com o bem em si.

Ele simplesmente não combina com o local onde é colocado.

Já as relações oriundas da afinidade entre almas trazem em si a promessa de felicidade.

Transcendem os problemas comuns da vida e mesmo se fortalecem com eles.

Não se fundam em aparências, mas em valores partilhados e projetos de vida em comum.

Talvez não ensejem violentos desejos e nem torturantes indagações.

Mas se embasam em afeto, ternura e respeito e amadurecem ao sol da experiência.

Pense nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no item 939 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O DESAFIO DA INDULGÊNCIA

 

O relacionamento humano é feito de grandes desafios para o mundo íntimo de cada um de nós. Sempre que nos propomos a nos relacionar, a nos aproximar de alguém, inicia-se a oportunidade de uma nova jornada de aprendizado.

Isso se dá porque não há quem não traga, no seu campo emocional e moral dificuldades de pequena ou de grande monta.

Alguns nos apresentamos egoístas, sempre pensando em nós e nos nossos, com dificuldades para sintonizar com a solidariedade.

Outros, mostramo-nos orgulhosos, colocando-nos em uma posição irretorquível, sem possibilidades ao diálogo ou à crítica construtiva, afastados da humildade que traz o aprendizado.

Não são poucos aqueles que, vestindo-nos da ganância, buscamos sempre mais e mais, disputando mesmo o pouco, que já nos será excesso, na única justificativa de amealhar mais, distanciando-nos da generosidade para com o próximo.

Somos todos nós esses que, ora aqui, ora ali, apresentamos as dificuldades de que ainda somos portadores, constituindo-se a reencarnação a grande escola de reforma das questões da alma.

Desta forma, se temos nossas dificuldades, se ninguém está isento dessa ou daquela atitude, palavra ou pensamento menos nobre, estamos todos em um grande processo de aprendizagem, diferindo muito pouco uns dos outros.

Pensando sob esse prisma, por que julgamos tão severamente nosso próximo? Por que temos sempre olhos tão atentos para as falhas de quem convive conosco, analisando, julgando e criticando?

O simples fato de percebermos que erramos porque ainda estamos em um processo de aprendizagem, nos deve remeter a pensar que seria muito melhor usar da indulgência para com as ações do próximo.

A indulgência será essa capacidade de olhar com olhos de compreensão frente à falha do nosso próximo, tentando entendê-lo, ao invés de julgá-lo, muitas vezes de forma ácida e contundente.

Ao sermos indulgentes, colocamos a doçura no olhar, a compreensão na mente, e a suavidade na fala, entendendo que o erro do próximo não é muito diferente dos erros que nós mesmos cometemos.

E será o sentimento de indulgência que conseguirá diminuir a dureza com que medimos as atitudes de nossos companheiros, amigos, parentes, dando-nos um tanto de compreensão para com eles.

Exigir a perfectibilidade de alguém é ilusório, senão cruel. Assim, mais coerente é entender que os erros fazem parte do processo de aprendizado em que nos encontramos inseridos.

E o erro daquele que convive conosco pode ser a oportunidade para o aprendizado da compreensão, do entendimento e da fraternidade incondicional.

Portanto, da próxima vez que estivermos tentados a julgar a atitude de alguém, perguntemo-nos por que a pessoa agiu daquela forma, o que a levou a tomar tal atitude.

Com alguma reflexão, talvez concluamos que se fôssemos nós no lugar dela, agiríamos, quem sabe, muito pior.

Exercitemos a indulgência no olhar, no pensar, no julgar os que convivem conosco, e conquistaremos a paz daqueles que conseguem ver a Humanidade matriculada em um grande colégio, objetivando que aprendamos as lições da vida.

Redação do Momento Espírita.

sábado, 3 de setembro de 2011

A DIMENSÃO DO AMOR

 

 

Quando nos enamoramos, o mundo toma as tonalidades da nossa emoção.

O céu é mais azul, as flores são mais viçosas, o coração anda atropelado no peito à simples lembrança da figura amada.

É comum que os primeiros anos do casamento sejam coroados de gentilezas e comemorações.

Algo assim como a natural continuidade da doce fase do namoro.

É também bastante comum que, à medida que os anos se somem, arrefeçam os arroubos espontâneos do afeto, escasseiem os telefonemas, a oferta de flores.

É como se tudo fosse tomando ares de rotina.

Foi por isso que o oncologista, ao receber aquele casal em seu consultório, admirou-se com a postura do marido.

Era um comerciante de meia idade, ereto, recordando a formação militar.

A esposa era portadora de um câncer raro, terrível.

Concluída a consulta, o marido a acompanhou até a sala de espera e retornou para falar a sós com o médico.

“Doutor, quando conheci minha esposa, há 40 anos, e nos casamos, não tínhamos nada.  Nem eu, nem ela. A pobreza era nossa hóspede. Juntos, trabalhamos e amealhamos fortuna. Temos muitas posses, conquistadas ao longo dos anos. Tudo é nosso. Somos sócios. O que quero lhe dizer é que se for preciso gastar todos os nossos bens, não teremos perdido nada.  Simplesmente teremos voltado à condição inicial. Quero que o senhor se preocupe com o melhor tratamento existente em nosso país e no exterior. Dinheiro é problema meu. Estamos entendidos?”

E assim foi. Ele jamais reclamou de gasto algum. Por duas vezes a levou a uma clínica nos Estados Unidos. Dois anos depois, ela morreria.

Mais tarde, ele falaria ao médico do quanto amava aquela mulher.

Ele a conhecera em um baile militar e a convidara para dançar. Quando a abraçou para a dança, ficou trêmulo e pensou:

“Desejo passar o resto da vida abraçado com essa moça.”

Três meses depois se casaram. Ele fez um pedido formal mais ou menos nos seguintes termos:

“Quero pedir você em casamento para sermos felizes. Prometo que nunca haveremos de brigar por tolices, como o tubo de pasta de dentes. Muito menos por ciúmes descabidos.  Pretendo ser seu companheiro pelo resto da vida, sentar na sala com você à noite. Escutar a música que ambos apreciamos e me sentir em paz com a mulher que mais desejo, no melhor lugar do mundo, nosso lar.”

Ele cumpriu a promessa, até a última palavra.

Pense nisso

O amor tem a dimensão que você lhe dá. Torná-lo grandioso, altruísta, é de sua livre escolha.

Fazer da vida a dois uma sucessão de momentos de felicidade, também.

Pense nisso e não deixe passar a excelente oportunidade de ser feliz, o quanto possa, até que possa.

Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no cap. Palavras do livro Por um fio, de Drauzio Varella, ed. Companhia das Letras.